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Paulo Thomé e Vasconcelos
Auro Seyti Kimura
Wander Vicente Gomes Filho
Viviane Santini Tamburús
Capítulo
Maloclusão de Classe II – Terapia
Bioprogressiva
A terapia bioprogressiva foi criada por Ricketts,
em 1962. Considerada mais que uma técnica, é uma
filosofia embasada em princípios que se tornaram ver-
dades à luz da ciência. Com uma análise cefalométrica
baseada no estudo completo de milhares de casos,
cercado por uma equipe de pesquisadores e estatísti-
cos, permite que o paciente seja avaliado e controlado
ao longo de todo o tratamento: função respiratória,
relação côndilo–fossa, e estado nutricional de seu cor-
po – SUPERVISÃO TOTAL.
Princípios da bioprogressiva
Uso de um sistema para diagnóstico e tratamento
pela aplicação do objetivo visual de tratamento
(VTO), planificação do tratamento, avaliação de
ancoragem e resultados.
O terapeuta bioprogressivo começa tendo o
resultado final em mente.
Controle de torque durante todo o tratamento. Tra-
balhando com fio Elgiloy Azul .016" x .016" e
braquetes com slot .018" x .030", a bioprogres-
siva mantém os dentes dentro do osso trabeculado
para facilitar a movimentação e não forçar a anco-
ragem, e coloca as raízes nas proximidades do osso
cortical quando deseja ancorá-los.
Ancoragem muscular e do osso cortical. Certos
tipos faciais possuem musculatura potente e den-
tes profundamente implantados nos alvéolos, ten-
do assim uma boa ancoragem natural, o que per-
mite o uso de AEO cervical ou elástico de Classe
II sem extrusão dos molares superiores e inferio-
res, respectivamente.
A ancoragem do osso cortical consiste em co-
locar os dentes nas proximidades desse osso que é
muito denso e pouco vascularizado, sob ação de
força pesada (2 g/mm2
de raiz), que vai inibir o já
limitado suprimento sangüíneo da área, ocorren-
do o bloqueio da ação celular, fenômeno denomi-
nado hialinização, dificultando a movimentação
dos dentes.
Movimento de qualquer dente em qualquer dire-
ção com a aplicação da pressão adequada. A tera-
pia bioprogressiva recomenda 100 g de força por
cm2
de superfície frontal de raiz ao osso alveolar
como o ideal para movimentação dos dentes:
✓ Retração do canino – necessita-se de 80 g de
força.
✓ Retração dos incisivos superiores – 180 g de
força.
✓ Retração dos quatro incisivos inferiores – 100
g de força.
✓ Intrusão dos incisivos inferiores – 80 g de força.
✓ Intrusão dos incisivos superiores – 140 g de
força.
811
63
812 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências
✓ Intrusão do molar superior – 80 g de força.
✓ Intrusão do canino inferior – 35 g de força.
✓ Para movimentação pelo osso cortical – 0,5 g/
mm2
.
Alteração ortopédica. Os aparelhos usados são:
AEO cervical e combinado, quadri-hélice e dis-
juntor palatal.
O AEO é usado quando se deseja uma redução
ortopédica e expansão moderada na maxila. Para
isso, uma força pesada (450 g) é aplicada abaixo
do centro de resistência da maxila, de modo inter-
mitente.
Tratamento da sobremordida antes da sobres-
saliência. Principalmente na Classe II, divisão 1
devemos tratar o trespasse vertical antes do hori-
zontal para evitar traumatismos entre incisivos su-
periores e inferiores, destravando a maloclusão e
permitindo a redução ortopédica da estrutura den-
tomaxilar como um todo.
Terapia com arcos seccionados:
✓ Permite que a força seja dirigida a cada dente
individualmente.
✓ Permite que os caninos sejam retraídos num
movimento mais livre, sem atrito ao longo de
um arco.
✓ Estabilização dos molares no início do trata-
mento.
✓ A força do elástico de Classe II é menor quan-
do aplicada ao arco seccionado superior, em
comparação ao arco contínuo superior, produ-
zindo menos tensão sobre a ancoragem de
apoio.
Conceito de sobretratamento. É preciso anular as
forças musculares contra a superfície dos dentes.
Deve-se superar a recidiva ortopédica nos trata-
mentos das Classes II e III.
Desbloqueio da maloclusão numa seqüência pro-
gressiva de passos para restabelecer e restaurar a
função normal.
Eficiência no tratamento com resultados de quali-
dade, utilizando o conceito de dispositivos pré-fa-
bricados.
A energia e o tempo do profissional devem ser
voltados para o diagnóstico, planejamento e moti-
vação do paciente.
Displasias de Classe II, divisão 1
As displasias de Classe II, divisão 1 são reconhe-
cidas por apresentarem problemas principalmente no
plano sagital.
Os fatores etiológicos variam desde problemas
esqueléticos internos, desarmonias de crescimento
entre maxila e mandíbula até problemas de ordem
dentária.
Quando o comprimento da base do crânio está
aumentado, a Classe II, divisão 1 poderá ocorrer, pois
este influencia na protrusão da face média e a parte
posterior posicionará a ATM mais retrusivamente.
As displasias de Classe II, divisão 1 são caracteri-
zadas por:
Protrusão alveolar superior – posição muito ante-
rior dos dentes superiores.
Protrusão da maxila ou prognatia superior –
posicionamento da maxila e dos dentes para a fren-
te.
Retrusão alveolar inferior – inclinação lingual dos
dentes ântero-inferiores, sucção do polegar, suc-
ção labial.
Retrognatia mandibular ou retromandibulia – man-
díbula normal ou curta colocada posteriormente.
Microgenia ou retrogenia – ausência ou tamanho
reduzido da saliência mentoniana, fazendo crer,
tratar-se de uma retrognatia mandibular.
Associados a esses sinais do plano sagital podem
estar presentes sinais dos planos vertical e transver-
sal, com envolvimento esquelético e dentoalveolar,
completando o quadro clínico característico dessas
displasias:
Proquilia superior com ou sem retroquilia inferior.
Sulco do lábio mentoniano mais ou menos pro-
nunciado.
Os fatores são múltiplos e podem estar associa-
dos, dentre eles:
Hereditários – os mais freqüentes.
Congênitos – podendo ser relacionados com a
malformação da ATM.
Funcionais – relacionados a problemas respirató-
rios e hábitos deletérios.
Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 813
Dentários – agenesias inferiores e/ou supranu-
merários.
Terapêuticos – iatrogenias relacionadas ao trata-
mento.
Displasias de Classe II, divisão 2
As displasias de Classe II, divisão 2 estão mais pre-
sentes nos padrões braquifaciais, que manifestam com
freqüência musculatura perioral e grupo muscular ver-
tical posterior excessivamente forte com convexidade
moderada ou mínima.
Como fator etiológico, o mais provável são cau-
sas de ordem genética.
Autores relatam também que a Classe II, divisão
2 não é primariamente uma displasia esquelética, mas
sim um problema de crescimento da maxila e erupção
dos dentes superiores.
Outros autores observam ainda que o comporta-
mento labial conturbado, originário da supra-oclusão
incisiva pode contribuir para o estabelecimento da
maloclusão Classe II, divisão 2 no plano vertical.
Segundo Langlade e Picout, o mesmo aspecto
oclusal característico da Classe II, divisão 2 pode es-
tar presente em pacientes com tipologia facial dife-
rente (dólico ou braquifacial) e deve ser tratado de
maneiras diferentes, respeitando as características
tipológicas.
As displasias de Classe II, divisão 2 são caracteri-
zadas por:
Comprimento e ângulo da base do crânio aumen-
tados.
Incisivos centrais superiores invariavelmente em
supra-oclusão e lingualmente inclinados, poden-
do ou não apresentar vestibuloversão dos incisi-
vos laterais superiores.
Incisivos inferiores em supra-oclusão e verticais
ou até mesmo inclinados para lingual.
Relação entre caninos e molares de Classe II.
Potência mastigatória elevada.
Mandíbula normalmente bem desenvolvida, po-
dendo estar posicionada distalmente em relação à
maxila e à base do crânio.
Côndilos posicionados na parte distal da fossa ar-
ticular.
Coroas dos dentes, em geral menores.
Ângulo do plano mandibular normalmente dimi-
nuído.
Seqüência mecânica para casos
de Classe II, divisão 1 sem
extrações
Enquanto ocorre a redução ortopédica da maxila
devido ao uso do AEO cervical (esse tipo de arco é
indicado em 85% dos casos), é oportuno nivelar e
posicionar os incisivos inferiores o mais rapidamente
possível para evitar traumas entre incisivos superio-
res e inferiores.
O arco-base inferior deverá ser confeccionado com
fio Elgiloy Azul .016" x .016" e suas modificações
ditadas pelo VTO.
Em uma curva de Spee inferior em que os molares
inferiores estejam inclinados para mesial, os pré-mo-
lares bem posicionados, os caninos e incisivos ex-
truídos, instala-se um arco-base com o ângulo caudal
acentuado, para efetuar a correção.
Enquanto os molares são verticalizados, os incisi-
vos serão intruídos. Posteriormente, com fio elástico
de seda, intruiremos os caninos.
Em uma curva de Spee inferior, em que os mola-
res e pré-molares estejam bem posicionados, os cani-
nos e incisivos extruídos, instala-se o arco-base com
ângulo caudal acentuado e arco seccionado esta-
bilizador, evitando assim que o molar incline para
distal. Os incisivos serão intruídos e, posteriormente,
com fio elástico de seda intruiremos os caninos.
Quando os molares estiverem inclinados para
mesial, os pré-molares girados ou em diferentes al-
turas e extruídos os incisivos, instala-se um arco-base
com ângulo caudal acentuado, enquanto verticaliza-
se os molares, os incisivos serão intruídos. A seguir,
instala-se um fio Twist-flex, que nivelará e posi-
cionará os pré-molares e os caninos (arcos sobrepos-
tos – overlay). Em seguida, coloca-se o arco ideal de
finalização confeccionado com fio ElgiloyAzul .016"
x .016" ou .016" x .022".
Intrusão dos incisivos superiores
Após a redução ortopédica da maxila, os incisi-
vos superiores podem necessitar de intrusão. Instala-
814 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências
se um arco-base superior confeccionado com fio
Elgiloy Azul .016" x .022".
Arcos estabilizadores serão instalados para evitar
que os molares inclinem para distal.
Retração dos incisivos superiores
Os incisivos superiores poderão ser retraídos com
arco-base de retração com maior ou menor controle
de torque, dependendo de seu longo eixo estar parale-
lo ao eixo facial ou divergente em relação à borda
incisal e ao mento.
Retraindo os incisivos superiores, instala-se o arco
ideal de finalização.
Seqüência mecânica para casos
de Classe II, divisão 2
Três são as possibilidades de tratamento da Clas-
se II, divisão 2:
Distalização do arco superior.
Avanço do arco inferior.
Movimento de ambos os arcos.
Este último nos parece ser o mais freqüente.
Podemos considerar seis etapas gerais para o tra-
tamento da Classe II, divisão 2:
Vestibuloversão, controle de torque e intrusão dos
incisivos superiores.
Intrusão dos incisivos inferiores e caninos.
Nivelamento dos segmentos laterais e correção da
Classe II, divisão 2.
Estabilização dos incisivos superiores.
Arcos ideais de finalização.
Contenção.
Na Classe II, divisão 2 o emprego do quadri-héli-
ce expande o arco superior, misto ou permanente, en-
quanto o arco-base superior posiciona os incisivos su-
periores para vestibular.
Para a intrusão dos incisivos superiores, necessi-
ta-se considerar:
A direção da força.
A quantidade de força.
A estabilidade dos molares superiores.
O controle de torque em relação ao crescimento.
Em muitas maloclusões de Classe II, o incisivo
central pode estar em palatoversão (excessivamente
verticalizado), isto é, atrás dos incisivos laterais.
Um arco-base superior especialmente confec-
cionado posicionará os incisivos centrais para vesti-
bular, exigência básica para sua posterior intrusão.
Durante a intrusão dos incisivos superiores, ne-
cessita-se estabilizar os molares superiores com arcos
seccionados nos pré-molares superiores.
Tanto a estabilização como a retração dos incisi-
vos superiores no tratamento da Classe II, divisão 2
podem necessitar de torque adicional, pois seu longo
eixo converge com o eixo facial em relação à borda
incisal e o mento.
Assim, usaremos arco-base superior com maior
controle de torque confeccionado com Elgiloy Azul
.016" x .016".
Seccionamento do arco
Ricketts iniciou o seccionamento do arco, em 1954
ao cortar o arco ideal, após o nivelamento e alinha-
mento dos dentes. A partir de seções retas, diversos
desenhos de arcos seccionais foram criados, assim
como a redução da caixa do braquete de .022" para
.018", proporcionando o deslocamento dos segmen-
tos posteriores para distal, sem os efeitos colaterais
que o arco contínuo causava, como uso de elásticos
de Classe II.
A administração do canino, em conjunto com o
molar, tornou-se a chave para o sucesso da mecânica
seccional.
Razões que levaram ao desenvolvimen-
to da mecânica seccional
Evitar a rotação mandibular indesejada, causada
pela ação dos elásticos no arco contínuo, junta-
mente com a rendição da ancoragem do arco infe-
rior, extrusão do molar inferior e deslocamento
para vestibular dos incisivos inferiores.
Foi desenhada para mudar as proporções em uni-
dade de ancoragem.
Evita a alteração do plano oclusal pela ação da
tração intermaxilar.
Evita o uso de braquetes nos dentes superiores
Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 815
anteriores por muito tempo, proporcionando maior
conforto e estética ao paciente, principalmente
adulto.
Proporciona um deslocamento biológico natural
dos pré-molares para distal.
Fornece um movimento natural de segunda ordem
para o molar, facilitando sua distalização.
Pode ser usada tanto no primeiro como no segun-
do molar, dependendo da condição de ancoragem
e tipo facial.
Permite que as forças da mastigação anulem pos-
síveis movimentos de extrusão dos molares supe-
riores.
Protege a articulação.
Permite tratamento precoce da correção de Classe
II.
Elimina o atrito entre os braquetes dos dentes a
serem distalizados e o fio, responsável por perda
de 50% da força aplicada para tal.
Permite o uso de forças elásticas mais leves, evi-
tando a perda da ancoragem.
Vantagens da mecânica seccional com
uso da seção utilidade (em “Z”)
superior
Diminuição da força elástica – a distalização de
um molar superior requer, em média, 120 g de for-
ça, um terço da força necessária quando compara-
da com procedimentos de distalização por meio
de um arco contínuo.
A seção utilidade em “Z” permite que a força
distal seja direcionada inicialmente apenas para o
molar superior.
Por meio da seção utilidade e distalização de um
canino e/ou do molar, há uma diminuição da de-
manda de ancoragem no arco inferior. Quando a
raiz do molar inferior, do primeiro ou segundo
molar ou ambos são torqueadas vestibularmente
debaixo da cortical vestibular, cada dente pode su-
portar sozinho uma tração elástica de 150 g. Por-
tanto, para um arco utilidade inferior, a tração do
elástico pode ser resistente sem movimento para a
frente ou sem ser extruído. Esta é a maior fonte de
preservação da ancoragem.
Um ângulo caudal no molar para intruir o canino
resulta em uma inclinação do molar, facilitando
sua distalização.
Tanto a inclinação da coroa do molar quanto seu
movimento de corpo para distal permitem um des-
locamento dos pré-molares de modo natural.
A seção posterior é ajustada de forma a produzir
um efeito de intrusão no canino com aproximada-
mente 50 g. Isso irá prevenir o canino de uma
extrusão sob a tração dos elásticos intermaxilares
de 150 g. Cerca de um terço da tração horizontal
(50 g) é decomposta na direção vertical. Portanto,
uma força intrusiva contra o canino irá compensar
aquele vetor vertical.
Se o canino parecer estar sendo intruído com a
seção posterior ativada, o operador saberá que o
paciente não tem usado os elásticos. Se o canino
superior estiver extruído, então o operador saberá
que pouca força intrusiva foi posta em ação ou
que o paciente pode ter agido escondido, colocan-
do dois elásticos com a esperança de acelerar todo
o processo.
Acrescentam-se 10º de torque lingual da raiz aos
7º já existentes no braquete do canino, a fim de
mergulhar a raiz no osso esponjoso, evitando o
osso cortical e facilitando a movimentação.
Uma angulação para cervical no degrau mesial da
seção utilidade será útil para inclinar a raiz do ca-
nino para distal, anulando a tendência do elástico
de incliná-lo para mesial, ao mesmo tempo em que
produz um efeito de intrusão com cerca de 25 g de
força no molar, prevenindo sua extrusão.
Uma quarta ação no canino é a de comprimi-lo
para dentro, novamente para prevenir que ele se
junte à cortical vestibular. Por conseguinte, outra
ação recíproca é obtida. O molar superior é
rotacionado por uma força do canino, o que gera
pressão lingual ou palatal no canino. Uma rotação
do molar superior é necessária na grande maioria
dos pacientes. O efeito rotacional no molar evita
que o canino se alargue.
Permite o tratamento unilateral – elásticos de tem-
po integral podem ser colocados em um lado, e
elásticos apenas para uso noturno no outro. Ou
mesmo forças assimétricas, dependendo da dife-
rença de gravidade da Classe II dos lados direito e
esquerdo.
Minimiza os efeitos extrusivos, evitando a rota-
ção mandibular com posicionamento do queixo
para trás e para baixo, agravando o problema de
Classe II.
A mecânica seccional é bastante eficaz no trata-
mento de Classe II dentária e não esquelética. Mes-
mo condições de Classe II esquelética em adultos
816 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências
são mais bem tratadas com a mecânica seccional.
No paciente adulto, a redução da alta convexidade
pode ser feita apenas com cirurgia.
Pode ser usada na dentição mista ou mesmo na
dentição decídua.
Permite que as forças naturais da língua e dos lá-
bios atuem nos apinhamentos anteriores, corrigin-
do-os à medida que ocorre o deslocamento dos
segmentos posteriores, proporcionando um trata-
mento mais confortável, seguro e estético.
Confecção da seção utilidade superior
Para sua construção deve ser empregado fio Elgiloy
quadrado .016" x .016". O fio deve ser passado 4 mm
acima do tubo molar, medido em direção ao braquete
do canino, e dobrado 4 mm abaixo de onde ele é do-
brado para a frente, entrando no slot .018" do canino.
O formato em “Z” confere ao arco melhor pressão
contra o molar.
Ativações da seção utilidade superior
As dobras são feitas mesiais ao tubo molar e dis-
talmente ao braquete do canino:
Ângulo caudal 15º a 20º no molar – produz 50 g.
de força intrusiva no canino, evitando sua extrusão
pela ação da tração vertical do elástico.
Dobra rotacional de 15º no molar – posiciona o
canino para lingual no interior do canal cortical e
previne seu alargamento pela tração lateral do elás-
tico.A prescrição de Ricketts fornece um tubo com
rotação de 15º, contudo 10° pode ser adicionado,
se necessário. Essa rotação também protege con-
tra o alargamento lateral do canino, à medida que
o molar se move distalmente e rotaciona, atingin-
do a seção como um todo.
Torque lingual de 10º adicionados à raiz do cani-
no – esse torque somado aos 7º já contidos no
braquete mantém sua raiz direcionada para dentro
do osso esponjoso, facilitando a movimentação.
5º de rotação mesial do canino – combate a ten-
dência de giro distal do canino pela tração elásti-
ca.
5º a 7º de angulação radicular distal para o canino
– evita inclinação da coroa do canino para distal e
intrui levemente o molar superior.
Avanço de 1 mm a 1,5 mm no canino – garante
uma contínua força distal sobre o molar até que a
ação do elástico seja alcançada.
A tração de 150 g do elástico terá cerca de 50 g.
de efeito extrusivo no canino, o que é contrabalança-
do pelo ângulo caudal no primeiro molar, resultando
em apenas 100 g de força de ação distalizante, o que
provou ser suficiente no “arrasto” dos pré-molares,
assim que o molar e o canino são distalizados.
Fig. 2Fig. 1
Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 817
Fig. 4Fig. 3 Fig. 5
Fig. 7Fig. 6 Fig. 8
Apresentação de casos clínicos
Fig. 9 Fig. 10
Figs. 3, 4 e 5 – Classe II, divisão 2 em paciente adulto.
Figs. 6 e 7 – Uso de elástico Classe II com 150 g de força e arco seccional em “Z”.
Figs. 8, 9 e 10 – Tratamento finalizado.
818 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências
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Contínuo e a Filosofia Bioprogressiva, 74-120. Ed. Kelps
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Boulder, 11(15):752-9, Nov., 1981.
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facial orthopedics. Denver: RMO, 1989.
15. RICKETTS, R.M. Orthodontic Diagnosis and Planning.
RMO, 1982, 472p.
16. TAMBURUS, W.L. Tratamento Ortodôntico no paciente
adulto: ortodontia e ortopedia facial. São Paulo:Artes Mé-
dicas. 1.ed., 2002.
17. TAMBURUS, W.L. Tratamento de Classe II Div.1 –
Ortodontia: Ciência Bioprogressiva (livro eletrônico) –
Editec, 2000.
18. TEIXEIRA C.R. Arco Base: A unidade mecânica da tera-
pia bioprogressiva. Ortodontia, 23(1):40-45, 1990.
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Philadelphia: W. B. Sanders, 1975. 423p.

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Terapia bioprogressiva Classe II

  • 1. Paulo Thomé e Vasconcelos Auro Seyti Kimura Wander Vicente Gomes Filho Viviane Santini Tamburús Capítulo Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva A terapia bioprogressiva foi criada por Ricketts, em 1962. Considerada mais que uma técnica, é uma filosofia embasada em princípios que se tornaram ver- dades à luz da ciência. Com uma análise cefalométrica baseada no estudo completo de milhares de casos, cercado por uma equipe de pesquisadores e estatísti- cos, permite que o paciente seja avaliado e controlado ao longo de todo o tratamento: função respiratória, relação côndilo–fossa, e estado nutricional de seu cor- po – SUPERVISÃO TOTAL. Princípios da bioprogressiva Uso de um sistema para diagnóstico e tratamento pela aplicação do objetivo visual de tratamento (VTO), planificação do tratamento, avaliação de ancoragem e resultados. O terapeuta bioprogressivo começa tendo o resultado final em mente. Controle de torque durante todo o tratamento. Tra- balhando com fio Elgiloy Azul .016" x .016" e braquetes com slot .018" x .030", a bioprogres- siva mantém os dentes dentro do osso trabeculado para facilitar a movimentação e não forçar a anco- ragem, e coloca as raízes nas proximidades do osso cortical quando deseja ancorá-los. Ancoragem muscular e do osso cortical. Certos tipos faciais possuem musculatura potente e den- tes profundamente implantados nos alvéolos, ten- do assim uma boa ancoragem natural, o que per- mite o uso de AEO cervical ou elástico de Classe II sem extrusão dos molares superiores e inferio- res, respectivamente. A ancoragem do osso cortical consiste em co- locar os dentes nas proximidades desse osso que é muito denso e pouco vascularizado, sob ação de força pesada (2 g/mm2 de raiz), que vai inibir o já limitado suprimento sangüíneo da área, ocorren- do o bloqueio da ação celular, fenômeno denomi- nado hialinização, dificultando a movimentação dos dentes. Movimento de qualquer dente em qualquer dire- ção com a aplicação da pressão adequada. A tera- pia bioprogressiva recomenda 100 g de força por cm2 de superfície frontal de raiz ao osso alveolar como o ideal para movimentação dos dentes: ✓ Retração do canino – necessita-se de 80 g de força. ✓ Retração dos incisivos superiores – 180 g de força. ✓ Retração dos quatro incisivos inferiores – 100 g de força. ✓ Intrusão dos incisivos inferiores – 80 g de força. ✓ Intrusão dos incisivos superiores – 140 g de força. 811 63
  • 2. 812 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências ✓ Intrusão do molar superior – 80 g de força. ✓ Intrusão do canino inferior – 35 g de força. ✓ Para movimentação pelo osso cortical – 0,5 g/ mm2 . Alteração ortopédica. Os aparelhos usados são: AEO cervical e combinado, quadri-hélice e dis- juntor palatal. O AEO é usado quando se deseja uma redução ortopédica e expansão moderada na maxila. Para isso, uma força pesada (450 g) é aplicada abaixo do centro de resistência da maxila, de modo inter- mitente. Tratamento da sobremordida antes da sobres- saliência. Principalmente na Classe II, divisão 1 devemos tratar o trespasse vertical antes do hori- zontal para evitar traumatismos entre incisivos su- periores e inferiores, destravando a maloclusão e permitindo a redução ortopédica da estrutura den- tomaxilar como um todo. Terapia com arcos seccionados: ✓ Permite que a força seja dirigida a cada dente individualmente. ✓ Permite que os caninos sejam retraídos num movimento mais livre, sem atrito ao longo de um arco. ✓ Estabilização dos molares no início do trata- mento. ✓ A força do elástico de Classe II é menor quan- do aplicada ao arco seccionado superior, em comparação ao arco contínuo superior, produ- zindo menos tensão sobre a ancoragem de apoio. Conceito de sobretratamento. É preciso anular as forças musculares contra a superfície dos dentes. Deve-se superar a recidiva ortopédica nos trata- mentos das Classes II e III. Desbloqueio da maloclusão numa seqüência pro- gressiva de passos para restabelecer e restaurar a função normal. Eficiência no tratamento com resultados de quali- dade, utilizando o conceito de dispositivos pré-fa- bricados. A energia e o tempo do profissional devem ser voltados para o diagnóstico, planejamento e moti- vação do paciente. Displasias de Classe II, divisão 1 As displasias de Classe II, divisão 1 são reconhe- cidas por apresentarem problemas principalmente no plano sagital. Os fatores etiológicos variam desde problemas esqueléticos internos, desarmonias de crescimento entre maxila e mandíbula até problemas de ordem dentária. Quando o comprimento da base do crânio está aumentado, a Classe II, divisão 1 poderá ocorrer, pois este influencia na protrusão da face média e a parte posterior posicionará a ATM mais retrusivamente. As displasias de Classe II, divisão 1 são caracteri- zadas por: Protrusão alveolar superior – posição muito ante- rior dos dentes superiores. Protrusão da maxila ou prognatia superior – posicionamento da maxila e dos dentes para a fren- te. Retrusão alveolar inferior – inclinação lingual dos dentes ântero-inferiores, sucção do polegar, suc- ção labial. Retrognatia mandibular ou retromandibulia – man- díbula normal ou curta colocada posteriormente. Microgenia ou retrogenia – ausência ou tamanho reduzido da saliência mentoniana, fazendo crer, tratar-se de uma retrognatia mandibular. Associados a esses sinais do plano sagital podem estar presentes sinais dos planos vertical e transver- sal, com envolvimento esquelético e dentoalveolar, completando o quadro clínico característico dessas displasias: Proquilia superior com ou sem retroquilia inferior. Sulco do lábio mentoniano mais ou menos pro- nunciado. Os fatores são múltiplos e podem estar associa- dos, dentre eles: Hereditários – os mais freqüentes. Congênitos – podendo ser relacionados com a malformação da ATM. Funcionais – relacionados a problemas respirató- rios e hábitos deletérios.
  • 3. Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 813 Dentários – agenesias inferiores e/ou supranu- merários. Terapêuticos – iatrogenias relacionadas ao trata- mento. Displasias de Classe II, divisão 2 As displasias de Classe II, divisão 2 estão mais pre- sentes nos padrões braquifaciais, que manifestam com freqüência musculatura perioral e grupo muscular ver- tical posterior excessivamente forte com convexidade moderada ou mínima. Como fator etiológico, o mais provável são cau- sas de ordem genética. Autores relatam também que a Classe II, divisão 2 não é primariamente uma displasia esquelética, mas sim um problema de crescimento da maxila e erupção dos dentes superiores. Outros autores observam ainda que o comporta- mento labial conturbado, originário da supra-oclusão incisiva pode contribuir para o estabelecimento da maloclusão Classe II, divisão 2 no plano vertical. Segundo Langlade e Picout, o mesmo aspecto oclusal característico da Classe II, divisão 2 pode es- tar presente em pacientes com tipologia facial dife- rente (dólico ou braquifacial) e deve ser tratado de maneiras diferentes, respeitando as características tipológicas. As displasias de Classe II, divisão 2 são caracteri- zadas por: Comprimento e ângulo da base do crânio aumen- tados. Incisivos centrais superiores invariavelmente em supra-oclusão e lingualmente inclinados, poden- do ou não apresentar vestibuloversão dos incisi- vos laterais superiores. Incisivos inferiores em supra-oclusão e verticais ou até mesmo inclinados para lingual. Relação entre caninos e molares de Classe II. Potência mastigatória elevada. Mandíbula normalmente bem desenvolvida, po- dendo estar posicionada distalmente em relação à maxila e à base do crânio. Côndilos posicionados na parte distal da fossa ar- ticular. Coroas dos dentes, em geral menores. Ângulo do plano mandibular normalmente dimi- nuído. Seqüência mecânica para casos de Classe II, divisão 1 sem extrações Enquanto ocorre a redução ortopédica da maxila devido ao uso do AEO cervical (esse tipo de arco é indicado em 85% dos casos), é oportuno nivelar e posicionar os incisivos inferiores o mais rapidamente possível para evitar traumas entre incisivos superio- res e inferiores. O arco-base inferior deverá ser confeccionado com fio Elgiloy Azul .016" x .016" e suas modificações ditadas pelo VTO. Em uma curva de Spee inferior em que os molares inferiores estejam inclinados para mesial, os pré-mo- lares bem posicionados, os caninos e incisivos ex- truídos, instala-se um arco-base com o ângulo caudal acentuado, para efetuar a correção. Enquanto os molares são verticalizados, os incisi- vos serão intruídos. Posteriormente, com fio elástico de seda, intruiremos os caninos. Em uma curva de Spee inferior, em que os mola- res e pré-molares estejam bem posicionados, os cani- nos e incisivos extruídos, instala-se o arco-base com ângulo caudal acentuado e arco seccionado esta- bilizador, evitando assim que o molar incline para distal. Os incisivos serão intruídos e, posteriormente, com fio elástico de seda intruiremos os caninos. Quando os molares estiverem inclinados para mesial, os pré-molares girados ou em diferentes al- turas e extruídos os incisivos, instala-se um arco-base com ângulo caudal acentuado, enquanto verticaliza- se os molares, os incisivos serão intruídos. A seguir, instala-se um fio Twist-flex, que nivelará e posi- cionará os pré-molares e os caninos (arcos sobrepos- tos – overlay). Em seguida, coloca-se o arco ideal de finalização confeccionado com fio ElgiloyAzul .016" x .016" ou .016" x .022". Intrusão dos incisivos superiores Após a redução ortopédica da maxila, os incisi- vos superiores podem necessitar de intrusão. Instala-
  • 4. 814 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências se um arco-base superior confeccionado com fio Elgiloy Azul .016" x .022". Arcos estabilizadores serão instalados para evitar que os molares inclinem para distal. Retração dos incisivos superiores Os incisivos superiores poderão ser retraídos com arco-base de retração com maior ou menor controle de torque, dependendo de seu longo eixo estar parale- lo ao eixo facial ou divergente em relação à borda incisal e ao mento. Retraindo os incisivos superiores, instala-se o arco ideal de finalização. Seqüência mecânica para casos de Classe II, divisão 2 Três são as possibilidades de tratamento da Clas- se II, divisão 2: Distalização do arco superior. Avanço do arco inferior. Movimento de ambos os arcos. Este último nos parece ser o mais freqüente. Podemos considerar seis etapas gerais para o tra- tamento da Classe II, divisão 2: Vestibuloversão, controle de torque e intrusão dos incisivos superiores. Intrusão dos incisivos inferiores e caninos. Nivelamento dos segmentos laterais e correção da Classe II, divisão 2. Estabilização dos incisivos superiores. Arcos ideais de finalização. Contenção. Na Classe II, divisão 2 o emprego do quadri-héli- ce expande o arco superior, misto ou permanente, en- quanto o arco-base superior posiciona os incisivos su- periores para vestibular. Para a intrusão dos incisivos superiores, necessi- ta-se considerar: A direção da força. A quantidade de força. A estabilidade dos molares superiores. O controle de torque em relação ao crescimento. Em muitas maloclusões de Classe II, o incisivo central pode estar em palatoversão (excessivamente verticalizado), isto é, atrás dos incisivos laterais. Um arco-base superior especialmente confec- cionado posicionará os incisivos centrais para vesti- bular, exigência básica para sua posterior intrusão. Durante a intrusão dos incisivos superiores, ne- cessita-se estabilizar os molares superiores com arcos seccionados nos pré-molares superiores. Tanto a estabilização como a retração dos incisi- vos superiores no tratamento da Classe II, divisão 2 podem necessitar de torque adicional, pois seu longo eixo converge com o eixo facial em relação à borda incisal e o mento. Assim, usaremos arco-base superior com maior controle de torque confeccionado com Elgiloy Azul .016" x .016". Seccionamento do arco Ricketts iniciou o seccionamento do arco, em 1954 ao cortar o arco ideal, após o nivelamento e alinha- mento dos dentes. A partir de seções retas, diversos desenhos de arcos seccionais foram criados, assim como a redução da caixa do braquete de .022" para .018", proporcionando o deslocamento dos segmen- tos posteriores para distal, sem os efeitos colaterais que o arco contínuo causava, como uso de elásticos de Classe II. A administração do canino, em conjunto com o molar, tornou-se a chave para o sucesso da mecânica seccional. Razões que levaram ao desenvolvimen- to da mecânica seccional Evitar a rotação mandibular indesejada, causada pela ação dos elásticos no arco contínuo, junta- mente com a rendição da ancoragem do arco infe- rior, extrusão do molar inferior e deslocamento para vestibular dos incisivos inferiores. Foi desenhada para mudar as proporções em uni- dade de ancoragem. Evita a alteração do plano oclusal pela ação da tração intermaxilar. Evita o uso de braquetes nos dentes superiores
  • 5. Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 815 anteriores por muito tempo, proporcionando maior conforto e estética ao paciente, principalmente adulto. Proporciona um deslocamento biológico natural dos pré-molares para distal. Fornece um movimento natural de segunda ordem para o molar, facilitando sua distalização. Pode ser usada tanto no primeiro como no segun- do molar, dependendo da condição de ancoragem e tipo facial. Permite que as forças da mastigação anulem pos- síveis movimentos de extrusão dos molares supe- riores. Protege a articulação. Permite tratamento precoce da correção de Classe II. Elimina o atrito entre os braquetes dos dentes a serem distalizados e o fio, responsável por perda de 50% da força aplicada para tal. Permite o uso de forças elásticas mais leves, evi- tando a perda da ancoragem. Vantagens da mecânica seccional com uso da seção utilidade (em “Z”) superior Diminuição da força elástica – a distalização de um molar superior requer, em média, 120 g de for- ça, um terço da força necessária quando compara- da com procedimentos de distalização por meio de um arco contínuo. A seção utilidade em “Z” permite que a força distal seja direcionada inicialmente apenas para o molar superior. Por meio da seção utilidade e distalização de um canino e/ou do molar, há uma diminuição da de- manda de ancoragem no arco inferior. Quando a raiz do molar inferior, do primeiro ou segundo molar ou ambos são torqueadas vestibularmente debaixo da cortical vestibular, cada dente pode su- portar sozinho uma tração elástica de 150 g. Por- tanto, para um arco utilidade inferior, a tração do elástico pode ser resistente sem movimento para a frente ou sem ser extruído. Esta é a maior fonte de preservação da ancoragem. Um ângulo caudal no molar para intruir o canino resulta em uma inclinação do molar, facilitando sua distalização. Tanto a inclinação da coroa do molar quanto seu movimento de corpo para distal permitem um des- locamento dos pré-molares de modo natural. A seção posterior é ajustada de forma a produzir um efeito de intrusão no canino com aproximada- mente 50 g. Isso irá prevenir o canino de uma extrusão sob a tração dos elásticos intermaxilares de 150 g. Cerca de um terço da tração horizontal (50 g) é decomposta na direção vertical. Portanto, uma força intrusiva contra o canino irá compensar aquele vetor vertical. Se o canino parecer estar sendo intruído com a seção posterior ativada, o operador saberá que o paciente não tem usado os elásticos. Se o canino superior estiver extruído, então o operador saberá que pouca força intrusiva foi posta em ação ou que o paciente pode ter agido escondido, colocan- do dois elásticos com a esperança de acelerar todo o processo. Acrescentam-se 10º de torque lingual da raiz aos 7º já existentes no braquete do canino, a fim de mergulhar a raiz no osso esponjoso, evitando o osso cortical e facilitando a movimentação. Uma angulação para cervical no degrau mesial da seção utilidade será útil para inclinar a raiz do ca- nino para distal, anulando a tendência do elástico de incliná-lo para mesial, ao mesmo tempo em que produz um efeito de intrusão com cerca de 25 g de força no molar, prevenindo sua extrusão. Uma quarta ação no canino é a de comprimi-lo para dentro, novamente para prevenir que ele se junte à cortical vestibular. Por conseguinte, outra ação recíproca é obtida. O molar superior é rotacionado por uma força do canino, o que gera pressão lingual ou palatal no canino. Uma rotação do molar superior é necessária na grande maioria dos pacientes. O efeito rotacional no molar evita que o canino se alargue. Permite o tratamento unilateral – elásticos de tem- po integral podem ser colocados em um lado, e elásticos apenas para uso noturno no outro. Ou mesmo forças assimétricas, dependendo da dife- rença de gravidade da Classe II dos lados direito e esquerdo. Minimiza os efeitos extrusivos, evitando a rota- ção mandibular com posicionamento do queixo para trás e para baixo, agravando o problema de Classe II. A mecânica seccional é bastante eficaz no trata- mento de Classe II dentária e não esquelética. Mes- mo condições de Classe II esquelética em adultos
  • 6. 816 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências são mais bem tratadas com a mecânica seccional. No paciente adulto, a redução da alta convexidade pode ser feita apenas com cirurgia. Pode ser usada na dentição mista ou mesmo na dentição decídua. Permite que as forças naturais da língua e dos lá- bios atuem nos apinhamentos anteriores, corrigin- do-os à medida que ocorre o deslocamento dos segmentos posteriores, proporcionando um trata- mento mais confortável, seguro e estético. Confecção da seção utilidade superior Para sua construção deve ser empregado fio Elgiloy quadrado .016" x .016". O fio deve ser passado 4 mm acima do tubo molar, medido em direção ao braquete do canino, e dobrado 4 mm abaixo de onde ele é do- brado para a frente, entrando no slot .018" do canino. O formato em “Z” confere ao arco melhor pressão contra o molar. Ativações da seção utilidade superior As dobras são feitas mesiais ao tubo molar e dis- talmente ao braquete do canino: Ângulo caudal 15º a 20º no molar – produz 50 g. de força intrusiva no canino, evitando sua extrusão pela ação da tração vertical do elástico. Dobra rotacional de 15º no molar – posiciona o canino para lingual no interior do canal cortical e previne seu alargamento pela tração lateral do elás- tico.A prescrição de Ricketts fornece um tubo com rotação de 15º, contudo 10° pode ser adicionado, se necessário. Essa rotação também protege con- tra o alargamento lateral do canino, à medida que o molar se move distalmente e rotaciona, atingin- do a seção como um todo. Torque lingual de 10º adicionados à raiz do cani- no – esse torque somado aos 7º já contidos no braquete mantém sua raiz direcionada para dentro do osso esponjoso, facilitando a movimentação. 5º de rotação mesial do canino – combate a ten- dência de giro distal do canino pela tração elásti- ca. 5º a 7º de angulação radicular distal para o canino – evita inclinação da coroa do canino para distal e intrui levemente o molar superior. Avanço de 1 mm a 1,5 mm no canino – garante uma contínua força distal sobre o molar até que a ação do elástico seja alcançada. A tração de 150 g do elástico terá cerca de 50 g. de efeito extrusivo no canino, o que é contrabalança- do pelo ângulo caudal no primeiro molar, resultando em apenas 100 g de força de ação distalizante, o que provou ser suficiente no “arrasto” dos pré-molares, assim que o molar e o canino são distalizados. Fig. 2Fig. 1
  • 7. Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 817 Fig. 4Fig. 3 Fig. 5 Fig. 7Fig. 6 Fig. 8 Apresentação de casos clínicos Fig. 9 Fig. 10 Figs. 3, 4 e 5 – Classe II, divisão 2 em paciente adulto. Figs. 6 e 7 – Uso de elástico Classe II com 150 g de força e arco seccional em “Z”. Figs. 8, 9 e 10 – Tratamento finalizado.
  • 8. 818 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências Referências 1. GREGORET, J. Ortodontia e Cirurgia Ortognática: diag- nóstico e planejamento. São Paulo: Ed. Santos, 1999. 2. LANGLADE, M. Diagnostic Orthodontic. 1. ed., Maloine S.A. Editeur, 1987. 768p. 3. LANGLADE, M. Otimização das Escolhas Ortodônticas. Tradução. Eduardo Pires Mendes, 1994 347p. 4. LANGLADE, M. Otimização Transversal. 1. ed. São Pau- lo: Ed. Santos, 1998. Tradução Rodrigues Traduções, 384p. 5. LANGLADE, M. Therapeutic Orthodontic. 3. ed., Maloine S.A. Editeur, 1986, 494p. 6. LANGLADE, M. Cefalometric Orthodontic, 1. ed., Maloine S.A Editeur, 1978, 275p. 7. MENDES, J.E.P. O que é Terapia Bioprogressiva. Ortodontia, ano IV, n.23, jan./fev., 1993. 8. NAKAJIMA. Atlas de Ortodontia. São Paulo: Ed. Santos. 1. ed., 1985, 165p. 9. PROFFIT,W.R.; ACKERMAN, J.L. Diagnóstico: o desen- volvimento de uma lista de problemas. In: PROFFIT,W.R.. (ed). Ortodontia contemporânea. Rio de Janeiro: Guana- bara-Koogan, 1995. 10. RICKETTS, R.M. A principal of facial growth of the mandible. Angle Orthod, Appleton, 42:368-86, 1972. 11. RICKETTS, R.M. A Sabedoria da Mecânica Secional: tra- ção intermaxilar na terapia sem extração, 65-119 Ed. Kelps. 12. RICKETTS, R.M. Diferenças entre as Técnicas com Arco Contínuo e a Filosofia Bioprogressiva, 74-120. Ed. Kelps 13. RICKETTS, R.M. The golden divider. J. Clin. Orthod., Boulder, 11(15):752-9, Nov., 1981. 14. RICKETTS, R.M. Provocations and perceptions in cranio- facial orthopedics. Denver: RMO, 1989. 15. RICKETTS, R.M. Orthodontic Diagnosis and Planning. RMO, 1982, 472p. 16. TAMBURUS, W.L. Tratamento Ortodôntico no paciente adulto: ortodontia e ortopedia facial. São Paulo:Artes Mé- dicas. 1.ed., 2002. 17. TAMBURUS, W.L. Tratamento de Classe II Div.1 – Ortodontia: Ciência Bioprogressiva (livro eletrônico) – Editec, 2000. 18. TEIXEIRA C.R. Arco Base: A unidade mecânica da tera- pia bioprogressiva. Ortodontia, 23(1):40-45, 1990. 19. WYLIE; JOHSON, E.L. Rapid evalution of facial dysplasia in the vertical plane. Angle Orthod,Appleton, 22:165,1952. 20. ENLOW, D.H. Handbook of Facial Growth. 1.ed. Philadelphia: W. B. Sanders, 1975. 423p.