O documento descreve a história da ritidoplastia, desde as primeiras técnicas no início do século XX até desenvolvimentos modernos. Detalha a avaliação inicial do paciente, técnicas cirúrgicas como incisões e elevação dos tecidos, possíveis procedimentos adicionais e complicações.
Ritidoplastia: histórico, avaliação e técnica cirúrgica
1. Ritidoplastia
Histórico
Passot (1919) – realizava várias incisões elípticas na região temporal e pré-
auricular
Bettman (1926) – descreveu uma incisão contínua temporal, pré-auricular e
retro-auricular até a região mastóidea. Esta incisão mais o descolamento subcutâneo
descrito por Barnes (1927), estabeleceram o procedimento básico para a ritidoplastia
nos 40 anos seguintes.
Lexer (1931) – publicou uma cirurgia realizada em 1906, na qual foi feita
plicatura do subcutâneo à região mastóidea.
Von Hollander (1932) – descreveu que desde 1901 já vinha realizando
tratamento de rugas por uma incisão contínua percorrendo a região temporal em direção
a região pré-auricular contornando o lóbulo da orelha e prosseguindo até a região
mastóidea.
Adanson (1964) – fez as primeiras referência sobre a lipectomia cervical.
Millard (1968) – descreveu uma extensa lipectomia de região submentoniana e
submandibular.
Pitanguy (1971) – publicou um artigo descrevendo a técnica de “Round –
Lifting”, enfatizando a necessidade de rotação uniforme dos retalhos para evitar as
dobras de pele.
Skoog (1973) – descreveu a técnica do plano facial superficial em continuação
com o platisma na região cervical.
Guerreiro-Santos (1974) – descreveu o tratamento para o platisma.
Mitz e Peyronie (1976) – publicaram o estudo completo sobre o SMAS.
Owsley (1977) – primeiro trabalho sobre o tratamento do SMAS.
Teimurian (1981) – associou a ritidoplastia com lipoaspiração da face e do
pescoço.
Tessier (1982) – sugeriu o plano subperiostal para o levantamento da região
malar.
Perpére (1987) – descreve indicações e detalhes técnicos do face lifting
secundário.
2. Lewis (1989) – sistematizou as incisões, considerando indicações e variações
específicas para a correção de seqüelas.
Bostwick (1994) – introduziu a endoscopia no face lifting.
Backer (1997) – tratamento do SMAS. Relatou atenuação do sulco naso-labial e
redefinição do ângulo e do ramo da mandíbula.
Avaliação Inicial
Os sinais de envelhecimento da face e do pescoço começam a aparecer na
terceira década de vida.
Década dos 30 anos: a pele da pálpebra superior torna-se redundante e “pés de
galinha” das laterais dos cantos palpebrais aparecem;
Década dos 40 anos: os sulcos nasolabiais tornam-se mais proeminentes; sulcos
frontais transversos e linhas verticais glabelares se desenvolvem;
Década dos 50 anos: rugas no pescoço; a linha da mandíbula torna-se menos
distinta, forma-se papada e a ponta do nariz cai;
Década dos 60, 70 e 80 anos: os tecidos cutâneos e subcutâneos atrofiam,
contribuindo para a formação de rugas aumentadas e para queda da pele (a pele fica
caída e frouxa)
Vários fatores contribuem para a aparência envelhecida da face:
1. Atrofia e perda de pele devido a dano solar;
2. Herança genética;
3. Alterações morfológicas dos ossos da face;
4. Doenças sistêmicas;
5. Cansaço emocional;
6. Grandes ganhos e perdas de peso;
7. Abuso crônico de álcool;
8. Tabagismo;
9. História de trauma;
10. Contrações da musculatura facial;
11. Dano ambiental devido à poluição.
3. As principais alterações intrínseca da pele na face envelhecida são:
1. Perda da elasticidade;
2. Ceratose, epitelioma e outras lesões hiperpigmentadas;
3. Linhas e rugas finas;
4. Quantidade diminuída de tecido adiposo devida à atrofia;
5. Pigmentação anormal;
O esqueleto da face também sofre mudanças com o envelhecimento e deve ser
notado no planejamento do tratamento. As principais mudanças são:
1. Diminuição da altura das porções média e inferior da face;
2. Ligeiro aumento na largura da face;
3. Aumento da proeminência mentoniana;
4. Aumento da proeminência do seio frontal;
5. Aumento da proeminência do arco zigomático;
6. Aumento da profundidade facial.
As possíveis variações são infinitas e cada caso deve ser cuidadosamente para
formular um tratamento. Os sinais de envelhecimento da face que são corrigíveis pela
cirurgia de rejuvenescimento são:
1. Flacidez e queda da pele das bochechas e do pescoço;
2. Profundidade dos sulcos nasolabiais;
3. Profundidade das rugas e dos sulcos nasolabiais e da comissura perioral;
4. Formação de papada com flacidez e queda da pele da face sobre as
bordas da mandíbula, causando menor distinção dos ângulos
mandibulares;
5. Formação de rugas em várias áreas da face;
6. Atrofia do tecido subcutâneo;
7. Ptose dos tecidos moles do aspecto anterior do mento;
8. Ptose dos supercílios;
9. Rugas transversas da região frontal;
10. Excesso de pele e gordura das pálpebras;
11. Sulcos transversos do dorso do nariz;
12. “Pés de galinha”.
Técnica Cirúrgica
A ritidoplastia clássica pode ser dividida em três regiões, elevação da fronte e
dos supercílios, elevação da face (mini lifting) e elevação do pescoço.
A elevação da fronte está indicada quando deseja-se corrigir ptose da fronte e
dos supercílios e abaixamento das pálpebras superiores laterais. Também ajuda a
corrigir as linhas transversas da fronte, dos sulcos glabelares e dos sulcos transversos da
raiz nasal.
4. A elevação do retalho é feita através de uma incisão bicoronal clássica ou
anterior a linha do cabelo (modificada). Na elevação bicoronal padrão, a incisão nas
regiões temporal e frontal é feita longe o suficiente posteriormente de forma que após a
ressecção do couro cabeludo redundante esta permaneça aproximadamente 5 cm atrás
da linha do cabelo. Na elevação anterior à linha do cabelo, a incisão segue a linha do
cabelo na região frontal e então contorna posteriormente na região temporal por 7 a 9
cm antes de curvar caudalmente em direção a orelha. A idade da paciente, a quantidade
de tecido em excesso, a altura da implantação e a espessura do cabelo determinam qual
incisão deve ser usada. Para pacientes com uma linha do cabelo anterior normal e sem
cabelo excessivamente fino, uma incisão coronal padrão é preferida. Quando a linha de
implantação anterior é alta, a incisão modificada é usada.
O plano do descolamento é o plano areolar entre a gálea e o periósteo. Outros
planos de dissecção são o subcutâneo e o subperiostal.
Um detalhe fundamental na elevação da fronte
é a posição normal ou ideal do supercílio feminino. A
sobrancelha está localizada aproximadamente 1 cm
acima da borda orbitária superior (no homem se
deposita aproximadamente ao nível da borda
orbitária). O seu aspecto medial é delimitado por uma
linha vertical desenhada superior e
perpendicularmente através da asa nasal. O aspecto
lateral da sobrancelha é delimitado por uma linha
oblíqua desenhada da lateral da base alar até o canto
lateral. As bordas medial e lateral do supercílio estão
aproximadamente ao mesmo nível horizontal. A
porção mais alta ou ápice do supercílio é delimitada
por uma linha vertical que se estende superiormente
da margem lateral da íris.
Outra opção para elevação da fronte é a cirurgia endoscópica, onde são feitas
pequenas incisões dentro da linha do cabelo, extensa dissecção subperiostal incluindo a
borda orbitária e a raiz nasal, liberação e ressecção dos músculos corrugador e prócero,
preservação dos elementos neurovasculares supratrocleares e supra-orbitários, elevação
5. frontal e fixação com microparafusos percutâneos ou outras técnicas que permitam
realinhamento aos ossos em uma posição mais alta.
As vantagens dessa técnica é que não há ressecção de couro cabeludo, cicatrizes
menores, insensibilidade menor e menor sangramento.
As desvantagens são a necessidade de materiais especiais, rugas profundas da
fronte e glabela não são completamente erradicadas e a correção de ptose grave do
supercílio é limitada. A seleção cuidadosa dos pacientes é essencial.
Elevação da face e do platisma: existem vários procedimentos para tratamento
dessa região que são variações de 4 procedimentos:
1. Somente pele;
2. Pele e SMAS-platisma;
3. Pele e SMAS-platisma e suspensão da face média;
4. Planos profundos e/ou uma combinação de 1, 2 e 3.
Uma elevação da face somente da pele é recomendada se a paciente tem rugas e
flacidez precoces da pele da face e do pescoço mas não tem bandas platismais, flacidez
de SMAS, ptose das bochechas, linhas de marionete, concavidade submalar ou qualquer
das outras características de relaxamento profundo da face devido ao envelhecimento.
A presença, o grau e a extensão da flacidez do SMAS-platisma e as anormalidades do
contorno determinam o tipo de elevação da face a ser recomendado e a escolha de
procedimentos concomitantes adicionais como áreas de lipoaspiração, aumento de
mento e malares, suspensão da face média, aumento dos lábios, contorno de mento,
elevação da fronte e talvez outros.
Se os tecidos do SMAS-platisma e nasolabiais apresentam ptose, a pele também
apresenta, pois esses tecidos musculofaciais estão fora da pele. Assim é recomendável
uma elevação da face de pele e camada profunda (SMAS-platisma). Precocemente,
antes que a redundância de pele e rugas tenham se tornado pronunciadas, o lifting
somente de pele pode ser suficiente.
Incisões: A incisão do contorno pré-
tragal é uma boa escolha se o tragus é
protruso e há uma ruga pré-auricular,
em pacientes mais velhos, em
homens, para fumantes ou outros
pacientes com a possibilidade de
prejuízo da circulação cutânea.
As indicações para uma
incisão de borda tragal são (1) tragus
pequeno, achatado, não protruso; (2)
pacientes do sexo feminino jovens
sem uma ruga pré-tragal pronunciada;
(3) não-fumantes. A incisão de
margem tragal fornece uma linha de cicatriz invisível sem ter de esconder a pele da
bochecha levantada dentro do tragus, dessa forma evitando-se a distorção do contorno
normal do tragus que pode ocorrer com uma incisão retro-tragal.
6. As indicações para uma incisão retro-tragal são similares à aquelas para a
incisão de borda tragal. Entretanto, essa incisão pode causar deformidade ou
obliteração do contorno tragal do meato auditivo, causando a aparência de um meato
cavernoso aumentado. Tais deformidades são evidentes de uma cirurgia de
levantamento facial.
Para se obter uma cicatriz invisível na
pele pós-auricular deve-se lembrar primeiro do
efeito das tensões teciduais como forças
dinâmicas que podem causar a migração das
cicatrizes para áreas notáveis. A incisão pós-
auricular vertical deve ser feita na exata junção
da pele pós-auricular e da pele posterior da
orelha. A incisão deve ser virada
horizontalmente através do couro cabeludo em
um ponto no mínimo dois terços da distância do
sulco do lóbulo à extremidade superior da
concha. O ângulo deve ser de aproximadamente
90° e a incisão horizontal se estende junto à
borda occipital pó cerca de 7,5 cm.
A tensão é colocada no retalho cervicofacial na incisão temporal e na incisão do
mastóide em uma direção súpero-oblíqua.
Uma faixa muito estrita de pele pós-auricular é excisada adjacente à borda
vertical (ou sulco) para evitar o enrugamento convergente das rugas cervicais em
direção à orelha.
7. Defeitos nos vetores dinâmicos do lifting podem provocar:
Cicatrizes amplas, notáveis, distorcidas pelas contraturas tensionais;
Linhas do cabelo temporal e occipital não-naturais;
Protrusão de orelhas;
Esticamento de lóbulo da orelha;
Protrusão de tragus e exposição do meato auditivo;
Sulco pós-auricular achatado;
Pregueamento não-natural da pele e dos tecidos das bochechas, da área
submandibular, do pescoço, defeituoso quando a cabeça pende para
frente (“o efeito drapeado”)
Se os vetores da pele e as excisões são corretamente planejados, essas distorções
podem ser evitadas na cirurgia primária. Em lifts de face secundários, o cirurgião
depende do resultado da primeira cirurgia e pode não ser capaz de corrigir
completamente distorções anteriores.
Cirurgias Complementares:
1. Blefaroplastia;
2. Rinoplastia;
3. Contorno do Mento (prótese ou lipoaspiração)
4. Região submentoniana (lipoaspiração ou ressecção direta)
5. Peeling químico (pós operatório tardio).
Complicações:
Hematoma;
Infecção;
Cicatrização ruim;
Lesão de nervos;
Problemas técnicos.