O documento discute a importância de agrupamentos produtivos na alfabetização. Aprender em grupo ajuda as crianças a desenvolverem seu potencial com a ajuda dos colegas. É produtivo juntar crianças com hipóteses similares sobre leitura e escrita para que possam aprender umas com as outras. O professor deve fazer um diagnóstico correto para formar grupos equilibrados e trocá-los quando necessário.
3. Em 1930, o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky
(1896-1934) já chamava a atenção para a
importância da interação entre a criança e o
professor e entre a criança e os colegas em
situações de aprendizagem.
Na obra A formação social da mente, o autor
afirma que o bom aprendizado é aquele que foca
o potencial que o aluno pode desenvolver com a
ajuda do outro.
Trabalhar em grupo, então, não é apenas
importante, mas fundamental para ele.
4. Em relação à alfabetização, no início dos anos
de 1980, pesquisas das educadoras argentinas
Emilia Ferreiro e Ana Teberosky mostraram
como é produtivo agrupar os pequenos com
colegas que apresentam hipóteses
diferentes (mas próximas) sobre leitura e
escrita.
FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana.
Psicogênese da língua escrita. São Paulo:
Artmed, 1999.
5. COMO ESTABELECER AS PARCERIAS?
• Primeiramente é necessário um
DIAGNÓSTICO correto para montar
grupos que sejam produtivos.
6. COMO FAZER O DIAGNÓSTICO?
• Levantar o conteúdo a ser ensinado e os
objetivos específicos da atividade. Só depois de
ter claras as duas informações é hora de verificar
o que a turma já sabe, o que se alcança com a
investigação do nível de conhecimento de toda a
classe e de cada aluno, individualmente.
• Uso de registros do professor.
7. ALÉM DISSO...
• Observar os alunos trabalhando durante as
atividades: se ambos são inquietos ou tímidos,
talvez não sejam bons parceiros.
• Garantir troca mútua de informações.
• Garantir que todos devem oferecer
contribuições.
• Mudar constantemente as parcerias.
• Repetir duplas que se mostram produtivas.
8. • Pré-silábico com silábico sem valor
sonoro.
• Silábico sem valor sonoro com silábico
com valor sonoro.
• Silábico com valor sonoro com silábico-
alfabético.
• Silábico-alfabético com alfabético.
AGRUPAMENTOS PRODUTIVOS
Emília Ferreiro, no livro Os processos de leitura e escrita, nos
diz que quando se reúnem crianças de níveis muito diferentes,
acaba-se reproduzindo a situação escolar de "alguém que sabe
mais que os demais, obrigando os outros a uma atitude passiva
de recepção".
Assim, numa situação de escrita, é possível organizar duplas
com crianças de níveis diferentes, porém próximos, como
mostrado a seguir.
9. Repetir as duplas
que se mostram produtivas
Mudar parcerias
que não funcionam
Nas próximas atividades você pode:
10. • Aprender a trabalhar em duplas não é de imediato,
nem fácil.
• É preciso que os alunos aprendam a ouvir o colega e
percebam que também podem aprender com as
informações dele, mesmo que às vezes isso gere
conflito.
Favorecer a interação entre os
alunos nas atividades em dupla
11. • Se durante a atividade você perceber que
somente um dos alunos trabalha e o outro
apenas está de lado, sem participar; proponha
que este último se envolva na atividade,
realizando perguntas:
• Você concorda com a forma que o colega
escreveu esta palavra? Você trocaria?
12. • Para decidir quais as duplas mais produtivas, é
importante que o professor considere o que os
alunos sabem e o que precisam aprender para
interagirem e terem avanços.
• A escolha das duplas é uma decisão didática:
Agrupamento individual ou dupla
13. • Não pode ser aleatória ou levar em consideração
apenas a afinidade entre os alunos.
• Para agrupar os alunos consulte seus registros:
sondagem e atividades trabalhadas em sala de
aula.
14. “ [...] sem dominar a leitura e a escrita e as
práticas sociais de leitura e de escrita, eles
não têm um futuro garantido na vida de
aprendizagem, para aprender Geografia,
História, até chegar ao ensino superior.
Sem essa base não é possível. E na vida
pessoal, profissional também, porque, em
nosso mundo, se a pessoa não está
inserida no mundo da escrita dificilmente
vence, ou até mesmo não vence.”
Entrevista realizada com Magda Soares. Salto para o Futuro,
21 set. 2009.