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espiral
                                            boletim da associação                FRATERNITAS MOVIMENTO
                                                            Nº 12 - Julho / Setembro de 2003




UM CAMINHO NOVO
Há dias um colega nosso, que tem vindo a informar-se         A psicoterapeuta Christl Picker, num artigo publicado
pelo Espiral sobre o que é o nosso Movimento, dizia-         na Kirche In, 04/2003, p. 14, sob o título “Não há uma
me o seguinte: “ainda não me revejo na Fraternitas”.         vocação celibatária”, escreve a dada altura:
Isto tanto pode significar que a Fraternitas não é aquilo
que ele gostaria que fosse, como querer dizer que ele        “Cada um deveria poder viver em conformidade com
ainda não está psicologicamente sintonizado com um           as suas possibilidades. Quem se sentir melhor sozi-
ambiente como o da Fraternitas.                              nho, pois bem que viva sozinho, mas não lhe chame

Ora o que a Fraternitas virá a ser vai depender do seu
                                                                                                  (continua na pág. 2)
crescimento e sedimentação. Mas uma coisa podemos
afirmar desde já: “a Fraternitas não é o lugar geométri-
co dos padres casados saudosos do exercício do minis-
tério”. É antes o ponto de confluência daqueles padres                               Sumário:
que decidiram em consciência deixar o exercício do mi-
nistério e, tendo constituído família ou não, entendem          Novos Padres: chamados e enviados               3
que fizeram o que devia ser feito. Encontram-se para            Ode triunfal dos hodiernos Cruzados             4
partilhar experiências, para mutuamente se apoiarem e
para viverem a sua fé dando testemunho de uma vida              Paz eficaz                                      5
coerente com os princípios básicos da sua formação.
                                                                Sagradas mãos                                   5
Muitos deles subscreveriam a frase dum padre da diocese
de Aveiro: “Sempre desejei ser padre, até o ser.”               Cartas                                          7

Mas eles não gostam de viver só para si. Percebem que           Breves                                          7
a sua atitude, pelas consequências pastorais que impli-         Esclarecimento                                  8
cou, pode constituir um factor de mudança e ser um
motivo mais para que sejam repensadas em Igreja as              Encontro regionais                              8
condições de admissão ao sacerdócio ordenado.
                                                                Entrevista com J. Gaillot                       8
Neste contexto é incontornável a velha questão do celi-
bato sacerdotal obrigatório. Será uma vocação?
2                                                                                                              espiral

(continuação da pág. 1)                                    só acontece através dum processo tese-antítese.

vocação divina. Aquele(a) que necessitar de outra(o)       Esta época de pós-modernidade em que vivemos é ca-
– como corresponde à ordem da criação – deve poder         racterizada pelo forte contraste social entre ricos e po-
encontrá-la(o), pois é próprio do ser humano adulto        bres. Enquanto os ricos vivem opulentamente em man-
ter uma sexualidade vivida.(…)                             sões circundadas por altos muros fortemente guardados
Nos séculos IV, V… existiram na orla do deserto os         por homens bem armados - afinal prisioneiros da sua
santos estilitas, muito considerados pelo povo como        opulência, os pobres são cada vez mais pobres. Portan-
conselheiros e intercessores. Quem se aguenta duran-       to não é de estranhar que um tal antagonismo exacerba-
te anos em oração no alto duma coluna, é certamente        do origine a angústia e a sensação de que já nada faz
digno de admiração e, se fosse hoje, entraria no           sentido, nada tem significado. Então, se o mundo não
Guinness Book dos recordes, mas duvido que a men-          tem significado, ele será destruído. Não é por acaso que
talidade actual possa considerar isso uma graça divi-      a expressão social se concretiza em tendências
na. Os cristãos santificam-se pelo amor, não pelas prá-    destrutivas, em manifestações de revolta contra a socie-
ticas ascéticas.                                           dade tal como está organizada, contra os falsos valores.
Concluindo, eu acredito na vocação para seguir Je-         Onde quer que haja uma reunião do capital, aí surgem
sus Cristo, a qual se manifesta das mais variadas for-     manifestações contrárias, não raro destrutivas.
mas, mas não acredito numa vocação “celibatária”,
porque ela não faz sentido. A vocação cristã vive-se       Face a isto, qual é o contributo que se nos pede, a nós,
pela fé, pela esperança e pela caridade, mas não pela      homens de fé?
ascese.                                                    Em primeiro lugar, temos de ter consciência de que uma
                                                           revolta é sempre a explosão de injustiças sociais acu-
No nosso último Encontro Nacional, alguém da assem-        muladas e não resolvidas. Então a explosão, sendo a
bleia, sentindo-se feliz naquele ambiente de irmãs e ir-   aniquilação da matéria explosiva, é o início duma nova
mãos, onde compreensão e entreajuda não são meras          ordem a instaurar.
palavras, lembrou as mulheres que, tendo sido freiras,     É urgente que o lugar outrora ocupado pelo marxismo
decidiram sair e casar – também elas se sentiriam en-      seja rapidamente ocupado por uma teologia da liberta-
tendidas e apoiadas se formassem uma organização           ção e se desenvolva na Igreja uma espiritualidade de
congénere à nossa. Porque não fomentar o aparecimen-       risco, que consiga descobrir, nos movimentos esotéricos
to dum movimento de freiras, casadas ou não, e respec-     ou revolucionários que entusiasmam tanta gente, as no-
tivos maridos, à semelhança desta Fraternitas de padres,   vidades que o Espírito Santo nos quer sugerir através
que casaram ou não, e respectivas esposas? Poderemos       deles. O que actualmente existe é uma espiritualidade
fazer alguma coisa por elas?                               de octogenários, receosa de tudo quanto é novo, pres-
Interpelado na qualidade de presidente, disse que, se      sentindo inimigos em todo o lado e perigos em qualquer
um pedido nesse sentido nos fosse feito, acolhê-lo-ía-     movimento nascente. Ora a mensagem do Evangelho é:
mos com toda a simpatia. Mais tarde pensei o seguinte:     “Não temais!”.
se a Fraternitas espontaneamente pensa em ajudar os
outros, já está a abrir-se a novos horizontes, o que é     Precisamos de pessoas clarividentes, capazes de desco-
sinónimo de consolidação interna.                          brir no meio da poeira da explosão o caminho certo e
                                                           justo. Um caminho novo que não é exactamente nem o
Tal como tem acontecido connosco, também as freiras,       percorrido pela autoridade contestada, nem o dos
bem como os membros de outros institutos e movimen-        contestatários. Um caminho de dignificação de todos, a
tos, ao saírem, são votadas ao ostracismo e proposita-     assumir o que de bom existe de ambos os lados, um
damente esquecidas, em vez de serem pastoralmente          caminho de entendimento, de humildade. Ninguém tem
aproveitadas.                                              em si a verdade toda.
Todavia, não é de perder a esperança, pois, tal como na                                        Aveiro, Agosto de 2003
sociedade, também na comunidade eclesial o progresso                                                 João Simão
espiral                                                                                                              3




    Este Domingo, 6 de Julho, tem
lugar a ordenação geral, na Diocese
                                        Novos Padres:
                                              Padr
                                               adres:
do Porto. Serão ordenados três pa-      que é de todos. O problema das vo-       -nos partir para a vida pastoral e fi-
dres e um diácono para serviço da       cações parece, pois, um problema do      cam com alguma preocupação, de-
diocese. Escassa colheita, dirão uns.   próprio seguimento de Jesus.             vido às difíceis condições de perse-
Aceitamo-los como uma dádiva à                                                   verança. É que a cultura pós-moder-
Igreja. O facto a reter é que a voca-      Os padres de hoje estão sobre-        na minou, com alguma profundida-
ção sacerdotal continua a despertar     carregados e dão uma imagem de           de, o fundamento de alguns elemen-
em alguns, segundo uma regra que        pressa e de desconforto. É bom lem-      tos da espiritualidade sacerdotal. En-
nos escapa. Antes gostávamos que        brar-lhes que eles são um elemento       tre outras coisas, é bem de ver a di-
os padres fossem mais e que fossem
diferentes, neste ou naquele sentido.
E no entanto, eles aí estão, com as     chamados e enviados                                                          *

qualidades e defeitos de todos os
seres humanos. Para lá de todo o        estruturante da Igreja mas não são a     ficuldade que há em ligar a vida de
estudo sociológico, sempre útil, a      Igreja toda. A eficácia da sua acção     castidade a um sinal do absoluto de
origem dos presbíteros leva-nos às      depende mais da sua forma de pre-        Deus na história pessoal. E o mes-
fontes da vida cristã. A vocação para   sença do que da quantidade de tra-       mo se pode dizer da obediência e da
o ministério ordenado tem origem no     balho realizado. Mas dir-se-á: o         pobreza. Aquilo que pode ser tra-
apelo ao apostolado que Jesus ini-      povo tem direito à celebração da         dução existencial concreta do valor
ciou nas margens do Lago de             Eucaristia e aos outros sacramentos.     absoluto de Deus e do seu Reino,
Tiberíades. A pregação do Reino e       Esse trabalho coloca os poucos pa-       como eram e são esses valores, é,
o chamamento de discípulos são          dres muito próximo da exaustão. Aí       na cultura de hoje, algo percebido
igualmente originários. Jesus con-      é necessário repensar vários cami-       de forma diferente. Urge religar os
centrou-se sobre um pequeno grupo       nhos do futuro do ministério orde-       conselhos evangélicos com o servi-
entre esses chamados, os quais par-     nado, partindo sempre do princípio       ço do outro, sobretudo do pobre e
ticipam de maneira especial no seu      de que a Eucaristia é o centro da vida   do último, com o testemunho de uma
mistério de consagração em Deus e       cristã e que o povo de Deus tem di-      liberdade para o amor, com a afir-
de envio ao mundo. Mas o sentido        reito a essa celebração. Nenhum fac-     mação de uma cultura da fra-
da vocação é um só: viver com Cris-     tor pode ter precedência em relação      ternidade.
to a criação e da redenção do mun-      a este. Os jovens padres de hoje le-
                                        vam- se bastante a sério e partem           * Jorge Teixeira da Cunha
do. Mais do que os outros crentes, o
ministro ordenado tem a particula-      para a missão cheios de generosida-                    in Voz Portucalense,
ridade de viver mais de perto aquilo    de e de entusiasmo. Muitos vêem-                          2 de Julho de 2003



                     VII CURSO DE FORMAÇÃO TEOLÓGICA
                                                                 Fátima (Casa Nª Senhora das Dores)
                                                                        28 de Novº a 1 de Dezº 2003

          Tema: A IGREJA NO         MUNDO CONTEMPORÂNEO (SEGUNDO                          A   GS)

          Orienta: Dr. José Nunes, OP (prof. na Universidade Católica)
4                                                                                                     espiral


                   ODE TRIUNFAL
                       TRIUNFAL
                  HODIERNO CRUZADOS
              DOS HODIERN OS CR UZADOS
                                                                                         “Deus o quer!”
                                                                (Grito guerreiro dos Cruzados Medievais)
Deus o quer!
Nós o queremos!
Nós queremos que Deus queira!                     Tomai a Liberdade e agradecei
Deus queira que nós queiramos!                    às armas que Deus nos facultou prodigamente
E se Deus não quiser queremos nós!                Para conquistarmos a vossa Liberdade!
Mas Deus quer porque nós queremos!
                                                  Sede livres, Povos, sede livres!
Anjos Custódios do Mundo.                         Sede Livres, Democratas e Felizes!
Polícias do Deus dos Exércitos.                   Sede Livres, quer queirais quer não!
Zelosos Guardiões da Liberdade.
Da Democracia.                                    Aceitai Livremente a Liberdade que vos impomos!
Da Felicidade das Nações. Dos Povos.              Aceitai Livremente a Liberdade que vos mandamos,
De todos os Povos do Mundo.                       se preciso for (e é preciso!),
                                                  nos bombonachões dos nossos bombardeiros!
Deus o quer nós o queremos!                       nos balagranadões da nossa Infantaria!
Nós queremos que Deus queira!                     nos morteirões da nossa Artilharia!
Deus queira que nós queiramos!                    nos monstrogivões da nossa Missilaria!
Deus queira que Deus queira!
Deus quer porque nós queremos!                    Sede Livres, Democratas e Felizes!
                                                  Nós o queremos Deus o quer!
Felizes os Povos Submissos
à nossa Protecção Devastadora!
Mais felizes ainda os Insubmissos!                                     Anjos Custódios
Nós os submeteremos à salvífica Submissão!                         do !!!!!!!!!!!!!!!! do
Nós queremos que sejam felizes!                                  Mun !!!!!!!!!!!!!!!!!!! Deus
Nós queremos que sejam livres dos tiranos!                     do !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! dos
(somos também nós quem define os tiranos! ...)               as !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ex
Mesmo que eles não queiram!                                ci ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ér
Sobretudo se não quiserem!                             lí nós velaremos pela vossa Felicidade ci
Nós é que sabemos o que mais lhes convém!          Po !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!             tos
                                                  !! !! !! !! !! !! !! !! !! !! !!
Felizes os Povos submetidos à nossa Devastação!     para sermos todos (nós!) prósperos e pacíficos
Devastamos porque só queremos o seu Bem!           !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Devastamos porque só queremos os seus Bens!       ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !!! ! ! ! ! ! ! ! ! !
Nada pagará o Bem que lhes queremos!               !!!!!!!!!!!!!! IN PACE NOSTRA !!!!!!!!!!!!!
Nada pagará os Bens que lhes queremos!

Daqui vos anunciamos, Povos, sede livres!                                             António Ínsulo
Escolhei a Liberdade que vos impomos!                                       (in UMA GUERRA GÓLFICA
Não queirais ser pobres-e-mal-agradecidos!                                        Poema satírico, inédito)
espiral                                                                                                      5



1. Quando surgem os grandes conflitos:
          • Os diplomatas reúnem-se em cimeiras.
            Os diplomatas são actores pró-paz.
          • Os pacifistas protestam nas ruas das cidades.
            Os pacifistas são activistas pró-paz.
          • As religiões convidam seus fiéis à oração.
            Estes crentes são activados pró-paz.

    Nenhuma destas acções, embora positivas,
    consolidam a paz na sociedade humana,
    porque o estado de guerra interior
    incendeia o mundo exterior.

2. Os pacíficos, os activadores da paz,
   porque cultivam a paz intrapessoal,
   fazendo-a emergir do seu Ser existencial
   e irradiando-a, continuamente, para o Universo,
   são os verdadeiros construtores do rio da paz.

3. O RIO da PAZ aprofunda-se e alarga-se quando:
     • os bens materiais são adquiridos com transparência,
       desfrutados com satisfação e partilhados com alegria.
          • os bens psicológicos são adquiridos em fontes puras,
            desfrutados em harmonia e partilhados sem discriminação.
          • os bens espirituais são adquiridos na profundidade do SER,
            desfrutados em simplicidade e partilhados sem medida.

4. A PAZ EFICAZ, porque dá estabilidade ao psíquico,
   maior segurança, mais imparcialidade e simplicidade,
   assegura à dimensão fisiológica maior imunidade.

                                                                                               Cristo Martins




                                     SAGRADAS MÃOS
     Mãos ungidas, sagradas, consagradas;
     Mãos de enlevo, eleitas, escolhidas;
     Mãos de rei, de profeta, abençoadas;                        Mãos que abraçam, que traçam o perdão,
     Sacerdotais, de Cristo bem queridas.                        Que levantam quem cai, e encaminham,
                                                                 Que indicam a Verdade para Deus...
     Mãos que baptizam, ungem e perdoam,
     Consagram, distribuem Pão da Vida;                          Mãos erguidas por nós, em oração,
     Crismam; aos noivos unem e abençoam,                        Que agradecem, suplicam e ensinam...
     Aos doentes preparam despedida...                           Um dia, cantarão a Deus... nos Céus!

                                                                              J. Silva Pinto – Fontes -SMP
6                                                                                                              espiral

Entrevista          com      o     bispo       Jacques          Gaillot

(continuação da pág. 8)                versa pessoal, recebeu-me fraternal-    guerra, mas não como nem quando
                                       mente, pôs-me na presidência da         ela vai terminar. Não sabemos como
to às pessoas que dizem: não per-      mesa e citou S. Agostinho: “Em          reagirão os árabes, o que farão os
tenço à Igreja mas o senhor é o meu    tudo o que conta é a caridade”.         curdos e os turcos. Oxalá que se
bispo; por exemplo, aos muçulma-       Agostinho diz que podemos ter opi-      possa limitar a guerra e se regresse
nos em Paris quando afirmam: este      niões diferentes sobre muitas coisas,   tão cedo quanto possível às negoci-
é o nosso bispo.                       mas no fim o que conta é o amor.        ações. Tenho muita pena que se te-
                                                                               nha começado uma tal guerra.
KI — Francisco de Assis vi-
veu doutra maneira, deu o                                                       KI — O Senhor é uma espé-
exemplo duma vida alterna-           De manhã rezo sempre pelas                 cie de cosmopolita da solida-
tiva para a Igreja da Idade          pessoas que vou encontrar                  riedade – por quanto tempo
Média, sem ele próprio criti-                                                   manterá esta vida?
                                     nesse dia e à noite outra vez
car a Igreja. O Senhor vê-se                                                    Gaillot — Eu acho que é
                                     por aqueles que encontrei.                 Deus que determina o meu ca-
num papel semelhante?
Gaillot — É uma honra para           Esta oração põe-me em                      minho. Há acontecimentos que
S. Francisco não ter criticado       contacto com muita gente,                  são para mim sinais. Eu vivo
a Igreja e ter convidado os                                                     assim um pouco o dia a dia e,
                                     dá-me força e apoio. A
seus irmãos a corresponderem                                                    enquanto puder, continuo. Não
às expectativas do papa e dos        oração é a minha verdadeira                tenho planos para acabar com
bispos. Também eu não me             fonte de energia.                          isto ou para ordenar a minha
sinto vocacionado para criti-                                                   vida doutra maneira. Hoje en-
car a Igreja ou os bispos, isso                                                 contro-me com esta ou aquela
não é tarefa minha. Eu acho que crí- KI — Esteve há pouco tempo em pessoa – e amanhã é outro dia.
tica, raiva e indignação só relativa- Bagdade a engrossar as hostes dos
mente às injustiças deste mundo. inimigos da guerra. Qual a sua opi- KI — Donde lhe vem a força para
Ninguém se pode calar quando há nião sobre esta guerra?                    manter esta vida, para estar sem-
miséria neste mundo.                   Gaillot — É uma guerra que não pre a intervir a favor dos outros?
                                       devia ter começado, uma guerra ile- Gaillot — De manhã rezo sempre
KI — O bispo Kurt Krenn pelas gal, uma guerra de destruição hu- pelas pessoas que vou encontrar nes-
suas atitudes ultraconservadoras é mana terrível. Considero-a um re- se dia e à noite outra vez por aque-
para muita gente na Áustria escân- cuo da humanidade, um fracasso das les que encontrei. Esta oração põe-
dalo e pedra de fricção. Porque é negociações e das capacidades de me em contacto com muita gente, dá-
que o visitou e como é que se en- entendimento. Em vez do direito, me força e apoio. A oração é a mi-
tende com ele?                         usa-se o poder e a força.           nha verdadeira fonte de energia.
Gaillot — Quando venho oficial-
mente à Fundação Melk e ao Liceu,      KI — Que consequências podem
é costume informar o bispo             advir desta guerra localmente limi-
                                                                               * Esta entrevista foi conduzida por
diocesano competente. Isso foi feito   tada, pode degenerar num incên-         Werner Ertel no dia 1 de Abril de 2003
antes por Katharina Haller [a edito-   dio mais vasto?                         no paço episcopal em St. Pölten duran-
ra do novo livro de Gaillot –          Gaillot — Sim, infelizmente isso é      te a visita de Jacques Gaillot ao seu
“Machtlos, aber Frei” (= Sem Po-       possível. Quando se ateia um fogo       colega Kurt Krenn.
der, Mas Livre)]. Ora ele convidou-    não se sabe como se pode extingui-
me para um almoço e para uma con-      lo. Sabe-se como se começa uma                   in KI, 05/2003, pp. 14,15
espiral                                                                                                              7


                                                               ✑         Cartas...
    Estimados Consócios da Fraternitas


  A todos, que de algum modo tiveram alguma deferência para
com o Casal Nabais, e em especial àqueles que partilharam comigo
a dor da separação da Maria José (16 de Agosto), a todos repito
muito obrigado. Por ela bem-hajam.
  A nossa união — livre e responsável — teve sempre como lema: o
amor / perdão. Assim, ao agradecermos a Deus o Dom da vida
agradecíamos sempre o Dom recíproco do amor / perdão.
  Aceito o sofrimento mas... aqui a semana da paixão (acamada)
durou quatro longos anos...
  “Atravessámos o limiar da esperança...” creio que posso inscrevê-
la no meu dicionário dos Santos.
  Caros colegas da Fraternitas, como metade (de um só corpo / uma
só alma) e renovando os agradecimentos, faço votos para que todos
possam dizer como eu: obrigado, Senhor, por me terdes permitido o
amor conjugal.
                                 Paz em Cristo
                                 Com o amor das vossas Esposas

                                                                     Manuel Nabais
                                                                     Sesimbra, 29/08/2003




  b r e v e s . . .
                                       logótipo da nossa associação, está     trado em franca fase de recupera-
  ! Matrimónio: Daniel Lima            presente numa exposição de pintura     ção.
  Canito, filho de Manuel Ramos        em Florença (Itália). Tem tembém       Continuação de rápidas melho-
  Canito (falecido) e de Maria         obras suas presentes em Londres em     ras.
  Joaquina Ferreira de Freitas Lima    galeria de arte.                       ! Na mão de Deus: Tivemos no-
  Canito, vai contrair matrimónio no   Parabéns.                              tícia do passamento, em tempo de
  dia 11 de Outubro próximo, na        ! Em recuperação: O Sampaio,           férias, do irmão do senhor Cónego
  igreja de Vila Chã, freguesia do     marido da muito querida Secretária,    Filipe de Figueiredo, assistente es-
  concelho de Vila do Conde.           e que já fez parte activa dos mem-     piritual e “fundador” do nosso Mo-
  Felicidades para os noivos.          bros da Direcção da nossa associa-     vimento.
  ! Exposição de pintura: O            ção, foi há pouco operado à anca es-   A certeza da nossa oração e união
  Alberto Videira d’Assumpção,         querda. Tudo correu bem, graças a      espiritual.
  membro da Fraternitas e autor do     Deus, tendo regressado a casa e en-    Os nossos sentidos pêsames.
ESCLARECIMENTO                           “O meu futuro está
 No seu n.º 9 de Setembro de                                   Entrevista com o Bispo Jacques Gaillot *

                                                 em ficar de fora”
 2002 o Espiral publicou uma
 entrevista de Julio Perez
 Pinillos ao “El País”, que
 começava assim: “Júlio Pérez                     O Bispo francês Jacques Gaillot, 67, destituído há oito anos da
 Pinillos é presidente da                         diocese de Évreux na Normandia, desde então bispo de Partenia,
 Federação Internacional de                       cidade submersa nas areias do Sahara, esteve na Áustria, no princí-
 Sacerdotes Católicos Casados                     pio de Abril de 2003, a convite da ACUS — Acção Cristianismo e
 e exerce plenamente o                            Socialismo — para falar, na Fundação Melk, sobre “Política com o
                                                                                                    “Política
 sacerdócio numa comunidade                       Sermão da Montanha”. Falou do seu trabalho em França a favor
                                                               Montanha”
 cristã de Vallecas, um bairro                    dos estrangeiros indocumentados, os chamados “sem papéis”. Werner
 operário de Madrid (…)”.                         Ertel entrevistou este bispo “apaixonado”.

 A este propósito recebemos do
 Secretariado da CEP uma                         Kirche In — Desde que foi afasta- mesmo que Roma o instalasse no-
 carta a chamar-nos a atenção                    do da diocese de Évreux já passa- vamente como bispo duma diocese?
 para um documento da                            ram sete anos. Foram para si sete Gaillot — Eu não creio que o meu
 Congregação para o Clero,                       anos magros ou sete anos gordos? futuro esteja em dar um passo atrás
 dirigido ao Senhor Patriarca,                   Jacques Gaillot — Vivi sempre para uma diocese ou um paço epis-
 no qual esta Congregação,                       anos gordos, adorei ser bispo, de- copal. O meu futuro está em eu fi-
 após ter consultado o Ex.mo                     sempenhei essas funções o melhor car de fora. O reconhecimento por
 Cardeal Arcebispo de Madrid,                    que pude, tive muito gosto nisso. E parte dos outros bispos é muito im-
 lugar de residência de Júlio                    agora os anos após Évreux também portante, eles já o expressaram no
 Pinillos, pode informar que                     os vivi apaixonadamente. Hoje a
 “ele não exerce o ministério                    minha vida é totalmente diferente
 sacerdotal nem celebra os                       — outra vida, outro povo. Eu
 sacramentos em nenhum                           penso que a Providência       Encontros Regionais
 templo daquela                                  planeou as coisas de tal
 circunscrição eclesiástica,
 nem tal facto seria tolerado
                                                 forma que eu hoje per-            ☞ Norte (Litoral)
                                                 corro uma parte da minha            8 de Novembro – 10:00 horas
 pelas autoridades da                            vida por outro caminho:             Colégio do Sardão (V. N. Gaia)
 Arquidiocese, por ser                           agora anuncio o Evangelho           ENCONTRO / MAGUSTO
 claramente contrário à
                                                 extra muros.
 legislação canónica
 vigente”, e manda que, em
                                                  KI — Seria difícil imaginá-lo a
 atenção à verdade, esta
                                                  regressar a um paço episcopal. Participa! Vem! Convida outros!
 informação seja publicada no
                                                  Apesar disso não gostaria de
 próximo número do Espiral.
                                                  sentir algum reconhecimento da               meu jubileu. Mas eu já tinha
                                                  parte dos seus colegas bispos ou sentido um reconhecimento muito
                                                                                       antes do dos bispos: o reconhecimen-
                                                 boletim da                            to vindo das pessoas, dum povo que
         espiral                                 associação fraternitas movimento      eu não procurei, das pessoas que me
Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO                                         receberam e adoptaram. Estou gra-
                                                 Responsável: Alberto Osório de Castro
      e-mail: fraternitas@iol.pt
                                                      Nº 12 - Jul/Setº de 2003
                                                                                                     (continua na pág. 6)

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Novos caminhos para padres

  • 1. espiral boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO Nº 12 - Julho / Setembro de 2003 UM CAMINHO NOVO Há dias um colega nosso, que tem vindo a informar-se A psicoterapeuta Christl Picker, num artigo publicado pelo Espiral sobre o que é o nosso Movimento, dizia- na Kirche In, 04/2003, p. 14, sob o título “Não há uma me o seguinte: “ainda não me revejo na Fraternitas”. vocação celibatária”, escreve a dada altura: Isto tanto pode significar que a Fraternitas não é aquilo que ele gostaria que fosse, como querer dizer que ele “Cada um deveria poder viver em conformidade com ainda não está psicologicamente sintonizado com um as suas possibilidades. Quem se sentir melhor sozi- ambiente como o da Fraternitas. nho, pois bem que viva sozinho, mas não lhe chame Ora o que a Fraternitas virá a ser vai depender do seu (continua na pág. 2) crescimento e sedimentação. Mas uma coisa podemos afirmar desde já: “a Fraternitas não é o lugar geométri- co dos padres casados saudosos do exercício do minis- tério”. É antes o ponto de confluência daqueles padres Sumário: que decidiram em consciência deixar o exercício do mi- nistério e, tendo constituído família ou não, entendem Novos Padres: chamados e enviados 3 que fizeram o que devia ser feito. Encontram-se para Ode triunfal dos hodiernos Cruzados 4 partilhar experiências, para mutuamente se apoiarem e para viverem a sua fé dando testemunho de uma vida Paz eficaz 5 coerente com os princípios básicos da sua formação. Sagradas mãos 5 Muitos deles subscreveriam a frase dum padre da diocese de Aveiro: “Sempre desejei ser padre, até o ser.” Cartas 7 Mas eles não gostam de viver só para si. Percebem que Breves 7 a sua atitude, pelas consequências pastorais que impli- Esclarecimento 8 cou, pode constituir um factor de mudança e ser um motivo mais para que sejam repensadas em Igreja as Encontro regionais 8 condições de admissão ao sacerdócio ordenado. Entrevista com J. Gaillot 8 Neste contexto é incontornável a velha questão do celi- bato sacerdotal obrigatório. Será uma vocação?
  • 2. 2 espiral (continuação da pág. 1) só acontece através dum processo tese-antítese. vocação divina. Aquele(a) que necessitar de outra(o) Esta época de pós-modernidade em que vivemos é ca- – como corresponde à ordem da criação – deve poder racterizada pelo forte contraste social entre ricos e po- encontrá-la(o), pois é próprio do ser humano adulto bres. Enquanto os ricos vivem opulentamente em man- ter uma sexualidade vivida.(…) sões circundadas por altos muros fortemente guardados Nos séculos IV, V… existiram na orla do deserto os por homens bem armados - afinal prisioneiros da sua santos estilitas, muito considerados pelo povo como opulência, os pobres são cada vez mais pobres. Portan- conselheiros e intercessores. Quem se aguenta duran- to não é de estranhar que um tal antagonismo exacerba- te anos em oração no alto duma coluna, é certamente do origine a angústia e a sensação de que já nada faz digno de admiração e, se fosse hoje, entraria no sentido, nada tem significado. Então, se o mundo não Guinness Book dos recordes, mas duvido que a men- tem significado, ele será destruído. Não é por acaso que talidade actual possa considerar isso uma graça divi- a expressão social se concretiza em tendências na. Os cristãos santificam-se pelo amor, não pelas prá- destrutivas, em manifestações de revolta contra a socie- ticas ascéticas. dade tal como está organizada, contra os falsos valores. Concluindo, eu acredito na vocação para seguir Je- Onde quer que haja uma reunião do capital, aí surgem sus Cristo, a qual se manifesta das mais variadas for- manifestações contrárias, não raro destrutivas. mas, mas não acredito numa vocação “celibatária”, porque ela não faz sentido. A vocação cristã vive-se Face a isto, qual é o contributo que se nos pede, a nós, pela fé, pela esperança e pela caridade, mas não pela homens de fé? ascese. Em primeiro lugar, temos de ter consciência de que uma revolta é sempre a explosão de injustiças sociais acu- No nosso último Encontro Nacional, alguém da assem- muladas e não resolvidas. Então a explosão, sendo a bleia, sentindo-se feliz naquele ambiente de irmãs e ir- aniquilação da matéria explosiva, é o início duma nova mãos, onde compreensão e entreajuda não são meras ordem a instaurar. palavras, lembrou as mulheres que, tendo sido freiras, É urgente que o lugar outrora ocupado pelo marxismo decidiram sair e casar – também elas se sentiriam en- seja rapidamente ocupado por uma teologia da liberta- tendidas e apoiadas se formassem uma organização ção e se desenvolva na Igreja uma espiritualidade de congénere à nossa. Porque não fomentar o aparecimen- risco, que consiga descobrir, nos movimentos esotéricos to dum movimento de freiras, casadas ou não, e respec- ou revolucionários que entusiasmam tanta gente, as no- tivos maridos, à semelhança desta Fraternitas de padres, vidades que o Espírito Santo nos quer sugerir através que casaram ou não, e respectivas esposas? Poderemos deles. O que actualmente existe é uma espiritualidade fazer alguma coisa por elas? de octogenários, receosa de tudo quanto é novo, pres- Interpelado na qualidade de presidente, disse que, se sentindo inimigos em todo o lado e perigos em qualquer um pedido nesse sentido nos fosse feito, acolhê-lo-ía- movimento nascente. Ora a mensagem do Evangelho é: mos com toda a simpatia. Mais tarde pensei o seguinte: “Não temais!”. se a Fraternitas espontaneamente pensa em ajudar os outros, já está a abrir-se a novos horizontes, o que é Precisamos de pessoas clarividentes, capazes de desco- sinónimo de consolidação interna. brir no meio da poeira da explosão o caminho certo e justo. Um caminho novo que não é exactamente nem o Tal como tem acontecido connosco, também as freiras, percorrido pela autoridade contestada, nem o dos bem como os membros de outros institutos e movimen- contestatários. Um caminho de dignificação de todos, a tos, ao saírem, são votadas ao ostracismo e proposita- assumir o que de bom existe de ambos os lados, um damente esquecidas, em vez de serem pastoralmente caminho de entendimento, de humildade. Ninguém tem aproveitadas. em si a verdade toda. Todavia, não é de perder a esperança, pois, tal como na Aveiro, Agosto de 2003 sociedade, também na comunidade eclesial o progresso João Simão
  • 3. espiral 3 Este Domingo, 6 de Julho, tem lugar a ordenação geral, na Diocese Novos Padres: Padr adres: do Porto. Serão ordenados três pa- que é de todos. O problema das vo- -nos partir para a vida pastoral e fi- dres e um diácono para serviço da cações parece, pois, um problema do cam com alguma preocupação, de- diocese. Escassa colheita, dirão uns. próprio seguimento de Jesus. vido às difíceis condições de perse- Aceitamo-los como uma dádiva à verança. É que a cultura pós-moder- Igreja. O facto a reter é que a voca- Os padres de hoje estão sobre- na minou, com alguma profundida- ção sacerdotal continua a despertar carregados e dão uma imagem de de, o fundamento de alguns elemen- em alguns, segundo uma regra que pressa e de desconforto. É bom lem- tos da espiritualidade sacerdotal. En- nos escapa. Antes gostávamos que brar-lhes que eles são um elemento tre outras coisas, é bem de ver a di- os padres fossem mais e que fossem diferentes, neste ou naquele sentido. E no entanto, eles aí estão, com as chamados e enviados * qualidades e defeitos de todos os seres humanos. Para lá de todo o estruturante da Igreja mas não são a ficuldade que há em ligar a vida de estudo sociológico, sempre útil, a Igreja toda. A eficácia da sua acção castidade a um sinal do absoluto de origem dos presbíteros leva-nos às depende mais da sua forma de pre- Deus na história pessoal. E o mes- fontes da vida cristã. A vocação para sença do que da quantidade de tra- mo se pode dizer da obediência e da o ministério ordenado tem origem no balho realizado. Mas dir-se-á: o pobreza. Aquilo que pode ser tra- apelo ao apostolado que Jesus ini- povo tem direito à celebração da dução existencial concreta do valor ciou nas margens do Lago de Eucaristia e aos outros sacramentos. absoluto de Deus e do seu Reino, Tiberíades. A pregação do Reino e Esse trabalho coloca os poucos pa- como eram e são esses valores, é, o chamamento de discípulos são dres muito próximo da exaustão. Aí na cultura de hoje, algo percebido igualmente originários. Jesus con- é necessário repensar vários cami- de forma diferente. Urge religar os centrou-se sobre um pequeno grupo nhos do futuro do ministério orde- conselhos evangélicos com o servi- entre esses chamados, os quais par- nado, partindo sempre do princípio ço do outro, sobretudo do pobre e ticipam de maneira especial no seu de que a Eucaristia é o centro da vida do último, com o testemunho de uma mistério de consagração em Deus e cristã e que o povo de Deus tem di- liberdade para o amor, com a afir- de envio ao mundo. Mas o sentido reito a essa celebração. Nenhum fac- mação de uma cultura da fra- da vocação é um só: viver com Cris- tor pode ter precedência em relação ternidade. to a criação e da redenção do mun- a este. Os jovens padres de hoje le- vam- se bastante a sério e partem * Jorge Teixeira da Cunha do. Mais do que os outros crentes, o ministro ordenado tem a particula- para a missão cheios de generosida- in Voz Portucalense, ridade de viver mais de perto aquilo de e de entusiasmo. Muitos vêem- 2 de Julho de 2003 VII CURSO DE FORMAÇÃO TEOLÓGICA Fátima (Casa Nª Senhora das Dores) 28 de Novº a 1 de Dezº 2003 Tema: A IGREJA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO (SEGUNDO A GS) Orienta: Dr. José Nunes, OP (prof. na Universidade Católica)
  • 4. 4 espiral ODE TRIUNFAL TRIUNFAL HODIERNO CRUZADOS DOS HODIERN OS CR UZADOS “Deus o quer!” (Grito guerreiro dos Cruzados Medievais) Deus o quer! Nós o queremos! Nós queremos que Deus queira! Tomai a Liberdade e agradecei Deus queira que nós queiramos! às armas que Deus nos facultou prodigamente E se Deus não quiser queremos nós! Para conquistarmos a vossa Liberdade! Mas Deus quer porque nós queremos! Sede livres, Povos, sede livres! Anjos Custódios do Mundo. Sede Livres, Democratas e Felizes! Polícias do Deus dos Exércitos. Sede Livres, quer queirais quer não! Zelosos Guardiões da Liberdade. Da Democracia. Aceitai Livremente a Liberdade que vos impomos! Da Felicidade das Nações. Dos Povos. Aceitai Livremente a Liberdade que vos mandamos, De todos os Povos do Mundo. se preciso for (e é preciso!), nos bombonachões dos nossos bombardeiros! Deus o quer nós o queremos! nos balagranadões da nossa Infantaria! Nós queremos que Deus queira! nos morteirões da nossa Artilharia! Deus queira que nós queiramos! nos monstrogivões da nossa Missilaria! Deus queira que Deus queira! Deus quer porque nós queremos! Sede Livres, Democratas e Felizes! Nós o queremos Deus o quer! Felizes os Povos Submissos à nossa Protecção Devastadora! Mais felizes ainda os Insubmissos! Anjos Custódios Nós os submeteremos à salvífica Submissão! do !!!!!!!!!!!!!!!! do Nós queremos que sejam felizes! Mun !!!!!!!!!!!!!!!!!!! Deus Nós queremos que sejam livres dos tiranos! do !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! dos (somos também nós quem define os tiranos! ...) as !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ex Mesmo que eles não queiram! ci ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ér Sobretudo se não quiserem! lí nós velaremos pela vossa Felicidade ci Nós é que sabemos o que mais lhes convém! Po !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! tos !! !! !! !! !! !! !! !! !! !! !! Felizes os Povos submetidos à nossa Devastação! para sermos todos (nós!) prósperos e pacíficos Devastamos porque só queremos o seu Bem! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Devastamos porque só queremos os seus Bens! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! !!! ! ! ! ! ! ! ! ! ! Nada pagará o Bem que lhes queremos! !!!!!!!!!!!!!! IN PACE NOSTRA !!!!!!!!!!!!! Nada pagará os Bens que lhes queremos! Daqui vos anunciamos, Povos, sede livres! António Ínsulo Escolhei a Liberdade que vos impomos! (in UMA GUERRA GÓLFICA Não queirais ser pobres-e-mal-agradecidos! Poema satírico, inédito)
  • 5. espiral 5 1. Quando surgem os grandes conflitos: • Os diplomatas reúnem-se em cimeiras. Os diplomatas são actores pró-paz. • Os pacifistas protestam nas ruas das cidades. Os pacifistas são activistas pró-paz. • As religiões convidam seus fiéis à oração. Estes crentes são activados pró-paz. Nenhuma destas acções, embora positivas, consolidam a paz na sociedade humana, porque o estado de guerra interior incendeia o mundo exterior. 2. Os pacíficos, os activadores da paz, porque cultivam a paz intrapessoal, fazendo-a emergir do seu Ser existencial e irradiando-a, continuamente, para o Universo, são os verdadeiros construtores do rio da paz. 3. O RIO da PAZ aprofunda-se e alarga-se quando: • os bens materiais são adquiridos com transparência, desfrutados com satisfação e partilhados com alegria. • os bens psicológicos são adquiridos em fontes puras, desfrutados em harmonia e partilhados sem discriminação. • os bens espirituais são adquiridos na profundidade do SER, desfrutados em simplicidade e partilhados sem medida. 4. A PAZ EFICAZ, porque dá estabilidade ao psíquico, maior segurança, mais imparcialidade e simplicidade, assegura à dimensão fisiológica maior imunidade. Cristo Martins SAGRADAS MÃOS Mãos ungidas, sagradas, consagradas; Mãos de enlevo, eleitas, escolhidas; Mãos de rei, de profeta, abençoadas; Mãos que abraçam, que traçam o perdão, Sacerdotais, de Cristo bem queridas. Que levantam quem cai, e encaminham, Que indicam a Verdade para Deus... Mãos que baptizam, ungem e perdoam, Consagram, distribuem Pão da Vida; Mãos erguidas por nós, em oração, Crismam; aos noivos unem e abençoam, Que agradecem, suplicam e ensinam... Aos doentes preparam despedida... Um dia, cantarão a Deus... nos Céus! J. Silva Pinto – Fontes -SMP
  • 6. 6 espiral Entrevista com o bispo Jacques Gaillot (continuação da pág. 8) versa pessoal, recebeu-me fraternal- guerra, mas não como nem quando mente, pôs-me na presidência da ela vai terminar. Não sabemos como to às pessoas que dizem: não per- mesa e citou S. Agostinho: “Em reagirão os árabes, o que farão os tenço à Igreja mas o senhor é o meu tudo o que conta é a caridade”. curdos e os turcos. Oxalá que se bispo; por exemplo, aos muçulma- Agostinho diz que podemos ter opi- possa limitar a guerra e se regresse nos em Paris quando afirmam: este niões diferentes sobre muitas coisas, tão cedo quanto possível às negoci- é o nosso bispo. mas no fim o que conta é o amor. ações. Tenho muita pena que se te- nha começado uma tal guerra. KI — Francisco de Assis vi- veu doutra maneira, deu o KI — O Senhor é uma espé- exemplo duma vida alterna- De manhã rezo sempre pelas cie de cosmopolita da solida- tiva para a Igreja da Idade pessoas que vou encontrar riedade – por quanto tempo Média, sem ele próprio criti- manterá esta vida? nesse dia e à noite outra vez car a Igreja. O Senhor vê-se Gaillot — Eu acho que é por aqueles que encontrei. Deus que determina o meu ca- num papel semelhante? Gaillot — É uma honra para Esta oração põe-me em minho. Há acontecimentos que S. Francisco não ter criticado contacto com muita gente, são para mim sinais. Eu vivo a Igreja e ter convidado os assim um pouco o dia a dia e, dá-me força e apoio. A seus irmãos a corresponderem enquanto puder, continuo. Não às expectativas do papa e dos oração é a minha verdadeira tenho planos para acabar com bispos. Também eu não me fonte de energia. isto ou para ordenar a minha sinto vocacionado para criti- vida doutra maneira. Hoje en- car a Igreja ou os bispos, isso contro-me com esta ou aquela não é tarefa minha. Eu acho que crí- KI — Esteve há pouco tempo em pessoa – e amanhã é outro dia. tica, raiva e indignação só relativa- Bagdade a engrossar as hostes dos mente às injustiças deste mundo. inimigos da guerra. Qual a sua opi- KI — Donde lhe vem a força para Ninguém se pode calar quando há nião sobre esta guerra? manter esta vida, para estar sem- miséria neste mundo. Gaillot — É uma guerra que não pre a intervir a favor dos outros? devia ter começado, uma guerra ile- Gaillot — De manhã rezo sempre KI — O bispo Kurt Krenn pelas gal, uma guerra de destruição hu- pelas pessoas que vou encontrar nes- suas atitudes ultraconservadoras é mana terrível. Considero-a um re- se dia e à noite outra vez por aque- para muita gente na Áustria escân- cuo da humanidade, um fracasso das les que encontrei. Esta oração põe- dalo e pedra de fricção. Porque é negociações e das capacidades de me em contacto com muita gente, dá- que o visitou e como é que se en- entendimento. Em vez do direito, me força e apoio. A oração é a mi- tende com ele? usa-se o poder e a força. nha verdadeira fonte de energia. Gaillot — Quando venho oficial- mente à Fundação Melk e ao Liceu, KI — Que consequências podem é costume informar o bispo advir desta guerra localmente limi- * Esta entrevista foi conduzida por diocesano competente. Isso foi feito tada, pode degenerar num incên- Werner Ertel no dia 1 de Abril de 2003 antes por Katharina Haller [a edito- dio mais vasto? no paço episcopal em St. Pölten duran- ra do novo livro de Gaillot – Gaillot — Sim, infelizmente isso é te a visita de Jacques Gaillot ao seu “Machtlos, aber Frei” (= Sem Po- possível. Quando se ateia um fogo colega Kurt Krenn. der, Mas Livre)]. Ora ele convidou- não se sabe como se pode extingui- me para um almoço e para uma con- lo. Sabe-se como se começa uma in KI, 05/2003, pp. 14,15
  • 7. espiral 7 ✑ Cartas... Estimados Consócios da Fraternitas A todos, que de algum modo tiveram alguma deferência para com o Casal Nabais, e em especial àqueles que partilharam comigo a dor da separação da Maria José (16 de Agosto), a todos repito muito obrigado. Por ela bem-hajam. A nossa união — livre e responsável — teve sempre como lema: o amor / perdão. Assim, ao agradecermos a Deus o Dom da vida agradecíamos sempre o Dom recíproco do amor / perdão. Aceito o sofrimento mas... aqui a semana da paixão (acamada) durou quatro longos anos... “Atravessámos o limiar da esperança...” creio que posso inscrevê- la no meu dicionário dos Santos. Caros colegas da Fraternitas, como metade (de um só corpo / uma só alma) e renovando os agradecimentos, faço votos para que todos possam dizer como eu: obrigado, Senhor, por me terdes permitido o amor conjugal. Paz em Cristo Com o amor das vossas Esposas Manuel Nabais Sesimbra, 29/08/2003 b r e v e s . . . logótipo da nossa associação, está trado em franca fase de recupera- ! Matrimónio: Daniel Lima presente numa exposição de pintura ção. Canito, filho de Manuel Ramos em Florença (Itália). Tem tembém Continuação de rápidas melho- Canito (falecido) e de Maria obras suas presentes em Londres em ras. Joaquina Ferreira de Freitas Lima galeria de arte. ! Na mão de Deus: Tivemos no- Canito, vai contrair matrimónio no Parabéns. tícia do passamento, em tempo de dia 11 de Outubro próximo, na ! Em recuperação: O Sampaio, férias, do irmão do senhor Cónego igreja de Vila Chã, freguesia do marido da muito querida Secretária, Filipe de Figueiredo, assistente es- concelho de Vila do Conde. e que já fez parte activa dos mem- piritual e “fundador” do nosso Mo- Felicidades para os noivos. bros da Direcção da nossa associa- vimento. ! Exposição de pintura: O ção, foi há pouco operado à anca es- A certeza da nossa oração e união Alberto Videira d’Assumpção, querda. Tudo correu bem, graças a espiritual. membro da Fraternitas e autor do Deus, tendo regressado a casa e en- Os nossos sentidos pêsames.
  • 8. ESCLARECIMENTO “O meu futuro está No seu n.º 9 de Setembro de Entrevista com o Bispo Jacques Gaillot * em ficar de fora” 2002 o Espiral publicou uma entrevista de Julio Perez Pinillos ao “El País”, que começava assim: “Júlio Pérez O Bispo francês Jacques Gaillot, 67, destituído há oito anos da Pinillos é presidente da diocese de Évreux na Normandia, desde então bispo de Partenia, Federação Internacional de cidade submersa nas areias do Sahara, esteve na Áustria, no princí- Sacerdotes Católicos Casados pio de Abril de 2003, a convite da ACUS — Acção Cristianismo e e exerce plenamente o Socialismo — para falar, na Fundação Melk, sobre “Política com o “Política sacerdócio numa comunidade Sermão da Montanha”. Falou do seu trabalho em França a favor Montanha” cristã de Vallecas, um bairro dos estrangeiros indocumentados, os chamados “sem papéis”. Werner operário de Madrid (…)”. Ertel entrevistou este bispo “apaixonado”. A este propósito recebemos do Secretariado da CEP uma Kirche In — Desde que foi afasta- mesmo que Roma o instalasse no- carta a chamar-nos a atenção do da diocese de Évreux já passa- vamente como bispo duma diocese? para um documento da ram sete anos. Foram para si sete Gaillot — Eu não creio que o meu Congregação para o Clero, anos magros ou sete anos gordos? futuro esteja em dar um passo atrás dirigido ao Senhor Patriarca, Jacques Gaillot — Vivi sempre para uma diocese ou um paço epis- no qual esta Congregação, anos gordos, adorei ser bispo, de- copal. O meu futuro está em eu fi- após ter consultado o Ex.mo sempenhei essas funções o melhor car de fora. O reconhecimento por Cardeal Arcebispo de Madrid, que pude, tive muito gosto nisso. E parte dos outros bispos é muito im- lugar de residência de Júlio agora os anos após Évreux também portante, eles já o expressaram no Pinillos, pode informar que os vivi apaixonadamente. Hoje a “ele não exerce o ministério minha vida é totalmente diferente sacerdotal nem celebra os — outra vida, outro povo. Eu sacramentos em nenhum penso que a Providência Encontros Regionais templo daquela planeou as coisas de tal circunscrição eclesiástica, nem tal facto seria tolerado forma que eu hoje per- ☞ Norte (Litoral) corro uma parte da minha 8 de Novembro – 10:00 horas pelas autoridades da vida por outro caminho: Colégio do Sardão (V. N. Gaia) Arquidiocese, por ser agora anuncio o Evangelho ENCONTRO / MAGUSTO claramente contrário à extra muros. legislação canónica vigente”, e manda que, em KI — Seria difícil imaginá-lo a atenção à verdade, esta regressar a um paço episcopal. Participa! Vem! Convida outros! informação seja publicada no Apesar disso não gostaria de próximo número do Espiral. sentir algum reconhecimento da meu jubileu. Mas eu já tinha parte dos seus colegas bispos ou sentido um reconhecimento muito antes do dos bispos: o reconhecimen- boletim da to vindo das pessoas, dum povo que espiral associação fraternitas movimento eu não procurei, das pessoas que me Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO receberam e adoptaram. Estou gra- Responsável: Alberto Osório de Castro e-mail: fraternitas@iol.pt Nº 12 - Jul/Setº de 2003 (continua na pág. 6)