1. O documento discute a Síndrome do Ovário Policístico (SOP), incluindo sua definição, etiologia, sintomas e tratamento.
2. A SOP é caracterizada por anovulação crônica, excesso de androgênios e ovários policísticos, e afeta de 5% a 10% das mulheres em idade reprodutiva.
3. A causa é complexa e envolve fatores genéticos e metabólicos como a resistência à insulina, e os sintomas incluem irregularidade menstrual
Grupo Tribalhista - Música Velha Infância (cruzadinha e caça palavras)
Síndrome do Ovário Policístico
1. FACULDADE INTERAMERICANA DE PORTO VELHO
GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
DEIZIANE CORREIA DE SOUZA
DENILDES GOMES CARVALHO
MARIA DE JESUS DOS SANTOS FREITAS
MICHELE DE MOURA RAMOS
RENATA ALMEIDA DA SILVA
SÍNDROME DO ÓVARIO POLICÍSTICO (SOP)
Porto Velho
2016
2. DEIZIANE CORREIA DE SOUZA
DENILDES GOMES CARVALHO
MARIA DE JESUS DOS SANTOS FREITAS
MICHELE DE MOURA RAMOS
RENATA ALMEIDA DA SILVA
SÍNDROME DO ÓVARIO POLICÍSTICO (SOP)
Este trabalho é apresentado como requisito
avaliativo da disciplina de ciências
morfofuncionais III, do 3º período do curso de
Enfermagem, Faculdade Interamericana de
Porto Velho - UNIRON.
Prof.ª Orientador Claudio Aranha
Porto Velho
2016
3. LISTA DE SIGLAS
(ACTH)- HORMÔNIO ADRENOCÓRTICOTRÓPICO
(CC)- NITRATO DE CLOMIFENO
(CHOC)- ANTICONCEPCIONAIS HORMONAIS ORAIS COMBINADOS
(DHEAS)- HORMÔNIO ESTERÓIDE
(DHT)- DIIDROTESTOSTERONA
(DM2) – DIABETE MELITO
(FIV)- FERTILIZAÇÃO IN VITRO
(FSH)- HORMONIO FOLICULO ESTIMULANTE
(GnRH)- HORMÔNIO LIBERADOR DE GONADOTROPINAS
(GNRH)- GONODOTROFINAS
(HDL)- LIPOPROTEÍNAS DE ALTA DENSIDADE
(IMC)- ÍNDICE DE MASSA CORPORAL
(LDH)- DOSAGEM DE COLESTEROL
(LDL)- LIPIPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE
(LUF)- (LUTEINIZED UNRUPTURED FOLLICLE)
(LH)- HORMONIO LEITEINIZANTE
(NIH)- NATIONAL INSTITUTE OF CHILD HEARLTH
(OHP)- DOSAGENS HORMANAIS PLASMATICAS
(PAI)- INIBIDOR DO ATIVADOR DE PLASMINOGÊNIO
(SOP) - SÍNDROME DO ÓVARIO POLICÍSTICO
(SHBG)- PROTEÍNA SINTETIZADA A NÍVEL HEPÁTICO
(TSH)- HORMÔNIO ESTIMULANTE DA TIREÓIDE
(TRH) – HORMÔNIO LIBERADOR DE TIREOTROPINA
(WHO)- ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
5. 4
1. INTRODUÇÃO
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma doença endócrina complexa
que tem como elementos principais hiperandrogenismo e anovulação crônica.
Caracterizada por sinais associados à anovulação crônica, tais como irregularidade
menstrual ou amenorreia, e uma ampla gama de achados decorrentes do
hiperandrogenismo, tais como hirsutismo, acne, alopecia e seborreia. A
denominação dada a esta síndrome se deve à presença frequente de ovários
aumentados de volume, com hipertrofia do estroma e múltiplos cistos na periferia do
córtex. Representa uma das desordens endócrinas reprodutivas mais comuns em
mulheres, acometendo em torno de 5% a 10% da população feminina em idade
fértil1. Associa-se em graus variados à obesidade e a quadros de infertilidade.
Pacientes com SOP apresentam ainda risco aumentado para o desenvolvimento de
câncer de endométrio e doenças cardiovasculares, bem como alterações no
metabolismo de glicose e risco para desenvolvimento precoce de diabetes mellitus2
(B) 3 (D).
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Apresentar sobre patologia da síndrome do ovário policístico, identificando a
etiologia e fisiopatologia, e seus fatores de risco, seus sinais e sintomas, as
manifestações clínicas, os diagnósticos clínico, os tratamentos e a prevenção da
síndrome do ovário policístico.
2.2 Específico
Realizar levantamento bibliográfico da fisiopatologia e dos aspectos clínicos
da patologia da base do paciente.
6. 5
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Síndrome do Ovário Policístico
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das mais comuns
endocrinopatias que acometem mulheres em idade reprodutiva, com prevalência de
4 a 12% em diferentes populações. A síndrome possui como características:
anovulação crônica, excesso de androgênios evidenciado na clínica ou
laboratorialmente, e ultrassonografia indicativa de policistos nos ovários. Algumas
evidências mostram que a SOP é uma desordem crônica cujos sinais costumam
aparecer antes da puberdade e, algumas vezes, como uma adrenarca precoce. Os
sintomas e sinais da SOP podem estar presentes em qualquer idade da vida
reprodutiva, e as manifestações diferem de mulher para mulher. Devido a essa
heterogeneidade de características, o diagnóstico é frequentemente demorado.
Muitas mulheres portadoras da SOP não procuram assistência médica até
tentarem engravidar, pois essa seria a primeira vez que elas não estariam fazendo
uso de contraceptivos hormonais, que provavelmente haviam mascarado os
sintomas até então.
O diagnóstico em adolescentes é frequente e tem aumentado devido ao
crescente número de adolescentes obesas. Por isso, é importante a intervenção
precoce, principalmente para reduzir as complicações associadas.
A patogenia é complexa, multigênica, caracterizada por disfunções na
liberação de gonadotropinas e na síntese de esteroides. A hiperinsulinemia também
representa um papel importante na patogenia da SOP.
A insulina em excesso aumenta a secreção de LH pela hipófise, contribuindo
para a anovulação, e diminui os níveis de SHBG (sex hormone-binding globulin),
aumentando a testosterona livre.
Segundo Diamanti-Kandarakis et al, estudaram a prevalência de obesidade,
hirsutismo e irregularidade menstrual em mulheres caucasianas gregas com
diagnóstico da SOP. A obesidade encontrada foi de 38%. O hirsutismo sem
irregularidade menstrual foi de 29%, sendo que 9,2% delas apresentavam
irregularidade menstrual e hirsutismo de graus moderado a severo3. Apesar de as
mulheres com SOP apresentarem mais resistência à insulina em comparação a
mulheres de mesmo peso e ovários normais, a resistência à insulina é encontrada
7. 6
em 10 a 15% das pacientes não obesas (IMC 20 a 25 kg/m²) e 20 a 40% das obesas
(IMC ≥ 30 kg/m²).
Toda a fisiologia da reprodução está centrada na liberação periódica de um
óvulo, cujo objetivo final é a perpetuação da espécie. Para que isto aconteça é
necessária uma adequada função ovariana, onde a ovulação e secreção de
esteroides sexuais ocorram de uma maneira regular e finamente sincronizada.
Estes eventos dependerão da presença de uma população folicular
adequada, que responderá a estímulos específicos de outros centros que integram o
chamado eixo cortex-hipotálamo-hipófise-ovário. Este eixo, por sua vez, é modulado
por delicados mecanismos de interação, que envolvem emoções;
neurotransmissores (dopamina, noradrenalina, serotonina, GABA, endorfinas);
fatores liberadores e inibidores hipotalâmicos (GnRH, TRH, PIF); hormônios
hipofisários (FSH, LH, ACTH, TSH, prolactina), esteroides produzidos nos ovários e
supra-renais (estrogênios, androgênios, progestogênios, corticóides); hormônios
tireoideanos; enzimas específicas que atuam em cada passo da esteroidogênese
ovariana e supra-renal; insulina; proteínas carreadoras tipo SHBG e IGFBPs;
receptores celulares; prostaglandinas; relações intrácrinas, autócrinas e parácrinas
mediadas pelos próprios esteroides e por diversos fatores de crescimento e de
transformação; inibinas; ativinas; citocinas; leptina; intensidade da atividade física;
dieta; além de uma adequada função hepática e de um peso corporal próximo do
ideal (IMC entre 20 e 25).
Esta enorme lista de fatores que podem interferir na função do eixo
reprodutivo está certamente incompleta. Muitos não foram citados e, à medida que
as ciências básicas forem avançando, novos conhecimentos da fisiologia reprodutiva
serão incorporados e novos mecanismos de interferência serão descritos, o que
equivale dizer na prática, que outras causas surgirão e irão contribuir para um
bloqueio maior ou menor da função ovariana. Uma alteração em qualquer destes
elementos, dependendo da intensidade, poderá resultar na função inadequada do
eixo CHHO, levando a uma secreção inadequada dos esteróides, com eventuais
manifestações clínicas como distúrbios menstruais, anovulação, resistência
periférica à insulina e suas repercussões cardio-metabólicas tardias,
hiperandrogenismo, hiperprolactinemia.
8. 7
É importante salientar que as funções específicas do ovário, ovulação e
secreção não são independentes ou autônomas. Ao contrário, são absolutamente
integradas e coordenadas, pois, para que ocorra a ovulação será necessária a
secreção do estradiol pelo folículo dominante em um preciso momento do ciclo, em
quantidades e duração adequadas, que permitam, através dos mecanismos de
feedback, a liberação do pico ovulatório do LH. É portanto, o folículo dominante,
mais precisamente, o estradiol por ele secretado, que irá reger a sincronização do
ciclo reprodutivo. Da mesma forma, não ocorrendo a ovulação, não haverá uma
secreção adequada dos esteroides.
Esta visão unitária é fundamental, porque engloba e simplifica a
compreensão da fisiopatologia ovariana, que estará resumida em última análise, a
duas situações básicas:
1. Secreção inadequada de esteróides, representada pela insuficiência lútea.
Anovulação, aqui incluída a discutível síndrome de LUF (Luteinized Unruptured
Follicle). Estes quadros caracterizam as etapas evolutivas de um bloqueio
progressivo da função ovariana, qualquer que seja a causa etiológica, e se situam
num espectro que transita da insuficiência lútea à amenorréia. Se tomarmos por
exemplo uma mulher fértil, sem nenhuma alteração hormonal e criarmos uma
situação de elevação progressiva da prolactina através da administração de
sulpiride, ou a submetermos a uma atividade física intensa e prolongada, ou a um
regime drástico de perda de peso ou ainda administrarmos doses suprafisiológicas
de androgênios, veremos que ela iniciará um quadro de insuficiência lútea, evoluindo
para a anovulação, irregularidades menstruais e finalmente a amenorréia. O quadro
clínico, qualquer que seja a causa, será proporcional à intensidade do bloqueio, e,
com exceção da insuficiência lútea, o denominador comum a todos é a anovulação
crônica, que se expressa morfologicamente pela presença de ovários policísticos.
2. A anovulação crônica por sua vez, poderá se apresentar com várias
roupagens, dependendo da ótica sob a qual é focalizada. Assim, poderá se
manifestar com o rótulo de anovulação, de oligomenorreia, de amenorreia, de
hirsutismo ou hiperandrôgenismo, de hemorragia uterina disfuncional, de síndrome
dos ovários policísticos, de hiperprolactinemia ou de infertilidade. Isto deve ficar bem
claro, porque todos estes quadros, que são tratados em textos e congressos
9. 8
médicos como se fossem entidades nosológias distintas, são na realidade enfoques
diferentes de um mesmo fenômeno que é a anovulação crônica. É exatamente esta
diversidade de rótulos e capítulos que confundem muitoscolegas, dando a falsa
impressão de que a fisiopatologia endócrina é ampla e complicada.
3.1.1 Etiologia e Fisiopatologia
Até hoje não se conhece um único fator que possa ser responsabilizado pela
origem da SOP, admitindo-se etiologia genética, provavelmente multiétnica,
modulada por fatores ambientais. Para alguns pesquisadores, o problema seria de
origem funcional ovariana, consequente a alterações genéticas na atividade de
enzimas que participam na síntese de androgênios.
Para outros, seria devido a alterações na função adrenal ou hipotalâmica.
Nos dias atuais, uma explicação mais amplamente aceita é que seria de origem
metabólica, em consequência da resistência à ação da insulina. Por ser muito
heterogêneo o quadro clínico, cada vez mais os estudiosos acreditam que a SOP
não é causada por um único distúrbio, mas sim por um espectro de várias
desordens. Sabe-se que uma característica importante dessa síndrome é a
pulsatilidade aumentada do hormônio luteinizante (LH), o qual atua nas células da
teca do folículo ovariano, estimulando a síntese de androgênios. Estudos realizados
in vivo e in vitro (cultura de células tecais) sugerem, consistentemente, que as
células da teca de mulheres com SOP são mais eficientes para converter
precursores androgênicos em testosterona (T) e androstenediona (A) do que as de
mulheres normais.
Da mesma forma que o LH regula a síntese de androgênios na teca, o
hormônio folículo estimulante (FSH) regula a síntese de estrogênios na granulosa do
folículo por meio do aumento da síntese e atividade da enzima aromatase,
transformando precursores androgênicos oriundos da teca em estrogênios.
Portanto, quando a concentração do LH aumenta em relação ao FSH, os
ovários sintetizam preferencialmente androgênios. A proporção de LH e FSH
sintetizados na hipófise depende da frequência da pulsatilidade com que o hormônio
liberador de gonadotrofinas (GnRH) é liberado no hipotálamo, o qual estimula a
síntese e a liberação de gonadotrofinas na hipófise. Quando a frequência dos pulsos
está aumentada, favorece a produção do LH sobre o FSH e, inversamente, quando
10. 9
está diminuída, favorece a produção do FSH em relação à do LH. As mulheres
portadoras da SOP apresentam relação LH/FSH aumentada em virtude do aumento
da pulsatilidade do GnRH, não se sabendo se o mesmo ocorre devido a uma
alteração hipotalâmica primária, diminuição dos níveis de progesterona resultante do
processo de anovulação (a progesterona diminui a pulsatilidade do GnRH) ou
aumento da produção estrogênica periférica consequente à transformação de
precursores androgênicos em estrogênios (estrogênios estimulam a pulsatilidade do
GnRH). Qualquer que seja a causa levará ao aumento do LH e do estímulo da teca
e à superprodução androgênica.
3.1.2 Fator de Risco
Vários fatores são apontados para justificar o aparecimento dessa síndrome,
podendo se considerar como possíveis causas, alterações genéticas, alterações na
função hipotalâmica ou adrenal, alteração de produção de gonadotrofinas (GnRH),
na liberação hipofisária dos hormônios luteinizantes (LH) e folículo estimulante
(FSH) e atualmente tem-se aceito que a SOP seja de origem metabólica, devido
grande parte das portadoras da síndrome apresentarem resistência insulínica.
A terapia medicamentosa na síndrome dos ovários policísticos tem como
principais objetivos suprimir a exacerbada produção androgênica (que é estimulada
pela elevação do LH e facilitada pela resistência insulínica) e corrigir suas
consequências, bem como regularizar o ciclo menstrual e reduzir os riscos de
desenvolvimento do diabetes mellitus tipo 2 e das doenças cardiovasculares a longo
prazo. Dentre os sensibilizadores de insulina o uso de metformina tem se tornado o
de escolha, pois estudos demonstram os benefícios da sua utilização. Atualmente
este medicamento vem sendo amplamente estudado e administrado em pacientes
com SOP com a finalidade de regular o transtorno menstrual, tratar o hirsutismo e
induzir a ovulação.
Os Anticoncepcionais hormonais orais combinados (CHOC), são
componentes que contêm dois hormônios sintéticos, o estrogênio e o progestogênio,
semelhantes aos produzidos pelo ovário da mulher. Tem-se estabelecido como
tratamento de escolha este tipo de anticoncepcionais orais, em virtude dos vários
benefícios que apresentam nas pacientes com SOP, como melhora do perfil
hormonal e prevenção do câncer de endométrio.
11. 10
3.1.3 Sinais e Sintomas
Os primeiros sintomas da síndrome dos ovários policísticos geralmente
acontecem logo após a primeira menstruação. Em alguns casos, a doença se
desenvolve mais tarde, durante os anos reprodutivos, provavelmente em resposta a
algum gatilho hormonal, como o ganho de peso.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, assim como a gravidade. Para
ser diagnosticado com a doença, é preciso ter pelo menos dois dos seguintes sinais:
Menstruação anormal, por exemplo, com intervalos menstruais de 35 dias,
menos de oito ciclos menstruais por ano, amenorreia por quatro meses ou mais e
períodos de menstruação intensa e prolongada
Níveis elevados de hormônios masculinos (andrógenos), que podem resultar
em características físicas como excesso de pelos faciais e no corpo, acne adulta ou
adolescente severa, calvície de padrão masculino.
Pequenos cistos nos ovários identificados em ultrassonografia.
SINTOMAS E SINAIS
Ciclos irregulares, menor frequência de ovulação e dificuldade para
engravidar podem ser características comuns da síndrome dos ovários policísticos.
O distúrbio ainda favorece o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, do
diabetes tipo 2 e obesidade. Quando há excesso de hormônios masculinos, os sinais
observados são:
Crescimento anormal de pelos nas regiões do baixo ventre, seios, queixo e
buço;
Aumento da oleosidade da pele e aparecimento de espinhas e cravos;
Queda de cabelos;
Aumento do peso;
Manchas na pele, principalmente nas axilas e atrás do pescoço
3.1.4 Manifestações Clínicas
12. 11
A SOP manifesta-se por sintomatologia clínica muito variada. Além dos
sinais e sintomas relacionados aos critérios diagnósticos (oligo/anovulação,
hiperandrogenismo e ovários policísticos), existem outras manifestações não
relacionadas aos mesmos.
Oligovulação/anovulação Apresenta-se sob a forma de infertilidade e
alterações menstruais. A infertilidade pode estar presente em 70% das mulheres
afetadas, entre as quais a SOP pode ser a causa em 30% das vezes. As alterações
menstruais ocorrem em 70%, com intervalos menstruais superiores a 31 dias
(oligo/amenorréia), havendo estímulo endometrial isolado do estradiol, o qual irá
causar hiperplasia endometrial com aumento do risco para adenocarcinoma de
endométrio e, por ocasião da privação hormonal estrogênica, menstruações mais
duradouras e de maior intensidade.
Hiperandrogenismo Existe amplo espectro de manifestações clínicas que
variam da acne, oleosidade e hirsutismo até alterações andróides do hábito
corporal, como a diminuição do diâmetro do quadril, as quais são influenciadas pela
etnia e por distúrbios associados (como o hipertireoidismo), que alteram a síntese
de androgênios. Sinais de virilização são incomuns na SOP e, quando presentes,
denotam outras causas de hiperandrogenismo como a hiperplasia adrenal e os
tumores funcionantes dos ovários ou adrenais.
Ovários policísticos Em virtude da hiperplasia do compartimento teca-
estromal, do acúmulo de folículos císticos na cortical e do espessamento da
cápsula, os ovários apresentam-se aumentados de volume, podendo ser palpados
ao toque bimanual. Estes aspectos são confirmados pela ultra-sonografia, quando
se apresentam com volume acima de 10 mL, com 12 ou mais folículos císticos em
cada um medindo de 2,0 a 9,0 mm de diâmetro e distribuídos na sua periferia, com
aumento do volume e ecogenicidade do estroma.9 Embora os ovários policísticos
tenham originado o nome da síndrome, sua presença isolada na ausência de
anovulação ou de hiperandrogenismo não permite considerar que a mulher seja
portadora desta síndrome.
Obesidade Aproximadamente 65% das mulheres com SOP têm índice de
massa corporal (IMC) acima de 27. A distribuição de gordura é frequentemente
abdominal (visceral) e associada a anormalidades metabólicas (hipertensão,
dislipidemia, resistência insulínica e intolerância à glicose). A circunferência
abdominal está aumentada (> 88 cm), como também a relação cintura quadril (>
13. 12
0,85), parâmetros estes que estão associados a risco mais alto de DCV. Estas
pacientes geralmente negam obesidade infantil e apresentam peso normal até a
menarca, ocorrendo ganho ponderal importante na adolescência, com aceleração
no seu final. A obesidade tem importante papel na manutenção e, presumivelmente,
na origem da SOP, facilitando anormalidades metabólicas como a resistência
insulínica. Evidências desses fatos incluem a regularização dos ciclos menstruais e
a redução da resistência à insulina após a perda de peso. Um estudo recente
revelou que a prevalência da SOP está aumentada em mulheres obesas na pré-
menopausa quando comparadas com os controles (28 e 5,5%, respectivamente),
mantendo-se independentemente do grau de obesidade e da existência ou não da
síndrome metabólica.
Acantose (Acanthosis nigricans) São manchas de pele com cor marron
escura, aveludadas, salientes, em áreas de flexão do corpo como axilas, face lateral
do pescoço, ínguino-crural e vulva. Estão fortemente associadas à resistência à
insulina e são resultantes do estímulo deste hormônio na camada basal da
epiderme. Quando encontradas juntamente com as manifestações clínicas de
hiperandrogenismo, principalmente o hirsutismo, configuram a síndrome HAIR-AN
(hyperandrogenism-insulin resistance-acanthosis nigricans), ocorrendo em 2 a 5%
das mulheres hirsutas. A grande maioria das mulheres com SOP (50 a 70%) são
insulinoresistentes, mas esta é muito mais grave em mulheres com a síndrome
HAIR-AN.
Síndrome metabólica Também conhecida como síndrome da resistência à
insulina ou síndrome X, caracteriza-se por um conjunto de sinais clínicos
associados à resistência insulínica. Os critérios diagnósticos são a obesidade
abdominal (circunferência abdominal ≥ 88 cm), aumento da pressão arterial (≥ 130 /
≥ 85 mm de Hg), aumento das triglicérides (≥ 150 mg/dL), diminuição da HDL-
colesterol (< 50 mg/dL), alteração da glicemia de jejum (≥ 110-126 mg/ dL) e/ou
alteração do teste de tolerância oral à glicose de duas horas (140-199 mg/dL).
Quando houver pelo menos três dos cinco critérios diagnósticos, a paciente é
considerada portadora da síndrome metabólica.
A prevalência dessa síndrome em mulheres com a SOP está na faixa de 43
a 46% e a resistência insulínica tem papel importante na sua fisiopatologia. Em
virtude das alterações metabólicas presentes serem fatores de risco para DCV e
14. 13
diabetes mellitus, as mulheres com SOP têm risco aumentado, em longo prazo,
para estas doenças.
Transtornos psíquicos Muito difícil se torna diferenciar se os transtornos
psíquicos das mulheres com SOP são consequentes de uma ação primária dos
esteróides sexuais cronicamente aumentados (androgênios) em nível cerebral
alterando a neurotransmissão ou se ocorrem devido a processo reacional às
manifestações sintomáticas da doença (hirsutismo, irregularidades menstruais,
infertilidade e obesidade). Em relação aos efeitos primários cerebrais dos esteróides
sexuais, pesquisadores têm admitido que os hormônios alteram a forma e/ ou o
número dos receptores de neurotransmissores, influindo na sensibilidade a
condições endógenas e exógenas, causando distúrbios na esfera do humor. A
exposição androgênica pré-natal e pós-natal precoce pode afetar a organização
estrutural do cérebro e alterar de forma permanente a sua morfologia e,
consequentemente, as respostas comportamentais.
Durante a puberdade, os efeitos ativacionais da exposição androgênica não
modificam permanentemente a estrutura cerebral, embora possam produzir efeitos
fisiológicos prolongados que vão influenciar o comportamento.
A SOP constitui um modelo clínico único para investigarem-se os efeitos
ativacionais de níveis cronicamente elevados de androgênios sobre o humor.
Iniciando-se na puberdade, essa síndrome fornece a oportunidade de se estudarem
os efeitos ativacionais desses hormônios em concentrações anormais na mulher
adulta e, portanto, separados dos efeitos organizacionais cerebrais. Estudo recente
comparou estados de humor negativo de mulheres com SOP com aqueles de
mulheres normais e examinou a relação existente entre humor negativo e
androgênios. Aquelas com SOP apresentaram mais depressão (aguda e de longa
permanência), mesmo quando se considerou a variância relacionada à
sintomatologia física (hirsutismo, acne, alterações menstruais e infertilidade). O
mesmo ocorreu com os outros estados de humor.
A segunda possibilidade seria a de que os transtornos psíquicos da SOP
sejam consequentes aos vários aspectos sintomáticos da síndrome, os quais
causaria significante quantidade de carga emocional a influenciar a identidade
feminina das pacientes afetadas. Pelo fato da SOP manifestar-se numa faixa etária
na qual encontrar um parceiro, ter atividade sexual e casar são muito importantes,
suas implicações cosméticas e psicossexuais causaria profundos distúrbios
15. 14
emocionais, sendo os sintomas mais comumente implicados o hirsutismo, as
irregularidades menstruais e a infertilidade, os quais levariam as mulheres a
expressarem menos feminilidade e sentimentos diferentes. Os riscos em longo
prazo (diabetes e DCV) também poderiam ter impacto negativo sobre o bem-estar
psicossocial, sendo a síndrome associada a sentimento de frustração e ansiedade.
As alterações sintomáticas da SOP parecem, portanto, ter considerável
efeito em relação ao aparecimento dos distúrbios psíquicos e as mulheres
acometidas mostram significativamente mais alterações obsessivo-compulsivas,
sensibilidade interpessoal, depressão e agressividade, havendo comprometimento
da qualidade de vida que merece mais atenção na prática médica e em pesquisa
clínica.
3.1.5 Diagnóstico Médico
A melhor propedêutica para o diagnóstico médico é a História e o exame
físico onde há necessidade de buscar evidências de disfunção menstrual peripuberal
e hirsutismo, exame ginecológico onde é necessário para afastar outras causas de
sangramento e aborto.
Para o diagnóstico da SOP, é necessário excluir a presença de
hiperplasia adrenal congênita de início tardio com a medida de hidroxiprogesterona
basal e se necessário após estímulo com ACTH, anormalidades tiroideana com a
dosagem de TSH, hiperprolactinemia com a avaliação dos níveis de prolactina e
síndrome de Cushing, mas não são necessários testes se não houver clínica
sugestiva.
Pacientes com síndrome dos ovários policísticos têm, de modo
característico, ciclos menstruais irregulares (amenorréia ou oligomenorréia).
Associado a anovulação crônica, as pacientes costumam apresentar hirsutismo
(aumento de pêlos), acne, obesidade, infertilidade.
Alguns pacientes apresentam hemorragia uterina (sangramento vaginal
aumentado e irregular). Antes de diagnosticarmos síndrome dos ovários policísticos
precisamos descartar outras doenças que podem manifestar-se com quadro clínico
similar ao da síndrome dos ovários policístico diagnóstico precoce da SOP é
importante, em princípio, pela possibilidade de se prevenir o desenvolvimento de
16. 15
doenças associadas à síndrome. Assim, o dermatologista poderá ser responsável
por esse diagnóstico, devido às manifestações cutâneas do hiperandrogenismo.
O objetivo desta revisão é a atualização, em relação à fisiopatologia, ao
diagnóstico e tratamento da SOP, visto que, nos últimos 10 anos foi possível
correlacionar a fisiopatologia e o tratamento, em especial, à resistência periférica à
insulina e apresenta manifestações clínicas em todas as idades e não apenas nas
mulheres em idade fértil a forma clássica caracteriza-se por altos níveis de
andrógenos, estrógenos, insulina e LH. A síndrome metabólica nas mulheres com
SOP, em especial na pré-menopausa, caracteriza-se por obesidade, RI e
dislipidemia.
Diagnostico Laboratorial é realizado através de ultrassonografias o qual deve
ser solicitada entre os 25 dias do atual ciclo menstrual e o terceiro do próximo e
também a ultrassonografia transvaginal é melhor do que a abdominal, por permitir
uma melhor visualização, e as dosagens hormonais que é realizada pela manhã, por
causa do pico da corticotropina.
SOP, a OHP pode estar normal ou com discreto aumento onde é
diagnosticada após a exclusão de outras doenças que causam ciclos menstruais
irregulares e excesso de andrógenos, pela identificação de pelo menos dois dos
seguintes critérios: oligovulação ou anovulação, que se manifesta, em geral, com
Oligoamenorreia ou amenorreia, níveis elevados de andrógenos no sangue
(hiperandrogenemia) ou manifestações clínicas de excesso de andrógenos
(hiperandrogenismo) e cistos de ovários definidos pela ultrasonografia (10 ou mais
cistos entre 2 e 8mm).
A SOP é uma condição crônica que apresenta manifestações clínicas
em todas as idades e não apenas nas mulheres em idade fértil. A forma clássica é
caracterizada por altos níveis de andrógenos, estrógenos, insulina, e a síndrome
metabólica nas mulheres com SOP, em especial na pré-menopausa que é,
caracterizada por obesidade.
Diagnóstico de SOP (NIH - escolhida a definição diagnóstica do NIH
por ser mais específica do que a do Consenso de Rotterdam ou Androgen Excess &
PCOS Society) com irregularidade menstrual e sinais clínicos de hiperandrogenismo
(hirsutismo, alopecia, acne) ou hiperandrogenemia (níveis séricos aumentados de
testosterona); ou diagnóstico de hirsutismo idiopático com ciclos regulares e
17. 16
ovulatórios, hirsutismo isolado e ausência de ovários policísticos à ultrassonografia
pélvica.
O aumento de triglicérides e do colesterol total, com aumento de LDL e
diminuição de HDL é o que caracteriza a dislipidemia. O hirsutíssimo é a
característica clínica mais frequente do hiperandrogenismo na pele e, além disso,
pode causar transtornos psíquicos na mulher. A importância do estabelecimento do
diagnóstico precoce da SOP é devida a sua associação com a alta morbidade
reprodutiva e o aumento de risco para o câncer hormônio-dependente, justificando,
assim, o tratamento preventivo.
Sempre que se discute ovários policísticos, esbarra-se na sua definição
como uma síndrome o qual em 1935 era aceitável considerá-los como uma
síndrome, pois havia um quadro clínico bem definido, representado pela anovulação,
amenorreia ou oligomenorréia, infertilidade, hirsutismo (hiperandrogenismo) e
frequentemente associados a obesidade. Havia uma explicação para justificar o seu
aparecimento, qual seja o espessamento da cápsula ovariana. Havia inclusive uma
comprovação histopatológica. E, para caracterizá-la como uma síndrome,
apresentava resultados terapêuticos favoráveis mediante uma conduta uniforme: a
ressecção cuneiforme dos ovários.
Hoje é inconcebível persistir com a denominação “Síndrome dos ovários
policísticos ela foi uma síndrome, nos velhos tempos. Atualmente ela é referida
como “anovulação hiperandrogênica. Não há nem necessidade de mencionar
ovários policísticos, pois isto é pleonasmo. Numa definição mais objetiva, a
Síndrome dos ovários policísticos é identificada pela Organização Mundial de Saúde
(WHO) como disfunção ovulatória tipo 2 ou anovulação normoestrogênica. Os
critérios para o diagnóstico emitida na “Conferência de Consenso do NIH (EUA) em
1990, foram:
1. Irregularidade menstrual.
2. Excesso clínico e/ou laboratorial de androgênios.
3. Exclusão de outras patologias.
Resistência à insulina, hiperinsulinemia, relação LH/FSH aumentada,
imagem ultrassonográfica de microcistos, não são imprescindíveis para o
diagnóstico.
Em janeiro de 2004 foi publicado no Fertility and Sterility uma revisão do
Consenso do NIH de 1990 que ficou conhecido como o “Consenso de Rotterdam”.
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Pelo consenso de Rotterdam, para concluirmos pela SOP, são necessários 2 dos 3
critérios seguintes:
1. Oligo ou anovulação.
2. Sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo.
3. Ovários policísticos.
Exclusão de outras etiologias (hiperplasia supra-renal congênita, tumores
secretores de androgênios, síndrome de Cushing).
A novidade foi a inclusão da comprovação do ovário policístico pela
ultrassonografia (como se eles pudessem existir em pacientes ovulatórias).
Diagnosticar a anovulação crônica, é extremamente simples, em pacientes
amenorreicas, o que já fala por si só de uma anovulação (afastada uma gravidez), o
teste positivo do progestogênio fechará o diagnóstico de anovulação e,
implicitamente, de ovários policísticos. Mas isto não é o suficiente. O teste não
aponta a etiologia. A investigação terá que considerar as diversas causas de
anovulação e procurar identificá-las. Nas pacientes oligomenorreicas ou com outros
distúrbios menstruais, a história menstrual e a temperatura basal serão mais do que
suficientes para confirmar o estado anovulatório.
Estudo hormonal: há muita polêmica sobre a necessidade de testes de
sangue e quais solicitar. Para o diagnóstico da SOP, é necessário excluir a presença
de hiperplasia adrenal congênita de início tardio com a medida de
hidroxiprogesterona basal e se necessário após estímulo com ACTH, anormalidades
tiroideana com a dosagem de TSH, hiperprolactinemia com a avaliação dos níveis
de prolactina e síndrome de Cushing, mas não são necessários testes se não
houver clínica sugestiva.
3.1.6 Tratamentos
O tratamento é feito através de anticoncepcional hormonal oral, acetato de
ciproterona, desogestrel, gestodeno, Espironolactona 50-200mg/dia, Acetato de
ciproterona 50mg/dia. Acne grave, encaminhar para tratamento especializado com o
dermatologista, Flutamida 250mg/dia: agente antiandrogênico puro, não esteroide,
ativo por via oral. Este agente exerce sua ação androgênica através da inibição da
captação e ou inibindo as ligações nucleares dos andróginos nos tecidos
alvo, Finasterida 5mg/dia. É um inibidor ajuda a reduzir o risco de desenvolvimento
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de uma incapacidade de urinar repentina (retenção urinária aguda) e de
necessidade de cirurgia, etoconazol e Glitazonas: efeitos colaterais limitam seu uso
em larga escala.
Tratamento Cirúrgico atualmente sem maiores evidências de seus reais
benefícios como:
Irregularidade menstrual.
Progestínicos na segunda fase do ciclo;
ß níveis de insulina. Metformina é a droga mais estudada, 1500 a
2000mg/dia.
Dieta e exercícios físicos representam o tratamento de primeira linha,
melhorando a resistência à insulina e retorno dos ciclos ovula tórios, mesmo na
ausência de perda de peso. A droga de escolha para indução da ovulação em
pacientes com SOP é o nitrato de clomifeno (CC), 50 a 200 mg/dia durante cinco
dias, a partir do 3º, 4º ou 5º dia do ciclo. Cerca de 50% a 80% das pacientes
apresentam ovulação e 40% a 50% engravidam.
Pacientes com SOP resistentes ao CC podem utilizar drogas que
diminuem os níveis de insulina, isoladas ou em associação ao CC. A utilização
isolada da Metformina 500mg/dia a 2000mg/dia) promove a ovulação em 78% a
96% das pacientes. Pacientes com níveis elevados de DHEAS são mais resistentes
ao CC e podem beneficiar-se da administração de corticóide. A fertilização in
vitro (FIV) pode ser utilizada nos casos em que a estimulação ovariana foi
exagerada, com o objetivo de evitar o cancelamento do ciclo. Pacientes com SOP
parecem ter maior risco de abortamento após FIV.
A escolha do tratamento, na SOP, dependerá do quadro clínico e
laboratorial, Assim o objetivo do tratamento da SOP na dermatologia é reduzir a
concentração de andrógenos, para atenuar seus efeitos na pele e unidade
pilossebácea, em conjunto com a terapia médica, a modificação do estilo de vida,
com adaptação da dieta e a prática de exercícios físicos, é necessária.
As opções terapêuticas das manifestações cutâneas do excesso de
andrógenos incluem: Anticoncepcionais orais conjugados: acetato de ciproterona
(2mg) + etinil estradiol (35µg) por 21 dias ou drospirenona (3mg) + etinil estradiol
(30µg) por 28dias.
O efeito antiandrogênico é devido à redução do LH e,
consequentemente, da produção ovariana de andrógenos pelo componente
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estrogênico. Os estrógenos também aumentam a síntese de SHBG, reduzindo,
assim, o uso dos anticoncepcionais orais exige monitoramento especial, isto é,
exames ginecológicos e das mamas. A efetividade dos anticoncepcionais é maior na
acne (50%) e menor no hirsutismo, necessitando de mais tempo de
administração.2,31,77 Os efeitos adversos dos anticoncepcionais na RI, tolerância à
glicose, reatividade vascular e coagulabilidade devem ser considerados, em especial
após a disponibilidade das drogas que diminuem a concentração de insulina.
Antiandrógenos: a) acetato de ciproterona (25mg a 50mg nos primeiros 10
dias do ciclo) - é uma progesterona potente, com ação antiandrógena moderada.
Inibe a ligação da T e da DHT no receptor de andrógenos, reduz a concentração da
5α redutase da pele e diminui a secreção de andrógenos ovarianos por inibir a
liberação de gonadotrofinas.
A melhora do hirsutismo ocorre após intervalo de três a seis meses
de tratamento. Os efeitos colaterais incluem sangramentos uterinos irregulares,
náuseas, vômitos, cefaléias, fadiga, ganho de peso e diminuição da libido b)
espironolactona - apresenta efeito antiandrogênico moderado, quando administrada
na dose de 100-200mg/dia. Shaw80 publicou o guidelines para a espirolanoctona,
que consiste em iniciar com dose de 25mg 2x/dia e, se bem tolerada, aumentar para
50mg 2x/dia; caso não haja benefícios após três meses, doses altas podem ser
consideradas.
A duração do tratamento pode ser prolongada e associada ao uso
de anticoncepcionais orais conjugados, c) flutamida, potente antiandrógena não
esteróide efetivo no tratamento do hirsutismo, porém a disfunção hepatocelular
grave tem limitado seu uso, d) finasterida, inibidor da 5α redutase. É administrada,
no hirsutismo, na dose de 5mg/dia, e a melhora ocorre após três meses, e d)
eflornithine, inibidor da enzima decarboxylase ornithine na pele humana, disponível
em creme, para uso tópico.
A ação primária da droga é a inibição do crescimento dos pelos
agentes sensibilizantes da insulina: metformina, tiazolidinediona.31,78 Esses
agentes aumentam a sensibilidade dos tecidos à ação da insulina. a) metformina
Velásquez publicou o primeiro estudo da metformina na SOP. A metformina reduz a
gluconeogênese hepática e aumenta a sensibilidade do músculo à insulina,
diminuindo a concentração da insulina sérica e, consequentemente, diminuindo a
produção de andrógenos pelas células da teca. Entretanto, ela não é
21. 20
hipoglicemiante, por não aumentar a secreção de insulina. Além disso, a metformima
diminui a concentração de colesterol total, LDH e triglicérides, e aumenta a
concentração de HDL.
A diminuição na concentração dos andrógenos pela metformina
ainda não está esclarecida. Parece que ela influencia diretamente a esteroidogênse
ovariana, reduzindo a produção dos andrógenos. A dose recomendada é de 500mg
3x dia ou 850mg 3x/dia. É efetiva no tratamento da anovulação em mulheres com a
SOP e, em tratamentos de longa duração, parece ser capaz de melhorar o
hirsutismo, o tratamento com roziglitazona foi associado à melhora da função das
células β-pancreáticas e à redução de PAI.
A resposta ao tratamento com agentes sensibilizadores da insulina
é diretamente proporcional ao IMC, insulina de jejum, colesterol total e LDL
colesterol e pressão arterial, e inversamente proporcional à concentração de A e
HDL, o tratamento da SOP visa reduzir os sinais do hiperandrogenismo, restaurar os
ciclos ovulatórios regulares e controlar traços da síndrome metabólica. A escolha do
tratamento dependerá da gravidade dos sintomas e dos objetivos específicos,
considerando sempre as possíveis consequências em longo prazo.
O tratamento é dirigido à causa da anovulação. Quando for síndrome dos
ovários policísticos (sem hipotireoidismo, sem alteração de glândula suprarrenal,
sem hiperprolactinemia) o tratamento é multifatorial e depende do objetivo da
paciente com o tratamento tem como finalidade melhorar a fertilidade e diminuir as
complicações da gravidez (hiperestimulação ovariana, multiparidade, toxemia,
diabetes mellitus gestacional e abortamento), regularizar o ciclo menstrual, combater
o hiperandrogenismo e prevenir o carcinoma de endométrio. Entretanto, atualmente,
novos objetivos se impõem, visando a diminuir o risco de DM2 e, possivelmente, de
doença cardiovascular.
A Redução de peso deve ser recomendada às pacientes obesas ou com
sobrepeso, pois perda de aproximadamente 5% do peso corpóreo pode restaurar a
ovulação.
Vários medicamentos podem ser utilizados no tratamento da SOP, entre eles
os anticoncepcionais orais, os anti-andrógenos, os anti-estrógenos e, mais
recentemente, os agentes sensibilizadores, ação da insulina (tiazolidinedionas e
biguanidas). Estes têm sido empregados para reduzir o nível de hiperinsulinemia e
seu impacto negativo sobre a função ovariana e a prevenção a longo prazo de suas
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consequências cardiovasculares. Estão substituindo o uso já consagrado dos
anticoncepcionais orais, os quais podem piorar a resistência à insulina, induzir
intolerância à glicose aumentando o risco de desenvolvimento de DM2, elevar os
níveis de triglicérides e aumentar o risco cardiovascular também devido às suas
ações sobre a coagulabilidade e a reatividade vascular.
3.1.7 Prevenção
A síndrome dos ovários policísticos é um distúrbio endócrino que provoca
alteração dos níveis hormonais. Essa alteração dos níveis hormonais leva à
formação dos cistos nos ovários que fazem com que eles aumentem de tamanho. A
mulher também passa a produzir mais hormônios masculinos que podem causar
sintomas como aumento de pelos e aparecimento de acne. Por toda essa alteração
hormonal muitas mulheres que tem SOP apresentam dificuldades para engravidar.
A causa exata da síndrome dos ovários policísticos ainda não é totalmente
conhecida, uma das hipóteses é que tenha uma origem genética, pois quando há
casos de SOP em parentes próximas como mães e irmãs a chance de desenvolver
a doença aumenta. Estudos indicam que a SOP está associada coma resistência à
ação da insulina no organismo e aumento desse hormônio na corrente sanguínea é
que provocaria o desequilíbrio hormonal que gera a doença.
Para prevenir a síndrome dos ovários policísticos é recomendada uma dieta
leve e completa, acompanhada de exercícios físicos. Mulheres que estão acima do
peso, têm glicemia, pressão arterial e taxa de colesterol elevadas fazem parte do
grupo de risco da doença, por isso precisam se prevenir seguindo uma dieta
saudável, praticando exercícios físicos e realizando acompanhamento ginecológico
anual.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo tivemos o aprendizado que devemos estimular inicialmente as
mudanças nos hábitos de vida de cada paciente com (SOP), porque incluem perda
de peso e exercícios físicos. Muitas vezes, encontramos dificuldades para fazer com
que as mulheres compreendam e ponham em prática as orientações. Também os
agentes sensibilizadores da insulina são uma boa opção, sendo que a experiência
mundial é maior com a metformina. Na classe dos agentes hipoglicemiantes, os
derivados das tiazolenedionas também podem ser utilizados. A troglitazona foi
retirada da prescrição médica devido aos efeitos hepatotóxicos. É importante
lembrar que a utilização da pioglitazona pode determinar aumento de peso.