1. ASTROCITOMA SUBEPENDIMÁRIO DE CÉLULAS GIGANTES
COM BOA RESPOSTA A EVEROLIMO ORAL – RELATO DE CASO
FRANCISCO HELDER CAVALCANTE FELIX (1)1; JULIANA COSTA ALBUQUERQUE (2)2; JUVENIA BEZERRA
FONTENELE (3)3.
1-HOSPITAL INFANTIL ALBERT SABIN, FORTALEZA - CE – BRASIL
2,3-UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA - CE - BRASIL.
A B
Astrocitoma
Subependimário de
Células Gigantes
O astrocitoma subependimário de
células gigantes (SEGA) é uma
neoplasia glioneuronal benigna,
relacionada com a esclerose tuberosa
(ES). É uma lesão de crescimento lento
que ocorre comumente nos ventrículos
laterais, próximo ao forame de Monro.
Seu crescimento pode determinar
hidrocefalia grave. O tratamento
cirúrgico é curativo quando a ressecção
completa é possível. Até recentemente,
os pacientes com doença progressiva e
sem possibilidade cirúrgica não tinham
alternativa de tratamento eficaz (Goh,
2004; Krueger, 2010).
Caso Clínico
Há pouco mais de 2 anos, a paciente (5
anos de idade) foi diagnosticada com
uma grande lesão na topografia do
ventrículo lateral esquerdo, com
comprometimento contralateral devido
ao grande volume. Ressecção cirúrgica
foi levada a cabo há cerca de 18
meses, com retirada de pequena
quantidade relativa da lesão. A paciente
foi considerada inoperável pela
neurocirurgia de nosso centro hospitalar
e encaminhada para o Centro
Pediátrico do Câncer, para avaliação.
Exames de imagem mostraram
progressão tumoral (vide infográfico ao
lado). O tratamento com everolimo foi
iniciado.
Everolimo, um
inibidor da via
mTOR
A via de sinalização celular que ativa o
alvo da rapamicina em mamíferos
(mammalian target of rapamycin) está
alterada em muitos tumores. Na ES,
mutações nas proteínas TSC1 e 2
fazem com que elas percam a
capacidade de inibir a mTOR. O
everolimo é um inibidor oral da via
mTOR, capaz de inibir a proliferação
celular tumoral em pacientes com ES.
Um ensaio clínico fase I/II mostrou que
o everolimo induz a regressão de SEGA
em pacientes com ES (Easton, 2006,
Krueger, 2010).
Tratamento
A paciente era intensamente
sintomática, dependente de cuidados,
sem deambular e interagindo pouco.
Iniciamos everolimo na dose de
1,5mg/m2/dia. Após a dosagem sérica
demonstrar uma concentração sérica e
2,9 ng/ml, aumentamos a dose para 3,0
mg/m2/dia. Nenhum para-efeito foi
observado e nenhum exame
laboratorial alterou-se. Nova avaliação
por imagem mostrou remissão parcial
da lesão (ao lado). A paciente
apresentava-se com evidente melhora
neurológica, conseguindo elevar o
tronco e o pescoço, brincar e
comunicar-se mais ativamente.
Adicionalmente, suas crises epilépticas,
presentes desde lactente, cessaram e a
paciente pôde reduzir suas medicações
anti-epilépticas de 4 para apenas 2
drogas.
RNM realizada em 21/03/2011
mostrava lesão com maiores
diâmetros 7,3 x 5,9 cm (axial) e 7,4 cm
(coronal), com volume estimado pela
reconstrução 3D de 126 cm3
RNM subsequente em 30/01/2012
mostrou maiores diâmetros da lesão
de 8,3 x 6,4 x 8,2 cm, com volume
estimado de 169 cm3 (aumento de
34%) .
Nova avaliação por imagem, em
12/05/2012, mostrou diâmetros de 7,7
x 5,3 x 6,7 cm, com volume estimado
de 98 cm3 (redução de 42%).
mTOR Pathway
Growth
Factors
RTK
Rictor
PKCα
4EBP
Hypoxia
GβL
TSC2
Raptor
AMPK
DGKξ
PI3K
Redd1
eIF3
eIF4B
PIP2
PIP3
PKC
p70S6K
mTOR
AMP
eIF4G
eIF4A
eIF4E
Rheb
eIF3
eIF4B
eIF4A
eIF4G
eIF4E
eIF4B
GβL
mTOR
eIF4E 4EBP
VEGF
eIF4G
eIF4A
eIF4E
Insulin
Receptor
Energy
Serum Nutrient Stress
Actin Organization
P
PDK-1
mTORC1
mTORC2
Translation off
40S
RPS6
Scanning
Akt/PKB
Translation On
Secondary
Structure
Unwinding
TSC1
PP2A
FKBP12
Rho
HIF1α
VEGF
Pathway
Akt Signaling
PKC
Rac
PMA
PLD
PC
LKB1
Akt
PA
DAG
AUG
Ras
RSK
AUG
MAPK
IRS1
Insulin
2009
C
ProteinLounge.com
Bibliografia:
Crino PB, Nathanson KL, Henske EP. The tuberous sclerosis complex. N Engl
J Med. 2006 Sep 28;355(13):1345-56.
Easton JB, Houghton PJ. mTOR and cancer therapy. Oncogene. 2006 Oct
16;25(48):6436-46.
Goh S, Butler W, Thiele EA. Subependymal giant cell tumors in tuberous
sclerosis complex. Neurology. 2004 Oct 26;63(8):1457-61.
Krueger DA, Care MM, Holland K, Agricola K, Tudor C, Mangeshkar P, Wilson
KA, Byars A, Sahmoud T, Franz DN. Everolimus for subependymal giant-cell
astrocytomas in tuberous sclerosis. N Engl J Med. 2010 Nov 4;363(19):1801-
11.
Metodologia
Análise
retrospectiva de
prontuários, com
prévia autorização
da responsável pela
paciente. Figuras
das lesões cutâneas
e das imagens
radiológicas foram
obtidas mediante
consentimento. O
processamento das
imagens de
ressonância nuclear
magnética (RNM)
usou as rotinas do
programa Osirix
para Mac OS X.
Conclusão:
O tratamento de
SEGA com everolimo
tem um efeito rápido e
dramático sobre estas
lesões raras e sobre a
saúde dos pacientes
com ES tratados com
esta droga. Apesar do
custo atual da
medicação e da
possibilidade do
paciente vir a usá-la
pelo resto de sua vida,
torna-se
economicamente
viável sua utilização
como primeira escolha
na terapia do SEGA
na ES, devido à
grande redução da
morbidade dos
pacientes.