O documento discute a celebração da Páscoa em meio à pandemia da Covid-19. A pandemia expôs fragilidades humanas e levou a uma reflexão sobre valores como solidariedade. Apesar do medo e incerteza, a fé na ressurreição de Cristo traz confiança e esperança. É preciso iluminar os outros com pequenos gestos de amor durante este tempo difícil.
1. Nº 71 - Janeiro/Março de 2021
b o l e t i m d a F R A T E R N I T A S M O V I M E N T O
(continua na pág. 3)
Cartas
Poesia: Corpo Ascencional 2
A mulher em imagem, estereótipo
ou preconceito na Igreja 3-5
1º ENCONTRO VIRTUAL DA FRATERNITAS 6-7
A ONPC no Caderno Cáritas (Entrevista) 8
Páscoa 2021... 9
Todos irmãos 10
In Memoriam... 11
Segue o Espírito 12
CANTARALELUIA EMPANDEMIA
C
elebramos este ano a Páscoa, após um
ano que virou as nossas vidas do avesso.
A Covid-19 vem mostrar como são
enganadores estes impulsos narcísicos cegamente
sobredimensionados.Como noslembraaencíclica
FratelliTutti, esta tempestade“desmascaraanossa
vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e
supérfluas seguranças” (nº 32). Estávamos a viver
de uma ilusão associada a padrões de consumo
nunca experimentado pelas gerações passadas,
esquecendo que esse enganoso conforto ia pondo
em causa valores fundamentais, como os da sã
convivência social, da solidariedade e do respeito
pela Natureza.Acompetitividade desenfreada e o
inebriamento da euforia do lucro a qualquer preço
sacrificam a fraternidade e a própria susten-
tabilidade do nosso planeta. Temos vindo a
estragar abondadedo mundo quenos foiconfiado,
fazendo com que ele não corresponda ao projeto
do Criador, que é promessa de vida, festivamente
celebrada nesta Páscoa.
A
tingidos pelo isolamento epelaincerteza,
somos dominados pelo medo. As
presentes inquietações são de tal ordem,
quepodemos perguntar-nos se aalegria anunciada
na Páscoa não passa de uma ilusão ou de uma fuga
à realidade. Diante do horror insuportável das
consequências da pandemia, édifícil acreditar que
Deus recusa a legitimação do sofrimento e da
morte. Todavia, depois de o início da Quaresma
nos ter lembrado que não somos senão poeira e
cinza, agora a Páscoa anuncia-nos que esta cinza
pode tornar-se braseiro a incendiar os nossos
corações.Atorrentedevida de Cristo ressuscitado
vem banhar a nossa sedede uma alegriaprofunda,
perfeita e durável, capaz de dar sentido e sabor à
existência, e isso só pode ser garantido não por
um amor frágil, como é todo o amor humano, mas
pela incandescência de um amor divino.
Precisamos muito destafontedeconfiançaserena,
quando os nossos passos se tornam titubeantes e
o nosso coração se torna pesado. Como sublinhou
o Papa no segundo domingo da Quaresma, “o
Senhor ressuscitou e não permite que as trevas
tenham a última palavra”. Nas provações, a
2. espiral
2
Caríssimo amigo Osório, bom dia!
Acabei de ler o Espiral n.º 70 e quero dizer-te,
em duaspalavras, que agradeço eaprecio o grande
esforço que fazes, apesar das dificuldades de que
falas na “introdução” em que te referes ao mail
mandado há tempos. Não obstante essas
contrariedades e, por cima a do computador…,
foste persistente e —boa ideia— fizeste este
apanhado que resume o que se passou no tempo
que intermediou. Parabéns pelo esforço.
Neste, apreciei especialmente o artigo do
Manuel Paiva, na última página —
“Compreendi…também já passei pelo mesmo”.
Apeteceu-me dizer o conhecido “me too”. Gostei
da argumentação que ajuda a resolver a questão
efectivamente paradoxal.
Bom,meu amigo Osório, desejo-teuma estável
corroboração da tua saúde e aproveito para te
desejar a ti e família um Santo Natal e um Ano
Novo repleto das maiores bênçãos de Deus.
Com consideração e amizade,
Olindo Marques
Marrazes, 20.12.2020
C a r t a s . . .
CORPO ASCENSIONAL
— Não me detenhas, Myriam. Tenho de ir.
— Para onde vais?
— Myriam, não toques no meu corpo ascensional.
— Para onde vais?
— Vou para o íntimo donde vim. Para a memória de sempre.
— A tua memória?
— Sim. A memória de mim.
— Não vás. Não vás sem um beijo no temor de te não ver mais.
Dá-me de ti o sentido firme da altura.
Eleva-me ao sonho da espera.
Inunda-me os olhos de perfume.
Deixa-me nos dedos a arte de tocar o azul dos céus e o vento.
Apura em mim o dom de te respirar com palavras e o pensamento.
José Alberto Oliveira
3. espiral 3
(continuação da pág. 1)
estabilidade da nossa confiança vacila, mas a luz
que brilhou naquela ditosa madrugada estimula a
deixar-nos deslumbrar pela mesma experiência
pascal que fez Maria Madalena correr de junto do
túmulo vazio para dar a boa notícia aos discípulos
desalentados. Foi ela a primeira missionária, a
“apóstola dos apóstolos”, a anunciar que a nossa
vida não está confinada às fronteiras da morte.
E
screveu recentemente o cardeal Tolentino
Mendonça que a pandemia, ao mesmo
tempo quedevolveaconsciênciado limite,
“impelearefletircriticamente”sobreformasatuais
dehabitar omundoeestimula-nos a“sondarnovos
modos”. É o que o Papa Francisco vem pedindo
insistentemente, ao propor uma “cultura de
misericórdia” que combata a indiferença e a
desconfiança entre seres humanos.
T
ornou-se difícil encarar o futuro com esta
confiança serena, assim como não é fácil
ver na luz pascal a fonte da nossa
transfiguração. Confinados às paredes das nossas
casas, assemelhamo-nos aos discípulos que
estavam fechados no cenáculo, dominados pelo
medo, mas foi a esses medrosos que Cristo
apareceu ressuscitado e isso mudou completa-
mente as suas vidas. Na já referida alocução, o
Papa Francisco comparou a fé a uma luz que
“ilumina em profundidade o mistério da vida”,
convidando os cristãos a“acender pequenas luzes
no coração das pessoas, ser pequenas lâmpadas
do Evangelho que trazem um pouco de amor e
esperança”. Esperemos que o brilho da manhã de
Páscoa possa derramar fragmentos de luz divina
sobre as nossas obscuridades, para que os nossos
olhares sombrios se deixem transfigurar por essa
incandescência, como aconteceu aos dois
caminhantes de Emaús.
A
nuvem negra da terrível pandemia que
tem semeado tantas mortes e tanto
sofrimento, leva-nos a celebrar este ano
a Páscoa com uma alegria mais contida. É uma
alegria que se funde com o escuro da dor, mas
não será uma alegria que se esfuma em fogo-de-
-artifício.
Manuel António
Cantar Aleluia em Pandemia
- Introdução
Na vida de todos os dias, em nossa actividade men-
tal, quando olhamos, ouvimos, observamos, analisamos
o que quer que seja, usamos as mesmas estruturas psí-
quicas, sejam assuntos de existência, de reflexão
empírica,científica,defé,religião ouespiritualidade.Quer
queiramos, quer não, confrontamo-nos com atitudes de
preconceito, estereótipo, ou com experiências directas
de realidade, imagem, dependentes das percepções de
cada situação. Como as estruturas psíquicas são as
mesmas quaisquer que sejam os domínios de análise, de
estudo, irei abordar o tema em epígrafe, com os instru-
(continua na pág. 4)
O texto do Jorge Ribeiro que publicamos, é de grande actualidade
(a mulher na Igreja) e reveste-se de um interesse especial, interli-
gando a análise psicológica com a reflexão bíblica.
Dada a sua extensão, porém, será apresentado em mais do que um
número do espiral.
4. espiral
4
mentos psíquicos que passo a apresentar.
Muitodoquevivemosdependedaspercepçõesque
temos. Por sua vez, elas afectam os nossos comporta-
mentos, as nossas atitudes.Apercepção é um "processo
complexo quevisa atribuir significação à situação em que
o organismo se encontra, e que pode envolver o funcio-
namento de todas as estruturas e funções cognitivas,
mesmo as mais elevadas, como o pensamento abstrac-
to" (Pereira, O. G., Psicologia de Hoje, Porto, 1976, p.
273). Tais processos cognitivos não são passivos, pelo
contrário são activos, construtivos, reconstrutivos, mes-
mo imaginativos, decorrentes da nossa história de vida.
A atitude "que é elemento de concatenação e orde-
nação de comportamentos, poder-se-á definir como uma
tendência para responderde ummodo determinado a um
estímulo específico,seja eleumconceito,uma ideia,uma
pessoa, ou uma instituição. A atitude normalmente resul-
ta da combinação de crença com valor.
A crença assenta numa relação entre dois concei-
tosindependentes. Porvezes, diz-seque "osciganosnão
são pessoas de confiança". Tal frase estrutura uma cren-
ça (dimensãocognitiva).Naquelaproposiçãohádoiscon-
ceitos independentes. Com efeito, há gente que confia
em ciganos, bem como há ciganos merecedores e dig-
nos de confiança. Portanto, os dois conceitos (cigano e
confiança) não dependem um do outro. O valor é a di-
mensão motivacional de um conceito. No exemplo dado,
a não confiança alimentará atitudes: ou de evitar, estabe-
lecer relações com ciganos, ou de, pelo menos, definir
como suspeitas as relações com os ciganos. Portanto, na
atitude, há que considerar uma dimensão cognitiva, a
crença e uma dimensão motivacional, o valor (Pereira,
O. G., o. cit. p. 351).
A dimensão cognitiva das atitudes joga um papel
de grande importância. As pessoas podem ter atitudes
para com aspectos da realidade da qual têm ou não têm
experiência directa. Quando uma pessoa tem uma ati-
tude assente na sua experiência directa, a dimensão
cognitiva é designada como imagem.
Mas quando à pessoa falta a experiência directa da
realidade eésubstituídaporuma crença queé alicerçada
na experiência de outros, essa crença chamar-se-á este-
reótipo ou preconceito (Pereira, O. G., o. cit. p. 351).
O estereótipo constitui, então, uma atitude
racionalista, inflexível, rígida não derivada de uma obser-
vação pessoal e análise directa e objectiva da realidade.
Por exemplo, há estereótipos referentes a pretos, como
preguiçosos e indolentes, mas as pessoas que os têm,
têm-nos muitas vezes e até nem conhecem pessoalmen-
te pretos. Nestas situações é, apenas uma ideia! Defen-
dem-na abertamente, mas sem conhecimento de situa-
ções concretas.
O preconceito, como atitude, é diferente, tem uma
dimensão operacional, é uma atitude profundamente
motivada, levaà acção.Opreconceito levaráalguém, por
exemplo, a nunca contratar alguém preto para trabalhar.
O preconceito constituirá um "processo de acção sobre a
realidade, que nega o próprio exame dessa realidade" de
um modo isento, intelectualmente honesto (Pereira, O.
G., o. cit. p. 351).
Por vezes, diz-se aos meninos, "Os homens não
choram". Se induzir uma atitude de alheamento, superfi-
cialidade, insensibilidade, estaremos provavelmente pe-
rante um estereótipo. Se induzir uma atitude de repres-
são de umsentimento forte que afecte o equilíbrio emoci-
onal da criança, estaremos provavelmente perante uma
forma de preconceito. A propósito Antoine Saint Exupéry
escreveu em “O Principezinho” "Éum lugar secreto, a ter-
ra das lágrimas". Para o poeta William Blake, quando um
homemchora,ele não estádemonstrando fraqueza,mas
sim exibindo ao mundo todos os sentimentos que podem
ser contidos em uma gota (aqui estaremos perante uma
imagem).
- Textos bíblicos em análise
Para reflectir sobre a realidade da MULHER NA
IGREJA utilizarei estes critérios de análise, que me pare-
cemproporcionarinstrumentos adequadose apropriados
para observar a realidade que defini como objecto de es-
tudo. Nesta tarefa, tentarei ter por lema o que Jesus afir-
ma de Si de modo taxativo em João (14:6): Eu Sou a
VERDADE, proferido num contexto mais lato da resposta
de Jesus a Tomé: "Senhor, não sabemos para onde vais.
Como podemosconhecero caminho?"Diz-lheJesus:"Eu
Sou o caminho e a VERDADE e a vida." Esta mesma
ideia aparece logo no iníciodo Evangelho de João (1:14):
(continuação da pág. 3)
5. espiral 5
E o verbo fez-se carne e habitou entre nós; e contemplá-
mos a sua glória - glória enquanto 'filho' unigénito do Pai,
pleno de graça e de VERDADE.
Saliento parcialmente a nota de Frederico Lourenço
em relação a João (1:14): … João não diz que o verbo se
fez "homem", mas sim que se fez "carne" (sarx). Seria
impossível sublinhar mais a literalidade da encarnação.
…
O que nos diz a Escritura no 1º relato da Criação, no
chamado documento sacerdotal (Gn 1:26,27,31): Deus
disse ainda: Façamos o ser humano à nossa imagem e
semelhança (…) Deus criou então o ser humano à sua
imagem,criou-ocomoverdadeiraimagemdeDeus.Eeste
ser humano criado por Deus é o homem e a mulher.
E Deus achou que tudo aquilo que tinha feito era
muito bom.
Num 3.º relato da Criação, no dito Livro dos descen-
dentes deAdão (Gn 5:1,2) está escrito: "Esta é a lista dos
descendentes de Adão. Quando Deus criou o ser huma-
no, fê-lo semelhante ao próprio Deus".
O ser humano assim criado é o homem e a mulher.
Ao criá-los, Deus abençoou-os e chamou-lhes seres hu-
manos.
Em resumo, direi: neste projecto divino da Criação,
segundo o 1º e o 3º relatos bíblicos, o ser humano é cria-
do "como verdadeira imagem de Deus", sendo homem e
mulher, ambos abençoados por Deus. A criação do ser
humano é realçada de modo especial: E Deus achou que
tudo aquilo que tinha feito era MUITO bom (Gn 1:31), em
contraste com as avaliações dos outros dias de, apenas,
boas. Em suma, o homem e a mulher têm a mesma
dignidade; são imagem de Deus. Mas o projecto divino
da Criação completa-se claramente em Jesus. Verifique-
-se o que Paulo diz, em Gálatas (3:26-28). Mantém-se a
igualdade do ser humano, do homem e da mulher e…
"Todos[homense mulheres] soisfilhosdeDeusatra-
vés da fé em Cristo Jesus. Todos vós [homens e mulhe-
res] que fostes baptizados para Cristo estais vestidos de
Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo nem
pessoa livre, não há macho e fêmea: todos vós [homens
e mulheres] sois um em Cristo Jesus".
A imagem de Deus, evocada no projecto divino da
Criação é concretizada, executada em filiação à imagem
de Jesus que é "filho unigénito do Pai, pleno de graça e
de VERDADE" (Jo 1:14). Não foi Jesus que nos ensinou
a dizer: "Pai nosso…" (Mt 6:9) e em (Lc 11:2): "Pai…"?
No versículo 28 de Gálatas, Paulo foi contundente, sali-
entando a unidade (não unicidade) do ser humano: "não
há macho e fêmea". Saliento aqui a nota de
Frederico Lourenço: … note-se a diferença
de aspalavras"macho […]fêmea" formarem
sintagma por meio de "e" /kai) em vez de
"nem" (oudé), como nos casos anteriores.
Jesus é fiel ao projecto divino da Cria-
ção,trataamulhercomdignidade. Foia uma
mulher que Jesus, pela 1.ª vez, se identifi-
cou como MESSIAS (Jo 4:25-26):
Diz-lhe a mulher [samaritana]: "Sei que
vem o Messias, que é chamado Cristo.
Quando ele vier, comunicar-nos-á todas as
coisas." Diz-lhe Jesus: "Sou eu, que estou a
conversarcontigo." EstadeclaraçãodeJesusétantomais
invulgar e impressionante, quanto, "no judaísmo do tem-
po de Jesus [como refere Frederico Lourenço, em nota]
era altamente condenável que um rabi conversasse com
mulheres ou (pior ainda) que lhes falasse de assuntos
religiosos". Ainda por cima, esta situação passa--se en-
tre um judeu e uma samaritana. (…) há dois mil anos,
"por volta da hora sexta", um homem e uma mulher en-
contram-se junto de um poço, num contexto histórico em
que mulheres sérias não falam com homens estranhos e
onde o Povo Eleito não fala compessoas de "raça rafeira
e apóstata" (Barrett, p. 350) como eram os samaritanos
na opiniãodosjudeus(citadoporFredericoLourenço,em
nota introdutória a Jo 4).
Jorge Ribeiro
[continua no próximo espiral]
6. espiral
6
Página oficial na internet: http://fraternitasmovimento.blogspot.com NIF: 504 602 136 IBAN: PT50 0033 0000 4521 8426 660 05
e c o s . . .
20 de Março de 2021 (via Google Meet)
Não foi sem algum receio, apoioado embora num entusiasmo muito contido,
que nos abalançámos a organizar um primeiro encontro virtual da FRATERNITAS
Movimento. Vários factores pesavam, uns a favor da sua realização (o isola-
mento a que temos estado sujeitos,...), outros como obstáculos (a idade dos
associados, a relativa iliteracia informática, os achaques,...). Mas decidimo-
-nos!
O resultado excedeu, de longe, as nossas mais optimistas expectativas.
Encontrámo-nos 30 elementos, embora não todos em simultâneo! A foto ao
lado marca o início do Encontro. E, quando alguém lançou a ideia de novo
encontro, a adesão foi unânime. E já está marcado: dia 17 de Abril, à mesma
hora, mas usando outra plataforma: a zoom. Até breve, se Deus quiser.
Muito obrigados. Estivemos
unidos, claro... a união pode
acontecer para além do encontro
virtual. MAS, o bocadinho que
"estivemos pessoalmente" com
todas essas carinhas larocas,
soube MUITO BEM!
Tal como soube muito bem
sintonizar mais uma vez com
todos (Deus não usa relógio)
através dISTO que nos manda-
ram. Obrigada ao especialista
Osório de Castro. A todos um
abraço fraterno e até breve
Que o Fogo do Espírito a todos
aqueça!
Glória e Carlos
20.03.2021
Amigo Osório!
Embora o meu microfone não
tivesse funciondo, foi uma boa
ideia e uma forma de nos sentir-
1º ENCONTRO VIRTUAL DA FRATERNITAS
mos mais próximos. Retribuímos
os votos e desejamos que o Pai
do céu continue a amparar-nos a
todos com muita esperança.
Armindo e São
20.03.2021
Amigo Osório
Agradecemos a maravilhosa
tarde que nos proporcionou, de
partilha com os irmãos da
Fraternitas.
Muito obrigado pelo envio das
fotos e vídeo! Parabéns! Pode
continuar.
Abraço amigo.
Evelina e Olindo
20.03.2021
Olá, Amigos.
Muito obrigado pela partilha.
Adorei rever-vos e lá estarei no
dia 17 de Abril (por sinal é uma
data muito importante para mim).
Um grande abraço para todos.
Abílio Rodrigues
21.03.2021
Obrigado, Osório pela ideia, pela
realização e pelo follow up! Foi
pena o Meet não ter funcionado.
Não percebo nada disto, mas o
Zoom ou o Teams ou o Webex
funcionam melhor. No dia 17
espero que seja melhor. Com um
grande abraço,
Francisco S. Monteiro
21.03.2021
Muito obrigado, meu amigo, pela
iniciativa, pela coordenação do
encontro e por esta partilha.
7. espiral 7
Geral: fraternitasmovimento@gmail.com Secretariado: secretariado.fraternitas@gmail.com Direcção: direcao.fraternitas@gmail.com
1º ENCONTRO VIRTUAL DA FRATERNITAS
Agradeço também o envio do
texto de Frei Bento deste domin-
go.
Foi uma alegria rever-nos.
Abraço.
Manuel António
21.03.2021
Olá, amigo Osório! Boa noite!
Então, tudo a andar? És aquela
máquina que põe tudo em acção,
pau para toda a colher. Obrigado
pelo último encontro. Deu um
gosto enorme ver a malta toda
contente a rever-se… Foi bom!!
Obrigado também pelas fotos.
Olha, envio-te em anexo um
cântico que, baseado na Fratelli
Tutti, poderia vir a ser uma
espécie de hino nosso, pois é
sobre a fraternidade= "Fraterni-
tas". Não sei se o recebeste,
quando o enviei pela primeira
vez… Recebi algum feedback. O
do Serafim foi o que mais me
agradou e sugeriu coisa pareci-
da. Vai também a melodia que
podes ouvir. Gostaria que o
publicasses pelo menos o texto
no Espiral. (Não sei se o podes
publicar com a música…).
E pronto, saudinha para ti família
e o Senhor te dê sempre essa
força e dinamismo.
Um abraço de amigo e beijinhos
da Evelina
Olindo Marques
22.03.2021
Nota do Editor: A tua produ-
ção encontra-se gostosamente
inserta na página 10.
Abri agora o vídeo do 1º Encon-
tro Virtual da Fraternitas: ajudou-
-me a deslocar do centro que sou
eu; dever, prazer, alegria, ver,
amigos palavras-chaves para a
verdadeira solidariedade; muito
obrigado Glória pelo poema
oração.
Para ti, Osório, e para todos os
participantes neste Encontro um
abraço fraterno e não nos
esqueçamos uns dos outros
centrados no Senhor da Vida,
Lúcio
23.03.2021
8. espiral
8
Editorial Cáritas (EC): Que
leitura faz a ONPC, no âmbito da
sua missão, da Encíclica do
Papa Francisco "Fratelli Tutti"?
Francisco Sousa Monteiro
(FM): No entender da ONPC, a
nova Encíclica do Papa Francis-
co "Fratelli Tutti", de certa ma-
neira repete e expande os repe-
tidos ensinamentos deste Papa
sobre a urgência de a mensagem
evangélica do amor aos outros,
homens e mulheres, próximos e
distantes,semdistinçõesnemes-
quecimentos, ser assimilada pe-
laspróprias estruturas esistemas
económicos e sociais. Mais: o
Papa faz um apelo aos corações
todos, cristãos ou não, para que
interiorizem e traduzam na prá-
tica das atitudes e das obras esta
fraternidade universal (nas pala-
vras do Beato Carlos de Fou-
cauld citado no final da
Encíclica). Sob o ponto de vista
daONPC,realça-sequeummar-
co referencial da Encíclica, o
Documento sobre a fraternidade
humana que resultou do encon-
tro entre o Papa Francisco e o
Grande Imã Ahmad Al-Tayyeb
em Abu Dhabi, em fevereiro de
2019, de certa maneira "instau-
re" o princípio de que o concei-
to de cidadania plena que "se
baseia na igualdade dos direitos
e dos deveres, sob cuja sombra
todos gozam da justiça", deve-
ria ser estabelecido nas nossas
sociedades, renunciando"ao uso
discri-minatório do termo mino-
rias, que traz consigo as semen-
tes de se sentir isolado e da infe-
rioridade" que "prepara o terre-
no para as hostilidades e a dis-
córdia e subtrai as conquistas e
os direitos religiosos e civis de
alguns cidadãos, discriminan-
do-os" (nº 131).
Já antes, naEncíclica, o Papa, ao
desenvolver as "sombras" do
nosso mundo, diz que "de novo"
nosenvergonham "asexpressões
de racismo, demonstrando assim
que os supostos avanços da so-
ciedade não são assim tão reais
nem estão garantidosdeumavez
por todas" (nº 20). É bem signi-
ficativo que o Papa Francisco
realce o racismo cujas conse-
quências os ciganos sofrem dia-
riamente,como um dossinais do
não avanço da nossa civilização.
EC: Apesar do ambiente de
incerteza que marca o futuro
próximo, qual a orientação
fundamental da ONPC para este
ano pastoral 2020/2021 relativa-
mente ao exercício possível da
sua missão?
FM: A ONPC há muito definiu
como sua estratégia fundamen-
tal aquele princípio antigo da
missionação que é a aposta na
autonomização do desenvolvi-
mento espiritual e social das po-
pulações, neste caso das popu-
lações ciganas portuguesas. Só
quando os ciganos tomarem nas
suas mãos o seu próprio desen-
volvimento, os esforços para a
sua inclusão social serão bem-
-sucedidos.Aliás, a participação
dos próprios ciganos tem sido a
característica que as diversas
estruturas da UE têm sublinha-
do,cadavezcom maior insistên-
cia, nas estratégias e políticas de
inclusão das populações ciganas
europeias.
Ao longo dos 36 anos da sua
existência, a ONPC tem evoluí-
do do confronto com a pobreza
e com a exclusão social, em to-
dosos aspetosdacidadania,pas-
sando pela quinta essência da
evangelização que é o pôr?se à
escuta da cultura cigana, para o
incentivo à autonomização dos
A EDITORIAL CÁRITAS PUBLICOU UM CADERNO COM
CONTIBUTOS SOBRE A ENCÍCLICA FRATELLI TUTTI
Em dezembro, a Editorial Cáritas publicou mais um dos seus
Cadernos da Editorial, este último intitulado Organizações
Sociais da Igreja Católica em Portugal e a "Fratelli Tutti".
O Caderno contém entrevistas da Editorial a 12 Organizações
Sociais, com o título "A voz de"; entre as "vozes" está a da Obra
Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC). O entrevistado foi o
Francisco Sousa Monteiro. Reproduzimos aqui a entrevista.
(conclui na pág. 10)
9. espiral 9
Há muitos anos atrás,
ouvia, a meu pai, com relati-
va frequência, um aforismo
que dizia isto: “ninho feito,
pega morta”. Com o decor-
rer do tempo, esse grande es-
cultor, no dizer de Marguerite
Yourcenar, fui entendendo
que aquela ave podia ter ou-
tro nome, mais, podia até ser
um alguém humano.
Ou seja, de uma situação
particular, podia alargar o seu
significado para uma univer-
salidade verdadeiramente
digna desse nome, uma vez
que se poderia aplicar o prin-
cípio em qualquer tempo e
em qualquer lugar, pois rela-
ciona-se com o desejo de se-
gurança que o ser humano, de
um modo específico, verba-
liza através das palavras e das
atitudes.
Numa fase em que ouvi-
mos, sonambulamente, pala-
vras disparadas em algori-
tmos e ficamos a pensar que
segurança, risco, pandemia,
sanitária, medo (e outras…)
são como peças de um puzzle
em que, qualquer que seja a
sua imagem final, elas têm
que entrar, ficamos a pensar
que, na verdade, de que vale
a segurança se a vida não é
devidamente valorizada?
Agora, precisamos, mais
Páscoa 2021…
do nunca, olhar para trás e
agradecer o caminho percor-
rido e, diante deste poliedro
de realidades, ir tomando de-
cisões que assentem na vida
concreta das pessoas, de
modo a que essa mesma vida
possa ser o farol para a
(re)construção da casa co-
mum, este planeta em que
vivemos, a mãe terra, dádiva
recebida e herança a transmi-
tir para as gerações futuras.
Esta é uma grande alegria
e uma enorme responsabili-
dade! Cuidarmos do planeta,
deixando-o melhor do que o
encontrámos quando come-
çámos a tomar consciência
ética numa amplitude maior,
para além do nosso quintal,
embora tudo comece por aí,
como diz Daniel Faria, num
seu poema, sobre a explica-
ção das casas, pois “mesmo
no interior do quarto és o lado
de fora da casa”.
Mesmo no confinamento
desconfinante (quase como o
amor em Camões, dito como
um “contentamento descon-
tente”), torna-se fundamental
semear o futuro e preservar a
Vida toda, ou seja, praticar a
ecologia integral, de modo
que o ninho seja ajustado à
existência e não o contrário
e, desta maneira, possamos
celebrar Páscoa, passagem
para uma dignidade cada vez
mais responsável, livre e fe-
liz, em todas as dimensões
comunicacionais, que vão
muito além dos automatis-
mos algorítmicos.
Uma Feliz Páscoa para
todos e todas!
Santarém, 27 de março de 2021
Luís Carlos Lourenço Salgueiro
10. espiral
10
O Olindo Marques (Ass. nº 113) compôs o texto e a música,e prazeirosamente partilha
com todos. Muito obrigado! Que se faça um bom uso. Pode procurar-se em: https://
cantate-laudate.webnode.pt
11. espiral 11
In Memoriam...
LUCIANO AUGUSTO RODRIGUES
1940 – 2021
12 de Janeiro
Da diocese de Bragança-
Miranda.
Casado com Ana da Luz
Martins Rodrigues, residia em
Bragança.
Associado nº 89.
e procurar respostas novas. O
mandato de Jesus continua
válido: "Ide e fazei discípulos e
discípulas." Esta é a palavra de
ordem. A igreja abandone ritos
antigos, crie ministérios novos,
promova uma nova ordem
eclesiástica fundamentada no
Evangelho...
Ninguém tenha medo. Esta
Igreja tem de mudar. Mas Jesus
está connosco. O seu Espírito
está presente e é Ele que nos
guia. Cantávamos "há caminhos
não andados…" O Espírito
chama-nos, impele-nos! Quem
tem medo? Os bispos? Os pa-
dres? Os cristãos? Quem tem
ousadia de seguir o Espírito?
J. Soares
responsáveis ciganos,atravésde,
entre outras iniciativas, apoiar a
criação de associações ciganas,
entre as quais uma de mulheres
ciganas, atualmente particular-
mente florescente e autónoma,
graças ao valor das suas própri-
as fundadoras, e, até ao presen-
te, à única federação portuguesa
de associações ciganas; esta já
desenvolveu algumas iniciativas
de motu próprio e participou em
muitas outras.
A incerteza do presente e do fu-
turo não são diferentes da dema-
siadamente lenta evolução que
se tem verificado no nosso país
e infelizmente um pouco por
toda a Europa, no processo de
inclusãosocialdascomunidades
ciganas.
Oplano daONPCpara2021 tem
alguns pontos fulcrais: continu-
ar a apoiar a FECALP (Federa-
ção Calhim Portuguesa - calhim
significa cigana em Romanó)
apelando para a atribuição de
meios para que se concretize o
exercício da autorresponsabili-
dade dos dirigentes ciganos;
A “voz” da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC)
entrevista a Francisco Sousa Monteiro
(conclusão da pág. 8)
apoiar junto das entidades res-
ponsáveis o fim do escândalo
social que é o calvário dos ciga-
nos nómadas compulsivos no
Alentejo a quem todos os direi-
tos são negados; continuar, jun-
to da comunicação social e das
autoridades, a pugnar por todas
as formas de implementar as es-
tratégias de inclusão das comu-
nidades ciganas, agora no qua-
dro da nova estratégia europeia
para 2030, tentando insistir, tan-
to quanto possível, em soluções
eficazes para os inúmeros gran-
des problemas que subsistem,
sobretudo, nos domínios da ha-
bitação e do trabalho.
Francisco S. Monteiro
ALBANO FREIRE D’ABREU
1934 – 2018
13 de Maio
Da Ordem dos Frades
Menores (OFM).
Residia em França. Está
sepultado no cemitério Père
Lachaise (Paris).
Associado nº 110.
Nota: Só após inúmeras diligências nos foi possível, no passado
dia 29 deste mês, confirmar o passamento deste nosso
Associado, e da data do seu falecimento.
(continuação da pág. 12)
12. (conclui na pág. 7)
espiral
Rua Dr. Sá Carneiro, 182 - 4º Dtº
3700-254 S. JOÃO DA MADEIRA
e-mail: espiral.fraternitas@gmail.com
boletim de
f r a t e r n i t a s m o v i m e n t o
Responsável: Alberto Osório de Castro
Nº 71 - Janeiro/Março 2021
SECRETARIADO
R.CarlosAlbertoPintodeAbreu,33-2ºEº
3040-245 COIMBRA
Telemóvel:914 754 706 (só até às 21:00H p.f.)
Profundas mudanças aconteceram! E a igreja não
escapa aeste confronto.Ao longo dos breves anos
da nossa vida, assistimos a mudanças
significativas: abandonou-se o latim, alterou-se a
liturgia, multiplicaram-se as intenções nas
missas…Valeu a pena! Há todavia outros aspetos,
nos quais não se ousa tocar... A procissão vai no
adro! Constatamos que há menos padres,
paróquias sucessivamente anexadas, o Vaticano
responsabiliza padres, bispos e cardeais pela
desorientação sexual… E que mais veremos?
Todavia há mais transparência, mais verdade!
Damos graças a Deus! Muitos cristãos
regressaram ao Pai sem terem visto justiça. Nós
somos felizes?! Não nos alegramos pelo pecado
que vive em nós, mas pela aceitação coletiva da
fraqueza humana. Somos barro! Mas é com este
barro que o nosso Deus e Pai faz maravilhas.
Aceitamos a nossa condição e reconhecemos a
nossa fraqueza. Nesta fraqueza se manifesta a
força da graça. É o Senhor Quem no-lo diz:
“Basta-te a minha graça!” Temos de ter confiança
e aceitar o que o nosso Deus e Pai faz em nós.
Todavia esta pandemia ultrapassa as expectativas.
Instalou-se e pronto... Todos somos provocados.
As autoridades tentam abrir caminho. Os bispos,
muito prudentes, não arriscam soluções. E tudo
vai correndo em águas mornas! Não apelo à
desobediência ao confinamento!... Sonhava que
os nossos bispos facilitassem e sugerissem o
encontro de cristãos. Divulgassem sugestões! Na
transmissão televisiva, esgota-se toda a iniciativa
dos cristãos.Apenas vinga a liturgia, uma liturgia
fria, desencarnada. Não se fala, não se levantam
problemas, não se questiona. Tudo morno! Tudo
parece que está bem… e não está! Tenho pena!
O papa Francisco muitas vezes tem dito que as
igrejas locais apresentem os seus problemas… e
Roma responderá. Já se sabe que não há um
compromisso de resposta, mas que ela vem não
tenho dúvida.
Também o direito canónico regula toda a vida na
igreja. Precisamos de um novo Código,
fundamentado no Evangelho!
Penso queestapandemianão nosdeixarátão cedo.
Os cristãos deviam ser desafiados a descobrirem
novas formas de celebrar, viver a fé. Há muitos
desafios! Temos a certeza que teremos de nos
confrontar com problemas velhos e outros novos.
Estudiosos dedicam-se a estudar as comunidades
primitivas. Não estamos a inventar nada. Apenas
retomamos o que foi práxis pastoral. E com a falta
de padres que se acentua, procuramos soluções
que nos ajudem. Não entremos nas lamúrias do
costume. Jesus continua connosco. A sua palavra
é garantia da nossa vida, da nossa fé e também da
igreja.
Esta Igreja, como hoje a temos, vem do séc. XVI.
Nem sempre foi assim. Jesus mão criou nenhuma
Igreja.A Igreja, ao longo dos séculos, adaptou-se
às condições, que, em cadatempo e em cadalugar,
melhor favoreciam a sua missão. Atravessamos
tempos difíceis, com novas condições
económicas,sociais,culturais,políticas…O nosso
Deus é o mesmo; a Igreja é a mesma. Mas os tem-
possão outros! São novos.Eas respostastambém!
Pois é tempo de olhar para estas novas realidades