Primeira década da nossa Fraternitas
1) A Fraternitas celebra o seu 10o aniversário, recordando o fundador Cónego Filipe de Figueiredo e reconhecendo o papel das esposas dos padres como membros da Igreja.
2) Os encontros anuais da Fraternitas proporcionam momentos de aprendizagem, reflexão teológica e oração comunitária.
3) A Fraternitas continua a crescer e a desempenhar um papel importante na Igreja portuguesa como associação
1. espiral
boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO
N.º 25 - Outubro / Dezembro de 2006
PRIMEIR A DÉC ADA DA NOSSA FR ATERNITA S
PRIMEIRA DÉCAD DA NOSS FRATERNITA
ADA
I - Ao assinalarmos os dez anos de vida da
«Fraternitas», recordamos com saudade o
cónego Filipe de Figueiredo. Porque é um amigo que
Falou-nos de um mundo laico, aquele em que
todos os dias navegamos, e que já não discute Deus,
mas O ignora ou Lhe passa ao lado. Na verdade, a
nunca esqueceremos e que sempre exaltaremos pela condição, hoje, da nossa realidade como cristãos é
coragem de se ter atrevido a desfazer um tabu e a «sermos crentes num mundo descrente». E, como Igreja
evidenciar uma realidade forte: a de que nós, pa- que se vai desertando, sermos «luz do mundo» e «sal
dres casados, continuamos a ser Igreja. E a de que da terra». «Pusillus grex».
as nossas companheiras, que não hesitaram em unir V - Registo alguns dados soltos, fugidiamente apa-
a sua à nossa vida, tiveram a coragem de enfrentar nhados no decorrer das conferências:
uma sociedade que, na sua maioria, não entendia o a) O silêncio e a não evidência de Deus, mas não
passo que uns e outros demos. É justa e devida, e a Sua ausência, levam-nos a procurar como havemos
talvez tardia, esta homenagem às nossas mulheres de ser testemunhos da Sua presença no mundo con-
que têm abundantemente demonstrado que são Igre- temporâneo; um mundo que, explícita ou implicita-
ja como nós. mente, nos «lança desafios a uma vivência cristã mais
II - O padre Filipe de Figueiredo correu o risco autêntica e comprometida».
de ficar exposto à desconfiança de muitos, quando Foi sublinhado: «a fidelidade a Deus passa pela
ouviu e acompanhou histórias sofridas, e estabele- fidelidade à vida e ao mundo». E a interrogação sur-
ceu com todos uma ponte fraterna. Ao ver-nos feste- ge: «Como podemos viver como cristãos uma vida
jar estes dez anos da Obra de que ele foi o alicerce, total, sem termos que negar ou rejeitar os valores e as
estou certo de que vive uma alegria enorme. Uma possibilidades que a vida nos oferece?» Deus escapa
alegria que acresce à felicidade infinita que, neste ao nosso conhecimento. O crente estará sempre
momento, frui. E creio que sintonizo o sentimento de desprotegido na sua fé. Mas o Seu Filho, Ele no-l’O
todos nós, ao dizer-lhe daqui e enquanto não o vol- deu a conhecer.
tamos a encontrar: Obrigado, Padre Filipe! Deus envolve-se na pequenez do homem. É nas
III - As duas reuniões anuais, além dos encontros condições desfavoráveis que Se dá a oportunidade
regionais, com dimensão nacional, da «Fraternitas» (Continua pág 2)
são mais, muito mais, do que um convívio de padres
casados. Na verdade, em todas elas há um apro-
fundamento da Fé. São sessões de aprendizagem e
Sumário:
reflexão, iluminadas pelo ensino feito por professo-
res de Teologia da Universidade Católica. E tam- Primeira década da nossa Fraternitas 1
bém pelas lições, sempre fundamentadas e lúcidas, Perguntas embaraçosas 3
do nosso Artur, mestre em Bíblia, e que prossegue,
apaixonadamente, a sua rota de actualização em Um outro Natal 3
ciência da Sagrada Escritura. São dias de uma enor- Perspectiva diferente 4
me riqueza em que os horizontes da nossa
interioridade se tornam mais vastos. Sinais dos Tempos 5
IV - Nos dias 1 e 2 de Dezembro, tivemos como Deus parece ausente 6
conferencista o doutor António Manuel Alves Martins,
da Universidade Católica de Lisboa. Uma escolha Homenagem 7
excelente. Cónego Filipe 8
2. 2 espiral
(Continuação pág 1) termos connosco o Francis-
de O descobrirmos. Espan- co Fanhais. Deu-nos mo-
tosamente, poderemos dizer mentos inesquecíveis em que
que o poder de Deus é im- nos maravilhámos ouvindo o
potente. Mas a Sua impo- seu canto cheio de mensa-
tência é a força poderosa gens. Enroladas numa voz
do amor que se dá. E aqui de ouro.
compreendemos a fé pro- VIII - No domingo, D.
funda de Dietrich Serafim Ferreira e Silva, bis-
Bonhoeffer na prisão nazi, po emérito de Leiria, que
de onde saiu para ser en- acompanhou como amigo a
forcado. «Fraternitas» desde as primei-
A morte é uma realida- ras horas, celebrou a Euca-
de humanamente absurda. Vivemos com o absurdo. ristia, o momento alto do nosso encontro, que foi
Mas a nossa atitude, como cristãos, é de esperança. transmitida pela TVI. A embelezar a celebração eu-
Por isso, não podemos esquecer que o Cristo ressus- carística esteve o grupo coral «MILLENIUM», o qual
citado é o mesmo Cristo crucificado. voltou a actuar no termo do nosso almoço, num sim-
b) Referências sobre a diferença cristã: pático e esplêndido aceno de despedida, com algu-
- O Cristianismo, como fenómeno de massa e mas canções do seu reportório.
cultural, irá ser uma minoria na Europa. Estamos des- IX - O cónego António Rego encerrou com chave
tinados a ser fermento, mas não recusando os ou- de ouro a celebração do décimo aniversário da
tros. Como minoria, seremos chamados a ser «sal da «Fraternitas», entrevistando para o programa «8.º Dia»,
terra» e «luz do mundo». também na TVI, alguns membros do Movimento. Foi
- Cristianismo: proposta de ética e proposta de uma riqueza e variedade de testemunhos de fé de
vida, mas sem vermos nos outros um objecto de re- todos eles o que ali transpareceu, e que deixou desta
cusa, isto é, inimigos e opositores. Temos de nos con- associação de padres casados a certeza de que na
vencer de que a Igreja não tem o património da éti- Igreja há muitas moradas e de que em todas elas se
ca e da verdade. E de que a verdade de Jesus Cristo trabalha e dá testemunho, o que, aliás, foi afirmado
ultrapassa a visibilidade da Igreja. em palavras claras e sucintas pelo Vasco Fernandes,
- O diálogo exige uma paciência de estufa. E presidente da «Fraternitas».
não pode acontecer, apenas, a nível intelectual. Tem X – Já lá vão 10 anos de vida da Associação
de haver acolhimento. E esta é uma das contradi- Fraternitas Movimento. Uma década em que há o
ções internas da Igreja contemporânea. Temos de fazer ladrilho de muitas histórias. Mas em que está cheio
uma aprendizagem do diálogo. O medo da diferen- de saúde interior o ambiente que nela se vive. E que
ça é a negação da Igreja. A razão da nossa diferen- se reforça em cada um dos nossos encontros.
ça é o Espírito Santo. A relação «eu – tu» forma o Pacheco de Andrade
«nós», tendo como charneira vital o Espírito Santo.
- O Cristianismo está ao serviço da sociedade.
Porque «diferença e unidade não se opõem». Este é o
NOVO SÍTIO NA INTERNET
caminho cristão. Não há unidade sem diferença. Con- A Associação Fraternitas Movimento tem uma
cluamos que o Espírito não está apenas na Igreja. nova página na Internet: www.fraternitas.pt.
c) A última reflexão foi sobre a beleza como pro- Nela pode encontrar várias entradas. Em
fecia da Igreja para o mundo: beleza e tragédia hu- «Quem somos» fala-se da identidade do Movi-
manas; beleza e santidade. mento; em «Actividades» figuram os encontros reali-
Este é um pálido apontamento do muito que ou- zados; «Novidades» é para partilharmos as ocor-
vimos expor nestes dias. Assistimos a uma exposição- rências do dia-a-dia (nascimentos, cursos, faleci-
reflexão que o doutor António Martins, pela enorme mentos, etc.); em «Fotografias» queremos fazer a
riqueza que nos deixou, teve o mérito de tornar a fotobiografia do Movimento; em «Notícias» serão
mais valia do nosso encontro. anunciados eventos e faz-se eco de acontecimen-
VI - Momentos fortes deste Curso de Actualização tos eclesiais de interesse; em «Espiral» estão os
Teológica foram também as orações comunitárias, números do boletim; em «Contactos» encontram-
sexta e sábado, densamente vividas. O Salomão foi se os endereços postais e de correio electrónico
o encarregado de lhes dar contorno e de as abrir à da «Fraternitas»; e «Links» liga a outros portais.
autenticidade de cada um. A sua alma de franciscano O novo sítio é fruto do trabalho gratuito do
esteve ali muito presente. Ainda bem! Manoel Pombal e do seu colega Nézé, ambos
VII - Na noite de sábado, aconteceu a alegria de do Gabinete de Atendimento à Família (www.gaf.pt).
(www.gaf
.gaf.pt)
3. espiral 3
Um outro Natal
PERGUNTAS EMBARAÇOSAS ainda desconhecido!
T emos muito medo das per-
guntas directas. Parece-nos
muito fácil dizer como os outros
tenciais da nossa inconfessada pe-
quenez.
Aos Seus discípulos, também
Ouviam-se, ao longe, sinos a tocar!...
Milhões de luzes brilhando perto de mim...
pensam, sonham ou vivem! Mas é Melodias suaves cresciam no ar,
Cristo fez a pergunta: «E vós, quem
E crescendo, crescendo, cantavam assim:
muito difícil manifestar o que pen- dizeis que Eu sou?» Sendo Cristo
«É Natal! É Natal! Chegou o Menino,
samos, o que sonhamos e como a face visível de Deus, dizer quem
E traz a Esperança e o Amor também!
vivemos, porque, muitas vezes, isso é Cristo é dizer quem é Deus. Esta Até na manjedoura, pobre e pequenino,
não nos convém... pergunta tão directa embaraçou os Quer falar a todos, sem excluir
Há certas verdades, a nosso discípulos que hesitaram arriscar ninguém!»...
respeito, que procuramos esconder. uma resposta. Foi Pedro que falou Pus-me a pensar: «Jesus!
E, se tivermos de falar delas, ou as em nome de todos. «Tu és o Mes- Que nos vens dizer,
falseamos ou as disfarçamos com sias, o Filho de Deus vivo». Porém, Assim tão frágil e tão sozinho?...
mantos coloridos. Temos a convic- foi o Espírito Santo que o inspirou. Tiranos e poderosos nem Te vão querer,
ção de que, «pela verdade, tanto É isso que nos falta, sobretudo E os pobres só Te podem dar carinho!».
se ganha o ódio dos inimigos nos tempos frenéticos de hoje. As Uma voz ouvi, voando do Infinito:
como se perde a amizade dos preocupações materiais, quando «Esse Menino, aí, gelado a chorar,
amigos». Por isso é que o filósofo exageradas e vividas como única Mesmo que te pareça tão pequenito,
irlandês Berkcley escreveu que «to- meta da vida, sufocam a voz do É também a ti que te quer falar!».
dos gritam pela verdade, mas só Espírito Santo. Nós temos medo de Mirei o tecto húmido daquela cabana:
alguns a usam». assumir compromissos. Por isso, às Caíam pedras toscas e raízes em malha!...
Nós não somos apenas «algo». vezes, vivemos com um pé dentro No chão de terra não se via cama,
Somos «alguém», isto é, somos e outro fora da Igreja! Como Apenas feno murcho e um pouco de palha!...
«pessoa». Mas esta honra e digni- Voltaire, grande perseguidor da «Menino pequenino, pequenino Menino,
dade também nos acarreta res- Fala-me e conta o que me queres dizer!»
Religião, mas que, antes de mor-
Abriu-se então a boca daquele bambino,
ponsabilidades difíceis de assumir. rer, pelo sim e pelo não, mandou
E só pediu coisas que eu podia fazer:
Uma das perguntas que todos construir uma igreja com o seu
«Ser Sua presença no mundo em confusão,
fazem, mas a cuja resposta muitos túmulo metade dentro da igreja e Acolher todos os pobres sem tecto nem lar,
se esquivam porque não sabem metade no cemitério contíguo! E Servir com amor e carinho todo o irmão,
responder ou porque não lhes con- então explicava assim: «Os mais Amar aqueles que não sabem amar!...».
vém, é esta: «Quem é Deus?». perspicazes dirão que não estou ....................
Santo Agostinho voou nas alturas, dentro nem fora»... É isso: nenhum Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada.
com o seu modo subtil de pensar, compromisso. Nem moral nem re- Senti-me preso à porta de outro casebre.
à procura da resposta no Univer- ligioso!... Ouvi lá dentro, na solidão calada,
so criado. E, no fim, escreveu isto Reparai no que geralmente Outra criança que gemia de febre!...
no livro «Confissões»: «Quem é acontece nas férias. Na nossa ter- Perguntei a mim mesmo: «Mas que é isto?...
Deus? Perguntei à Terra e ela dis- ra queremos mostrar-nos muito Será Jesus chorando, também aqui?!...»
se-me: “Eu não sou”. E tudo o que cristãos, e revoltamo-nos se nos Entrei, de mansinho, no portal de xisto,
nela existe me respondeu o mes- dizem o contrário. Nas férias E fiquei calado... Não conto o que vi!...
mo. Interroguei o mar, as suas envergonhamo-nos, portando-nos «Meu Deus! Quem será esta criança
profundezas e todos os seres vivos, como qualquer ateu! Entram tam- agora?!
e eles responderam-me: “Não so- bém de férias a oração, a Euca- Será o mesmo Cristo nela incarnado?»
mos o teu Deus. Procura-O acima ristia, o testemunho, e até, tantas Não pude falar!... Talvez, naquela hora,
de nós”. Interroguei toda a estrutu- vezes, a nossa dignidade... Chorasse Cristo ainda mais desprezado!
ra do Universo, que me respondeu: Peguei na criança, levei-a ao coração!...
Não é pelas palavras que se
Estava gelada, mas sorriu para mim...
“Eu não sou Deus; foi Ele que me conhecem as pessoas, mas pelo
E disse, de mansinho, levantando a mão:
criou”.» seu comportamento e pela sua
«Sou Cristo que vive em quem sofre assim!»
Todavia, a pergunta continua coerência de vida. Seja na nossa ....................
sem resposta para muitos... terra ou fora dela, temos de ser Talvez para mim e para muitos cristãos,
Há 20 séculos, Cristo deu a res- aquilo que dizemos ser. Ou então O Natal tenha sido tempo perdido,
posta. Mas muitos não a querem nunca passaremos de grotescos Porque não vemos, na dor dos irmãos,
ouvir. Preferem perder-se em be- saltimbancos a fugir das atitudes Um outro Natal ainda desconhecido!...
cos sem saída, à procura de ou- de coerência!...
tras respostas. São as crises exis- Manuel Paiva M.P.
M.P.
4. 4 espiral
PERSPECTIVA DIFERENTE
católicos e evangélicos se reúnam». Não é com exortações ao «mun-
No n.º 10, Mas ficou-se por palavras bonitas do secularizado ensurdecido a
de Outubro de 2006, sem um sinal indicativo do futuro Deus» que se ganha mais confian-
a revista «Kirche In» para o ecumenismo. Satis-fatório ça. Apenas são confirmados aque-
insere uma entrevista apenas o convite para o diálogo les que em todo o caso já acredi-
de religiões mais intensivo. tam.
DPA
à DPA do conhecido
kirche: As imagens televi- Kirche: Além do significa-
teólogo e presidente da sivas de massas humanas a do pessoal que a viagem à
Fundação Ethos Mundial, aplaudir davam a impressão Papa,
pátria tem para o Papa, vê
Hans Küng, de existir um sentimento co- algum efeito duradouro para
na qual este teólogo mum; mas, na sociedade, a o catolicismo alemão?
analisa a visita do Papa Igreja está em retrocesso. Será Küng: Eu podia descobrir mui-
Baviera.
à Baviera Papa
que o Papa pôde pontuar tas boas intenções e palavras do
também entre os que estão Papa, mas nenhuns incentivos prá-
Tradução: João Simão
longe da Igreja? ticos novos. Na celebração euca-
Küng: Ver o Papa de perto rística central em Munique, no do-
Kirche: Qual foi a impres- uma vez na vida é para muitos mingo, foram claramente eviden-
são global que colheu da vi- uma emoção. Também muitos dos tes as deficiências do catolicismo
Papa
sita do Papa à Baviera? que se afastaram da Igreja têm tradicional: 1. Uma Igreja fixada
Küng: Uma impressão discor- saudades duma figura paternal nos homens: as mulheres restrin-
dante. Bento XVI não satisfez ne- espiritual ou de um representante gem-se a funções subalternas.
nhuma das esperanças dos católi- da integridade moral, da justiça e 2. Uma Igreja hierarquicamen-
cos reformistas. Pessoalmente ele da paz mais fidedigno do que o te presunçosa: Papa e bispos
actuou de forma simpática, próxi- são muitos políticos e homens de alcandorados longe do povo, iso-
ma dos fiéis. Não é um Papa Estado. Mas era muito menor do lados numa «ilha altar».
mediático com um talento de ac- que se esperava o número de pes- 3. Uma Igreja confessional-
tor que arranque aplausos. É so- soas nas ruas, nas cerimónias reli- mente egocêntrica: falta ecumenis-
bretudo alguém que se concentra giosas, junto das televisões ou dos mo. Na oração não foram sequer
na verdade central do cristianismo, ecrãs gigantes públicos. E uma mencionados os cristãos evangéli-
na fé em Deus. Porém, deixou que Marien-platz repleta, com a pre- cos e ortodoxos, para não falar
se sentisse a falta de aberturas sença dos dirigentes da CSU, não das outras religiões.
para reformas na Igreja. Ora, 43 garante igrejas de Munique mais 4. Uma Igreja estagnante: a
por cento dos entrevistados pela cheias, como milhares de acólitos começar pela oração eucarística:
empresa de opinião «McKinsey» não garantem futuros padres que sempre a teologia da contra-refor-
são de opinião de que a Igreja queiram renunciar a uma esposa. ma, nada dos resultados da nova
católica necessita de reformas ur- Os curiosos também ainda não exegese; descura o aspecto bíbli-
gentes: 14 por cento mais do que são fiéis convictos. Muitos, mesmo co da ceia comum, repetidamente
em 2005, altura em que Bento XVI na Baviera, sentem-se afastados acentuado pelo Vaticano II...
assumiu o papado. por uma encenação mon-
Papa
kirche: O Papa procurou tada com enorme dispên-
realmente o diálogo ou ape- dio de meios e de dinhei-
nas se limitou a expor a sua ros de impostos. Segundo
visão do mundo e da fé? a mesma sondagem
Küng: De diálogo praticado «McKinsey», quase um em
quase nada se pôde perceber. O cada dois alemães (45 por
presidente Köhler insistiu em expor cento) não tem confiança
ao Papa o anseio de muitos cris- na Igreja Católica como
tãos de que haja progresso ecu- instituição. Piores valores
ménico, para mais comunhão. É de confiança só mesmo os
verdade que o Papa respondeu ex- seguros de pensões do Es-
pressando o desejo «de se esfor- tado (47 por cento) e os
çar de alma e coração para que partidos políticos (58 por cento). Hans Küng e a esposa
NOVO: página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: fraternitas@fraternitas.pt * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: fraternitas@fraternitas.
5. espiral 5
Kirche: Na alocução aos Küng: Bento XVI não corrigiu Kirche: Que lhe parece a
seminaristas, em Altötting, o a declaração «Dominus Jesus», da primeira encíclica do Papa? Papa?
Papa lamentou a falta de pa- sua autoria, do ano 2000, em que Küng: Este escrito é confuso.
dres, porém evita em abso- nega às outras Igrejas cristãs o ser Continuo a esperar que o Papa
luto a palavra celibato. Igreja. Infelizmente! Também o bis- consiga libertar-se da sombra es-
Küng: Ele não faz o mais ime- po evangélico da Baviera calou to- cura do anterior guardião da fé e,
diato para remediar a falta de talmente todas as questões polé- como genuíno pastor de almas,
padres: permitir o casamento a micas como a Ceia do Senhor co- ofereça soluções construtivas à
padres e bispos como é expressa- munitária, a questão dos ministéri- Igreja e ao ecumenismo.
mente consentido no Novo Testa- os, os casamentos de confissões di- Kirche: Qual seria a tarefa
mento. Ele não gosta de se apre- ferentes, o primado de jurisdição mais importante que o Papa Papa
sentar como um homem de exi- papal e a infalibilidade. Ele sen- deveria empreender agora?
gências fortes, mas de formula- tia-se feliz por poder fazer uma Küng: Satisfazer o desejo for-
ções suaves. Tacticamente esper- pregação inocente na presença do mulado em nome de muitos cris-
to, não fala da lei do celibato, Papa. E «à boa maneira romana», tãos pelo presidente federal Köhler:
nem da proibição dos meios para todas estas questões faz es- progressos ecuménicos concretos!
contraceptivos e de outras incomo- perar os cristãos por mais anos ou Reunir-se com o cardeal Kasper, do
didades romanas. Acentua sobre- séculos de trabalho teológico. Secretariado para a Unidade, e
tudo os aspectos amáveis da fé e Mas, na realidade, este trabalho pensar o que deve ser feito como
da Igreja, mas não mexe nas leis já foi feito há muito tempo. passo inicial para facilitar, primei-
e prescrições duras da Igreja. Kirche: Esperava que o ro, a hospitalidade eucarística e,
Kirche: No discurso duran- Papa trouxesse um presente re - re- depois, a Eucaristia comum. No
te as vésperas ecuménicas, o lacionado com reformas intra Secretariado há seguramente um
Papa saudou as Igrejas evan- eclesiais. Ficou desapontado? armário repleto de memorandos e
gélicas não como Igrejas mas Küng: Ele pode comportar-se pareceres teológicos que recomen-
como «amigos das várias tra- como aqueles visitantes que já não dam isto. Os teólogos e as comis-
dições da reforma». E não têm tempo para procurar um pre- sões ecuménicas fizeram o seu tra-
abordou temas polémicos. sente, e pode mandá-lo de Roma. balho. Compete ao Papa agir.
Sinais dos tempos vo, explicado pela ONU, é a falta
de dinheiro para os transportar e
fazer distribuir com segurança.
Q uando o Papa Bento XVI
chegou ao Vaticano,
após terminar a sua visita à Tur-
«Não temais», repetia sem conta
o saudoso João Paulo II. Bento XVI
segue esta força, com fé, esperan-
Que paradoxo! Segundo a Or-
ganização Humanitária britânica
OXFAM, as despesas militares mun-
quia, cantei «Cristo vence, Cristo ça e amor. Quem o duvida, de- diais de 2006 chegaram a 1060
reina, Cristo impera!» pois desta visita? Mais uma vez se mil milhões de dólares. Em África,
Lembrei-me das palavras pe- cumpriu o «Verbo»: «Quem tiver de acordo com a mesma Organi-
remptórias de Cristo a Pedro: «Tu uma fé inabalável pode ordenar zação, entre 1985 e 2000, R. D.
és Pedro e sobre esta Pedra a uma montanha: muda-te para Congo, Ruanda, Sudão, Botsuana
edificarei a Minha Igreja (Assem- ali e ela muda-se.» Para já, a Ben- e Uganda duplicaram os gastos
bleia do Meu povo “de boa von- to XVI bastou-lhe «pairar» sobre as militares, na ordem dos 15 milhões
tade”); os infernos tentarão abalá- montanhas, até à Turquia. Orde- de dólares.
la, mas ela permanecerá inaba- nar às montanhas que se mudem. Mas nem tudo vai mal. Está aí
lável, através de todos os tempos, Agora será o tempo de o Espírito o Natal. Há um ano, centenas de
pelos séculos dos séculos». agir, porque a verdadeira viagem jovens cubanos distribuíram 350
Já vamos em 2000 anos e a vai muito para além da visita «visí- mil imagens do Menino Jesus por
«Barca da Igreja» navega, por ve- vel e física». outras tantas famílias, anunciando
zes, sobre mares encapelados,
mas acaba por cumprir-se, sem-
pre a palavra omnipotente do «Se-
O mundo sofre. O Pro-
grama Alimentar Mundi-
al, das Nações Unidas, suspendeu
o Seu nascimento e dando as Boas
Festas. Foi o Natal mais bonito que
algum cubano tinha visto, disseram
nhor da Barca»: «Não temais. Eu o envio de alimentos para Ango- as notícias. Que surpresas teremos
estou aqui. E vou convosco». E es- la, que beneficiavam cerca de este ano?»
toutras: «Eu venci o mundo.» meio milhão de pessoas. O moti- JosÉ silva pinto
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6. 6 espiral
aplaca com rituais de oração e pe-
DEUS PARECE AUSENTE nitência individual e colectiva, com
A vida é, tantas vezes, ameaçada por catástrofes natu- incensações e com devoções de
rais, sem aparente intervenção humana. Que responder toda a espécie. E não aquele Deus
a quem diz que a religião e a fé estão em decadência? que Se identifica com qualquer ser
humano, principalmente aquele
A humanidade, no seu pro-
cesso evolutivo, atravessou
diversas fases de pensamento
Deus destruidor, descriador da Sua
própria obra, a que deu a força
de evoluir continuamente, nem per-
que é despojado da sua dignida-
de para, através dos que O amam
e com Ele colaboram, o elevar da
cosmológico. De entre elas, des- mitir que as forças do mal a destru- sua condição desumana.
tacam-se o teocentrismo (onde am pois, então, estas passariam a Ele é o Deus que Se manifes-
Deus era o causador directo de ser mais poderosas do que Ele e tou em Jesus e veio «para servir e
todos os fenómenos bons ou maus) ocupariam o Seu lugar. O mundo não para ser servido» e que, no
e o antropocentrismo (o homem é não acaba, vai-se transformando, memorial da Última Ceia, expres-
o centro e tem lugar privilegiado numa existência a que Ele preside, sa, como Sua última vontade, a
na natureza criada). como entidade fonte do Bem. exigência de idêntico comporta-
A primeira visão dominou até É verdade que a maldade das mento àqueles que decidem ser
finais da Idade Média e deixou pessoas, principalmente a dos que Seus seguidores: «Compreendeis o
medos no subconsciente alimen- têm o poder de decidir o rumo da que vos fiz? Chamais-Me Mestre
tados, sobretudo, pelos poderes história, vai deitando venenos des- e Senhor… Ora, se Eu vos lavei
religiosos e políticos instituídos. Se- truidores no planeta: são as guer- os pés, sendo Senhor e Mestre,
gundo eles, tudo o que de mau ras, as experiências nucleares, os também vós vos deveis lavar os
acontecia na Natureza era casti- gases poluidores... (para os quais pés uns aos outros. (…) Dou-vos
go de Deus. Chuvas torrenciais, di- todos contribuímos com uma quo- um mandamento novo: que vos
lúvios, maremotos, tremores de ter- ta-parte)... Por isso, não será Deus ameis uns aos outros…» (Jo.13) E
ra, ou simples trovoada…, era que, mediante petições religiosas, Mateus faz anteceder o capítulo
Deus que castigava ou estava terá de resolver o problema, mas da Última Ceia (Mt. 26) pela nar-
muito zangado com as pessoas. sim nós, sendo ecologicamente res- ração apelativa do bem conheci-
Por isso, havia que acalmá-l’O, ponsáveis. do «Vinde, benditos de Meu Pai,
apaziguá-l’O com rituais religio- Não creio num Deus que goste porque Eu tive fome e deste-Me
sos de submissão, de humilhação. de ver ou provoque situações de de comer…» (Mt. 25).
A partir do Renascimento, mui- miséria na criação, para depois ac- Fé ou crença? Para mim, aque-
tos desses fenómenos naturais fo- tuar como libertador e salvador. Tal la é fundada em força divina; esta
ram-se tornando mais inteligíveis Deus seria a negação da Sua pró- tem mais a ver com imposições
pela explicação das ciências. E pria essência: AMOR. Assim como humanas, medos que atavicamen-
dava-se o conflito entre Fé e Ra- também não acredito num Deus te controlam o nosso consciente ou
zão, que os tempos modernos ten- que Se aproveite da miséria de pa- subconsciente, sendo fruto de uma
tam conciliar, desfazendo o que íses pobres e de situações socais hierarquia (poder sagrado), que
parecia um antagonismo visceral. aviltantes e degradantes para a o não devia ser, mas sim diaconia
Segundo a revelação cristã, dignidade do ser humano, para aí (serviço, ministério = aquele que
Jesus veio para que os homens «te- fazer florescer vocações eclesias, é o mais pequeno, o menos im-
nham vida em abundância» e celibatárias ou não. Deus é pela portante, servidor dos outros),
para mostrar o rosto amoroso de dignidade humana e quer que to- como Jesus, que assumiu o papel
Deus, constituindo este a Sua es- dos colaborem com Ele na promo- de criado, escravo, lavando me-
sência, numa das Suas últimas de- ção dessa dignidade, principal- taforicamente os pés aos Seus
finições bíblicas: «Deus é amor». mente aqueles que vivem na abun- apóstolos.
É neste Deus que creio; não dância e a podem e devem parti- Se na desgraça falarmos do
num Deus velhaco e humilhante, lhar com os mais pobres. amor e o actuarmos, as pessoas
redutor da Sua criação, em geral, Se na sociedade contemporâ- não procurarão Deus por medo
e do homem, em particular, que nea Deus parece ser o grande au- ou como remédio que se compra
«Ele criou à Sua imagem e seme- sente, não será por Sua culpa, mas para as maleitas, mas por razões
lhança.» Um Deus criador, que sim pela imagem de Deus que os essenciais, que têm a ver com a
aprecia o que criou com a classi- responsáveis religiosos, ao longo dignidade: «Deus é amor» e «vós
ficação de «era bom» e «muito dos tempos, quiseram, e ainda que- sois deuses».
bom», nunca Se pode tornar num rem, fazer passar: um Deus que Se Fernando Neves
7. espiral 7
HOMENAGEM
INESQUECÍVEL Conhecemo-nos e fizemo-nos voção a Nossa Senhora da Ale-
FRANCISCO DOS SANTOS amigos na Escola José Régio, em gria, a padroeira, (trazia sempre
SANTOS
É com um misto de alegria e Vila do Conde. Manteve sempre o terço, que recitava uma e mais
de tristeza que evoco Francisco um certo optimismo pelo futuro, à vezes por dia), e aprendeu a fé fe-
Santos. Em primeiro lugar, alegria, mistura com algumas dúvidas e cunda no Salvador do mundo, Je-
porque, cumprida brilhantemente incertezas (quem as não tem?). Foi sus Cristo.
a sua missão na terra, partiu para um homem de fé arraigada. Co- «De mortis nisi bonum».O
o Pai com uma serenidade impres- laborou em actividades pastorais aforismo não em razão de ser com
sionante. Os últimos meses da sua onde residia. Em Vairão, sua últi- o Dr. Abílio, porque, enquanto pe-
vida foram de enorme sofrimento, ma residência, foi organista e regrinou na Terra, foi de tal ma-
sempre aceite com exemplar resig- ensaiador do grupo coral. A cer- neira honesto e bom que não é pre-
nação. Muito aprendi com ele. Era teza do Além ficou expressa nas ciso empolar nada a seu respeito.
bom amigo, óptimo colega, ad- duas obras de poesia que publi- Viveu modestamente e de for-
mirado e respeitado por todos. cou «Caminhando» e «Reviver». ma simples, tendo por lema fazer
Lembro-o também com triste- A sua humildade não permitiu o bem. A amizade era para ele um
za, pois deixo de o contactar fa- que revelasse a sua bagagem cul- atributo, que distribuía pelos seus
miliarmente. Ele recebia-me sem- tural. A sua modéstia deixou com- companheiros. Muito jovem ainda,
pre com um acolhimento fidalgo. posições musicais, obras poéticas, nos tempos em que jogava fute-
Nasceu a 12 de Julho de 1931, e não só, na gaveta, como esta: bol, nunca os seus adversários o
em Castelo do Douro, Alijó. Nes- MORTE acusaram de deslealdade, bru-
ta região, onde tudo é poesia, Ó morte, porque vens pela calada, talidade, nem tão pouco de
cresceu poeta. Na poesia encon- numa hora, que é sempre tão incerta? mau perder. Acabava o jogo,
trou a chama da sua existência. Sempre vens quando és menos esperada. de que muitas vezes saia vence-
Fez os primeiros estudos no dor, e, de imediato, animava a
Colégio Oficina de S. José, no Embora sejas pouco desejada, equipa vencida, como que di-
Porto, e aí tirou o curso de im- Quando truncas a vida, só, deserta, zendo «na próxima serão
pressor. Completou a secundá- Mas quando a alma tem a porta aberta vocês».
ria no Instituto Salesiano de Dum gozo eterno, és mesmo procurada. Terminado o Curso, já no
Mogofores. Cursou Filosofia no exercício das suas funções, a to-
Instituto Salesiano de Manique Sim! Não é tão escuro o teu degredo dos acolhia com um sorriso e
do Estoril e Teologia em Lisboa. Como o pinta quem de ti tem medo tom optimista, e dava conselhos,
Foi ordenado Presbítero em Qual vil harpia que nos rouba assim! usando sempre de caridade cris-
Évora. tã. Foi um baluarte no Ministé-
Após a ordenação, seguiu És da glória do justo portadora, rio da Educação e a muitos pro-
para Macau onde, durante oito Dos tormentos da vida vencedora: piciou carreiras de sucesso.
Tu abres o caminho à luz sem fim.
anos, leccionou várias disciplinas Deus escolheu para ele a
no Colégio Dom Bosco. Regres- SOUSA GONÇALVES mulher certa, a Maria de S. José,
sou a Portugal, para a direcção de AMIGO que soube ser esposa exemplar,
Estudos na Escola Profissional de ABÍLIO C. A. REBELO com desvelo sem limites.
Santa Clara, em Vila do Conde e, Faleceu a 20 de Outubro. Era Nos últimos anos, enfrentou
depois, cinco anos em Izeda. natural de Riodades, freguesia que com a maior resignação a subida
Veio o momento delicado e de- tem como ex-libris o promontório do calvário da vida. Quando lhe
cisivo da sua vida. Fez uma op- de São Salvador do Mundo, se- perguntava pela saúde, respondia
ção, da qual jamais se arrepen- meado de pequenas capelas, dis- sempre «seja o que Deus quiser».
deu. Solicitou a dispensa do exer- postas para a via-sacra, encima- Pelas festas do Natal, Páscoa e
cício das ordens sacras e passou a das por vetusta igreja, sobre o aniversários, mimoseava os ami-
repartir a sua vida com Maria Na- magestoso rio Douro. gos com cartas lindíssimas. Priva-
tália Pereira e as duas filhas, que, Foi neste ambiente paradisíaco va com muitos sacerdotes e, quan-
com extremo carinho, dedicação, que o Dr. Abílio viveu os verdes do se dirigia à igreja, o seu en-
comunhão de felicidade, o acom- anos, acarinhado por família dis- canto era estar perto do altar. Pa-
panharam até à partida para a tinta, nomeadamente pelo tio, o recia que era o que lhe dava mais
Felicidade Eterna, a 30 de Setem- Cónego Amaral, figura cimeira da prazer na vida.
bro. diocese de Lamego; e sorveu a de- NUNO PASCOAL
8. 3.º ANIVERSÁRIO DO FALECIMENTO
DO CÓNEGO FILIPE DE FIGUEIREDO
A Fundação locais, os Bombeiros, amigos do padre Fili-
Cónego Filipe Dr. Francisco
pe, população de Estarreja e o Dr. Francisco
de Figueiredo Monteiro em representação da Obra Nacio-
promoveu em Pastoral
nal da Pastoral dos Ciganos, que o padre
Estarreja, terra Filipe dirigiu durante longos anos, e da
natal do padre «Fraternitas»,
«Fraternitas», Movimento que ele fundou.
Filipe, e local Após o almoço no Hotel Eurosol, se-
onde o Senhor guiu-se, no Salão Nobre da Câmara Munici-
o chamou a Si, pal, uma interessante conferência proferida
uma Semana Cultural para comemorar o 3.º pelo amigo do Cónego Figueiredo, também
aniversário do seu falecimento, em 28 de No- Dr. Amador, so-
natural de Estarreja, Dr. Olívio Amador, so -
vembro de 2003. bre alguns escritos que o homenageado de-
A Semana, que teve início em 25 de No- dicou a figuras notáveis de Estarreja. Este es-
vembro, culminou no dia 2 de Dezembro com insere- Dr.
tudo insere - se na pesquisa que o Dr. Olívio
uma Missa solene na igreja de São Tiago de Amador está a fazer, com o objectivo de es -
fazer, es-
Beduído, igreja paroquial das origens de crever uma biografia do Cónego Filipe.
Estarreja, e em cujo cemitério o Cónego Fili- Durante a Semana realizaram-se diver-
pe está sepultado. A Missa foi presidida por sas outras actividades, das quais se destaca
D. António Marcelino, Bispo de Aveiro, num o espectáculo do padre Borga e a sua Ban-
dos seus últimos actos públicos antes de re- da.
signar das suas funções episcopais em Avei- Francisco Monteiro
Foi, D.
ro. Foi, também, D. António Marcelino quem
erigiu canonicamente a Fundação Cónego Fi-
«O mais pernicioso (da
lipe de Figueiredo.
História) foram e são ideias
À Missa seguiu-se o lançamento da 1.ª
teológicas mesquinhas e
pedra do Centro Social Nossa Senhora do
Passal,
Amparo, no lugar do Passal, em terrenos que ridículas. Também por isso,
o Cónego Filipe tinha doado à Fundação D.
Filipe Fundação D. nomeadamente Buda,
Manuel Mendes da Conceição Santos, por si Confúcio, Sócrates e Jesus,
criada, a qual os cedeu à Fundação que ago- figuras determinantes para a
ra leva o nome dele. O Centro corresponde Humanidade e de cuja pro-
a um sonho do Cónego Filipe para a sua funda religiosidade ninguém
«T
terra natal de Estarreja: «Tenho um sonho que pode duvidar, foram conside-
quero tornar realidade: dotar a minha terra rados ateus. Sócrates con-
Lar Terceira
de um Lar de Terceira Idade». Quis o Senhor,Senhor, cretamente bebeu a cicuta,
no dia em que na Câmara Municipal de acusado de ateísmo, e Jesus
Estarreja, no gabinete do hoje Administrador morreu na cruz, acusado de
Fundação Filipe, Sr. Valter
da Fundação Cónego Filipe, Sr. Valter Martins, blasfémia.
era comunicado que a licença para a cons- Estes factos obrigam a
trução do Centro Social tinha finalmente sido ter constantemente presen-
concedida, chamá-lo a Si. tes, com temor e tremor, os
Ao lançamento presidiram D. AntónioD. perigos patológicos das reli-
Marcelino, que abençoou a 1.ª pedra, o Go- giões.»
vernador Civil de Aveiro, o Presidente da Câ-
mara Municipal de Estarreja e o Presidente Anselmo Borges;
da Fundação Cónego Filipe de Figueiredo, Padre e professor de Filosofia,
Sr. Filipe Figueiredo;
Sr. Manuel Filipe Figueiredo; participaram nu- in Público
merosas autoridades e entidades regionais e
espiral Boletim da Fraternitas Movimento
Associação
Responsável: Fernando Félix
Praceta dos Malmequeres, 4 - 3º Esq.
Nº 25 - Outubro/Dezembro de 2006 Massamá / 2745-816 Queluz
www.fraternitas.pt e-mail: fernfelix@gmail.com