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espiral
                                          boletim da associação           FRATERNITAS MOVIMENTO
                                                 Nº 21/2 - Outubro de 2005 / Março de 2006




                                                         ENCONTRO REGIONAL DA
                                                             FRATERNITAS
     O tempo passa! Ainda há tão pouco                                                     Página 12
estávamos no Natal, e agora já nos aproximamos
a largas passadas da Páscoa! Quarenta dias antes
e quarenta dias depois tudo é Páscoa. Porque a
Quaresma não faz nenhum sentido se não é
preparação para a grande celebração pascal. E por
   vezes esquecemos facilmente que muito mais
       que                 grandes organizações
                           visíveis de conferências,
                        actividades, concertos, o
                   que verdadeiramente deve              XIII ENCONTRO NACIONAL
                   caracterizar a nossa Quaresma é
                  uma intensa reflexão interior                      Fátima
                  para a conversão, no sentido mais      28 de Abril a 1 de Maio de 2006
                    profundo daquela palavra grega               Capuchinhos
                    que se nos tornou bastante
                   familiar, a metanoia. Quer dizer,
a nossa preparação quaresmal deve ser uma                Sumário:
passagem de um estado de alma meio adormecido
e insensível, à tremenda realidade da Graça, para        A outra margem!                               3
uma consciência de que somos salvos com Ele,
                                                         O incêndio do ódio                          4-5
com o Cristo crucificado e ressuscitado que é a
razão mesma da nossa fé.                                 Comemoração 2º Aniversário do P. Filipe       6
      Ao longo do tempo do ano, entre uma Páscoa         VII Curso de Actualização Teológica           7
e outra, todos corremos o risco de esquecer como         XIII Encontro Nacional                        8
somos limitados e egoístas, como se o mais               “Não tenhais medo... dos padres casados!”     9
importante não fosse efectivamente vivermos com
                                                         Nota do Editor                               10
Cristo a total entrega aos outros, e não uns outros
mais ou menos abstractos e sem rosto, mas aquele         Cartas | Breves... | Novo sócio              11
Outro que tem voz e nome e com quem nos                  Encontro Regional da Fraternitas             12
                                  (continua na pág. 2)
2                                                                                                  espiral

Passagem                                              acomodarmos, não nos resignarmos a viver
(continuação da página 1)
                                                      simplesmente como se não houvesse ainda muito
cruzamos em cada momento da vida. E vem então         caminho a andar. Como nos meus tempos de
este tempo quaresmal lembrar-nos que só uma           jovem membro da Acção Católica cantávamos
imensa conversão interior nos poderá conduzir a       uma estrofe do nosso Hino que nunca me
uma atitude diferente, mais desprendida e             esqueceu, gostaria de convosco a recordar porque
entregue, menos centrada nas nossas próprias          se nos aplica plenamente: “Há caminhos não andados
mazelas ou condicionalismos, e mais atenta a tudo     que esperam por alguém…” E esse alguém temos que
quanto o Outro espera de nós e nos pede               ser nós, e temos de descobrir quais os caminhos a
silenciosamente. Afinal Páscoa é isso mesmo,          construir e percorrer.
desde as suas raízes bíblicas da passagem do anjo           Este ano, no nosso encontro anual vamos
exterminador nas casas dos egípcios, da passagem      também fazer uma passagem, talvez ainda um
do Mar Vermelho a pé enxuto, até à passagem da        pouco nebulosa mas certamente necessária para
escravidão para a liberdade da Terra Prometida.       não estagnarmos: vamos ser capazes de nos
      O Tríduo Pascal todo ele nos imbebe dessa       interrogarmos interiormente como é que devemos
profunda sensação da passagem da morte à vida,        estruturar estes encontros, em que estilo, em que
do pecado à graça, das trevas à luz. E enquanto a     modelo, mas sobretudo com que atitude. Não pode
nossa sociedade contemporânea se agarra               ser apenas um encontro de amigos que partilham
distraidamente ao gozo duns dias de férias a meio     as suas vidas em ambiente agradável e
do percurso fatigante dum ano de trabalho, nós        comunicativo, mas não passam disso. Temos que
podemos ter essa mais-valia enorme de viver a         ser capazes de fazer a passagem para algo de mais
Semana Maior num espírito de passagem para            comprometedor e interpelador, em que nos
uma realidade de salvos e redimidos. Só assim a       ponhamos sempre em causa, em que
Páscoa não será apenas uma celebração                 aprofundemos a nossa atitude de fé e esperança,
comemorativa mas uma vivência interior profunda       em que deixemos de ser meramente passivos em
e jubilosa. E então dá-se sim a passagem duma vida    relação a alguém competente e esclarecido que nos
mais ou menos rotineira e vazia para uma nova         ensine coisas novas e velhas, mas precisamos de
realidade de inserção na ressurreição e na salvação   passar a ser muito activos e corresponsáveis, de
do mundo em que nos movemos e somos. Bastante         tal forma que o nosso encontro seja um abanão
massacrados por tantas desgraças, tanto               para as nossas vidas, que correm o risco de se
pessimismo, tanto derrotismo que os media nos         arrastar cansadas e gastas, mas que não podemos
incutem constantemente, poderemos passar a ser        de maneira nenhuma deixar de tornar activas e
construtores, cada um à sua escala, claro, mas        empenhadas. O nosso P. Filipe não espera de nós
realmente edificadores dum mundo melhor, mais         outra coisa, ele que com uma vivência profunda
justo e mais em paz.                                  de Deus nos ajudou sempre a passar adiante, ele
      Este ano vamos cumprir já 10 anos sobre         que até ao fim se comprometeu e empenhou em
aquele dia em que o P. Filipe nos convidou apara      abrir novos caminhos, em lançar novas sementes,
um retiro de padres casados, algo de novo na          em passar para novos desafios. Seremos capazes
prática eclesial e que nos abriu perspectivas novas   de o desiludir? Penso que não, mas preciso de
da nossa realidade vivencial. Durante estes dez       todos vocês para me ajudarem, porque o
anos, muito caminho foi percorrido, fomos             Movimento é isso mesmo: é passagem constante
crescendo e fomos sobretudo tomando                   para melhor, numa inquietude permanente que
consciência de que somos Igreja, e temos que nos      não sabe o que é cruzar os braços nem parar os
enquadrar nela como verdadeiros membros               passos para a frente. Assim Deus nos ajude, e o
activos. O nosso querido P. Filipe já “passou” para   Ressuscitado nos abra os olhos e o coração!
o lado da luz plena e da alegria total. Mas deixou-
nos uma enorme responsabilidade de não nos                                           Vasco Fernandes
espiral                                                                                                   3




           A          outra                               margem!

     “Lembra-te que és pó…”         eclesial. Mudança profunda,         momento, é digno de respeito.
As Cinzas abrem solenemente a       radical!                            Pedem-nos           heroicidade
Quaresma. Somos peregrinos!             Erradicar o mal do mundo,       autenticada: perseverança, sem
“A vida é uma passagem para a       mal colectivo e pessoal — é o       desânimo! Por vezes, somos
outra margem”!… Aviso:              desafio proposto! Não é             capazes de sacrifícios incríveis:
aproveitar o tempo. Enchemo-        possível? Assusta-nos um peso       peregrinar a pé, jejuar, avultadas
-
-nos de coisas e                                                                    ofertas… Há uma
“uma só é neces-                                                                    promessa: “Dou-vos
sária”! A realidade                                                                 um coração novo”!
é tão evidente! Se                                                                  — para perdoar,
tudo acaba em                                                                       fechado à vaidade e
cinza! O convite                                                                    às ambições, aberto
está feito…                                                                         à verdade, apoio da
     Eis o tempo                                                                    fraqueza alheia,
adequado à mu-                                                                      compreensivo,
dança: atitudes,                                                                    honesto…
comportamentos,                                                                          O segredo pre-
hábitos, menta-                                                                     sente é a capacidade
lidades. Urgente!                                                                   de amar. Só amar!
Não somos escra-                                                                    Se amarmos, verda-
vos… Livres e senhores!             tão grande? Bem! Comecemos          deiramente, resolvemos os
Tomemos a vida em nossas            pelo mais simples — mudança         maiores e os mais graves proble-
mãos. Oh! O fatalismo               pessoal. Choca-nos a fome no        mas dos homens. Há vedetismo,
entorpece-nos! Abramo-nos a         mundo? Que podemos fazer?           oportunismo, interesses, vaida-
novas perspectivas, a novos         Vençamos o desperdício que          des. Estes arrastam à guerra, à
mundos, a novas aventuras.          muitas vezes provocamos.            vingança, a egoísmos. E igno-
     A mudança pessoal e            Simples e humildes! Depois,         ram-se os problemas dos
colectiva é urgente. O mundo        corajosos para cortar o             homens: o desemprego, a fome,
novo exige a nossa cooperação.      supérfluo.                          a falta de água, a ameaça dos
Não existimos para o                    Lamentamos a violência no       riscos naturais, doenças,
aniquilamento. A vida é partilha.   mundo? Afastemos a violência        epidemias... Só o amor dá
E começa por uma atitude nova,      da nossa vida, da nossa família,    soluções!
um comportamento novo,              do nosso emprego. Tenhamos a            Recordemos a Transfigu-
horizontes arrojados.               coragem de enfrentar a injustiça,   ração! O amor manifestado
     Quaresma — Meditação!          com determinação e com risco        transformou aqueles homens. É
Transformação! — À mudança          da nossa tranquilidade.             caminho de transfiguração o que
moral? Não! A Metanóia exige        Coragem! “Eu venci o mundo!”        abre à justiça, à partilha, ao
mudança estrutural profunda,        — é garantia de sucesso, mesmo      perdão. Não pares!
pessoal e colectiva: familiar,      na contrariedade. Façamos o                               J. Soares
empresas, associativo, social e     que devemos. Ser herói um                             6 de Março de 2006
4                                                                                               espiral




    A
              inda não havia está em jogo quando se fala dos renegam o Islão”. Concluindo:
             Ground Zero, nem motivos dos atentados:                 a grande maioria dos muçul-
             Madrid, nem Lon-            “Então não entendeis, não manos no mundo ficou satisfeita
dres. Não havia Toni Blair nem quereis entender que é uma com os ataques às torres
Bush Júnior. Ainda não existia cruzada em sentido contrário gémeas. É o que mostram as
o conflito do Iraque, apenas a que está em curso? Uma guerra sondagens.
guerra soviética no Afeganistão religiosa, a que chamais jihad,
e os talibans. E já um taxista guerra santa? Então não Cuidado com os juízos globais
austríaco de origem curda percebeis, não quereis perceber                Pode muito bem ser que os
explicava, ao cliente que                                                  chefes muçulmanos
transportava da Catedral                                                   cultos, como, p. ex., sua
de S. Estêvão para a            Com as bênçãos do papa e espicaçados       Eminência o grande Imã
                                por pregadores inflamados, lançaram-se
Bolsa, que o Ocidente é                                                    Prof. Dr. Mohammed
                                na guerra santa contra os infiéis — os
corrupto, só gosta de ver       cruzados cristãos da Idade Média.          Sayyed Tantawi, grande
mulheres nuas em                Com as bênçãos do padrinho do terror       Xeque da mesquita Al-
                                Osama Bin Laden e espicaçados por          Azhar, recusem decidi-
cartazes e revistas, que o
                                pregadores do ódio, lançam-se na guerra
cristianismo já está na         santa contra os infiéis — os cruzados      damente o terrorismo em
rampa descendente e que         islâmicos do século XXI. As vítimas não    nome de Allá. Também
o futuro se chama Islão.        contam, o terror prossegue. E o mundo      desde há décadas o
                                ocidental,    ainda    marcado     pelo
E desfazia-se em                cristianismo, que só lentamente vai
                                                                           professor universitário e
louvores ao Ajatollah           despertando, recusa dar atenção à          autor de vários livros Dr.
Khomeini que, ao                seriedade da situação.                     Bassam Tibi, de origem
introduzir a lei islâmica                                                  síria e residente na
no Irão, conseguiu                                                         Alemanha, tenta clari-
instituir um estado modelar de que, para os muçulmanos, o ficar a diferença entre a doutrina
justiça social.                      Ocidente representa um mundo de paz do alcorão e a ideologia
     Quer dizer: ao contrário do que tem de ser conquistado, assassina islâmica. Mas quem
que fazem correr pelo mundo castigado e convertido ao conhece os corações de todos os
certos comentadores superfi- Islão?”                                 muçulmanos que vivem entre
cialmente informados e pro-              E a pedra negra do anel nós? Quem conhece e entende
gramados para um anti ameri- cintilava-lhe no dedo quando ele as pregações dos seus mullahs
canismo vulgar, na sua raiz o chamava “criminoso” ao nas mesquitas? É que tudo se
despertar do fanatismo islâmico Secretário Geral da ONU, Kofi resume a uma questão de
não tem a ver nem com o Annam, e considerava a Itália, interpretação. Assim como o
conflito do Iraque, nem com a a França e a Inglaterra seus facto de Jesus ter recusado
Palestina, nem com Bush e “inimigos”. E acentuava mais liminarmente o uso da espada
Blair. O seu profeta, o rico árabe uma vez: “Essencialmente é não pôde impedir que os
saudita mais procurado, de uma guerra religiosa que está cruzados da Idade Média
figura ascética e olhos flame- em curso e quem o negar brandissem a espada contra os
jantes, Osama Bin Laden, veio mente”. Segundo o padrinho do “infiéis”, também o facto de os
esclarecer, menos de dois meses terror todos os árabes e todos os terroristas islâmicos não
após a catástrofe de Nova muçulmanos deveriam, “tomar pretenderem interpretar o
Yorque, o que é que realmente partido, se ficarem neutros conceito de jihad exactamente
espiral                                                                                                   5




naquele sentido pacifista com        Laden. As fogueiras onde           ticos, não em último lugar de
que os muçulmanos pacifistas o       queimam a bandeira norte-ame-      proveniência estrangeira?
fazem, poderá muito bem não          ricana e bonecos com a figura           O Ocidente, após duas
ter explicação.                      de Bush. Queiram os cegos do       terríveis guerras mundiais, após
     No livro “A Raiva e o           Ocidente escutar a gritaria de     a queda de duas ditaduras com
Orgulho” a grande jornalista         júbilo ao Deus-misericordioso-     milhões de vítimas e após Sre-
italiana Oriana Fallaci, a viver     -e-irado, ou os gritos de Allah    brenica, gozando, em certa me-
em Nova Iorque, retrata com          akbar… Serão grupos margi-         dida, de paz e bem-estar, tem




   O INCÊNDIO DO ÓDIO *
palavras fortes a adesão das         nais extremistas? Minorias         dificuldade em se adaptar a este
massas muçulmanas à guerra           fanáticas? Mas são milhões e       desafio cada vez mais próximo.
santa de morte: “do Afeganistão      milhões os extremistas! São        Talvez não consiga atingir todo
ao Sudão, da Indonésia ao            milhões e milhões os fanáticos!    o alcance do que ainda está para
Paquistão, da Malásia ao Irão,       Milhões e milhões para quem        vir, nem das ideias ou meios de
do Egipto ao Iraque, da Argélia      Osama Bin Laden, vivo ou           combate que os assassinos de
ao Senegal, da Síria ao Kénia,       morto, é uma lenda igual a         massas islâmicos ainda poderão
da Líbia ao Chade, do Líbano a       Khomeini.                          vir a desenvolver. Com efeito,
Marrocos, da Palestina ao                                               o reforço dos controlos fron-
Yémen, da Arábia Saudita à           Um Desafio Novo                    teiriços e a expulsão radical dos
Somália, cresce a olhos vistos o         Até onde vai, entre os         pregadores do ódio não poderão,
ódio ao Ocidente. Ele incendeia-     muçulmanos que vivem entre         só por si, resolver o problema.
-se como um fogo estimulado          nós na Europa, a simpatia pelos    A verdade é que o terror conti-
pelo vento enquanto os discí-        autores dos atentados em Nova      nua a ser o grande desafio às
pulos do fundamentalismo             Yorque, Madride ou Londres?        nossas democracias.
islâmico se multiplicam como         Ninguém sabe. Não lhes im-              Mas ele sublinha também
células que se dividem sempre        porta sequer o facto de ultima-    como é urgente a união de todas
mais.                                mente em Londres quatro            as comunidades religiosas no
     Quem, no Ocidente, não          jovens terem sido traiçoeira-      combate comum contra o mal do
perceber isto queira ver nas         mente mandados para a morte        nosso tempo, mais propriamente
televisões as imagens que, todos     pelos assassinos? Também não       de todos os tempos. Contra
os dias, ali nos são apresentadas:   serve de nada que, sob o slogan    fundamentalismo e fanatismo
     As massas que inundam as        “guerra santa contra os            nas próprias fileiras.
ruas de Islamabad, as praças de      americanos”, todos os dias em
                                                                                       Walter Axtmann
Nairobi, as mesquitas de             Bagdade e arredores sejam
Teherão. As caras furiosas, os       assassinados inúmeros ira-
                                                                        (* in Kirche In, 08/2005, pp. 32,33)
punhos cerrados e ameaçadores,       quianos, entre os quais inúmeras
os cartazes com a figura de Bin      crianças, por islâmicos faná-              (Tradução de João Simão)
6                                                                                               espiral




Comemoração do 2º Aniversário da
partida do P. Filipe

    F
           ez no passado dia 27          No
           de Novembro dois        lado es-
           anos que o Padre        querdo
Filipe Figueiredo nos deixou       do Pal-
duma forma inesperada, mas         co esta-
marcante para todos aqueles que    va um
com ele conviveram.                retrato
     Em Estarreja, sua terra       do Pa-
natal, onde foi criada em 2004 a   dre Fi-
Fundação Cónego Filipe de          l i p e
Figueiredo, quis esta Fundação,    mani-
juntamente com a Câmara            festando-
Municipal, comemorar o 2º          -nos a sua presença.              Filipe tinha pelo Povo cigano”.
Aniversário da sua partida com           A Orquestra da EsproArte,   Foi uma alegria e um sentir
uma Semana de Comemorações         de Mirandela, dirigida pelo       profundamente a importância
que encerrou com um Concerto       Maestro e Director de Orques-     que Maria tinha na vida do
que teve lugar no Auditório        tras e Compositor Espanhol de     Padre Filipe e que tão bem nos
Municipal a que tive a             origem Cigana Paco Suarez, e      soube transmitir. Foi um mo-
oportunidade de assistir, com o    um Grupo de Solistas, Bailari-    mento de muita união a todos os
Vasco em representação do          nos e Cantores ciganos, delei-    que sabiam como era e é o Padre
nosso Movimento Fraternitas.       taram-nos com um Programa de      Filipe esse momento em que a
     Foi um Concerto mara-         música de vários autores          esposa de Paco Suarez nos
vilhoso em que sentimos            conhecidos entre os quais ele     cantou essa Ave-Maria. É bom
realmente a presença do Padre      próprio Paco Suarez.              sabermos e lembrarmos aqueles
Filipe, nosso fundador que tanta         Este Concerto teve o seu    que amamos e que partiram à
saudade nos deixou, mas que lá     momento mais alto quando o        nossa frente para junto do Pai.
do Alto vela por nós e nos ajuda   Maestro Paco Suarez nos disse
a continuar a ser sinal da         que tinha composto uma Ave-           Bem haja Padre Filipe pelo
presença do Senhor no meio de      -Maria em homenagem ao Padre      bem que nos fez e, lá do Céu
todos aqueles que connosco se      Filipe que ele lembrava com       onde acreditamos nos tenha
cruzam.                            muita saudade e a quem oferecia   precedido, vele por nós para que
     Gostava de partilhar con-     aquilo que sabia que o Padre      consigamos seguir no caminho
vosco o que senti pois sinto-me    Filipe tanto gostava, dizendo:    que nos mostrou e por onde
na obrigação de o divulgar a       “seja onde for que ele estiver    queremos e cremos vir a
todos aqueles que conheceram       aqui fica a nossa Homenagem       encontrar-nos um dia!
o Padre Filipe e sabem como ele    de grande saudade lembrando
amava o nosso Movimento...         toda a amizade que o Padre        Mª Isabel Beires Fernbandes
espiral                                                                                                    7


          VII Curso de Actualização Teológica 2005

   Com a presença de cerca de       activa a parti-
setenta associados teve lugar em    cipação indi-
Fátima, na Casa de Nª. Sr.ª do      vidual com a
Carmo, na data de 11 a 13 de        correspondente
Novembro de 2005, mais um           riqueza de re-
curso de actualização teológica,    flexões e de
subordinado ao tema “Pertença       conclusões.
Eclesial do Cristão”, que foi       Os temas de-
orientado pelo Doutor João          senvolvidos
Duque, Teólogo e Professor          pelo confe-
Universitário.                      rencista fo-
   Numa breve sessão de             ram: “Dimen-              O conferencista, Dr. João Duque.
abertura, após uma sucinta          são eclesial                       Trindade, que é em si mesmo
apresentação dos presentes, a       da fé”, “Igreja como comuni- relação, comunidade. Na
secretária deu notícias sobre o     dade” e “Comunidade laical”. origem, na vida e na morte, o ser
que entretanto se tem passado na       Salientou-se que a fé cristã de humano engloba em si um
nossa associação e falou dos        cada um de nós é a adesão a algo aspecto relacional, comunitário.
membros que não puderam estar       que nos é proposto, não a algo A nossa identidade como crentes
presentes por doença ou por         que nasça de cada um. É uma não se define a partir de nós
impossibilidade profissional.       experiência, uma adesão pes- próprios mas é-nos dada gra-
Estes momentos de notícias da       soal. Mas essa adesão pessoal a tuitamente por Deus. Deus
“Família Fraternitas” são muito     algo que é proposto é um acolhe cada ser humano tal
importantes porque nos ajudam       processo comunitário. Dando como acontece ele ser. O
a manter a união entre todos e a    esse passo de adesão, entramos acolhimento da fé não é desin-
dar expressão à preocupação de      numa comunidade de fé — há carnado, é condicionado pelas
uns pelos outros.                   um conteúdo de fé que é trans- circunstâncias, pelos contextos
   O plano de trabalhos             mitido e que se aceita. Esta op- culturais e sociais.
proposto previa três conferên-      ção pessoal de aceitação dum          A comunidade humana
cias, seguidas, cada uma delas,     conteúdo transmitido começa na constrói-se na assunção das
de sessões de trabalhos por         família.                           diferenças de cada um. A
grupos e de plenários comen-           A nossa profissão de fé num fraternidade é algo a construir.
tados pelo orientador. Deste        Deus uno e trino é o início da
modo torna-se muito mais            nossa relação com Deus                            (continua na página 8)



                                   Fundo de Partilha
  Como todos somos sabedores, é imperioso, mor-       Porém, só é possível distribuir o que os sócios da
  mente nos tempos que correm, acorrer e              Fraternitas “depositam aos pés dos apóstolos”...
  acudir a casos de necessidade. E, como apren-       Eis o NIB da nossa conta (para transferências para
  demos e importa praticar, a caridade começa pela    a solidariedade):
  própria casa...                                     0033-0000-45218426660-05.
8                                                                                                  espiral



VII Curso de Actualização           do além, da cidade celeste, foi     primeiros sábados, para “ga-
Teológica 2005                      uma ilusão e criou muitas           rantir” a salvação da alma, já
(continuação da página 7)
                                    perversões.                         pouco dizem à mundividência
Embora consideremos mais               Depois falou-se de Igreja        das actuais gerações. Hoje em
fácil entrar em comunhão com        hierárquica e de Igreja Povo de     dia o acento tónico vai para os
quem concorda connosco,             Deus. Reflectiu-se sobre os         aspectos sociais, a ajuda mútua,
devemos entender que o Senhor       ministérios e o lugar dos           o voluntariado a favor do irmão,
nos trata duma forma bem            ministérios ordenados. Salien-      cristão ou doutra fé, como sendo
diferente: Ele ama-nos apesar       tou-se que o ministério funda-      esses os passos que definem a
das nossas infidelidades.           mental é o do cristão como          autêntica caminhada de
   A Igreja não é uma entidade      anunciador da Boa Nova. Todo        salvação.
orientada para si mesma, mas        o cristão, clérigo ou não, se          Os trabalhos terminaram
uma entidade orientada para os      define por estar ao serviço dos     com a Eucaristia dominical.
outros. É uma barca para todos.     outros. Nestes termos, quando          Tratou-se realmente duma
A relação Igreja–mundo é uma        fazemos uma crítica, é uma          jornada de reflexão, dum
relação fundamental.                auto-crítica que fazemos.           encontro de amizade entre
   A tentativa dalgumas                Decididamente: uma prática       irmãos, de conforto e animação
sociedades monacais de              religiosa de missas, terços,        para todos.
antecipar já neste mundo a vida     novenas, primeiras sextas feiras,                     João Simão




        X III E N C O N T R O N A C I O N A L
                      Data: de 28 de Abril (jantar) a 1 de Maio (almoço) de 2006
                     Local: Casa dos Capuchinhos (Fátima)
             Inscrições: Secretariado da Fraternitas
                                  Eduarda Oliveira e Cunha
                                  Estrada Velha de Abravezes, 292
                                  3510-204 VISEU

    Certamente não carece referir a importância e a necessidade de nos encontrarmos,
    de reflectirmos, de rezarmos, de convivermos, de avaliarmos a nossa actuação, de
    apoiarmos que dá o seu melhor pela nossa Associação/Movimento.
    A presença de todos e de cada um é estímulo para os outros.
    A nossa Assembleia Geral Anual, que terá lugar durante o Encontro, precisa de ti e
    da tua opinião. Precisamos uns dos outros.
    Mobilizemo-nos!
espiral                                                                                                           9


“NÃO TENHAIS MEDO... DOS PADRES CASADOS!”
                                                                                   Por Marcel Metzeger*


“Não tenhais medo!”                pastoral noutra Igreja. O           franceses. Convém sabermos
Este apelo, lançado pelo           Concílio Vaticano II não teve       que não são admitidos ao
papa João Paulo II em              medo de restaurar o diaconado       episcopado senão os padres a
1978, no dia da sua eleição,       para homens casados: os             quem foi feito um inquérito
ficou célebre. Há dez anos,        diáconos podem celebrar             prévio, e nele se declararam
o padre Bernard Sesboüe
                                   baptismos,        casamentos,       como partidários da doutrina
usou-o como título dum
                                   funerais, liturgias da Palavra,     oficial do celibato. Se um bispo
livro em que propunha
encarar a possibilidade da         sendo ao mesmo tempo                francês colocasse a hipótese da
ordenação de alguns                missionários nos seus meios         ordenação de homens casados –
homens casados. Será               ambientes. Então porque razão       como em Estrasburgo em Junho
que houve progressos               se há-de recusar esta solução       de 2000 – isso significaria que
neste ponto? Parece que            para o ministério sacerdotal,       ele evoluiu, ou que o inquérito
não.                               quando se reconhece a               tinha sido mal feito.
                                   importância da Eucaristia para           Presentemente, convém
     Com efeito, em Novembro       cada comunidade e se deplora        dizer aos bispos de França:
último, a conferência episcopal    que a falta de padres as privem     “Não tenhais medo, quanto ao
de França, ao comentar os          dela com tanta frequência?          ministério sacerdotal, dos
trabalhos do recente sínodo             Um dos argumentos que          homens casados. Vós já os
romano, declarava, a propósito     muitas vezes se utiliza é a menor   admitis ao diaconado. Jesus deu
do celibato eclesiástico:          mobilidade do clero casado.         o exemplo, Ele que confiou as
“Perante a falta de padres que     Mas os pastores do tempo de S.      chaves da Igreja a um homem
caracteriza um certo número de     Paulo, que eram chefes de           casado, ao qual, dizem-nos os
regiões no mundo, o sínodo ana-    família, eram assim tão móveis?     Evangelhos, Ele tinha curado a
lisou a hipótese de ordenação de   Os pastores protestantes e os       sogra. Não tenhais medo de
homens casados, os “viri           padres anglicanos serão             estudar a história da Igreja para
probati” (ou seja: homens que      porventura inamovíveis?             nela descobrir a diversidade de
já deram provas).Os Bispos              Quanto ao celibato sacer-      soluções pastorais adoptadas
exprimiram a opinião de que        dotal, o facto de admitir a         segundo os tempos e os lugares,
não se deveria enveredar por       ordenação de homens casados         graças à assistência do Espírito
esta via. Reafirmaram a            não significa o seu fim: as duas    Santo”.
importância do celibato na         formas de vida existem desde as          No cristianismo, é Jesus, o
prática da Igreja latina (...)     origens do cristianismo. S.         primeiro, que convidou a não ter
Importa promover e defender a      Paulo não era casado, mas cha-      medo no meio da tempestade (Jo
escolha do celibato sacerdotal”.   mava homens casados para os         6, 20). Ele dirigia-se aos seus
                                   ministérios. E as Igrejas orien-    discípulos, dos quais os bispos
      Duas formas de vida          tais conservaram as duas tradi-     se consideram sucessores.
   No entanto, o papa João         ções.
Paulo II não teve receio de
admitir à ordenação mais de 200      Diversidade de soluções
homens casados, viri probati,               pastorais                          * (padre, teólogo, já foi director da
                                                                            Faculdade de Teologia de Estrasburgo,
que tinham dado provas                 Podíamos então espantar-          colaborador de Regard Chrétien des DNA
exercendo um ministério            nos com a posição dos bispos           — texto inserto no nº 21, de 25.01.2006)
10                                                                                                       espiral
                                                                           vento.” De facto, desafiar o
ENCONTRO REGIONAL DA FRATERNITAS
(continuação da pág. 12)                                                   vento é ter a coragem de ser luz,
                                                                           mesmo para quem não nos
                                                                           compreende! É sermos farol e
     O ambiente do Encontro,               Depois de um dia assim          não nos contentarmos em ser
como sempre, foi de um intenso        vivido em tão reconfortante          apenas uma vela a arremessar
testemunho do interesse que           convívio de irmãos, depois da        fumos inúteis.
cada um mostrava pelo bem-            troca de recordações das vidas           Agora esperamos ansiosa-
estar dos outros, mesmo               passadas e das presentes, chegou     mente o costumado grande
ausentes. A Direcção do nosso         a hora das despedidas. Abraços       Encontro-Curso, a nível
Movimento, através de um              aos molhos entre os irmãos,          nacional, em Fátima, nos
«fundo de maneio», tem                beijos e promessas de novos          próximos dias 11,12 e 13 de
prestado toda a espécie de ajuda      encontros, cada um de nós lá         Novembro, onde iremos estudar
a qualquer sócio que dela             partiu para suas terras, não sem     e discutir o tema deste ano,
precise. Mas nunca se sabe            um olhar para trás cheio de          «Presença Eclesial do Cristão»,
quem precisou e que ajuda             saudades daquele Encontro que        sob a orientação do Dr. João
recebeu!... É a vivência da           tanta força nos deu para             Duque, teólogo leigo, professor
norma evangélica: «não saiba a        continuarmos a viver esta            da Universidade Católica de
tua mão esquerda o que faz a tua      fraternidade, ao nosso jeito.        Braga. Nele participarão sócios
direita».                                  E o nosso jeito não é sermos    do nosso Movimento de todo o
     Sabemos viver aquilo que         carneiros       de      Panurgo      país.
um dia, Antoine de Saint-             (personagem do «Pantagruel»              O nosso Movimento
Exupéry escreveu: «A caridade         de Rabelais), mas assumir as         «Fraternitas» é uma porta
nunca humilhou aquele que             nossas responsabilidades e           sempre aberta a todos.
beneficiou dela, nem sequer o         caminhar em frente com a             Sobretudo aos que aprenderam
prendeu com as correntes da           coragem que Confúcio                 a amar, porque, se aquele que
gratidão, já que a dádiva não foi     recomendava aos seus                 quer fazer bem, bate à porta,
feita a ele, mas sim a Deus». É       discípulos: “O sábio... quando       aquele que ama, encontra-a
preciso amar para perceber            vem a tempestade, caminha            sempre aberta!...
isto!...                              sobre as ondas e desafia o                              Manuel Paiva




 Nota do Editor:
                                      Assim, decidindo-se pela sua saí-    único responsável, peço a todos
 Este número do nosso boletim         da no primeiro trimestre de 2006,    perdão.
 Espiral corresponde a dois tri-      vai um pouco mais “gordo”, com-      Mas importa repensar os moldes
 mestres, sendo, portanto, um nú-     pensando (se tal é possível!...) o   do nosso boletim e, principal-
 mero duplo.                          deplorável atraso.                   mente, julgo chegado o momen-
 Tal facto deve-se, principalmen-     Por outro lado, os ecos que me fo-   to de se proceder à minha substi-
 te à impossibilidade de o ter fei-   ram chegando (mais do que quei-      tuição. Sem angústias nem so-
 to sair, com normalidade, no tem-    xas, eram lamentos pela sua ausên-   bressaltos. Aliás, estou a fazer o
 po devido — altura do Natal de       cia...), demonstram a importância    Espiral desde o número um e é
 2005. Teve a ver com a minha         deste elo entre os membros da nos-   importante renovar.
 disponibilidade/indisponi-           sa Associação e outros leitores      Vamos pensar e andar para a fren-
 bilidade, o que, sinceramente la-    atentos.                             te!
 mento.                               Pelo facto do atraso, de que sou o                  Alberto Osório
espiral                                                                                                        11



                                                                             Cartas...
        Acompanho, com vivo interesse, a actuação da          da Associação, Dr. Vasco Fernandes, desejando-
    “Fraternitas”, através da agradável visita trimes-        -lhe e a toda a equipa, profícuo trabalho.
    tral do jornalzinho “Espiral”.                               Envio o cheque junto, para ajudar as despesas
        Bem haja a este e a quem o envia, a começar           com o boletim.
    pelo primeiro responsável: o caro João Simão,                Subscrevo-me, com amizade e consideração
    dilecto companheiro de Coimbra.                                                               Braga, 21-09-2005
        Felicito, de modo especial, o novo Presidente                                             Eurico Nogueira



    N.R.: Muito nos apraz registar esta   rito de Braga e leitor atento do nos-   outras certamente já o foi feito) o
    missiva, que nos remeteu o Sr. D.     so boletim. Cremos ser também de        seu contributo para as nossas des-
    Eurico Nogueira, arcebispo emé-       agradecer (por esta via, pois por       pesas. Bem haja!



                                                                                           QUOTAS
                    Novo Sócio da FRATERNITAS                                      Agradecemos o favor de
                                                                                   serem pagas as quotas para
      Admitido na Reunião de Direcção de 4 de Fevereiro de 2006                    o nosso Movimento.
                                                                                   A única fonte de receita são
     Nº 106 -DOMINGOS COSTA LEITE                                                 os nossos contributos e,
                                                                                   quando faltam, o tesoureiro
                                                                                   vê-se em apertos...




                                          No próximo número esperamos             cisco Santos (Vila do Conde), e
      b r e v e s . . .                   poder incluir um texto mais desen-      do António Limas (Argentina).
                                          volvido sobre este nosso irmão que      Não esquecendo a Mariazinha,
          FALECIMENTO (a): A mãe          tão brevemente passou pela Fra-         esposa do Silva Pinto (Santa
      da Antónia Sampaio faleceu no       ternitas.                               Marta de Penaguião).
      passado dia 16 de Outubro de        À sua esposa e a todos os seus, os      Tenhamo-los a todos presentes
      2005. Abnegadamente suportou        nossos sentidos pêsames.                nas nossas orações.
      várias maleitas e sofrimentos que                                           Ânimo e efectivas melhoras.
                                              EM PROVAÇÃO: Vários dos
      a atormentaram nos últimos anos
                                          nosso consócios encontram-se em             NASCIMENTO: No passa-
      de vida.
                                          provação, por motivos de doença.        do dia 23 de Novembro de 2005,
      Paz para ela.
                                          Ressalvando outras situações de         nasceu, com 32 semanas, a Ca-
         FALECIMENTO (b): Nesse           que, por vezes, não temos conhe-        rolina, filha do Manoel Pombal
      mesmo dia, 14 de Outubro de         cimento oportuno, só o sabendo          e da Luísa.
      2005, teve igualmente a sua         bastante mais tarde, devemos men-
                                                                                  Os nossos sinceros parabéns aos
      páscoa, o nosso sócio António       cionar expressamente os casos do
                                                                                  pais e felicidades para a meni-
      Júlio Sampaio Veríssimo (nº         Luís Gouveia (Ermesinde), do
                                                                                  na.
      104).                               Orival Pinto (Vila Real), do Fran-
ENCONTRO REGIONAL DA FRATERNITAS
     Dia 22 de Outubro de 2005. O tempo ora                            ser poder, tanto na política como na Igreja, ou para
chovia ora sorria: era o retrato da vida de qualquer                   se locupletarem, ou para desassossegar
mortal deste complicado planeta!...                                    consciências com fardos que não carregam! Será
     Tinha sido                                                                                         que os visados,
esse o dia marcado                                                                                      por andarem
para o Encontro                                                                                         desavisados, não
Regional         da                                                                                     estremeceram?!...
«Fraternitas», da                                                                                            A «Casa da
zona Norte. Por                                                                                         Carreira»
sorte foi em Vizela,                                                                                    pertence à família
na quinta da «Casa                                                                                      da Isabel e do
da Carreira», que                                                                                       Vasco, colegas
tinha uma frondosa                                                                                      deste grupo de
e      refrescante                                                                                      sacerdotes
floresta         de                                                                                     «dispensados» do
castanheiros,                                                                                           exercício       do
carvalhos da Índia,                                                                                     ministério.
tílias e outras                                                                                         Fomos           ali
árvores de grande porte, a rodear aristocráticas                       recebidos como verdadeiros irmãos, no calor de
habitações, cujo granito testemunhava,                                 quem se sabe dar, fazendo-nos sentir nossa a casa
silenciosamente, as já longínquas vozes de quem                        que tão bem nos acolheu!...
as ergueu!... Havia salas e salões para tudo quanto                         Eram 40, acompanhados de familiares. E mais
se pudesse sonhar: divertimento, descanso,                             10 que nos enviaram saudações por não poderem
cavaqueira, jogos, e até uma linda capela, de                          estar presentes, dados os seus compromissos.
rendilhados de pedra na sineira, nos dintéis e                         Viveram-se ali horas de um convívio
cornijas da fachada. Ali reflectimos e rezamos pela                    fraternalmente alegre, como tem sido timbre
alma dos colegas falecidos e pela saúde dos ainda                      destes Encontros de almas gémeas nas vicissitudes
vivos. É que todos nós aprendemos a amar, e o                          de uma vida marcada pelo espírito de inter-ajuda,
amor é um caminhar, unidos, na mesma direcção.                         que tanto conforto tem dado àqueles que, alguma
Conforme escreveu o romancista francês Saint-                          vez, precisaram da presença amiga dos colegas,
Exupéry, «Amar não consiste apenas em olhar uns                        em horas adversas. Em vez de enxugarmos
para os outros, mas em caminhar unidos na mesma                        lágrimas, preferimos que elas não brotem. É que
direcção».                                                             o verdadeiro amigo não é o que nos enxuga as
     Podemos não ter tudo o que amamos, mas                            lágrimas, mas sim aquele que não as deixa cair!...
amamos tudo o que temos! Mesmo que nos                                      Enquanto uma equipa se afadigava, numa das
quisessem tirar «tudo», há faúlhas da alma que                         cozinhas, a preparar um apetitoso (e nunca mais
não se apagam nas provações...No Evangelho do                          esquecido!) arroz de frango, e a distribuir, pelas
31º Domingo, do passado dia 30 de Outubro,                             mesas, os acepipes trazidos pelos sócios do
Cristo deu o golpe de misericórdia nos que querem                      Movimento «Fraternitas», outros colhiam, para
                                                                                         um magusto familiar, castanhas
                                                                                         fresquinhas que os castanheiros
                                                boletim da
        espiral                                 associação fraternitas movimento
                                                                                         prodigamente iam deixando cair
 Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO
                                                                                         no chão manteado de folhas
                                                Responsável: Alberto Osório de Castro
  e-mail: espiral.boletim@clix.pt                                                        amolecidas.
                                           Nº 21/2 - Outº 2005 / Mar 2006                           (continua na página 10)

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  • 1. espiral boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO Nº 21/2 - Outubro de 2005 / Março de 2006 ENCONTRO REGIONAL DA FRATERNITAS O tempo passa! Ainda há tão pouco Página 12 estávamos no Natal, e agora já nos aproximamos a largas passadas da Páscoa! Quarenta dias antes e quarenta dias depois tudo é Páscoa. Porque a Quaresma não faz nenhum sentido se não é preparação para a grande celebração pascal. E por vezes esquecemos facilmente que muito mais que grandes organizações visíveis de conferências, actividades, concertos, o que verdadeiramente deve XIII ENCONTRO NACIONAL caracterizar a nossa Quaresma é uma intensa reflexão interior Fátima para a conversão, no sentido mais 28 de Abril a 1 de Maio de 2006 profundo daquela palavra grega Capuchinhos que se nos tornou bastante familiar, a metanoia. Quer dizer, a nossa preparação quaresmal deve ser uma Sumário: passagem de um estado de alma meio adormecido e insensível, à tremenda realidade da Graça, para A outra margem! 3 uma consciência de que somos salvos com Ele, O incêndio do ódio 4-5 com o Cristo crucificado e ressuscitado que é a razão mesma da nossa fé. Comemoração 2º Aniversário do P. Filipe 6 Ao longo do tempo do ano, entre uma Páscoa VII Curso de Actualização Teológica 7 e outra, todos corremos o risco de esquecer como XIII Encontro Nacional 8 somos limitados e egoístas, como se o mais “Não tenhais medo... dos padres casados!” 9 importante não fosse efectivamente vivermos com Nota do Editor 10 Cristo a total entrega aos outros, e não uns outros mais ou menos abstractos e sem rosto, mas aquele Cartas | Breves... | Novo sócio 11 Outro que tem voz e nome e com quem nos Encontro Regional da Fraternitas 12 (continua na pág. 2)
  • 2. 2 espiral Passagem acomodarmos, não nos resignarmos a viver (continuação da página 1) simplesmente como se não houvesse ainda muito cruzamos em cada momento da vida. E vem então caminho a andar. Como nos meus tempos de este tempo quaresmal lembrar-nos que só uma jovem membro da Acção Católica cantávamos imensa conversão interior nos poderá conduzir a uma estrofe do nosso Hino que nunca me uma atitude diferente, mais desprendida e esqueceu, gostaria de convosco a recordar porque entregue, menos centrada nas nossas próprias se nos aplica plenamente: “Há caminhos não andados mazelas ou condicionalismos, e mais atenta a tudo que esperam por alguém…” E esse alguém temos que quanto o Outro espera de nós e nos pede ser nós, e temos de descobrir quais os caminhos a silenciosamente. Afinal Páscoa é isso mesmo, construir e percorrer. desde as suas raízes bíblicas da passagem do anjo Este ano, no nosso encontro anual vamos exterminador nas casas dos egípcios, da passagem também fazer uma passagem, talvez ainda um do Mar Vermelho a pé enxuto, até à passagem da pouco nebulosa mas certamente necessária para escravidão para a liberdade da Terra Prometida. não estagnarmos: vamos ser capazes de nos O Tríduo Pascal todo ele nos imbebe dessa interrogarmos interiormente como é que devemos profunda sensação da passagem da morte à vida, estruturar estes encontros, em que estilo, em que do pecado à graça, das trevas à luz. E enquanto a modelo, mas sobretudo com que atitude. Não pode nossa sociedade contemporânea se agarra ser apenas um encontro de amigos que partilham distraidamente ao gozo duns dias de férias a meio as suas vidas em ambiente agradável e do percurso fatigante dum ano de trabalho, nós comunicativo, mas não passam disso. Temos que podemos ter essa mais-valia enorme de viver a ser capazes de fazer a passagem para algo de mais Semana Maior num espírito de passagem para comprometedor e interpelador, em que nos uma realidade de salvos e redimidos. Só assim a ponhamos sempre em causa, em que Páscoa não será apenas uma celebração aprofundemos a nossa atitude de fé e esperança, comemorativa mas uma vivência interior profunda em que deixemos de ser meramente passivos em e jubilosa. E então dá-se sim a passagem duma vida relação a alguém competente e esclarecido que nos mais ou menos rotineira e vazia para uma nova ensine coisas novas e velhas, mas precisamos de realidade de inserção na ressurreição e na salvação passar a ser muito activos e corresponsáveis, de do mundo em que nos movemos e somos. Bastante tal forma que o nosso encontro seja um abanão massacrados por tantas desgraças, tanto para as nossas vidas, que correm o risco de se pessimismo, tanto derrotismo que os media nos arrastar cansadas e gastas, mas que não podemos incutem constantemente, poderemos passar a ser de maneira nenhuma deixar de tornar activas e construtores, cada um à sua escala, claro, mas empenhadas. O nosso P. Filipe não espera de nós realmente edificadores dum mundo melhor, mais outra coisa, ele que com uma vivência profunda justo e mais em paz. de Deus nos ajudou sempre a passar adiante, ele Este ano vamos cumprir já 10 anos sobre que até ao fim se comprometeu e empenhou em aquele dia em que o P. Filipe nos convidou apara abrir novos caminhos, em lançar novas sementes, um retiro de padres casados, algo de novo na em passar para novos desafios. Seremos capazes prática eclesial e que nos abriu perspectivas novas de o desiludir? Penso que não, mas preciso de da nossa realidade vivencial. Durante estes dez todos vocês para me ajudarem, porque o anos, muito caminho foi percorrido, fomos Movimento é isso mesmo: é passagem constante crescendo e fomos sobretudo tomando para melhor, numa inquietude permanente que consciência de que somos Igreja, e temos que nos não sabe o que é cruzar os braços nem parar os enquadrar nela como verdadeiros membros passos para a frente. Assim Deus nos ajude, e o activos. O nosso querido P. Filipe já “passou” para Ressuscitado nos abra os olhos e o coração! o lado da luz plena e da alegria total. Mas deixou- nos uma enorme responsabilidade de não nos Vasco Fernandes
  • 3. espiral 3 A outra margem! “Lembra-te que és pó…” eclesial. Mudança profunda, momento, é digno de respeito. As Cinzas abrem solenemente a radical! Pedem-nos heroicidade Quaresma. Somos peregrinos! Erradicar o mal do mundo, autenticada: perseverança, sem “A vida é uma passagem para a mal colectivo e pessoal — é o desânimo! Por vezes, somos outra margem”!… Aviso: desafio proposto! Não é capazes de sacrifícios incríveis: aproveitar o tempo. Enchemo- possível? Assusta-nos um peso peregrinar a pé, jejuar, avultadas - -nos de coisas e ofertas… Há uma “uma só é neces- promessa: “Dou-vos sária”! A realidade um coração novo”! é tão evidente! Se — para perdoar, tudo acaba em fechado à vaidade e cinza! O convite às ambições, aberto está feito… à verdade, apoio da Eis o tempo fraqueza alheia, adequado à mu- compreensivo, dança: atitudes, honesto… comportamentos, O segredo pre- hábitos, menta- sente é a capacidade lidades. Urgente! de amar. Só amar! Não somos escra- Se amarmos, verda- vos… Livres e senhores! tão grande? Bem! Comecemos deiramente, resolvemos os Tomemos a vida em nossas pelo mais simples — mudança maiores e os mais graves proble- mãos. Oh! O fatalismo pessoal. Choca-nos a fome no mas dos homens. Há vedetismo, entorpece-nos! Abramo-nos a mundo? Que podemos fazer? oportunismo, interesses, vaida- novas perspectivas, a novos Vençamos o desperdício que des. Estes arrastam à guerra, à mundos, a novas aventuras. muitas vezes provocamos. vingança, a egoísmos. E igno- A mudança pessoal e Simples e humildes! Depois, ram-se os problemas dos colectiva é urgente. O mundo corajosos para cortar o homens: o desemprego, a fome, novo exige a nossa cooperação. supérfluo. a falta de água, a ameaça dos Não existimos para o Lamentamos a violência no riscos naturais, doenças, aniquilamento. A vida é partilha. mundo? Afastemos a violência epidemias... Só o amor dá E começa por uma atitude nova, da nossa vida, da nossa família, soluções! um comportamento novo, do nosso emprego. Tenhamos a Recordemos a Transfigu- horizontes arrojados. coragem de enfrentar a injustiça, ração! O amor manifestado Quaresma — Meditação! com determinação e com risco transformou aqueles homens. É Transformação! — À mudança da nossa tranquilidade. caminho de transfiguração o que moral? Não! A Metanóia exige Coragem! “Eu venci o mundo!” abre à justiça, à partilha, ao mudança estrutural profunda, — é garantia de sucesso, mesmo perdão. Não pares! pessoal e colectiva: familiar, na contrariedade. Façamos o J. Soares empresas, associativo, social e que devemos. Ser herói um 6 de Março de 2006
  • 4. 4 espiral A inda não havia está em jogo quando se fala dos renegam o Islão”. Concluindo: Ground Zero, nem motivos dos atentados: a grande maioria dos muçul- Madrid, nem Lon- “Então não entendeis, não manos no mundo ficou satisfeita dres. Não havia Toni Blair nem quereis entender que é uma com os ataques às torres Bush Júnior. Ainda não existia cruzada em sentido contrário gémeas. É o que mostram as o conflito do Iraque, apenas a que está em curso? Uma guerra sondagens. guerra soviética no Afeganistão religiosa, a que chamais jihad, e os talibans. E já um taxista guerra santa? Então não Cuidado com os juízos globais austríaco de origem curda percebeis, não quereis perceber Pode muito bem ser que os explicava, ao cliente que chefes muçulmanos transportava da Catedral cultos, como, p. ex., sua de S. Estêvão para a Com as bênçãos do papa e espicaçados Eminência o grande Imã por pregadores inflamados, lançaram-se Bolsa, que o Ocidente é Prof. Dr. Mohammed na guerra santa contra os infiéis — os corrupto, só gosta de ver cruzados cristãos da Idade Média. Sayyed Tantawi, grande mulheres nuas em Com as bênçãos do padrinho do terror Xeque da mesquita Al- Osama Bin Laden e espicaçados por Azhar, recusem decidi- cartazes e revistas, que o pregadores do ódio, lançam-se na guerra cristianismo já está na santa contra os infiéis — os cruzados damente o terrorismo em rampa descendente e que islâmicos do século XXI. As vítimas não nome de Allá. Também o futuro se chama Islão. contam, o terror prossegue. E o mundo desde há décadas o ocidental, ainda marcado pelo E desfazia-se em cristianismo, que só lentamente vai professor universitário e louvores ao Ajatollah despertando, recusa dar atenção à autor de vários livros Dr. Khomeini que, ao seriedade da situação. Bassam Tibi, de origem introduzir a lei islâmica síria e residente na no Irão, conseguiu Alemanha, tenta clari- instituir um estado modelar de que, para os muçulmanos, o ficar a diferença entre a doutrina justiça social. Ocidente representa um mundo de paz do alcorão e a ideologia Quer dizer: ao contrário do que tem de ser conquistado, assassina islâmica. Mas quem que fazem correr pelo mundo castigado e convertido ao conhece os corações de todos os certos comentadores superfi- Islão?” muçulmanos que vivem entre cialmente informados e pro- E a pedra negra do anel nós? Quem conhece e entende gramados para um anti ameri- cintilava-lhe no dedo quando ele as pregações dos seus mullahs canismo vulgar, na sua raiz o chamava “criminoso” ao nas mesquitas? É que tudo se despertar do fanatismo islâmico Secretário Geral da ONU, Kofi resume a uma questão de não tem a ver nem com o Annam, e considerava a Itália, interpretação. Assim como o conflito do Iraque, nem com a a França e a Inglaterra seus facto de Jesus ter recusado Palestina, nem com Bush e “inimigos”. E acentuava mais liminarmente o uso da espada Blair. O seu profeta, o rico árabe uma vez: “Essencialmente é não pôde impedir que os saudita mais procurado, de uma guerra religiosa que está cruzados da Idade Média figura ascética e olhos flame- em curso e quem o negar brandissem a espada contra os jantes, Osama Bin Laden, veio mente”. Segundo o padrinho do “infiéis”, também o facto de os esclarecer, menos de dois meses terror todos os árabes e todos os terroristas islâmicos não após a catástrofe de Nova muçulmanos deveriam, “tomar pretenderem interpretar o Yorque, o que é que realmente partido, se ficarem neutros conceito de jihad exactamente
  • 5. espiral 5 naquele sentido pacifista com Laden. As fogueiras onde ticos, não em último lugar de que os muçulmanos pacifistas o queimam a bandeira norte-ame- proveniência estrangeira? fazem, poderá muito bem não ricana e bonecos com a figura O Ocidente, após duas ter explicação. de Bush. Queiram os cegos do terríveis guerras mundiais, após No livro “A Raiva e o Ocidente escutar a gritaria de a queda de duas ditaduras com Orgulho” a grande jornalista júbilo ao Deus-misericordioso- milhões de vítimas e após Sre- italiana Oriana Fallaci, a viver -e-irado, ou os gritos de Allah brenica, gozando, em certa me- em Nova Iorque, retrata com akbar… Serão grupos margi- dida, de paz e bem-estar, tem O INCÊNDIO DO ÓDIO * palavras fortes a adesão das nais extremistas? Minorias dificuldade em se adaptar a este massas muçulmanas à guerra fanáticas? Mas são milhões e desafio cada vez mais próximo. santa de morte: “do Afeganistão milhões os extremistas! São Talvez não consiga atingir todo ao Sudão, da Indonésia ao milhões e milhões os fanáticos! o alcance do que ainda está para Paquistão, da Malásia ao Irão, Milhões e milhões para quem vir, nem das ideias ou meios de do Egipto ao Iraque, da Argélia Osama Bin Laden, vivo ou combate que os assassinos de ao Senegal, da Síria ao Kénia, morto, é uma lenda igual a massas islâmicos ainda poderão da Líbia ao Chade, do Líbano a Khomeini. vir a desenvolver. Com efeito, Marrocos, da Palestina ao o reforço dos controlos fron- Yémen, da Arábia Saudita à Um Desafio Novo teiriços e a expulsão radical dos Somália, cresce a olhos vistos o Até onde vai, entre os pregadores do ódio não poderão, ódio ao Ocidente. Ele incendeia- muçulmanos que vivem entre só por si, resolver o problema. -se como um fogo estimulado nós na Europa, a simpatia pelos A verdade é que o terror conti- pelo vento enquanto os discí- autores dos atentados em Nova nua a ser o grande desafio às pulos do fundamentalismo Yorque, Madride ou Londres? nossas democracias. islâmico se multiplicam como Ninguém sabe. Não lhes im- Mas ele sublinha também células que se dividem sempre porta sequer o facto de ultima- como é urgente a união de todas mais. mente em Londres quatro as comunidades religiosas no Quem, no Ocidente, não jovens terem sido traiçoeira- combate comum contra o mal do perceber isto queira ver nas mente mandados para a morte nosso tempo, mais propriamente televisões as imagens que, todos pelos assassinos? Também não de todos os tempos. Contra os dias, ali nos são apresentadas: serve de nada que, sob o slogan fundamentalismo e fanatismo As massas que inundam as “guerra santa contra os nas próprias fileiras. ruas de Islamabad, as praças de americanos”, todos os dias em Walter Axtmann Nairobi, as mesquitas de Bagdade e arredores sejam Teherão. As caras furiosas, os assassinados inúmeros ira- (* in Kirche In, 08/2005, pp. 32,33) punhos cerrados e ameaçadores, quianos, entre os quais inúmeras os cartazes com a figura de Bin crianças, por islâmicos faná- (Tradução de João Simão)
  • 6. 6 espiral Comemoração do 2º Aniversário da partida do P. Filipe F ez no passado dia 27 No de Novembro dois lado es- anos que o Padre querdo Filipe Figueiredo nos deixou do Pal- duma forma inesperada, mas co esta- marcante para todos aqueles que va um com ele conviveram. retrato Em Estarreja, sua terra do Pa- natal, onde foi criada em 2004 a dre Fi- Fundação Cónego Filipe de l i p e Figueiredo, quis esta Fundação, mani- juntamente com a Câmara festando- Municipal, comemorar o 2º -nos a sua presença. Filipe tinha pelo Povo cigano”. Aniversário da sua partida com A Orquestra da EsproArte, Foi uma alegria e um sentir uma Semana de Comemorações de Mirandela, dirigida pelo profundamente a importância que encerrou com um Concerto Maestro e Director de Orques- que Maria tinha na vida do que teve lugar no Auditório tras e Compositor Espanhol de Padre Filipe e que tão bem nos Municipal a que tive a origem Cigana Paco Suarez, e soube transmitir. Foi um mo- oportunidade de assistir, com o um Grupo de Solistas, Bailari- mento de muita união a todos os Vasco em representação do nos e Cantores ciganos, delei- que sabiam como era e é o Padre nosso Movimento Fraternitas. taram-nos com um Programa de Filipe esse momento em que a Foi um Concerto mara- música de vários autores esposa de Paco Suarez nos vilhoso em que sentimos conhecidos entre os quais ele cantou essa Ave-Maria. É bom realmente a presença do Padre próprio Paco Suarez. sabermos e lembrarmos aqueles Filipe, nosso fundador que tanta Este Concerto teve o seu que amamos e que partiram à saudade nos deixou, mas que lá momento mais alto quando o nossa frente para junto do Pai. do Alto vela por nós e nos ajuda Maestro Paco Suarez nos disse a continuar a ser sinal da que tinha composto uma Ave- Bem haja Padre Filipe pelo presença do Senhor no meio de -Maria em homenagem ao Padre bem que nos fez e, lá do Céu todos aqueles que connosco se Filipe que ele lembrava com onde acreditamos nos tenha cruzam. muita saudade e a quem oferecia precedido, vele por nós para que Gostava de partilhar con- aquilo que sabia que o Padre consigamos seguir no caminho vosco o que senti pois sinto-me Filipe tanto gostava, dizendo: que nos mostrou e por onde na obrigação de o divulgar a “seja onde for que ele estiver queremos e cremos vir a todos aqueles que conheceram aqui fica a nossa Homenagem encontrar-nos um dia! o Padre Filipe e sabem como ele de grande saudade lembrando amava o nosso Movimento... toda a amizade que o Padre Mª Isabel Beires Fernbandes
  • 7. espiral 7 VII Curso de Actualização Teológica 2005 Com a presença de cerca de activa a parti- setenta associados teve lugar em cipação indi- Fátima, na Casa de Nª. Sr.ª do vidual com a Carmo, na data de 11 a 13 de correspondente Novembro de 2005, mais um riqueza de re- curso de actualização teológica, flexões e de subordinado ao tema “Pertença conclusões. Eclesial do Cristão”, que foi Os temas de- orientado pelo Doutor João senvolvidos Duque, Teólogo e Professor pelo confe- Universitário. rencista fo- Numa breve sessão de ram: “Dimen- O conferencista, Dr. João Duque. abertura, após uma sucinta são eclesial Trindade, que é em si mesmo apresentação dos presentes, a da fé”, “Igreja como comuni- relação, comunidade. Na secretária deu notícias sobre o dade” e “Comunidade laical”. origem, na vida e na morte, o ser que entretanto se tem passado na Salientou-se que a fé cristã de humano engloba em si um nossa associação e falou dos cada um de nós é a adesão a algo aspecto relacional, comunitário. membros que não puderam estar que nos é proposto, não a algo A nossa identidade como crentes presentes por doença ou por que nasça de cada um. É uma não se define a partir de nós impossibilidade profissional. experiência, uma adesão pes- próprios mas é-nos dada gra- Estes momentos de notícias da soal. Mas essa adesão pessoal a tuitamente por Deus. Deus “Família Fraternitas” são muito algo que é proposto é um acolhe cada ser humano tal importantes porque nos ajudam processo comunitário. Dando como acontece ele ser. O a manter a união entre todos e a esse passo de adesão, entramos acolhimento da fé não é desin- dar expressão à preocupação de numa comunidade de fé — há carnado, é condicionado pelas uns pelos outros. um conteúdo de fé que é trans- circunstâncias, pelos contextos O plano de trabalhos mitido e que se aceita. Esta op- culturais e sociais. proposto previa três conferên- ção pessoal de aceitação dum A comunidade humana cias, seguidas, cada uma delas, conteúdo transmitido começa na constrói-se na assunção das de sessões de trabalhos por família. diferenças de cada um. A grupos e de plenários comen- A nossa profissão de fé num fraternidade é algo a construir. tados pelo orientador. Deste Deus uno e trino é o início da modo torna-se muito mais nossa relação com Deus (continua na página 8) Fundo de Partilha Como todos somos sabedores, é imperioso, mor- Porém, só é possível distribuir o que os sócios da mente nos tempos que correm, acorrer e Fraternitas “depositam aos pés dos apóstolos”... acudir a casos de necessidade. E, como apren- Eis o NIB da nossa conta (para transferências para demos e importa praticar, a caridade começa pela a solidariedade): própria casa... 0033-0000-45218426660-05.
  • 8. 8 espiral VII Curso de Actualização do além, da cidade celeste, foi primeiros sábados, para “ga- Teológica 2005 uma ilusão e criou muitas rantir” a salvação da alma, já (continuação da página 7) perversões. pouco dizem à mundividência Embora consideremos mais Depois falou-se de Igreja das actuais gerações. Hoje em fácil entrar em comunhão com hierárquica e de Igreja Povo de dia o acento tónico vai para os quem concorda connosco, Deus. Reflectiu-se sobre os aspectos sociais, a ajuda mútua, devemos entender que o Senhor ministérios e o lugar dos o voluntariado a favor do irmão, nos trata duma forma bem ministérios ordenados. Salien- cristão ou doutra fé, como sendo diferente: Ele ama-nos apesar tou-se que o ministério funda- esses os passos que definem a das nossas infidelidades. mental é o do cristão como autêntica caminhada de A Igreja não é uma entidade anunciador da Boa Nova. Todo salvação. orientada para si mesma, mas o cristão, clérigo ou não, se Os trabalhos terminaram uma entidade orientada para os define por estar ao serviço dos com a Eucaristia dominical. outros. É uma barca para todos. outros. Nestes termos, quando Tratou-se realmente duma A relação Igreja–mundo é uma fazemos uma crítica, é uma jornada de reflexão, dum relação fundamental. auto-crítica que fazemos. encontro de amizade entre A tentativa dalgumas Decididamente: uma prática irmãos, de conforto e animação sociedades monacais de religiosa de missas, terços, para todos. antecipar já neste mundo a vida novenas, primeiras sextas feiras, João Simão X III E N C O N T R O N A C I O N A L Data: de 28 de Abril (jantar) a 1 de Maio (almoço) de 2006 Local: Casa dos Capuchinhos (Fátima) Inscrições: Secretariado da Fraternitas Eduarda Oliveira e Cunha Estrada Velha de Abravezes, 292 3510-204 VISEU Certamente não carece referir a importância e a necessidade de nos encontrarmos, de reflectirmos, de rezarmos, de convivermos, de avaliarmos a nossa actuação, de apoiarmos que dá o seu melhor pela nossa Associação/Movimento. A presença de todos e de cada um é estímulo para os outros. A nossa Assembleia Geral Anual, que terá lugar durante o Encontro, precisa de ti e da tua opinião. Precisamos uns dos outros. Mobilizemo-nos!
  • 9. espiral 9 “NÃO TENHAIS MEDO... DOS PADRES CASADOS!” Por Marcel Metzeger* “Não tenhais medo!” pastoral noutra Igreja. O franceses. Convém sabermos Este apelo, lançado pelo Concílio Vaticano II não teve que não são admitidos ao papa João Paulo II em medo de restaurar o diaconado episcopado senão os padres a 1978, no dia da sua eleição, para homens casados: os quem foi feito um inquérito ficou célebre. Há dez anos, diáconos podem celebrar prévio, e nele se declararam o padre Bernard Sesboüe baptismos, casamentos, como partidários da doutrina usou-o como título dum funerais, liturgias da Palavra, oficial do celibato. Se um bispo livro em que propunha encarar a possibilidade da sendo ao mesmo tempo francês colocasse a hipótese da ordenação de alguns missionários nos seus meios ordenação de homens casados – homens casados. Será ambientes. Então porque razão como em Estrasburgo em Junho que houve progressos se há-de recusar esta solução de 2000 – isso significaria que neste ponto? Parece que para o ministério sacerdotal, ele evoluiu, ou que o inquérito não. quando se reconhece a tinha sido mal feito. importância da Eucaristia para Presentemente, convém Com efeito, em Novembro cada comunidade e se deplora dizer aos bispos de França: último, a conferência episcopal que a falta de padres as privem “Não tenhais medo, quanto ao de França, ao comentar os dela com tanta frequência? ministério sacerdotal, dos trabalhos do recente sínodo Um dos argumentos que homens casados. Vós já os romano, declarava, a propósito muitas vezes se utiliza é a menor admitis ao diaconado. Jesus deu do celibato eclesiástico: mobilidade do clero casado. o exemplo, Ele que confiou as “Perante a falta de padres que Mas os pastores do tempo de S. chaves da Igreja a um homem caracteriza um certo número de Paulo, que eram chefes de casado, ao qual, dizem-nos os regiões no mundo, o sínodo ana- família, eram assim tão móveis? Evangelhos, Ele tinha curado a lisou a hipótese de ordenação de Os pastores protestantes e os sogra. Não tenhais medo de homens casados, os “viri padres anglicanos serão estudar a história da Igreja para probati” (ou seja: homens que porventura inamovíveis? nela descobrir a diversidade de já deram provas).Os Bispos Quanto ao celibato sacer- soluções pastorais adoptadas exprimiram a opinião de que dotal, o facto de admitir a segundo os tempos e os lugares, não se deveria enveredar por ordenação de homens casados graças à assistência do Espírito esta via. Reafirmaram a não significa o seu fim: as duas Santo”. importância do celibato na formas de vida existem desde as No cristianismo, é Jesus, o prática da Igreja latina (...) origens do cristianismo. S. primeiro, que convidou a não ter Importa promover e defender a Paulo não era casado, mas cha- medo no meio da tempestade (Jo escolha do celibato sacerdotal”. mava homens casados para os 6, 20). Ele dirigia-se aos seus ministérios. E as Igrejas orien- discípulos, dos quais os bispos Duas formas de vida tais conservaram as duas tradi- se consideram sucessores. No entanto, o papa João ções. Paulo II não teve receio de admitir à ordenação mais de 200 Diversidade de soluções homens casados, viri probati, pastorais * (padre, teólogo, já foi director da Faculdade de Teologia de Estrasburgo, que tinham dado provas Podíamos então espantar- colaborador de Regard Chrétien des DNA exercendo um ministério nos com a posição dos bispos — texto inserto no nº 21, de 25.01.2006)
  • 10. 10 espiral vento.” De facto, desafiar o ENCONTRO REGIONAL DA FRATERNITAS (continuação da pág. 12) vento é ter a coragem de ser luz, mesmo para quem não nos compreende! É sermos farol e O ambiente do Encontro, Depois de um dia assim não nos contentarmos em ser como sempre, foi de um intenso vivido em tão reconfortante apenas uma vela a arremessar testemunho do interesse que convívio de irmãos, depois da fumos inúteis. cada um mostrava pelo bem- troca de recordações das vidas Agora esperamos ansiosa- estar dos outros, mesmo passadas e das presentes, chegou mente o costumado grande ausentes. A Direcção do nosso a hora das despedidas. Abraços Encontro-Curso, a nível Movimento, através de um aos molhos entre os irmãos, nacional, em Fátima, nos «fundo de maneio», tem beijos e promessas de novos próximos dias 11,12 e 13 de prestado toda a espécie de ajuda encontros, cada um de nós lá Novembro, onde iremos estudar a qualquer sócio que dela partiu para suas terras, não sem e discutir o tema deste ano, precise. Mas nunca se sabe um olhar para trás cheio de «Presença Eclesial do Cristão», quem precisou e que ajuda saudades daquele Encontro que sob a orientação do Dr. João recebeu!... É a vivência da tanta força nos deu para Duque, teólogo leigo, professor norma evangélica: «não saiba a continuarmos a viver esta da Universidade Católica de tua mão esquerda o que faz a tua fraternidade, ao nosso jeito. Braga. Nele participarão sócios direita». E o nosso jeito não é sermos do nosso Movimento de todo o Sabemos viver aquilo que carneiros de Panurgo país. um dia, Antoine de Saint- (personagem do «Pantagruel» O nosso Movimento Exupéry escreveu: «A caridade de Rabelais), mas assumir as «Fraternitas» é uma porta nunca humilhou aquele que nossas responsabilidades e sempre aberta a todos. beneficiou dela, nem sequer o caminhar em frente com a Sobretudo aos que aprenderam prendeu com as correntes da coragem que Confúcio a amar, porque, se aquele que gratidão, já que a dádiva não foi recomendava aos seus quer fazer bem, bate à porta, feita a ele, mas sim a Deus». É discípulos: “O sábio... quando aquele que ama, encontra-a preciso amar para perceber vem a tempestade, caminha sempre aberta!... isto!... sobre as ondas e desafia o Manuel Paiva Nota do Editor: Assim, decidindo-se pela sua saí- único responsável, peço a todos Este número do nosso boletim da no primeiro trimestre de 2006, perdão. Espiral corresponde a dois tri- vai um pouco mais “gordo”, com- Mas importa repensar os moldes mestres, sendo, portanto, um nú- pensando (se tal é possível!...) o do nosso boletim e, principal- mero duplo. deplorável atraso. mente, julgo chegado o momen- Tal facto deve-se, principalmen- Por outro lado, os ecos que me fo- to de se proceder à minha substi- te à impossibilidade de o ter fei- ram chegando (mais do que quei- tuição. Sem angústias nem so- to sair, com normalidade, no tem- xas, eram lamentos pela sua ausên- bressaltos. Aliás, estou a fazer o po devido — altura do Natal de cia...), demonstram a importância Espiral desde o número um e é 2005. Teve a ver com a minha deste elo entre os membros da nos- importante renovar. disponibilidade/indisponi- sa Associação e outros leitores Vamos pensar e andar para a fren- bilidade, o que, sinceramente la- atentos. te! mento. Pelo facto do atraso, de que sou o Alberto Osório
  • 11. espiral 11 Cartas... Acompanho, com vivo interesse, a actuação da da Associação, Dr. Vasco Fernandes, desejando- “Fraternitas”, através da agradável visita trimes- -lhe e a toda a equipa, profícuo trabalho. tral do jornalzinho “Espiral”. Envio o cheque junto, para ajudar as despesas Bem haja a este e a quem o envia, a começar com o boletim. pelo primeiro responsável: o caro João Simão, Subscrevo-me, com amizade e consideração dilecto companheiro de Coimbra. Braga, 21-09-2005 Felicito, de modo especial, o novo Presidente Eurico Nogueira N.R.: Muito nos apraz registar esta rito de Braga e leitor atento do nos- outras certamente já o foi feito) o missiva, que nos remeteu o Sr. D. so boletim. Cremos ser também de seu contributo para as nossas des- Eurico Nogueira, arcebispo emé- agradecer (por esta via, pois por pesas. Bem haja! QUOTAS Novo Sócio da FRATERNITAS Agradecemos o favor de serem pagas as quotas para Admitido na Reunião de Direcção de 4 de Fevereiro de 2006 o nosso Movimento. A única fonte de receita são Nº 106 -DOMINGOS COSTA LEITE os nossos contributos e, quando faltam, o tesoureiro vê-se em apertos... No próximo número esperamos cisco Santos (Vila do Conde), e b r e v e s . . . poder incluir um texto mais desen- do António Limas (Argentina). volvido sobre este nosso irmão que Não esquecendo a Mariazinha, FALECIMENTO (a): A mãe tão brevemente passou pela Fra- esposa do Silva Pinto (Santa da Antónia Sampaio faleceu no ternitas. Marta de Penaguião). passado dia 16 de Outubro de À sua esposa e a todos os seus, os Tenhamo-los a todos presentes 2005. Abnegadamente suportou nossos sentidos pêsames. nas nossas orações. várias maleitas e sofrimentos que Ânimo e efectivas melhoras. EM PROVAÇÃO: Vários dos a atormentaram nos últimos anos nosso consócios encontram-se em NASCIMENTO: No passa- de vida. provação, por motivos de doença. do dia 23 de Novembro de 2005, Paz para ela. Ressalvando outras situações de nasceu, com 32 semanas, a Ca- FALECIMENTO (b): Nesse que, por vezes, não temos conhe- rolina, filha do Manoel Pombal mesmo dia, 14 de Outubro de cimento oportuno, só o sabendo e da Luísa. 2005, teve igualmente a sua bastante mais tarde, devemos men- Os nossos sinceros parabéns aos páscoa, o nosso sócio António cionar expressamente os casos do pais e felicidades para a meni- Júlio Sampaio Veríssimo (nº Luís Gouveia (Ermesinde), do na. 104). Orival Pinto (Vila Real), do Fran-
  • 12. ENCONTRO REGIONAL DA FRATERNITAS Dia 22 de Outubro de 2005. O tempo ora ser poder, tanto na política como na Igreja, ou para chovia ora sorria: era o retrato da vida de qualquer se locupletarem, ou para desassossegar mortal deste complicado planeta!... consciências com fardos que não carregam! Será Tinha sido que os visados, esse o dia marcado por andarem para o Encontro desavisados, não Regional da estremeceram?!... «Fraternitas», da A «Casa da zona Norte. Por Carreira» sorte foi em Vizela, pertence à família na quinta da «Casa da Isabel e do da Carreira», que Vasco, colegas tinha uma frondosa deste grupo de e refrescante sacerdotes floresta de «dispensados» do castanheiros, exercício do carvalhos da Índia, ministério. tílias e outras Fomos ali árvores de grande porte, a rodear aristocráticas recebidos como verdadeiros irmãos, no calor de habitações, cujo granito testemunhava, quem se sabe dar, fazendo-nos sentir nossa a casa silenciosamente, as já longínquas vozes de quem que tão bem nos acolheu!... as ergueu!... Havia salas e salões para tudo quanto Eram 40, acompanhados de familiares. E mais se pudesse sonhar: divertimento, descanso, 10 que nos enviaram saudações por não poderem cavaqueira, jogos, e até uma linda capela, de estar presentes, dados os seus compromissos. rendilhados de pedra na sineira, nos dintéis e Viveram-se ali horas de um convívio cornijas da fachada. Ali reflectimos e rezamos pela fraternalmente alegre, como tem sido timbre alma dos colegas falecidos e pela saúde dos ainda destes Encontros de almas gémeas nas vicissitudes vivos. É que todos nós aprendemos a amar, e o de uma vida marcada pelo espírito de inter-ajuda, amor é um caminhar, unidos, na mesma direcção. que tanto conforto tem dado àqueles que, alguma Conforme escreveu o romancista francês Saint- vez, precisaram da presença amiga dos colegas, Exupéry, «Amar não consiste apenas em olhar uns em horas adversas. Em vez de enxugarmos para os outros, mas em caminhar unidos na mesma lágrimas, preferimos que elas não brotem. É que direcção». o verdadeiro amigo não é o que nos enxuga as Podemos não ter tudo o que amamos, mas lágrimas, mas sim aquele que não as deixa cair!... amamos tudo o que temos! Mesmo que nos Enquanto uma equipa se afadigava, numa das quisessem tirar «tudo», há faúlhas da alma que cozinhas, a preparar um apetitoso (e nunca mais não se apagam nas provações...No Evangelho do esquecido!) arroz de frango, e a distribuir, pelas 31º Domingo, do passado dia 30 de Outubro, mesas, os acepipes trazidos pelos sócios do Cristo deu o golpe de misericórdia nos que querem Movimento «Fraternitas», outros colhiam, para um magusto familiar, castanhas fresquinhas que os castanheiros boletim da espiral associação fraternitas movimento prodigamente iam deixando cair Rua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO no chão manteado de folhas Responsável: Alberto Osório de Castro e-mail: espiral.boletim@clix.pt amolecidas. Nº 21/2 - Outº 2005 / Mar 2006 (continua na página 10)