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Nº 73 - Agosto a Dezembro 2022
b o l e t i m d a F R A T E R N I T A S M O V I M E N T O
Ecos ao espiral 72... 2
Maria de Nazaré 3-5,8
Encontros virtuais da FRATERNITAS (4º e 5º) 6
Notícias do nosso blogue 6
Assembleia Geral da FRATERNITAS Movimento 7
Centenário do Manuel Paiva
Cem anos de vida 9
Gaudeamus! 10
In Memoriam... 11
“Homem e mulher os criaste à Tua imagem” 12
(continua na pág. 2)
A
meados de dezembro, um
programa Linha da Frente, da
RTP1, dedicado às confidências das
pessoas nos instantes finais da vida,
concluía com estas palavras de Jorge
Castro, médico de cuidados paliativos: “De
um modo geral, dizemos que as pessoas
estão "confortáveis" para poder falecer,
quando são capazes de dizer cinco coisas:
obrigado, adeus, perdoo-te, perdoa-me,
gosto de ti. Porque é que precisamos de
estar a morrer para fazer isto?” No global
do programa, tornou-se claro que o tesouro
da vida são os afetos, as experiências de
vida, e sintetizou-se em dez palavras o que
realmente importa para ter uma vida plena,
com sentido e feliz: amar, perdoar, abraçar,
aproveitar, descansar, viver, celebrar,
pacificar, ser honestos. E, sintetizando tudo
numa só palavra, essa é desfrutar.
Na Assembleia Geral da Fraternitas, que
decorreu em Coimbra, a 26 de novembro
passado, partilharam-se razões para a nossa
associação continuar ativa. E todas se
podem sintetizar também numa atitude:
desfrutar. Trata-se de usufruir da amizade
que nos faz sócios. É favorecer momentos
em que podemos estar juntos. É
enriquecermos espiritual e animicamente
com a partilha mútua de experiências de
vida. É dar o bom de cada um de nós para o
melhor de todos. As cinco coisas de que —
como dito acima — precisamos para morrer
confortados são as mesmas para viver
animados. E isso também significa sair da
nossa "zona de conforto", daqueles
pensamentos e comportamentos que nos
mantém estagnados.
espiral
2
Ecos ao espiral 72...
Acabei agora de ler o Espiral 72! Parabéns,
está excelente com artigos muito profundos!
Obrigado Osório e correspondentes!
Serafim Sousa
28.07.2022
Muito obrigado, Alberto!
Votos de muita saúde para ti e família!
Boas férias com muita saúde e paz!
Um grande e fraterno abraço,
António e Alcina Machado e Moura
28 .07.2022
MUUUUUUUUUUITO OBRImorGADO!
Lopes Morgado, OFMCap
28.07.2022
Obrigado, paz e bem.
Saúde.
† Antonino, Portalegre
28.07.2022
.
Boa tarde,
Muito obrigada pela partilha!
Um abraço
Teresa Pinho
28 .07.2022

Por isso, os próximos tempos da Fraternitas
vão privilegiar os contactos entre nós.
Haverá encontros através de plataformas na
internet, como o Zoom. Vencidas, de
alguma maneira, as contingências impostas
pela covid-19, retomaremos os Encontros
Nacionais em Fátima e em outro local a
definir. O telefone e a correspondência
continuam a ser meios que encurtam
distâncias e ampliam os laços.
Como Fraternitas, temos vinte e seis anos
de existência. É motivo para ser gratos por
todos os passos dados até aqui. E, de modo
especial, os novos corpos sociais eleitos em
Coimbra para o próximo quadriénio
agradecem o trabalho e contributo das
equipas cessantes.
Unidos, como uma só família, Feliz Natal e
Abençoado Ano Novo!
Fernando Ferreira
(continuação da pág. 1)
Muito obrigado!
Votos de Saúde, Paz e Bem!
† Francisco, Arcebispo de Évora
28.07.2022
 Muito obrigado, pelo "espiral" e que con-
tinue a gerar vida...
† Armando Domingues
29.07.2022
Obrigada pelo envio do ESPIRAL, que leio
sempre com muito gosto!
Os melhores cumprimentos.
Helena Alexandre
29.07.2022
Pax!
Muito bem-haja!
Feliz continuação
Cordialmente em Cristo Bom samaritano
† José Cordeiro
02.08.2022
espiral 3
(continua na página seguinte)
Numa análise simples, parece bem mais forte a fé
e a crença no sofrimento do fiel promitente (ir a
Fátima a pé, andando centenas de quilómetros,
andar centenas de metros de joelhos nas praças
dossantuários ou dando voltas emtorno de igrejas
e capelas, subir escadas de joelhos, etc.), do que
na gratuidade do amor salvífico de Cristo.
Afinal, foi Ele que deu por nós sua vida e todo o
seu sangue em sacrifício perfeito, único, infinito
e definitivo. E a salvação é um dom gratuito dele,
não fruto de nossas penitências.
Dá também para notar que o culto a Maria e a
Mariologia a ele subjacente, tão clara e
explicitamente aceitos e tãofortementedifundidos
e inculcados nos escritos dos santos, dos papas e
bispos, na formação dos seminários e casas
religiosas, bem como nas homilias e sermões,
deixam no ar bastantes dúvidas teológicas.
Frases como: "sobre Maria nunca se dirá o
suficiente", "quem reza todas as noites três ave-
-marias está salvo", "Maria é medianeira de todas
as graças", bem como todas as invocações da
Ladainha de Nossa Senhora deixam qualquer
cristão com um mínimo de senso crítico com as
orelhas em pé e se perguntando para onde foi a
centralidade teológico-litúrgica do Mistério de
Cristo, único Salvador e único Mediador.
Perante toda essa confusão teológica e cultual,
para tentar esclarecer um pouco as idéias básicas
da Mariologia escolhi, para expor neste Encontro
Maria de Nazaré*
Fomos habituados, desde nossa infância, em nossas famílias e ambientes católicos, a uma
imensidão de nomes e títulos dados a Maria de Nazaré: Senhora da Conceição, do Amparo,
da Guia, do Ó, do Bom Parto, da Mó, de Aparecida, de Lourdes, de Fátima, de
Medjugorge, etc.
Em rápida busca na internet, por exemplo, consta cerca de trezentos diferentes títulos
dados a Maria.
É fácil notar que, na cabeça do povo, dos cristãos médios, não há clareza nem certeza se se
trata de uma ou de várias Nossas Senhoras.
Quem teve a oportunidade de visitar Fátima, Lourdes, Aparecida e outros santuários
marianos, teve, com certeza, a oportunidade de observar a intensa fé do povo cristão em
Maria, expressa em procissões, terços e, muito frequentemente, em promessas.
Nacional do Movimento dos Padres Casados e
suas Famílias –MPC– dizer algumas coisas
simples e básicas sobre Maria de Nazaré e
comparar a Maria dos Evangelhos com a Maria
da piedade católica.
Maria deNazaré, tornou-se, naIgreja, uma mulher
símbolo da pureza e virgindade, um modelo de
devoção exacerbado, bem longe da Maria
apresentada pelo Evangelista, que, atenta e
preocupada com a felicidade dos noivos, avisa
Jesus de que o vinho ia acabar, nas bodas de Caná,
e, mesmo com a resposta evasiva de Jesus, diz
com firmeza: "Façam o que ele mandar" (Jo 2,5).
Ela, com certeza, não entendia muita coisa do que
fazia e dizia o seu Filho, desde o desaparecimento
dele em Jerusalém, aos 12 anos, quando, voltando
à cidade santa, após um dia de viagem, à procura
dele, o encontraram no templo "sentado entre os
doutores, ouvido-os einterrogando-os" (Lc2,47).
E ele, interpelado por ela, lhe deu uma resposta
meio atravessada, afirmando categoricamente sua
relação essencial e primordial com seu Pai… E
"sua mãe conservava todas essas coisas em seu
coração…" (Lc 2,48-51).
Quero, então, nesta tarde, pegar esta figurabíblica
da mulher nazarena, Maria, que hoje, a meu ver,
está sendo usada de forma errónea: ora
espiral
4
Maria de Nazaré
(continuação da pág. 3)
excessivamente venerada e quase adorada pelos
católicos pouco evangelizados ecatequizados,ora
desconsiderada e ultrajada pelos protestantes,
chegando ela, a mãe do Salvador, a ser disputada
pelos exageros extremistas de ambas as partes.
Lamentavelmente Maria é ponto de discórdia na
Igreja de Cristo, hoje separada em vários ramos,
todos eles com algo de verdade, de autenticidade
e de valores, mas também de limites, contradições
e erros doutrinais e, sobretudo, práticos: morais,
pastorais, relacionais, etc.
Maria, foi a mulher mais exaltada sobre a terra, a
bem-aventurada, no dizer de Lc 1,45, a mãe de
Deus, conforme o anjo afirmou em Lc 1,35b: "o
santo que vai nascer de você será chamado Filho
de Deus".
MãedeDeusé,paraMaria,o título porexcelência,
o mais elevado no elenco das centenas de nomes
por ela recebida nestes dois milênios de
Cristianismo.
Por isso ela não precisa ser envolvida nos mitos
de Fátima, Lourdes, Medjugorge, etc., em
supostas aparições em que apenas manda rezar e
fazer penitência, não adverte a humanidade para
fazer a vontade de seu filho no serviço amoroso e
solidário aos irmãos, conforme Mateus propõeem
25,31-46: tive fome, tive sede, estive nu, estive
preso…
A mulher, virgem prometida em casamento a um
homem chamado José, (Lc 1,27), sentiu-se
suficientemente livre para desafiar sua cultura,
seus costumes e tradições, correr o risco de ser
morta por apedrejamento, conforme a lei do seu
povo, e aceitar o anúncio "sacrílego" do Anjo
Gabriel para ser a mãe do Salvador.
Por que, então, reduzi-la, como fazem tantos
segmentos católicos, a apenas um símbolo e
modelo de pureza e virgindade, títulos pobres e
desumanizantes, que ampliam a distânciadelaem
relação às mulheres comuns de todas as índoles,
de todos os tempos e de todo a terra, e que levam
avê-lacomo apenas umaimagem demulher santa,
inatingível?
Pior ainda: de uma piedade piegas, nada teológica
nem bíblica, eternamente lacrimosa, pessimista e
ameaçadora com as penas do inferno, sempre se
queixando que seu Filho está muito triste e
sofrendo muito e que é preciso rezar e fazer
penitência para desagravar seu sagrado coração…
Aquelamulher que o evangelho nos mostra, toma
o partido dos pobres no magnificat: "derruba do
trono os poderosos e eleva os humildes", (Lc
1,52). Essa Maria da vilazinha de Nazaré fica três
meses com Isabel para lhe dar apoio na sua
gravidez de risco. Numa convivência de duas
mulheres vivendo a mesma situação de gerar um
filho em condições forada normalidade, em idade
oposta,umaidosademais,outranovademais.Essa
mulher pobre do povo, decidida, espera que os
famintos se encham de bens (Lc 1,53), acredita
num mundo melhor. Despojada, acompanha seu
filho; sábia, espera, na fé, a clareza da missão de
Jesus, que não é evidente para ela; forte, conhece
de perto a pobreza eo sofrimento, a fuga e o exílio
(Mt 2,13-23).
Enfim, essa mulher pé no chão, sensata, sensível,
corajosa, amorosa, preocupada com os outros.
Mas que, pela sentimentalidade, leniência pasto-
ral e fraqueza teológica de quem devia cuidar da
sadiafédo povo,hámuito se perdeuparao mundo
das aparições miraculosas,melosas equeinduzem
a uma piedade intimista, sem esperança, sem elã
apostólico e sem alegria.
Bem longe do que dela pensa e propõe Leonardo
Boff em "O rosto materno de Deus":
Maria se patenteia como mulher libertadora.
Prolonga a linhagem das mulheres heróicas do
Antigo Testamento que se haviam comprometido
com a justiça de Deus e dos seres humanos como
Débora (Jz 4—5) ou Judite (13,20; 15,9).
Sob o ponto devista devocional, não háhoje nada
que se compare com a nazarena original, a Maria
dos evangelhos, reconhecida com primeira cristã
e primeira discípula do seu Filho Jesus.
espiral 5
(conclui na pág. 8)
O conteúdo crítico e libertário presente e tão claro
no canto do Magnificat, foi totalmente esvaziado.
A Maria mulher corajosa, forte, comprometida
comobem dosoutrosem suas necessidades(visita
a Isabel, preocupação com a vergonha dos noivos
nas bodas de Caná), comprometida com as
injustiças histórico-sociais contra os pobres, deu
lugar aos fenómenos de provável histeria coletiva
de Lourdes, Fátima e, ultimamente, ao
estranhíssimo e rentável fenómeno das aparições
sem fim, as deMedjugorge, quejáduram décadas,
como serevelação divinaestivesseincompleta no
Novo Testamento e não tivesse terminado no
Apocalipse.
Perante fenómenos como esses, como não dar
razão à grave, mas tantas vezes verdadeira real e
comum acusação de Feuerbach e de Marx, de que
a Religião é
o ópio do
povo, a dro-
ga que anes-
tesia as
mentes em
busca de fu-
ga do sofri-
mento, de
refúgio pes-
soal, e con-
forto edelei-
te para suas
almas?
Em vez de
uma espiri-
tualidade
sólida bem
baseada na
Bíblia e na
sadia Tra-
dição, com conotação universal, é brindados com
espiritualidades superficiais, insossas, sen-
timentalistas,muito personalistaseintimistas,sem
nenhuma relação direta com a construção do
Reino de Deus e a melhoria da Justiça, da
Solidariedade e da Fraternidade humanas.
A nossa Igreja está hoje cheia de pequenas seitas
de cunho conservador, inclusive o marianismo
avulso, que nada tem a ver com a Igreja, Cristo e
o Reino de Deus, que se alimenta de procissões,
de visita de imagem de Fátima, de casa em casa,
conduzidapelos chamadosArautosdo Evangelho,
vestidos a caráter. E que nossos bispos vão
aceitando ou até incentivando.
Aminhafalanãopretendetiraro realvalor daquela
que "achou graça diante de Deus" e que foi a
escolhida, a preferida para trazer à terra o Filho
do Altíssimo. Minha intenção não é endeusá-la,
mas simplesmente fazer compreender sua
participaçãonaHistória daSalvação:como aquela
que entrega seu Filho para a humanidade, aquela
que diz:
— Façam tudo o que ele vos disser.
Títulos como Medianeira, Co-redentora, etc., não
só contribuem muito para uma grande confusão
teológica (há um só Mediador e um só Redentor),
mas também atrapalham muito o diálogo
ecuménico.
espiral
6
Página oficial na internet: http://fraternitasmovimento.blogspot.com NIF: 504 602 136 IBAN: PT50 0033 0000 4521 8426 660 05
via Zoom
ENCONTROs VIRTUAis DA FRATERNITAS
Visitas:
Até 28.12.2022 (23:00H): 4 178 046
Curiosidades:
 Mensagens mais lidas até hoje (28.12.2022):
1. Papa Francisco incentiva os pais a orar pelos filhos com uma
bênção no início e no final do dia (publicada no dia
20.06.2017): vista por 781 000
2. O Natal de A a Z (publicada no dia 28.11.2016): 121 000
3. Os padrinhos de batismo são pais segundo Deus e têm sete
tarefas (publicada no dia 27.03.2017): 106 000
Notícias do nosso blogue  Localizações dos visitantes
(por países):
Brasil 1 090
Portugal 469
Estados Unidos 57
Alemanha 47
Irlanda 45
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Rússia 13
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Índia 11
Países Baixos 11
Japão 9
Singapura 6
Angola 5
Bélgica 4
Cabo Verde 4
Moçambique 4
Croácia 3
Suécia 3
Emiratos Arab.U. 2
Outros 58
(http://fraternitasmovimento.blogspot.com)
Católicos à “Simpsons”:
Os Simpson já fizeram tudo,
incluindo a melhor definição de
catolicismo.
(retirado de https://www.religiondigital.org/
memes_del_alma/Catolicos-estilo-
Simpsons_0_2483751612.html)
(22.09.2022)
espiral 7
Geral: fraternitasmovimento@gmail.com Secretariado: secretariado.fraternitas@gmail.com Direcção: direcao.fraternitas@gmail.com
ASSEMBLEIA GERAL DA FRATERNITAS
26 de Novembro de 2022
Vamos continuar a construir, em 2023, uma Igreja em que ninguém
fique para trás, mas entrem todos:
- dos mais doentes aos mais sãos
- dos mais pecadores aos mais santos
- dos mais novos aos mais velhos
- dos mais feios aos mais bonitos
- dos mais simples aos mais eruditos
- dos mais excluídos aos mais integrados
- dos mais distantes aos mais próximos
- dos mais pobres aos mais ricos
- dos mais religiosos aos mais ateus
Enfim…, toda a humanidade em caminho…
A Direcção da FRATERNITAS MOVIMENTO
Realizou-se, nas instalações do Seminário Maior de Coimbra, a nossa Assembleia Geral
após dois anos de interrupção, devido à pandemia de Covid-19.
Foi convocada para Coimbra pensando nos meios de transporte, sobretudo na possibilidade
de usar o comboio.
Dadas as condições dos membros da FRATERNITAS MOVIMENTO (idade, saúde,…), pode
dizer-se que foi uma Assembleia muito participada.
Foram analisadas as contas e os relatórios da Direcção dos anos de 2020 a 2022. E, após um
debate intenso mas esclarecedor, foi possível proceder à eleição de novos corpos sociais
para o quadriénio de 2022 a 2026:
Direcção: Fernando Jorge Félix Ferreira (Presidente)
José Serafim Alves de Sousa (Secretário)
Maria da Assunção Cardoso Bessa (Tesoureira)
Luís Carlos Lourenço Salgueiro (Vogal)
Abílio Pinto Rodrigues (Vogal)
Assembleia Geral: José Alves Rodrigues (Presidente)
Maria Ascensão Pissarra Gonçalves (Secretária)
Alberto José Macedo Osório de Castro (Secretário)
Conselho Fiscal: Maria José Lourenço Rocha (Presidente)
Armindo Alberto Henriques (Secretário)
Ana Marta Anacleto Rodrigues (Relatora)
espiral
8

Maria de Nazaré
(conclusão da pág. 5)
Alguém disse, recentemente, que a Igreja, de há
uns séculos para cá, em vez de seguir e pregar a
Boa Nova de Cristo, seu único fundamento, e de
construir o Reino de Deus, guiada pelo Espírito
Santo, se desviou e fundou outra Igreja, baseada
em dois grandes princípios: o Papa e a Virgem
Maria.
A afetividade masculina sempre foi e continua a
ser um grave problema mal resolvido em homens
celibatários à
força que, mui-
to dificilmente
chegam a uma
boa integração
humana e à
m atu r idad e
afetivo-sexual.
Por isso, alie-
nar essa tre-
menda força na
figura da purís-
sima, virginal e
in atin g ív el
Mãe de Deus e
quase semi-
deusa Maria,
foi, muito provavelmente, uma boaestratégia para
não enfrentar o sério problema do Poder na Igreja,
que, sem o celibato obrigatório de seus dirigentes,
seriaquase impossível gerir com eficiência.Nesse
sentido, a construção ideológica de um
marianismo exacerbado na Igreja, foi e continua
a ser muito conveniente à forte estrutura de poder
em que continua a se alicerçar a Igreja Romana.
Será que este endeusamento do celibato, não está
profundamente ligado ao medo e pavor de amar
uma mulher de verdade e, nessa convivência, ter
de repartir com o gênero feminino os eternamente
tão bem guardados"valores" deummachismo que
continua se eternizando na hierarquia católica?
O medo de ter de repartir os bens materiais da
Igrejacom esposas efilhos de clérigos,argumento
aduzido por alguns como o mais forte para
explicar o apego ilimitado da Igreja ao celibato
obrigatório da hierarquia, é bem mais fraco do
que o pavor de ter de repartir afetos, corpo e alma
com uma mulher que, queiramos ou não, iria
querer mandar também: a não ser que, como os
muçulmanos, afirmemos que homem vale mais
do que a mulher…
Se isso for verdade, está explicado o profundo e
irracional apego ao celibato obrigatório do clero
e a antipatia dos papas, cardeais, bispos e alguns
padres ao celibato opcional e seu ódio ao
casamento dos padres e à ordenação de mulheres.
Enãoadiantacontinuaraconversaparaboidormir
de que "o celibato é muito conveniente ao estado
sacerdotal".Ahistória, a sociologia ea psicologia,
sem falar dos imensos e sempre mais comuns e
universais escândalos sexuais do clero, estão aí,
bem patentes, para negarem essa afirmação
puramente ideológica, para não dizer mentirosa e
de má fé.
Fica, assim, mais que evidente que o MPC é, sim,
um movimento profundamente profético e
desestabilizador do status quo dessa hierarquia
que, em vez de se fundamentar na simplicidade
dos Evangelhos, preferiu, a partir do séc. IV, se
fundamentareseestruturar conformeoscostumes,
ritos e modismos do Império Romano: basílicas
(casa do rei!), monsenhores, bispos, cardeais e
papa com vestes sumptuosas e de cores berrantes,
avantajada cruz de ouro no peito, templos,
príncipes, poder temporal, eliminação dos
inimigos, dos que pensavam diferente, etc.
Sofia S. Tavares *
*Palestra proferida no XVIII Encontro Nacional de
Padres casados e suas Famílias, em Ribeirão
Preto (SP), em 14-01-2010. Revisada pela autora
para publicação. Uso livre, citando a fonte.
* Licenciada e Especialista em Filosofia
Formada em Teologia
Professora aposentada de UFMA
Madalena e Jesus
espiral 9
Ontem foi dia de Festa!
Hoje é dia de Graça!
Ontem, dia 12 de Agosto de 2022, Manuel Alves de Paiva, o Professor Paiva como todos
conhecemos, completou 100 anos de vida.
Hoje, reunimos a sua família, a biológica e a família alargada, para darmos Graças a Deus
pela sua vida.
Uma vida longa, mas sobretudo uma vida repleta…
100 anos de uma vida intensamente vivida… e uma vida desinteressadamente doada…
Nas múltiplas facetas desta vida abençoada do professor Paiva, nos seus diferentes capítulos,
sempre uma tónica ecoou:
a fidelidade ao Evangelho e a sua proclamação a todos quantos com ele se cruzaram;
na escola, na paróquia, na comunidade, no hospital ou nos órgãos de comunicação social,
sempre a sua ação foi testemunho do Amor infinito de Deus, e o seu exemplo sinal da Sua
presença libertadora.
Foi Pedra Viva!
Hoje:
 Damos graças a Deus por cada uma das vidas tocadas pela vida do professor Paiva;
 Damos graças a Deus pela família abençoada que constituiu, pela sua esposa D. Judite,
pela Gabi e pela Lili, suas filhas, e pelos seus genros e netos;
 Damos graças a Deus por todas as palavras de fé e de coragem que dirigiu aos seus
alunos ou aos seus ouvintes e leitores;
 Damos graças a Deus pela generosidade com que construiu e liderou iniciativas sócio-
-caritativas, e que beneficiaram tantos irmãos nossos.
Celebremos juntos, em festa, esta eucaristia!
Que pela intercessão de Nossa Senhora de La Salette, o seu Filho Jesus acolha todas as
intenções que silenciosamente vibram no coração do Professor Paiva, neste momento singu-
lar.
Juntemos as nossas vozes num Hino de Louvor ao Deus de Bondade e de Misericórdia, por
estes 100 anos de vida do Professor Paiva.
António Rosa (Tó)
100 Anos de Vida
Eucaristia de Ação de Graças *
Sábado, 13 de Agosto, 15:00h
Igreja Matriz da Paróquia de São Miguel de Oliveira de Azeméis
* Admonição de Entrada

espiral
10
Gaudeamus!
A presença da Fraternitas:
JORGE RIBEIRO, Presidente da Direcção (Lisboa); JOSÉ RODRIGUES e
ASSUNÇÃO BESSA, Tesouraria (Fiães); ALBERTO OSÓRIO, XANA FERREIRA e filho,
Vogal (S. João da Madeira); LUCÍLIA SOARES,
Assembleia Geral (Viseu); ANTÓNIO REGADAS, CARLA
MOURA e duas filhas, (Viseu); ABÍLIO RODRIGUES e
ROSA TEORGAS, (Oliveira de Azeméis).
espiral 11
In Memoriam...
Sínodo: do grego
(syn+odos) -> caminho
conjunto
• Estamos (estaremos) a
caminhar?
• Por onde?
• Com quem?
•Despojados?
MANUEL NABAIS ANTUNES
1929– 2022
14 de Outubro
Da Diocese de Beja. Residia
em Sesimbra.
Associado nº 39 (Sócio
Fundador).
AUGUSTO DE CAMPOS OLIVEIRA
Da Ordem dos Frades Menores
(Franciscanos). Casado com
Maria Emília Alves Moreira de
Campos, residia na Maia. Associado nº 92.
1932 – 2022
9 de Novembro
Continuo a acreditar numa Igreja Católica de
discípulos e discípulas, onde a atitude fundante
de todas as opções e escolhas é a escuta orante e
sem preconceitos da Palavra do Mestre, fonte
permanente de Sabedoria, novidade e apelos de
mudança.
Acredito cadavez mais numa Igreja, Comunidade
de comunidades, comunidade de batizados,
homens e mulheres, comunidade de iguais, com
carismas e ministérios diversos ao serviço de
todos.
Ser casada com um padre nuncafoi problema para
mim e defendo que o celibato deve ser opcional e
nunca uma imposição.
Fiães, dezembro de 2022
Maria Assunção Bessa
“Homem e Mulher os criaste à Tua imagem”
(conclusão da pág. 12)
* Texto publicado em 7Margens (26.12.2022) [https://
setemargens.com/homem-e-mulher-os-criaste-a-tua-
imagem/], por ocasião do 50º aniversário da ordenação
presbiteral do José Rodrigues.
A imagem que o ilustra é uma peça da autoria do padre
Leonel Oliveira (1934-2015), que a ofertou ao casal no
dia do seu consórcio.

espiral
Rua Dr. Sá Carneiro, 182 - 4º Dtº
3700-254 S. JOÃO DA MADEIRA
e-mail: espiral.fraternitas@gmail.com
boletim de
f r a t e r n i t a s m o v i m e n t o
Responsável: Alberto Osório de Castro
Nº 73 - Agosto a Dezembro 2022
SECRETARIADO
Pctª Maestro Ivo Cruz, 12 - 11º A
1500-401 LISBOA
Telemóvel:938 487 755
Antesdemais,sinto quetiveagraça
de crescer numa família cristã,
numa paróquia (Padrão da Légua)
onde o anúncio da Palavra gerava
vida, vida comunitária e na
liberdadedos filhosdeDeus. Desde
cedo, percebi que o batismo
recebido em criança tinha de ser
assumido e vivido no dia-a-dia,
como filha muito amada e criada à
imagem de Deus.
O Zé foi “estagiar” na minha paróquia, onde foi
ordenado presbítero e onde viveu em equipa. Em
1975 foi com mais dois padres para S. Paio de
Oleiros, Mozelos e Lourosa. Em 1978 o bispo
decidiu acabar com a equipa. Entretanto, tentou
nomear o Zé, sozinho, para outra paróquia, o que
ele recusou. Perante a recusa, o bispo ameaçou
suspendê-lo a divinis. Em face desta ameaça, o
Zé respondeu: “Então considere-me, desde já,
suspenso.” Para o Zé, viver em equipa era funda-
mental e tinha-o já referido ao bispo. Na homilia
do dia da sua ordenação, o bispo tinha afirmado:
“quem não tiver vocação para viver em equipa,
não tem vocação para ser padre”.
Depois, entrou no mundo do trabalho.
Durante este percurso, a nossa amizade manteve-
se e, para o Zé, começou a transformar-se em
amor. Da minha parte demorou mais tempo a ser
correspondido… até que numa bela segunda-feira
de Páscoa se fez luz!
Assumimos esse Amor e viemos a casar
civilmente um ano depois (abril de 1980). Com
familiares e amigos, celebrámos também, em
Igreja, o amor que nos unia, comprometendo-nos
a viver unidos no corpo e no espírito, cumprindo
assim a nossa missão no mundo.
Ficámos a viver no Padrão da Légua, inseridos
na comunidade cristã e comprometidos também
na vida associativa, nomeadamente
numa Associação de Moradores.
Deste amor, nasceram dois filhos, o
Pedro e o Filipe. Ao mais velho foi
diagnosticada uma doença neuro-
muscular progressiva quando ele
tinha 4 anos.Esta situação levou-nos
a criar a APN – Associação
Portuguesa de Doentes Neuromus-
culares, juntamente com outros
doentes e familiares, assumindo a sua liderança,
lutando não só pela qualidade de vida do Pedro,
mas de todos os “Pedros” deste país.
Entretanto, viemos viver para Fiães (terra natal
do Zé) mas, depois de avaliarmos as melhores
condições paraa educação da fédos nossos filhos,
acabámos por nos inserir na paróquia ao lado, em
Lourosa (onde o Zé também tinha exercido como
presbítero).
Em abril de 2002, regularizámos a nossa situação
canónica.
Após vinte anos de luta na APN, fomos passando
o testemunho a outros e assim ficámos a ter dis-
ponibilidade para exercer outros serviços na
paróquia: comissão permanente do Conselho Pas-
toral Paroquial, Serviço Sócio Caritativo, respon-
sáveis pela preparação de pais para o batismo,
leitores e presidência da Celebração da Palavra…
Como casal, temos vivido ao longo dos anos,
duma formaintensao nosso “ministério pastoral”,
lançando sementes de esperança, de coragem e de
amor na família, na humanização da sociedade e
na Igreja.Vivemos em paz, sentimo-nos acolhidos
e respeitados, sem nunca termos de fugir do local
onde a vida nos aproximou, vivendo, teste-
munhando e celebrando a fé, na família, em Igreja
e no mundo, fortalecidos pela comunidade de
irmãos.
(conclui na pág. 11)

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Boletim da Fraternitas Movimento Agosto-Dezembro 2022

  • 1. Nº 73 - Agosto a Dezembro 2022 b o l e t i m d a F R A T E R N I T A S M O V I M E N T O Ecos ao espiral 72... 2 Maria de Nazaré 3-5,8 Encontros virtuais da FRATERNITAS (4º e 5º) 6 Notícias do nosso blogue 6 Assembleia Geral da FRATERNITAS Movimento 7 Centenário do Manuel Paiva Cem anos de vida 9 Gaudeamus! 10 In Memoriam... 11 “Homem e mulher os criaste à Tua imagem” 12 (continua na pág. 2) A meados de dezembro, um programa Linha da Frente, da RTP1, dedicado às confidências das pessoas nos instantes finais da vida, concluía com estas palavras de Jorge Castro, médico de cuidados paliativos: “De um modo geral, dizemos que as pessoas estão "confortáveis" para poder falecer, quando são capazes de dizer cinco coisas: obrigado, adeus, perdoo-te, perdoa-me, gosto de ti. Porque é que precisamos de estar a morrer para fazer isto?” No global do programa, tornou-se claro que o tesouro da vida são os afetos, as experiências de vida, e sintetizou-se em dez palavras o que realmente importa para ter uma vida plena, com sentido e feliz: amar, perdoar, abraçar, aproveitar, descansar, viver, celebrar, pacificar, ser honestos. E, sintetizando tudo numa só palavra, essa é desfrutar. Na Assembleia Geral da Fraternitas, que decorreu em Coimbra, a 26 de novembro passado, partilharam-se razões para a nossa associação continuar ativa. E todas se podem sintetizar também numa atitude: desfrutar. Trata-se de usufruir da amizade que nos faz sócios. É favorecer momentos em que podemos estar juntos. É enriquecermos espiritual e animicamente com a partilha mútua de experiências de vida. É dar o bom de cada um de nós para o melhor de todos. As cinco coisas de que — como dito acima — precisamos para morrer confortados são as mesmas para viver animados. E isso também significa sair da nossa "zona de conforto", daqueles pensamentos e comportamentos que nos mantém estagnados.
  • 2. espiral 2 Ecos ao espiral 72... Acabei agora de ler o Espiral 72! Parabéns, está excelente com artigos muito profundos! Obrigado Osório e correspondentes! Serafim Sousa 28.07.2022 Muito obrigado, Alberto! Votos de muita saúde para ti e família! Boas férias com muita saúde e paz! Um grande e fraterno abraço, António e Alcina Machado e Moura 28 .07.2022 MUUUUUUUUUUITO OBRImorGADO! Lopes Morgado, OFMCap 28.07.2022 Obrigado, paz e bem. Saúde. † Antonino, Portalegre 28.07.2022 . Boa tarde, Muito obrigada pela partilha! Um abraço Teresa Pinho 28 .07.2022  Por isso, os próximos tempos da Fraternitas vão privilegiar os contactos entre nós. Haverá encontros através de plataformas na internet, como o Zoom. Vencidas, de alguma maneira, as contingências impostas pela covid-19, retomaremos os Encontros Nacionais em Fátima e em outro local a definir. O telefone e a correspondência continuam a ser meios que encurtam distâncias e ampliam os laços. Como Fraternitas, temos vinte e seis anos de existência. É motivo para ser gratos por todos os passos dados até aqui. E, de modo especial, os novos corpos sociais eleitos em Coimbra para o próximo quadriénio agradecem o trabalho e contributo das equipas cessantes. Unidos, como uma só família, Feliz Natal e Abençoado Ano Novo! Fernando Ferreira (continuação da pág. 1) Muito obrigado! Votos de Saúde, Paz e Bem! † Francisco, Arcebispo de Évora 28.07.2022  Muito obrigado, pelo "espiral" e que con- tinue a gerar vida... † Armando Domingues 29.07.2022 Obrigada pelo envio do ESPIRAL, que leio sempre com muito gosto! Os melhores cumprimentos. Helena Alexandre 29.07.2022 Pax! Muito bem-haja! Feliz continuação Cordialmente em Cristo Bom samaritano † José Cordeiro 02.08.2022
  • 3. espiral 3 (continua na página seguinte) Numa análise simples, parece bem mais forte a fé e a crença no sofrimento do fiel promitente (ir a Fátima a pé, andando centenas de quilómetros, andar centenas de metros de joelhos nas praças dossantuários ou dando voltas emtorno de igrejas e capelas, subir escadas de joelhos, etc.), do que na gratuidade do amor salvífico de Cristo. Afinal, foi Ele que deu por nós sua vida e todo o seu sangue em sacrifício perfeito, único, infinito e definitivo. E a salvação é um dom gratuito dele, não fruto de nossas penitências. Dá também para notar que o culto a Maria e a Mariologia a ele subjacente, tão clara e explicitamente aceitos e tãofortementedifundidos e inculcados nos escritos dos santos, dos papas e bispos, na formação dos seminários e casas religiosas, bem como nas homilias e sermões, deixam no ar bastantes dúvidas teológicas. Frases como: "sobre Maria nunca se dirá o suficiente", "quem reza todas as noites três ave- -marias está salvo", "Maria é medianeira de todas as graças", bem como todas as invocações da Ladainha de Nossa Senhora deixam qualquer cristão com um mínimo de senso crítico com as orelhas em pé e se perguntando para onde foi a centralidade teológico-litúrgica do Mistério de Cristo, único Salvador e único Mediador. Perante toda essa confusão teológica e cultual, para tentar esclarecer um pouco as idéias básicas da Mariologia escolhi, para expor neste Encontro Maria de Nazaré* Fomos habituados, desde nossa infância, em nossas famílias e ambientes católicos, a uma imensidão de nomes e títulos dados a Maria de Nazaré: Senhora da Conceição, do Amparo, da Guia, do Ó, do Bom Parto, da Mó, de Aparecida, de Lourdes, de Fátima, de Medjugorge, etc. Em rápida busca na internet, por exemplo, consta cerca de trezentos diferentes títulos dados a Maria. É fácil notar que, na cabeça do povo, dos cristãos médios, não há clareza nem certeza se se trata de uma ou de várias Nossas Senhoras. Quem teve a oportunidade de visitar Fátima, Lourdes, Aparecida e outros santuários marianos, teve, com certeza, a oportunidade de observar a intensa fé do povo cristão em Maria, expressa em procissões, terços e, muito frequentemente, em promessas. Nacional do Movimento dos Padres Casados e suas Famílias –MPC– dizer algumas coisas simples e básicas sobre Maria de Nazaré e comparar a Maria dos Evangelhos com a Maria da piedade católica. Maria deNazaré, tornou-se, naIgreja, uma mulher símbolo da pureza e virgindade, um modelo de devoção exacerbado, bem longe da Maria apresentada pelo Evangelista, que, atenta e preocupada com a felicidade dos noivos, avisa Jesus de que o vinho ia acabar, nas bodas de Caná, e, mesmo com a resposta evasiva de Jesus, diz com firmeza: "Façam o que ele mandar" (Jo 2,5). Ela, com certeza, não entendia muita coisa do que fazia e dizia o seu Filho, desde o desaparecimento dele em Jerusalém, aos 12 anos, quando, voltando à cidade santa, após um dia de viagem, à procura dele, o encontraram no templo "sentado entre os doutores, ouvido-os einterrogando-os" (Lc2,47). E ele, interpelado por ela, lhe deu uma resposta meio atravessada, afirmando categoricamente sua relação essencial e primordial com seu Pai… E "sua mãe conservava todas essas coisas em seu coração…" (Lc 2,48-51). Quero, então, nesta tarde, pegar esta figurabíblica da mulher nazarena, Maria, que hoje, a meu ver, está sendo usada de forma errónea: ora
  • 4. espiral 4 Maria de Nazaré (continuação da pág. 3) excessivamente venerada e quase adorada pelos católicos pouco evangelizados ecatequizados,ora desconsiderada e ultrajada pelos protestantes, chegando ela, a mãe do Salvador, a ser disputada pelos exageros extremistas de ambas as partes. Lamentavelmente Maria é ponto de discórdia na Igreja de Cristo, hoje separada em vários ramos, todos eles com algo de verdade, de autenticidade e de valores, mas também de limites, contradições e erros doutrinais e, sobretudo, práticos: morais, pastorais, relacionais, etc. Maria, foi a mulher mais exaltada sobre a terra, a bem-aventurada, no dizer de Lc 1,45, a mãe de Deus, conforme o anjo afirmou em Lc 1,35b: "o santo que vai nascer de você será chamado Filho de Deus". MãedeDeusé,paraMaria,o título porexcelência, o mais elevado no elenco das centenas de nomes por ela recebida nestes dois milênios de Cristianismo. Por isso ela não precisa ser envolvida nos mitos de Fátima, Lourdes, Medjugorge, etc., em supostas aparições em que apenas manda rezar e fazer penitência, não adverte a humanidade para fazer a vontade de seu filho no serviço amoroso e solidário aos irmãos, conforme Mateus propõeem 25,31-46: tive fome, tive sede, estive nu, estive preso… A mulher, virgem prometida em casamento a um homem chamado José, (Lc 1,27), sentiu-se suficientemente livre para desafiar sua cultura, seus costumes e tradições, correr o risco de ser morta por apedrejamento, conforme a lei do seu povo, e aceitar o anúncio "sacrílego" do Anjo Gabriel para ser a mãe do Salvador. Por que, então, reduzi-la, como fazem tantos segmentos católicos, a apenas um símbolo e modelo de pureza e virgindade, títulos pobres e desumanizantes, que ampliam a distânciadelaem relação às mulheres comuns de todas as índoles, de todos os tempos e de todo a terra, e que levam avê-lacomo apenas umaimagem demulher santa, inatingível? Pior ainda: de uma piedade piegas, nada teológica nem bíblica, eternamente lacrimosa, pessimista e ameaçadora com as penas do inferno, sempre se queixando que seu Filho está muito triste e sofrendo muito e que é preciso rezar e fazer penitência para desagravar seu sagrado coração… Aquelamulher que o evangelho nos mostra, toma o partido dos pobres no magnificat: "derruba do trono os poderosos e eleva os humildes", (Lc 1,52). Essa Maria da vilazinha de Nazaré fica três meses com Isabel para lhe dar apoio na sua gravidez de risco. Numa convivência de duas mulheres vivendo a mesma situação de gerar um filho em condições forada normalidade, em idade oposta,umaidosademais,outranovademais.Essa mulher pobre do povo, decidida, espera que os famintos se encham de bens (Lc 1,53), acredita num mundo melhor. Despojada, acompanha seu filho; sábia, espera, na fé, a clareza da missão de Jesus, que não é evidente para ela; forte, conhece de perto a pobreza eo sofrimento, a fuga e o exílio (Mt 2,13-23). Enfim, essa mulher pé no chão, sensata, sensível, corajosa, amorosa, preocupada com os outros. Mas que, pela sentimentalidade, leniência pasto- ral e fraqueza teológica de quem devia cuidar da sadiafédo povo,hámuito se perdeuparao mundo das aparições miraculosas,melosas equeinduzem a uma piedade intimista, sem esperança, sem elã apostólico e sem alegria. Bem longe do que dela pensa e propõe Leonardo Boff em "O rosto materno de Deus": Maria se patenteia como mulher libertadora. Prolonga a linhagem das mulheres heróicas do Antigo Testamento que se haviam comprometido com a justiça de Deus e dos seres humanos como Débora (Jz 4—5) ou Judite (13,20; 15,9). Sob o ponto devista devocional, não háhoje nada que se compare com a nazarena original, a Maria dos evangelhos, reconhecida com primeira cristã e primeira discípula do seu Filho Jesus.
  • 5. espiral 5 (conclui na pág. 8) O conteúdo crítico e libertário presente e tão claro no canto do Magnificat, foi totalmente esvaziado. A Maria mulher corajosa, forte, comprometida comobem dosoutrosem suas necessidades(visita a Isabel, preocupação com a vergonha dos noivos nas bodas de Caná), comprometida com as injustiças histórico-sociais contra os pobres, deu lugar aos fenómenos de provável histeria coletiva de Lourdes, Fátima e, ultimamente, ao estranhíssimo e rentável fenómeno das aparições sem fim, as deMedjugorge, quejáduram décadas, como serevelação divinaestivesseincompleta no Novo Testamento e não tivesse terminado no Apocalipse. Perante fenómenos como esses, como não dar razão à grave, mas tantas vezes verdadeira real e comum acusação de Feuerbach e de Marx, de que a Religião é o ópio do povo, a dro- ga que anes- tesia as mentes em busca de fu- ga do sofri- mento, de refúgio pes- soal, e con- forto edelei- te para suas almas? Em vez de uma espiri- tualidade sólida bem baseada na Bíblia e na sadia Tra- dição, com conotação universal, é brindados com espiritualidades superficiais, insossas, sen- timentalistas,muito personalistaseintimistas,sem nenhuma relação direta com a construção do Reino de Deus e a melhoria da Justiça, da Solidariedade e da Fraternidade humanas. A nossa Igreja está hoje cheia de pequenas seitas de cunho conservador, inclusive o marianismo avulso, que nada tem a ver com a Igreja, Cristo e o Reino de Deus, que se alimenta de procissões, de visita de imagem de Fátima, de casa em casa, conduzidapelos chamadosArautosdo Evangelho, vestidos a caráter. E que nossos bispos vão aceitando ou até incentivando. Aminhafalanãopretendetiraro realvalor daquela que "achou graça diante de Deus" e que foi a escolhida, a preferida para trazer à terra o Filho do Altíssimo. Minha intenção não é endeusá-la, mas simplesmente fazer compreender sua participaçãonaHistória daSalvação:como aquela que entrega seu Filho para a humanidade, aquela que diz: — Façam tudo o que ele vos disser. Títulos como Medianeira, Co-redentora, etc., não só contribuem muito para uma grande confusão teológica (há um só Mediador e um só Redentor), mas também atrapalham muito o diálogo ecuménico.
  • 6. espiral 6 Página oficial na internet: http://fraternitasmovimento.blogspot.com NIF: 504 602 136 IBAN: PT50 0033 0000 4521 8426 660 05 via Zoom ENCONTROs VIRTUAis DA FRATERNITAS Visitas: Até 28.12.2022 (23:00H): 4 178 046 Curiosidades:  Mensagens mais lidas até hoje (28.12.2022): 1. Papa Francisco incentiva os pais a orar pelos filhos com uma bênção no início e no final do dia (publicada no dia 20.06.2017): vista por 781 000 2. O Natal de A a Z (publicada no dia 28.11.2016): 121 000 3. Os padrinhos de batismo são pais segundo Deus e têm sete tarefas (publicada no dia 27.03.2017): 106 000 Notícias do nosso blogue  Localizações dos visitantes (por países): Brasil 1 090 Portugal 469 Estados Unidos 57 Alemanha 47 Irlanda 45 Coreia do Sul 14 Rússia 13 Austrália 11 Índia 11 Países Baixos 11 Japão 9 Singapura 6 Angola 5 Bélgica 4 Cabo Verde 4 Moçambique 4 Croácia 3 Suécia 3 Emiratos Arab.U. 2 Outros 58 (http://fraternitasmovimento.blogspot.com) Católicos à “Simpsons”: Os Simpson já fizeram tudo, incluindo a melhor definição de catolicismo. (retirado de https://www.religiondigital.org/ memes_del_alma/Catolicos-estilo- Simpsons_0_2483751612.html) (22.09.2022)
  • 7. espiral 7 Geral: fraternitasmovimento@gmail.com Secretariado: secretariado.fraternitas@gmail.com Direcção: direcao.fraternitas@gmail.com ASSEMBLEIA GERAL DA FRATERNITAS 26 de Novembro de 2022 Vamos continuar a construir, em 2023, uma Igreja em que ninguém fique para trás, mas entrem todos: - dos mais doentes aos mais sãos - dos mais pecadores aos mais santos - dos mais novos aos mais velhos - dos mais feios aos mais bonitos - dos mais simples aos mais eruditos - dos mais excluídos aos mais integrados - dos mais distantes aos mais próximos - dos mais pobres aos mais ricos - dos mais religiosos aos mais ateus Enfim…, toda a humanidade em caminho… A Direcção da FRATERNITAS MOVIMENTO Realizou-se, nas instalações do Seminário Maior de Coimbra, a nossa Assembleia Geral após dois anos de interrupção, devido à pandemia de Covid-19. Foi convocada para Coimbra pensando nos meios de transporte, sobretudo na possibilidade de usar o comboio. Dadas as condições dos membros da FRATERNITAS MOVIMENTO (idade, saúde,…), pode dizer-se que foi uma Assembleia muito participada. Foram analisadas as contas e os relatórios da Direcção dos anos de 2020 a 2022. E, após um debate intenso mas esclarecedor, foi possível proceder à eleição de novos corpos sociais para o quadriénio de 2022 a 2026: Direcção: Fernando Jorge Félix Ferreira (Presidente) José Serafim Alves de Sousa (Secretário) Maria da Assunção Cardoso Bessa (Tesoureira) Luís Carlos Lourenço Salgueiro (Vogal) Abílio Pinto Rodrigues (Vogal) Assembleia Geral: José Alves Rodrigues (Presidente) Maria Ascensão Pissarra Gonçalves (Secretária) Alberto José Macedo Osório de Castro (Secretário) Conselho Fiscal: Maria José Lourenço Rocha (Presidente) Armindo Alberto Henriques (Secretário) Ana Marta Anacleto Rodrigues (Relatora)
  • 8. espiral 8  Maria de Nazaré (conclusão da pág. 5) Alguém disse, recentemente, que a Igreja, de há uns séculos para cá, em vez de seguir e pregar a Boa Nova de Cristo, seu único fundamento, e de construir o Reino de Deus, guiada pelo Espírito Santo, se desviou e fundou outra Igreja, baseada em dois grandes princípios: o Papa e a Virgem Maria. A afetividade masculina sempre foi e continua a ser um grave problema mal resolvido em homens celibatários à força que, mui- to dificilmente chegam a uma boa integração humana e à m atu r idad e afetivo-sexual. Por isso, alie- nar essa tre- menda força na figura da purís- sima, virginal e in atin g ív el Mãe de Deus e quase semi- deusa Maria, foi, muito provavelmente, uma boaestratégia para não enfrentar o sério problema do Poder na Igreja, que, sem o celibato obrigatório de seus dirigentes, seriaquase impossível gerir com eficiência.Nesse sentido, a construção ideológica de um marianismo exacerbado na Igreja, foi e continua a ser muito conveniente à forte estrutura de poder em que continua a se alicerçar a Igreja Romana. Será que este endeusamento do celibato, não está profundamente ligado ao medo e pavor de amar uma mulher de verdade e, nessa convivência, ter de repartir com o gênero feminino os eternamente tão bem guardados"valores" deummachismo que continua se eternizando na hierarquia católica? O medo de ter de repartir os bens materiais da Igrejacom esposas efilhos de clérigos,argumento aduzido por alguns como o mais forte para explicar o apego ilimitado da Igreja ao celibato obrigatório da hierarquia, é bem mais fraco do que o pavor de ter de repartir afetos, corpo e alma com uma mulher que, queiramos ou não, iria querer mandar também: a não ser que, como os muçulmanos, afirmemos que homem vale mais do que a mulher… Se isso for verdade, está explicado o profundo e irracional apego ao celibato obrigatório do clero e a antipatia dos papas, cardeais, bispos e alguns padres ao celibato opcional e seu ódio ao casamento dos padres e à ordenação de mulheres. Enãoadiantacontinuaraconversaparaboidormir de que "o celibato é muito conveniente ao estado sacerdotal".Ahistória, a sociologia ea psicologia, sem falar dos imensos e sempre mais comuns e universais escândalos sexuais do clero, estão aí, bem patentes, para negarem essa afirmação puramente ideológica, para não dizer mentirosa e de má fé. Fica, assim, mais que evidente que o MPC é, sim, um movimento profundamente profético e desestabilizador do status quo dessa hierarquia que, em vez de se fundamentar na simplicidade dos Evangelhos, preferiu, a partir do séc. IV, se fundamentareseestruturar conformeoscostumes, ritos e modismos do Império Romano: basílicas (casa do rei!), monsenhores, bispos, cardeais e papa com vestes sumptuosas e de cores berrantes, avantajada cruz de ouro no peito, templos, príncipes, poder temporal, eliminação dos inimigos, dos que pensavam diferente, etc. Sofia S. Tavares * *Palestra proferida no XVIII Encontro Nacional de Padres casados e suas Famílias, em Ribeirão Preto (SP), em 14-01-2010. Revisada pela autora para publicação. Uso livre, citando a fonte. * Licenciada e Especialista em Filosofia Formada em Teologia Professora aposentada de UFMA Madalena e Jesus
  • 9. espiral 9 Ontem foi dia de Festa! Hoje é dia de Graça! Ontem, dia 12 de Agosto de 2022, Manuel Alves de Paiva, o Professor Paiva como todos conhecemos, completou 100 anos de vida. Hoje, reunimos a sua família, a biológica e a família alargada, para darmos Graças a Deus pela sua vida. Uma vida longa, mas sobretudo uma vida repleta… 100 anos de uma vida intensamente vivida… e uma vida desinteressadamente doada… Nas múltiplas facetas desta vida abençoada do professor Paiva, nos seus diferentes capítulos, sempre uma tónica ecoou: a fidelidade ao Evangelho e a sua proclamação a todos quantos com ele se cruzaram; na escola, na paróquia, na comunidade, no hospital ou nos órgãos de comunicação social, sempre a sua ação foi testemunho do Amor infinito de Deus, e o seu exemplo sinal da Sua presença libertadora. Foi Pedra Viva! Hoje:  Damos graças a Deus por cada uma das vidas tocadas pela vida do professor Paiva;  Damos graças a Deus pela família abençoada que constituiu, pela sua esposa D. Judite, pela Gabi e pela Lili, suas filhas, e pelos seus genros e netos;  Damos graças a Deus por todas as palavras de fé e de coragem que dirigiu aos seus alunos ou aos seus ouvintes e leitores;  Damos graças a Deus pela generosidade com que construiu e liderou iniciativas sócio- -caritativas, e que beneficiaram tantos irmãos nossos. Celebremos juntos, em festa, esta eucaristia! Que pela intercessão de Nossa Senhora de La Salette, o seu Filho Jesus acolha todas as intenções que silenciosamente vibram no coração do Professor Paiva, neste momento singu- lar. Juntemos as nossas vozes num Hino de Louvor ao Deus de Bondade e de Misericórdia, por estes 100 anos de vida do Professor Paiva. António Rosa (Tó) 100 Anos de Vida Eucaristia de Ação de Graças * Sábado, 13 de Agosto, 15:00h Igreja Matriz da Paróquia de São Miguel de Oliveira de Azeméis * Admonição de Entrada 
  • 10. espiral 10 Gaudeamus! A presença da Fraternitas: JORGE RIBEIRO, Presidente da Direcção (Lisboa); JOSÉ RODRIGUES e ASSUNÇÃO BESSA, Tesouraria (Fiães); ALBERTO OSÓRIO, XANA FERREIRA e filho, Vogal (S. João da Madeira); LUCÍLIA SOARES, Assembleia Geral (Viseu); ANTÓNIO REGADAS, CARLA MOURA e duas filhas, (Viseu); ABÍLIO RODRIGUES e ROSA TEORGAS, (Oliveira de Azeméis).
  • 11. espiral 11 In Memoriam... Sínodo: do grego (syn+odos) -> caminho conjunto • Estamos (estaremos) a caminhar? • Por onde? • Com quem? •Despojados? MANUEL NABAIS ANTUNES 1929– 2022 14 de Outubro Da Diocese de Beja. Residia em Sesimbra. Associado nº 39 (Sócio Fundador). AUGUSTO DE CAMPOS OLIVEIRA Da Ordem dos Frades Menores (Franciscanos). Casado com Maria Emília Alves Moreira de Campos, residia na Maia. Associado nº 92. 1932 – 2022 9 de Novembro Continuo a acreditar numa Igreja Católica de discípulos e discípulas, onde a atitude fundante de todas as opções e escolhas é a escuta orante e sem preconceitos da Palavra do Mestre, fonte permanente de Sabedoria, novidade e apelos de mudança. Acredito cadavez mais numa Igreja, Comunidade de comunidades, comunidade de batizados, homens e mulheres, comunidade de iguais, com carismas e ministérios diversos ao serviço de todos. Ser casada com um padre nuncafoi problema para mim e defendo que o celibato deve ser opcional e nunca uma imposição. Fiães, dezembro de 2022 Maria Assunção Bessa “Homem e Mulher os criaste à Tua imagem” (conclusão da pág. 12) * Texto publicado em 7Margens (26.12.2022) [https:// setemargens.com/homem-e-mulher-os-criaste-a-tua- imagem/], por ocasião do 50º aniversário da ordenação presbiteral do José Rodrigues. A imagem que o ilustra é uma peça da autoria do padre Leonel Oliveira (1934-2015), que a ofertou ao casal no dia do seu consórcio. 
  • 12. espiral Rua Dr. Sá Carneiro, 182 - 4º Dtº 3700-254 S. JOÃO DA MADEIRA e-mail: espiral.fraternitas@gmail.com boletim de f r a t e r n i t a s m o v i m e n t o Responsável: Alberto Osório de Castro Nº 73 - Agosto a Dezembro 2022 SECRETARIADO Pctª Maestro Ivo Cruz, 12 - 11º A 1500-401 LISBOA Telemóvel:938 487 755 Antesdemais,sinto quetiveagraça de crescer numa família cristã, numa paróquia (Padrão da Légua) onde o anúncio da Palavra gerava vida, vida comunitária e na liberdadedos filhosdeDeus. Desde cedo, percebi que o batismo recebido em criança tinha de ser assumido e vivido no dia-a-dia, como filha muito amada e criada à imagem de Deus. O Zé foi “estagiar” na minha paróquia, onde foi ordenado presbítero e onde viveu em equipa. Em 1975 foi com mais dois padres para S. Paio de Oleiros, Mozelos e Lourosa. Em 1978 o bispo decidiu acabar com a equipa. Entretanto, tentou nomear o Zé, sozinho, para outra paróquia, o que ele recusou. Perante a recusa, o bispo ameaçou suspendê-lo a divinis. Em face desta ameaça, o Zé respondeu: “Então considere-me, desde já, suspenso.” Para o Zé, viver em equipa era funda- mental e tinha-o já referido ao bispo. Na homilia do dia da sua ordenação, o bispo tinha afirmado: “quem não tiver vocação para viver em equipa, não tem vocação para ser padre”. Depois, entrou no mundo do trabalho. Durante este percurso, a nossa amizade manteve- se e, para o Zé, começou a transformar-se em amor. Da minha parte demorou mais tempo a ser correspondido… até que numa bela segunda-feira de Páscoa se fez luz! Assumimos esse Amor e viemos a casar civilmente um ano depois (abril de 1980). Com familiares e amigos, celebrámos também, em Igreja, o amor que nos unia, comprometendo-nos a viver unidos no corpo e no espírito, cumprindo assim a nossa missão no mundo. Ficámos a viver no Padrão da Légua, inseridos na comunidade cristã e comprometidos também na vida associativa, nomeadamente numa Associação de Moradores. Deste amor, nasceram dois filhos, o Pedro e o Filipe. Ao mais velho foi diagnosticada uma doença neuro- muscular progressiva quando ele tinha 4 anos.Esta situação levou-nos a criar a APN – Associação Portuguesa de Doentes Neuromus- culares, juntamente com outros doentes e familiares, assumindo a sua liderança, lutando não só pela qualidade de vida do Pedro, mas de todos os “Pedros” deste país. Entretanto, viemos viver para Fiães (terra natal do Zé) mas, depois de avaliarmos as melhores condições paraa educação da fédos nossos filhos, acabámos por nos inserir na paróquia ao lado, em Lourosa (onde o Zé também tinha exercido como presbítero). Em abril de 2002, regularizámos a nossa situação canónica. Após vinte anos de luta na APN, fomos passando o testemunho a outros e assim ficámos a ter dis- ponibilidade para exercer outros serviços na paróquia: comissão permanente do Conselho Pas- toral Paroquial, Serviço Sócio Caritativo, respon- sáveis pela preparação de pais para o batismo, leitores e presidência da Celebração da Palavra… Como casal, temos vivido ao longo dos anos, duma formaintensao nosso “ministério pastoral”, lançando sementes de esperança, de coragem e de amor na família, na humanização da sociedade e na Igreja.Vivemos em paz, sentimo-nos acolhidos e respeitados, sem nunca termos de fugir do local onde a vida nos aproximou, vivendo, teste- munhando e celebrando a fé, na família, em Igreja e no mundo, fortalecidos pela comunidade de irmãos. (conclui na pág. 11)