1. Fissura Labial Bilateral
Nas fissuras bilaterais completas, o segmento do vômer pré-maxilar não se fusionou
com os segmentos maxilares, de forma que o segmento do vômer pré-maxilar cresce sem
restrições além dos limites dos segmentos laterais.
Outra característica das fissuras bilaterais é o encurtamento do tecido cutâneo no
comprimento vertical do componente frontonasal quando medido da ponta nasal à borda
inferior do pró-lábio, particularmente na columela. Esse encurtamento é devido à falta de
estiramento durante a embriogênese normal. Os pacientes não têm uma musculatura
importante no pró-lábio, na crista ou no sulco do filtro e no arco do cupido.
A narina é amplamente espalhada; as cartilagens alares estão deslocadas de seus
sítios na ponta e desmoronam ao longo da narina; e a columela é curta ou não existe, o que
causa depressão da ponta nasal.
Método de Veau III ou fechamento em linha reta: Método mais simples e mais
freqüentemente usado (método em um tempo); oferece bons resultados exceto nos
casos em que o pro-labio é pequeno, nesse caso um resultado melhor é obtido com o
método de Millard para fissuras bilaterais incompletas.
Realiza-se fechamento direto do pro-labio e dos processos labiais laterais,
utilizando dois retalhos mucosos laterais que se cruzam para formar o
vermelhão central, e se fecha primariamente a fissura palatina com retalhos
vomerianos (Figura 10). O alongamento da columela pode ser feito em
qualquer momento a partir de 2 ou 3 anos de idade mediante múltiplas
técnicas: Converse, Millard e outros sugerem retalhos em forquilha desde o
pro-labio. Brauer utilizava um retalho em V-Y. Quando a pre-maxila está
bem posicionada e alinhada, se existe instabilidade nas fissuras, pode
estabiliza-la após o 4°. ou 5°. ano ou ainda com a dentição mista com 9 a 11
anos, utilizando enxerto ósseo medular de ilíaco ou de calota. Esta técnica
tem a desventagem de deixar um filtro deprimido e uma conformação
defeituosa da base da narina, pois é nesse nível que termina a sutura vertical.
Figura 10.
2. Método de Barsky (1950) o Veau II (1931): De interesse histórico, também
se baseia em fechamento direto, relembra a técnica de Le Mesurier com
fechamento na linha média com dois retalhos laterais (Figura 11). Não é
mais utilizada pois resulta em um lábio alargado verticalmente, abaulamento
inferior do pro-labio e é tenso horizontalmente por utilizar pele lateral, e não
reproduz o arco do Cupido.
Figura 11.
Retalho de Abbè primário: Atualmente só se utiliza secundariamente para
lábios tensos, como complemento da técnica de Barsky para eliminar a
tensão.
Método de Tennison adaptado: Técnica em dois tempos. Esta reconstrução
é uma adaptação da técnica para correção de fissura unilateral. Utiliza
Zetaplastia na porção inferior, deixa cicatrizes em zigue-zague, mais visíveis
que na unilateral. Pouco utilizada pois as correções posteriores das
cicatrizes são mais difíceis. Os métodos de Bauer, Trusler e Tondra são
similares a este, porém realizando retalhos mucosos que se entrecruzam,
primeiro em um lado e depois no outro, controlando a protrusão da pré-
maxila.
Método de Millard para fissuras incompletas e completas: Pode ser
aplicado para FLB incompleta ou completa. Z-plastia na porção superior em
dois tempos, é uma adaptação de sua técnica em lábios fissurados
unilaterais.
É dividido em:
a) Fissuras bilat. incompletas simétricas, o pró-lábio é pequeno e a
columela tem comprimento adequado. Esta técnica mobiliza o pró-
lábio desde a narina até a posição normal do filtro, libera um lado do
pró-lábio lateral e se avança um retalho triangular até a linha média.
Realiza-se um lado e dois a três meses depois o outro.
b) Fissuras bilat. completas, se realiza o fechamento em tempo único.
Um requisito inicial é que o pro-labio seja largo; se for pequeno é
preferível o método de Veau III. Se eleva um retalho central do filtro
pro-labial e dos laterais em forquilha que se transpõem ao assoalho
nasal, o vermelhão pró-labial é elevado posteriormente e os retalhos
3. laterais são avançados até a linha média suturando os músculos. Em
uma segunda fase, aos 5 anos, se alonga a columela utilizando o
tecido redundante do retalho em forquilha conservado no assoalho
nasal.
4. Método de Manchester: Também é um método de correção em um só
tempo, do lábio e do palato, antes dos 5 meses após emprego do aparelho
ortodôntico, enfatiza a construção do tubérculo com vermelhão do pró-lábio;
não disseca nem levanta o pro-labio, mantém a porção central do vermelhão
pró-labial intacta, nas zonas laterais o vermelhão pró-labial é desepitelizado
e são rodadas posteriormente uma sobre a outra para formar o tubérculo. Os
retalhos laterais são aproximados na linha média, não se sutura músculo com
músculo e não há previsão para o alongamento da columela como no método
de Millard. O palato primário é fechado e aos nove meses se completa a
correção do palato.
Método de Skoog: Método em dois estágios, com dupla zetaplastia superior
e inferior, primeiro um lado e aos três meses o outro. Emprega 1/3 do pró-
lábio para reconstruir a columela com um retalho triangular de base superior
rodado 90º mediante uma incisão na base columelar. Alarga-se alarga o pro-
labio com dois retalhos triangulares laterais rompendo a cicatriz reta e dando
uma certa protrusão do lábio. Pode precisar um segundo tempo para
melhorar o vermelhão, que apresenta aspecto final delgado.
Método de Wynn (1960): Técnica em dois estágios. Não deve ser utilizado
se o pró-lábio for largo. Consiste em inclusão de um retalho triangular de
base superior tomado da porção lateral da fissura, que se inclui na base do
pro-labio, aumentando a altura do pro-labio e da columela. Tem a
desvantagem de não aumentar a grossura e nem a altura do vermelhão.
Deve-se utilizar um retalho mucoso lateral para este fim. Caso haja
necessidade de alongar a columela deve-se utilizar outro método.
Método de Mulliken: Técnica em dois estágios. Inicia-se a ortodontia pré-
cirurgica para corrigir o colapso dos segmentos laterais com retração e
rotação da pré-maxila. O primeiro estágio aos 3 ou 5 meses utiliza um
retalho em tridente do pró-lábio, e dois laterais em forquilha e um central de
2 mm de base e 4-5 mm no ápice do arco do Cupido, com elevação radical
do pró-lábio e dissecção ampla da base alar. O plano muscular é suturado e
realiza-se a cobertura do assoalho nasal com os retalhos em forquilha e
reconstrução do vermelhão com retalhos mucosos laterais. O segundo
estágio é feito aos 8 ou 9 meses, realiza-se uma incisão na ponta nasal para
aproximação do domus e das cartilagens laterais (triangulares), outras duas
incisões são realizadas na base alar para o avanço medial. Os retalhos em
forquilha implantados na base nasal são transpostos dentro de incisões
intercartilaginosas.
5. Outras técnicas: Método de Verdeja: para labio leoporino bilateral simples.
Método de Black: ortodontia seguida de cirurgia aos 3 meses, em um
estágio, com fechamento em linha reta. Utiliza pequenos retalhos em
forquilha para o assoalho nasal e elevação de um retalho de pró-lábio com
seu vermelhão. É o único que reconstrói o sulco gengivo-labial anterior.
Método de Noordhoff: utiliza bandas elásticas para previnir a protrusão da
pré-maxila, a cirurgia é realizada aos 3 meses, em tempo único. É
confeccionado um retalho em forquilha para o assoalho nasal e fechamento
em linha reta do pró-lábio, no qual se sutura o músculo, o vermelhão pró-
labial se reconstrói com retalhos laterais.
Técnicas em um tempo: Veau III, Veau II, Millard FLB completa, Manchester, Black e
Noordhoff.
Técnica em dois tempos: Tennison, Brauer, Millard FLB incompleta, Skoog, Wynn, Abbè e
Mulliken.