1. A PREOCUPAÇÃO COM O
CONHECIMENTO
Texto: Iniciação à Filosofia – Marilena Chauí
Vol. Único – Ensino Médio
Professora: Claudete Furtado
2. O CONHECIMENTO COMO
CARACTERÍSTICA DA HUMANIDADE
● As
várias espécies animais apresentam padrões de
comportamento que ordenam sua vida comunitária a
partir da herança genética ou instintiva de cada espécie.
●O
.
homem também desenvolveu processos de
convivência
e
estratégias
de
sobrevivência, apresentando atividades “instintivas” ao
mesmo tempo que demonstra habilidades fruto do
aprendizado.
3. ● Nem
todo o comportamento humano se desenvolve
automaticamente. As crianças dependem dos adultos e
da
aprendizagem
para
formar-se
enquanto
humanos, adquirindo determinados comportamentos.
●
Nos demais animais, as características genéticas
predominam. Nos homens é necessário um longo
aprendizado transmitido pelas gerações anteriores para
que o mesmo possa sobreviver e criar.
●A
possibilidade de criação de sistemas
simbólicos, deu ao homem a supremacia sobre as
demais formas vivas. Através da linguagem, a
humanidade dá sentido ao mundo ao seu
redor,
significando
suas
experiências
e
transmitindo
suas
impressões
para
a
posteridade.
4. A TRANSMISSÃO DAS CAPACIDADES
E HABILIDADES
● O homem é a única espécie que pensa, capaz de
transformar suas experiências em um discurso
válido e transmiti-lo para outros de sua espécie.
● Imagina
ações e reações dentro do campo do
simbólico, recriando sentimentos e emoções
mesmo quando não estimulado.
● Sendo
o único ser vivo apto à apreender as
dimensões temporais, pode fazer projeções para o
futuro e avaliar o passado.
5. ●O
homem estabelece uma relação de
conhecimento, avaliação, significados e
domínio sobre o mundo que o cerca.
●A
relação estabelecida com a natureza e a
consequente transformação do mundo natural
chamamos de cultura.
●A
sociabilidade gerou-se a partir das relações
com o meio e das representações construídas que
provocando modos próprios de vida.
6. AS CULTURAS COMO PROCESSO
O conhecimento surgiu da capacidade humana de
pensar o mundo e de atribuir significado à
realidade.
Desde
a pré-história que o homem supera os
obstáculos
naturais
de
forma
criativa, modificando o meio e buscando
explicações sobre si e a natureza que o cerca.
7. O desenvolvimento da capacidade simbólica e
da linguagem diferenciou os primeiros grupos
humanos
que,
procuraram
estabelecer
interpretações em torno dos fatos que os
envolviam, originando novos conhecimentos.
Cada
novo desafio posto criava-se a
possibilidade de uma nova resposta, dando
origem ao trabalho, ao ritual e a tradição.
As
culturas humanas deram respostas
diferentes aos desafios impostos pelo meio
ambiente, o que foi determinado pela dinâmica
cultural comum a cada grupo.
8. A CIÊNCIA COMO RAMO DO
CONHECIMENTO
Egito antigo: conhecimentos de geometria elaborados a
partir do controle das águas do rio Nilo. Aplicação deste
conhecimento na construção das pirâmides e templos.
Saberes ligados à crença na vida após a morte .
Grécia antiga: o saber como um fim em si
próprio, associado à vida prática ou à solução de
problemas metafísicos. Surgimento da filosofia e da
ciência. Os gregos abandonaram as explicações míticas e
a crença na interferência de forças sobrenaturais na vida
humana para uma compreensão centrada na razão, o que
propiciou o chamado milagre grego.
9. O MILAGRE GREGO- O ESPÍRITO
ESPECULATIVO
A partir
da reflexão filosófica, o aparecimento de vários
saberes
ou
disciplinas:
geometria, aritmética, astronomia, medicina.
O
uso da razão para alcançar a verdade e o desprezo ao
mito e às forças sobrenaturais.
Sistematização
e estudo do objeto a partir de uma
perspectiva racionalista.
Desenvolvimento
do conhecimento enquanto atividade
abstrata, desligada de aplicabilidade e de uma finalidade
religiosa.
10. Desenvolvimento
do conhecimento enquanto atividade
abstrata, desligada de aplicabilidade e de uma finalidade
religiosa.
Surgimento do conceito de ética.
O homem grego era dotado da intenção pura e simples de
pensar e agir sobre o meio.
O pensamento filosófico envolvia uma sistematização de
todos os outros campos dos saberes, possibilitando ao
homem uma nova forma de explicar o mundo e sua
relação com o mesmo.
11. O CONHECIMENTO E OS PRIMEIROS FILÓSOFOS
Indagações principais dos filósofos pré-socráticos:
- Por que as coisas existem?
- O que é o mundo?
- Qual a origem da natureza e quais as causas de sua
transformação?
- O que é o Ser?
Preocupação dos primeiros filósofos com a origem e a
ordem do mundo: kosmos
- Vamos refletir sobre estas questões?
12. A PREOCUPAÇÃO COM O CONHECIMENTO
Heráclito: considerava a natureza como um fluxo
perpétuo.
“Não podemos banhar-nos duas vezes no mesmo rio, porque as águas
nunca são as mesmas e nós nunca somos os mesmos”. p. 110.
• Diferença entre o conhecimento obtido pelos nossos sentidos e
aquele alcançado pelo nosso pensamento.
Parmênides: afirmava que pensar é dizer o que um ser é em sua
identidade profunda e permanente. Pensar e sentir são diferentes.
“(...) percebemos mudanças impensáveis e devemos pensar
identidades imutáveis”. p. 111.
Demócrito:
a realidade é constituída por átomos, que sendo diferentes
em suas formas, combinam-se produzindo a variedade de seres.
13. SÓCRATES E OS SOFISTAS
Sofistas:
“(...) não podemos conhecer o Ser, mas só podemos ter opiniões
subjetivas sobre a realidade”
Para os sofistas, a linguagem é o instrumento principal para o
homem relacionar-se com a realidade e com os outros homens. A
linguagem é mais importante do que a percepção e o pensamento.
Sócrates afirmava que a verdade pode ser conhecida, mas primeiro
devemos nos afastar das ilusões dos sentidos e das palavras ou das
opiniões e alcançar a verdade pelo pensamento.
14. PLATÃO
Introdução na filosofia dá ideia que existem várias
maneiras de conhecer ou graus de conhecimento ( com
ausência do verdadeiro ou do falso)
• Segundo Platão, o conhecimento tem 4 graus:
crença, opinião, raciocínio e intuição intelectual
• Separação radical entre o conhecimento sensível (crença e
opinião) e o conhecimento intelectual (raciocínio e intuição
intelectual). Apenas este último alcança o Ser e a verdade.
O conhecimento sensível alcança as aparências das coisas.
15. ARISTÓTELES
Distingue sete formas de conhecimento, que vão de um
grau menor a um grau maior de verdade:
sensação, percepção, imaginação, memória, linguagem, rac
iocínio e intuição.
O conhecimento é formado a partir das informações
coletadas nos diferentes graus. Defende uma continuidade
entre o conhecimento sensível e o intelectual.
O conhecimento da intuição intelectual nos dá acesso
ao conhecimento pleno da realidade.
16. PRINCÍPIOS GERAIS
•
As
fontes
e
formas
do
conhecimento:
sensação, percepção, imaginação, memória, linguagem, raciocínio e
intuição intelectual.
• Distinção entre o conhecimento sensível e o conhecimento
intelectual.
• Papel da linguagem no conhecimento
• Diferença entre opinião e saber.
• Diferença entre aparência e essência.
• Definição dos princípios do pensamento verdadeiro: identidade;
da forma do conhecimento verdadeiro: ideias, conceitos e juízos;
dos procedimentos para alcançar o conhecimento verdadeiro:
indução, dedução, intuição.
17. OS FILÓSOFOS MODERNOS
● Os modernos separam a fé da razão e
a teoria do conhecimento volta-se para a
relação entre o pensamento e as
coisas, a consciência e a realidade, o
entendimento e a realidade; em suma, o
sujeito e o objeto do conhecimento.
19. LOCKE
Locke
é o iniciador da teoria do
conhecimento propriamente dita porque se
propõe a analisar cada uma das formas de
conhecimento que possuímos, a origem de
nossas ideias e nossos discursos, a
finalidade das teorias e as capacidades do
sujeito
cognoscente
(capacidade
de
conhecer) relacionadas com os objetos que
ele pode conhecer.
20. A teoria do conhecimento no seu todo realiza-se
como reflexão do entendimento e baseia-se num
pressuposto fundamental: o de que somos seres
racionais conscientes. A consciência psicológica ou
o eu é formada por nossas vivências.
Do ponto de vista ético e moral, a consciência é a
espontaneidade
livre
e
racional,
para
escolher, deliberar e agir conforme a liberdade, aos
direitos alheios e ao dever.
Do ponto de vista político, a consciência é o
cidadão, isto é, tanto o indivíduo situado no tecido
das relações sociais.
Do ponto de vista da teoria do conhecimento, a
consciência é uma atividade sensível e intelectual
dotada do poder de análise, síntese e
representação.
21. ENFIM...
De um modo geral, distinguem-se os
seguintes graus de consciência:
consciência
passiva,
consciência
vivida, consciência ativa e reflexiva.
22. CONSCIÊNCIA PASSIVA
aquela
na qual temos uma vaga e
uma confusa percepção de nós
mesmos e do que se passa à nossa
volta, como no momento em que
precede o sono ou o despertar, na
anestesia e, sobretudo, quando
somos muito crianças ou idosos.
23. CONSCIÊNCIA VIVIDA
é
nossa consciência afetiva, que tem a
peculiaridade de ser egocêntrica, isto
é, de perceber os outros e as coisas
apenas
a
partir
de
nossos
sentimentos, como por exemplo a
criança que tropeça numa mesa e
julga que ela, a mesa, fez de
propósito, não separando o eu e o
outro,
o
eu
e
a
coisa.
24. CONSCIÊNCIA ATIVA E REFLEXIVA
aquela
que reconhece a diferença
entre o interior e o exterior, entre si
e os outros, entre si e as coisas. Esse
grau de consciência é que permite a
existência da consciência em suas
quatro
modalidades,
isto
é, eu, pessoa, cidadão e sujeito.