SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 5
Fissura Labial Bilateral
Nas fissuras bilaterais completas, o segmento do vômer pré-maxilar não se fusionou
com os segmentos maxilares, de forma que o segmento do vômer pré-maxilar cresce sem
restrições além dos limites dos segmentos laterais.
Outra característica das fissuras bilaterais é o encurtamento do tecido cutâneo no
comprimento vertical do componente frontonasal quando medido da ponta nasal à borda
inferior do pró-lábio, particularmente na columela. Esse encurtamento é devido à falta de
estiramento durante a embriogênese normal. Os pacientes não têm uma musculatura
importante no pró-lábio, na crista ou no sulco do filtro e no arco do cupido.
A narina é amplamente espalhada; as cartilagens alares estão deslocadas de seus
sítios na ponta e desmoronam ao longo da narina; e a columela é curta ou não existe, o que
causa depressão da ponta nasal.
 Método de Veau III ou fechamento em linha reta: Método mais simples e mais
freqüentemente usado (método em um tempo); oferece bons resultados exceto nos
casos em que o pro-labio é pequeno, nesse caso um resultado melhor é obtido com o
método de Millard para fissuras bilaterais incompletas.
 Realiza-se fechamento direto do pro-labio e dos processos labiais laterais,
utilizando dois retalhos mucosos laterais que se cruzam para formar o
vermelhão central, e se fecha primariamente a fissura palatina com retalhos
vomerianos (Figura 10). O alongamento da columela pode ser feito em
qualquer momento a partir de 2 ou 3 anos de idade mediante múltiplas
técnicas: Converse, Millard e outros sugerem retalhos em forquilha desde o
pro-labio. Brauer utilizava um retalho em V-Y. Quando a pre-maxila está
bem posicionada e alinhada, se existe instabilidade nas fissuras, pode
estabiliza-la após o 4°. ou 5°. ano ou ainda com a dentição mista com 9 a 11
anos, utilizando enxerto ósseo medular de ilíaco ou de calota. Esta técnica
tem a desventagem de deixar um filtro deprimido e uma conformação
defeituosa da base da narina, pois é nesse nível que termina a sutura vertical.
Figura 10.
 Método de Barsky (1950) o Veau II (1931): De interesse histórico, também
se baseia em fechamento direto, relembra a técnica de Le Mesurier com
fechamento na linha média com dois retalhos laterais (Figura 11). Não é
mais utilizada pois resulta em um lábio alargado verticalmente, abaulamento
inferior do pro-labio e é tenso horizontalmente por utilizar pele lateral, e não
reproduz o arco do Cupido.
Figura 11.
 Retalho de Abbè primário: Atualmente só se utiliza secundariamente para
lábios tensos, como complemento da técnica de Barsky para eliminar a
tensão.
 Método de Tennison adaptado: Técnica em dois tempos. Esta reconstrução
é uma adaptação da técnica para correção de fissura unilateral. Utiliza
Zetaplastia na porção inferior, deixa cicatrizes em zigue-zague, mais visíveis
que na unilateral. Pouco utilizada pois as correções posteriores das
cicatrizes são mais difíceis. Os métodos de Bauer, Trusler e Tondra são
similares a este, porém realizando retalhos mucosos que se entrecruzam,
primeiro em um lado e depois no outro, controlando a protrusão da pré-
maxila.
 Método de Millard para fissuras incompletas e completas: Pode ser
aplicado para FLB incompleta ou completa. Z-plastia na porção superior em
dois tempos, é uma adaptação de sua técnica em lábios fissurados
unilaterais.
É dividido em:
a) Fissuras bilat. incompletas simétricas, o pró-lábio é pequeno e a
columela tem comprimento adequado. Esta técnica mobiliza o pró-
lábio desde a narina até a posição normal do filtro, libera um lado do
pró-lábio lateral e se avança um retalho triangular até a linha média.
Realiza-se um lado e dois a três meses depois o outro.
b) Fissuras bilat. completas, se realiza o fechamento em tempo único.
Um requisito inicial é que o pro-labio seja largo; se for pequeno é
preferível o método de Veau III. Se eleva um retalho central do filtro
pro-labial e dos laterais em forquilha que se transpõem ao assoalho
nasal, o vermelhão pró-labial é elevado posteriormente e os retalhos
laterais são avançados até a linha média suturando os músculos. Em
uma segunda fase, aos 5 anos, se alonga a columela utilizando o
tecido redundante do retalho em forquilha conservado no assoalho
nasal.
 Método de Manchester: Também é um método de correção em um só
tempo, do lábio e do palato, antes dos 5 meses após emprego do aparelho
ortodôntico, enfatiza a construção do tubérculo com vermelhão do pró-lábio;
não disseca nem levanta o pro-labio, mantém a porção central do vermelhão
pró-labial intacta, nas zonas laterais o vermelhão pró-labial é desepitelizado
e são rodadas posteriormente uma sobre a outra para formar o tubérculo. Os
retalhos laterais são aproximados na linha média, não se sutura músculo com
músculo e não há previsão para o alongamento da columela como no método
de Millard. O palato primário é fechado e aos nove meses se completa a
correção do palato.
 Método de Skoog: Método em dois estágios, com dupla zetaplastia superior
e inferior, primeiro um lado e aos três meses o outro. Emprega 1/3 do pró-
lábio para reconstruir a columela com um retalho triangular de base superior
rodado 90º mediante uma incisão na base columelar. Alarga-se alarga o pro-
labio com dois retalhos triangulares laterais rompendo a cicatriz reta e dando
uma certa protrusão do lábio. Pode precisar um segundo tempo para
melhorar o vermelhão, que apresenta aspecto final delgado.
 Método de Wynn (1960): Técnica em dois estágios. Não deve ser utilizado
se o pró-lábio for largo. Consiste em inclusão de um retalho triangular de
base superior tomado da porção lateral da fissura, que se inclui na base do
pro-labio, aumentando a altura do pro-labio e da columela. Tem a
desvantagem de não aumentar a grossura e nem a altura do vermelhão.
Deve-se utilizar um retalho mucoso lateral para este fim. Caso haja
necessidade de alongar a columela deve-se utilizar outro método.
 Método de Mulliken: Técnica em dois estágios. Inicia-se a ortodontia pré-
cirurgica para corrigir o colapso dos segmentos laterais com retração e
rotação da pré-maxila. O primeiro estágio aos 3 ou 5 meses utiliza um
retalho em tridente do pró-lábio, e dois laterais em forquilha e um central de
2 mm de base e 4-5 mm no ápice do arco do Cupido, com elevação radical
do pró-lábio e dissecção ampla da base alar. O plano muscular é suturado e
realiza-se a cobertura do assoalho nasal com os retalhos em forquilha e
reconstrução do vermelhão com retalhos mucosos laterais. O segundo
estágio é feito aos 8 ou 9 meses, realiza-se uma incisão na ponta nasal para
aproximação do domus e das cartilagens laterais (triangulares), outras duas
incisões são realizadas na base alar para o avanço medial. Os retalhos em
forquilha implantados na base nasal são transpostos dentro de incisões
intercartilaginosas.
 Outras técnicas: Método de Verdeja: para labio leoporino bilateral simples.
Método de Black: ortodontia seguida de cirurgia aos 3 meses, em um
estágio, com fechamento em linha reta. Utiliza pequenos retalhos em
forquilha para o assoalho nasal e elevação de um retalho de pró-lábio com
seu vermelhão. É o único que reconstrói o sulco gengivo-labial anterior.
Método de Noordhoff: utiliza bandas elásticas para previnir a protrusão da
pré-maxila, a cirurgia é realizada aos 3 meses, em tempo único. É
confeccionado um retalho em forquilha para o assoalho nasal e fechamento
em linha reta do pró-lábio, no qual se sutura o músculo, o vermelhão pró-
labial se reconstrói com retalhos laterais.
Técnicas em um tempo: Veau III, Veau II, Millard FLB completa, Manchester, Black e
Noordhoff.
Técnica em dois tempos: Tennison, Brauer, Millard FLB incompleta, Skoog, Wynn, Abbè e
Mulliken.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Fissura Labial Bilateral II

queiloplastia em fenda classificado como spina tipo II
queiloplastia em fenda classificado como spina tipo IIqueiloplastia em fenda classificado como spina tipo II
queiloplastia em fenda classificado como spina tipo IIthamiresrodak
 
Anestesiologia 03 entubação orotraqueal - med resumos (set-2011)
Anestesiologia 03   entubação orotraqueal - med resumos (set-2011)Anestesiologia 03   entubação orotraqueal - med resumos (set-2011)
Anestesiologia 03 entubação orotraqueal - med resumos (set-2011)Jucie Vasconcelos
 
Reabilitação, Cirurgia e Endodontia.
Reabilitação, Cirurgia e Endodontia.Reabilitação, Cirurgia e Endodontia.
Reabilitação, Cirurgia e Endodontia.Muniza Alfredo
 
Maloclusão de Classe 2
Maloclusão de Classe 2Maloclusão de Classe 2
Maloclusão de Classe 2deusvivo
 
Abdome (Reconstrução).doc
Abdome (Reconstrução).docAbdome (Reconstrução).doc
Abdome (Reconstrução).docBrunno Rosique
 
Reconstução palpebral com legendas
 Reconstução palpebral com legendas Reconstução palpebral com legendas
Reconstução palpebral com legendasEduardo Soares
 

Semelhante a Fissura Labial Bilateral II (8)

queiloplastia em fenda classificado como spina tipo II
queiloplastia em fenda classificado como spina tipo IIqueiloplastia em fenda classificado como spina tipo II
queiloplastia em fenda classificado como spina tipo II
 
Fissura Palatina
Fissura PalatinaFissura Palatina
Fissura Palatina
 
Anestesiologia 03 entubação orotraqueal - med resumos (set-2011)
Anestesiologia 03   entubação orotraqueal - med resumos (set-2011)Anestesiologia 03   entubação orotraqueal - med resumos (set-2011)
Anestesiologia 03 entubação orotraqueal - med resumos (set-2011)
 
Reabilitação, Cirurgia e Endodontia.
Reabilitação, Cirurgia e Endodontia.Reabilitação, Cirurgia e Endodontia.
Reabilitação, Cirurgia e Endodontia.
 
Maloclusão de Classe 2
Maloclusão de Classe 2Maloclusão de Classe 2
Maloclusão de Classe 2
 
Abdome (Reconstrução).doc
Abdome (Reconstrução).docAbdome (Reconstrução).doc
Abdome (Reconstrução).doc
 
Iot
IotIot
Iot
 
Reconstução palpebral com legendas
 Reconstução palpebral com legendas Reconstução palpebral com legendas
Reconstução palpebral com legendas
 

Mais de Brunno Rosique

Mais de Brunno Rosique (20)

Anestesia Ambulatorial
Anestesia Ambulatorial Anestesia Ambulatorial
Anestesia Ambulatorial
 
Onfaloplastia.pdf
Onfaloplastia.pdfOnfaloplastia.pdf
Onfaloplastia.pdf
 
Tumores cutâneos.ppt
Tumores cutâneos.pptTumores cutâneos.ppt
Tumores cutâneos.ppt
 
Lipoabdominoplastia
Lipoabdominoplastia Lipoabdominoplastia
Lipoabdominoplastia
 
Abdominoplastia.doc
Abdominoplastia.docAbdominoplastia.doc
Abdominoplastia.doc
 
ABDOMINOPLASTY.ppt
ABDOMINOPLASTY.pptABDOMINOPLASTY.ppt
ABDOMINOPLASTY.ppt
 
Abdominoplastia
 Abdominoplastia  Abdominoplastia
Abdominoplastia
 
Lipoabdominoplastia - Técnica Saldanha
Lipoabdominoplastia - Técnica SaldanhaLipoabdominoplastia - Técnica Saldanha
Lipoabdominoplastia - Técnica Saldanha
 
Excisão Fusiforme.PDF
Excisão Fusiforme.PDFExcisão Fusiforme.PDF
Excisão Fusiforme.PDF
 
CBC com Margem.pdf
CBC com Margem.pdfCBC com Margem.pdf
CBC com Margem.pdf
 
Guia de Neoplasia de Pele
Guia de Neoplasia de Pele Guia de Neoplasia de Pele
Guia de Neoplasia de Pele
 
CARCINOMA BASOCELULAR .ppt
CARCINOMA BASOCELULAR .pptCARCINOMA BASOCELULAR .ppt
CARCINOMA BASOCELULAR .ppt
 
Queimaduras - atendimento.doc
Queimaduras - atendimento.docQueimaduras - atendimento.doc
Queimaduras - atendimento.doc
 
Queimaduras- Tratamento .doc
Queimaduras- Tratamento .docQueimaduras- Tratamento .doc
Queimaduras- Tratamento .doc
 
Queimaduras.doc
Queimaduras.docQueimaduras.doc
Queimaduras.doc
 
Queimadura Química.ppt
Queimadura Química.pptQueimadura Química.ppt
Queimadura Química.ppt
 
Lesões elétricas.doc
Lesões elétricas.docLesões elétricas.doc
Lesões elétricas.doc
 
Prova 2005 Cirurgia Plástica
Prova 2005 Cirurgia Plástica Prova 2005 Cirurgia Plástica
Prova 2005 Cirurgia Plástica
 
Prova Cirurgia Plástica
Prova Cirurgia Plástica Prova Cirurgia Plástica
Prova Cirurgia Plástica
 
Prova 2002 Cirurgia Plástica
Prova 2002 Cirurgia Plástica Prova 2002 Cirurgia Plástica
Prova 2002 Cirurgia Plástica
 

Último

cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxMarcosRicardoLeite
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptxLEANDROSPANHOL1
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaFrente da Saúde
 
Integração em segurança do trabalho 2024
Integração em segurança do trabalho 2024Integração em segurança do trabalho 2024
Integração em segurança do trabalho 2024RicardoTST2
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelVernica931312
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesFrente da Saúde
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxSESMTPLDF
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...DL assessoria 31
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannRegiane Spielmann
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptDaiana Moreira
 

Último (10)

cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptxcuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
cuidados ao recem nascido ENFERMAGEM .pptx
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia HiperbáricaUso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
Uso de Células-Tronco Mesenquimais e Oxigenoterapia Hiperbárica
 
Integração em segurança do trabalho 2024
Integração em segurança do trabalho 2024Integração em segurança do trabalho 2024
Integração em segurança do trabalho 2024
 
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudávelSaúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
Saúde Intestinal - 5 práticas possíveis para manter-se saudável
 
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e AplicabilidadesTerapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
 
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptxAPRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
APRESENTAÇÃO PRIMEIROS SOCORROS 2023.pptx
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 

Fissura Labial Bilateral II

  • 1. Fissura Labial Bilateral Nas fissuras bilaterais completas, o segmento do vômer pré-maxilar não se fusionou com os segmentos maxilares, de forma que o segmento do vômer pré-maxilar cresce sem restrições além dos limites dos segmentos laterais. Outra característica das fissuras bilaterais é o encurtamento do tecido cutâneo no comprimento vertical do componente frontonasal quando medido da ponta nasal à borda inferior do pró-lábio, particularmente na columela. Esse encurtamento é devido à falta de estiramento durante a embriogênese normal. Os pacientes não têm uma musculatura importante no pró-lábio, na crista ou no sulco do filtro e no arco do cupido. A narina é amplamente espalhada; as cartilagens alares estão deslocadas de seus sítios na ponta e desmoronam ao longo da narina; e a columela é curta ou não existe, o que causa depressão da ponta nasal.  Método de Veau III ou fechamento em linha reta: Método mais simples e mais freqüentemente usado (método em um tempo); oferece bons resultados exceto nos casos em que o pro-labio é pequeno, nesse caso um resultado melhor é obtido com o método de Millard para fissuras bilaterais incompletas.  Realiza-se fechamento direto do pro-labio e dos processos labiais laterais, utilizando dois retalhos mucosos laterais que se cruzam para formar o vermelhão central, e se fecha primariamente a fissura palatina com retalhos vomerianos (Figura 10). O alongamento da columela pode ser feito em qualquer momento a partir de 2 ou 3 anos de idade mediante múltiplas técnicas: Converse, Millard e outros sugerem retalhos em forquilha desde o pro-labio. Brauer utilizava um retalho em V-Y. Quando a pre-maxila está bem posicionada e alinhada, se existe instabilidade nas fissuras, pode estabiliza-la após o 4°. ou 5°. ano ou ainda com a dentição mista com 9 a 11 anos, utilizando enxerto ósseo medular de ilíaco ou de calota. Esta técnica tem a desventagem de deixar um filtro deprimido e uma conformação defeituosa da base da narina, pois é nesse nível que termina a sutura vertical. Figura 10.
  • 2.  Método de Barsky (1950) o Veau II (1931): De interesse histórico, também se baseia em fechamento direto, relembra a técnica de Le Mesurier com fechamento na linha média com dois retalhos laterais (Figura 11). Não é mais utilizada pois resulta em um lábio alargado verticalmente, abaulamento inferior do pro-labio e é tenso horizontalmente por utilizar pele lateral, e não reproduz o arco do Cupido. Figura 11.  Retalho de Abbè primário: Atualmente só se utiliza secundariamente para lábios tensos, como complemento da técnica de Barsky para eliminar a tensão.  Método de Tennison adaptado: Técnica em dois tempos. Esta reconstrução é uma adaptação da técnica para correção de fissura unilateral. Utiliza Zetaplastia na porção inferior, deixa cicatrizes em zigue-zague, mais visíveis que na unilateral. Pouco utilizada pois as correções posteriores das cicatrizes são mais difíceis. Os métodos de Bauer, Trusler e Tondra são similares a este, porém realizando retalhos mucosos que se entrecruzam, primeiro em um lado e depois no outro, controlando a protrusão da pré- maxila.  Método de Millard para fissuras incompletas e completas: Pode ser aplicado para FLB incompleta ou completa. Z-plastia na porção superior em dois tempos, é uma adaptação de sua técnica em lábios fissurados unilaterais. É dividido em: a) Fissuras bilat. incompletas simétricas, o pró-lábio é pequeno e a columela tem comprimento adequado. Esta técnica mobiliza o pró- lábio desde a narina até a posição normal do filtro, libera um lado do pró-lábio lateral e se avança um retalho triangular até a linha média. Realiza-se um lado e dois a três meses depois o outro. b) Fissuras bilat. completas, se realiza o fechamento em tempo único. Um requisito inicial é que o pro-labio seja largo; se for pequeno é preferível o método de Veau III. Se eleva um retalho central do filtro pro-labial e dos laterais em forquilha que se transpõem ao assoalho nasal, o vermelhão pró-labial é elevado posteriormente e os retalhos
  • 3. laterais são avançados até a linha média suturando os músculos. Em uma segunda fase, aos 5 anos, se alonga a columela utilizando o tecido redundante do retalho em forquilha conservado no assoalho nasal.
  • 4.  Método de Manchester: Também é um método de correção em um só tempo, do lábio e do palato, antes dos 5 meses após emprego do aparelho ortodôntico, enfatiza a construção do tubérculo com vermelhão do pró-lábio; não disseca nem levanta o pro-labio, mantém a porção central do vermelhão pró-labial intacta, nas zonas laterais o vermelhão pró-labial é desepitelizado e são rodadas posteriormente uma sobre a outra para formar o tubérculo. Os retalhos laterais são aproximados na linha média, não se sutura músculo com músculo e não há previsão para o alongamento da columela como no método de Millard. O palato primário é fechado e aos nove meses se completa a correção do palato.  Método de Skoog: Método em dois estágios, com dupla zetaplastia superior e inferior, primeiro um lado e aos três meses o outro. Emprega 1/3 do pró- lábio para reconstruir a columela com um retalho triangular de base superior rodado 90º mediante uma incisão na base columelar. Alarga-se alarga o pro- labio com dois retalhos triangulares laterais rompendo a cicatriz reta e dando uma certa protrusão do lábio. Pode precisar um segundo tempo para melhorar o vermelhão, que apresenta aspecto final delgado.  Método de Wynn (1960): Técnica em dois estágios. Não deve ser utilizado se o pró-lábio for largo. Consiste em inclusão de um retalho triangular de base superior tomado da porção lateral da fissura, que se inclui na base do pro-labio, aumentando a altura do pro-labio e da columela. Tem a desvantagem de não aumentar a grossura e nem a altura do vermelhão. Deve-se utilizar um retalho mucoso lateral para este fim. Caso haja necessidade de alongar a columela deve-se utilizar outro método.  Método de Mulliken: Técnica em dois estágios. Inicia-se a ortodontia pré- cirurgica para corrigir o colapso dos segmentos laterais com retração e rotação da pré-maxila. O primeiro estágio aos 3 ou 5 meses utiliza um retalho em tridente do pró-lábio, e dois laterais em forquilha e um central de 2 mm de base e 4-5 mm no ápice do arco do Cupido, com elevação radical do pró-lábio e dissecção ampla da base alar. O plano muscular é suturado e realiza-se a cobertura do assoalho nasal com os retalhos em forquilha e reconstrução do vermelhão com retalhos mucosos laterais. O segundo estágio é feito aos 8 ou 9 meses, realiza-se uma incisão na ponta nasal para aproximação do domus e das cartilagens laterais (triangulares), outras duas incisões são realizadas na base alar para o avanço medial. Os retalhos em forquilha implantados na base nasal são transpostos dentro de incisões intercartilaginosas.
  • 5.  Outras técnicas: Método de Verdeja: para labio leoporino bilateral simples. Método de Black: ortodontia seguida de cirurgia aos 3 meses, em um estágio, com fechamento em linha reta. Utiliza pequenos retalhos em forquilha para o assoalho nasal e elevação de um retalho de pró-lábio com seu vermelhão. É o único que reconstrói o sulco gengivo-labial anterior. Método de Noordhoff: utiliza bandas elásticas para previnir a protrusão da pré-maxila, a cirurgia é realizada aos 3 meses, em tempo único. É confeccionado um retalho em forquilha para o assoalho nasal e fechamento em linha reta do pró-lábio, no qual se sutura o músculo, o vermelhão pró- labial se reconstrói com retalhos laterais. Técnicas em um tempo: Veau III, Veau II, Millard FLB completa, Manchester, Black e Noordhoff. Técnica em dois tempos: Tennison, Brauer, Millard FLB incompleta, Skoog, Wynn, Abbè e Mulliken.