O documento discute os princípios do lean thinking e como pode ajudar as empresas a melhorar a eficiência e produtividade. O lean thinking foca-se em identificar e eliminar desperdícios nos processos, otimizar fluxos, e inovar continuamente para criar valor para os clientes. Apesar de algumas empresas recorrerem ao lean thinking apenas em "tempos de crise", esta filosofia trará melhores resultados a longo prazo se implementada de forma consistente.
1. João Paulo Pinto, Prof
Presidente da COMUNIDADE LEAN THINKING
http://www.leanthinkingcommunity.org/
Novos instrumentos de gestão começam a estar a dar cartas, nomeadamente o coaching e lean
thinking. O que quanto a si, está a ditar este sucesso?
As actuais dificuldades económicas, a constante necessidade de reduzir custos sem comprometer a
qualidade e o serviço, levam as empresas a optar por novos paradigmas de liderança e de gestão. Destes
destaco o pensamento magro (lean thinking) pela sua simplicidade e pelas provas dadas em empresas
industriais e de serviços.
Os empresários devem optar por recorrer a estes serviços?
Sem dúvida. Pensar lean (magro) é fundamental nos tempos que correm. Recordo uma frase de Peter
Drucker que dizia que a maior prova de incompetência é fazer na perfeição o que não necessita de ser
feito. Muitos de nós somos peritos a fazer esses coisas, e isso resulta em custos desnecessários e perdas de
eficiência nos processos. A filosofia lean thinking, procura numa fase inicial identificar os focus de
desperdício nas organizações e depois através de métodos simples eliminar a sua ocorrência.
Posteriormente, lean thinking orienta a sua acção para a criação de valo, algo que se resumo à
transformação da gordura em musculo.
Acha que o recurso a estes mecanismos acontece apenas em “tempos de crise”?
Uma boa parte sim. As estatísticas assim o demonstram. Muitas empresas recorrem aos serviços de
consultoria em lean management junto da Comunidade Lean Thinking em situações de desespero. Estas
empresas não “pedem que lhes ensinemos a pescar”, a sua situação é tão critica que é o peixe que lhe
temos de dar. A aplicação de lean management resultará em melhores resultados numa perspectiva de
longo-prazo, não sob pressão de obter resultados rápidos característicos dos tempos de crise.
Por que filosofia se rege o lean thinking?
A filosofia Lean Thinking baseia-se em princípios simples e imutáveis aplicáveis a qualquer tipo de
organização. Estes princípios são os seguintes:
1. Conhecer o stakeholder (as partes interessadas);
2. Identificar o valor para cada um dos stakeholders;
3. Análise das cadeias de valor;
4. Optimização dos fluxos (ex. materiais, pessoas, energia, capital e informação);
5. Aplicar, se possível, o sistema pull (ie, deixar o cliente desencadear todas as operações formando
uma reacção em cadeia);
6. Procurar a perfeição nos processos;
7. Inovar sempre!
Trata-se de mudar mentalidades empresariais?
Trata-se acima de tudo da mudança de paradigmas. Pensar lean significa optar por uma nova postura
perante a gestão de processos e a liderança de pessoas. Muitos dos princípios e conceitos lean são contra-
intuítivos.
Pela sua experiência, a reacção dos empresários portugueses tem sido positiva a este modelo?
A reacção varia do “o que é isso?” ao “vamos lá avançar com a empresa lean”. Aos poucos o conceito
tem vindo a ganhar popularidade em vários sectores. A indústria está mais receptiva à sua aplkicação,
mas nos últimos meses temos encontrado empresas de serviços a fazer breves incursões lean nas suas
actividades.
Acredito que nos próximos 3 anos se venha a assistir a um grande alastramento desta filosofia de
liderança e de gestão na generalidade dos sectores.
Poder-se-á dizer que os consultores – porque se trata de uma consultoria empresarial – têm o
“segredo” de como gerir bem uma organização?
2. Não necessariamente. A implementação lean não pode para sempre estardependente do “consultor”. A
abordagem que seguimos na Comunidade Lean Thinking é criar internamente Senseis (mestres lean) que
assegurem a implementação do lean management nas empresas. Este é um dos compromissos que
firmamos com as empresas com quem trabalhamos: criar internamente uma estrutura que suporte a
melhoria contínua do desempenho.
Quais são, quanto a si, as maiores falhas executadas pelas empresas portuguesas?
Falta de visão, falta de coragem para tomar as decisões dificeis e uma enorme lacuna de formação e treino
dos nossos gestores e líderes.
Eficiência operacional e produtividade são elementos fundamentais para uma boa gestão. Como é
que se atinge esse patamar?
Nós na Comunidade Lean Thinking costumamos abordar esse desafio do seguinte modo:
Identificar as fontes de desperdício existentes (ex. stocks, transportes, armazenamentos, reuniões
infindáveis, papeis, etc);
Quantificar as fontes de desperdício e identificar as suas causas-raíz;
Eliminar os desperdícios de acordo com critérios bem definidos (ex. retorno do investimento);
Uniformizar as práticas de trabalho, evitando oscilações prejudiciais nos processos;
Formalizar práticas de trabalho e melhorar a comunicação entre todos;
Fomentar o trabalho em equipa e a partilha de conhecimento e de boas práticas;
Ênvolver todas as pessoas nos processos de decisão e de melhoria contínua;
Promover e incentivar a criatividade das pessoas como factor criador de valor nas organizações;
Adoptar uma atitude de permanente insatisfação para com os resultados, procurando melhorar
todos os dias.