1) O documento discute a terapia bioprogressiva para o tratamento de maloclusões de Classe II, descrevendo seus princípios e técnicas.
2) As displasias de Classe II divisão 1 e 2 são caracterizadas e discutidas as seqüências mecânicas para tratamento sem extrações.
3) Os benefícios do seccionamento de arcos para movimentação dentária são explicados.
1. Paulo Thomé e Vasconcelos
Auro Seyti Kimura
Wander Vicente Gomes Filho
Viviane Santini Tamburús
Capítulo
Maloclusão de Classe II – Terapia
Bioprogressiva
A terapia bioprogressiva foi criada por Ricketts,
em 1962. Considerada mais que uma técnica, é uma
filosofia embasada em princípios que se tornaram ver-
dades à luz da ciência. Com uma análise cefalométrica
baseada no estudo completo de milhares de casos,
cercado por uma equipe de pesquisadores e estatísti-
cos, permite que o paciente seja avaliado e controlado
ao longo de todo o tratamento: função respiratória,
relação côndilo–fossa, e estado nutricional de seu cor-
po – SUPERVISÃO TOTAL.
Princípios da bioprogressiva
Uso de um sistema para diagnóstico e tratamento
pela aplicação do objetivo visual de tratamento
(VTO), planificação do tratamento, avaliação de
ancoragem e resultados.
O terapeuta bioprogressivo começa tendo o
resultado final em mente.
Controle de torque durante todo o tratamento. Tra-
balhando com fio Elgiloy Azul .016" x .016" e
braquetes com slot .018" x .030", a bioprogres-
siva mantém os dentes dentro do osso trabeculado
para facilitar a movimentação e não forçar a anco-
ragem, e coloca as raízes nas proximidades do osso
cortical quando deseja ancorá-los.
Ancoragem muscular e do osso cortical. Certos
tipos faciais possuem musculatura potente e den-
tes profundamente implantados nos alvéolos, ten-
do assim uma boa ancoragem natural, o que per-
mite o uso de AEO cervical ou elástico de Classe
II sem extrusão dos molares superiores e inferio-
res, respectivamente.
A ancoragem do osso cortical consiste em co-
locar os dentes nas proximidades desse osso que é
muito denso e pouco vascularizado, sob ação de
força pesada (2 g/mm2
de raiz), que vai inibir o já
limitado suprimento sangüíneo da área, ocorren-
do o bloqueio da ação celular, fenômeno denomi-
nado hialinização, dificultando a movimentação
dos dentes.
Movimento de qualquer dente em qualquer dire-
ção com a aplicação da pressão adequada. A tera-
pia bioprogressiva recomenda 100 g de força por
cm2
de superfície frontal de raiz ao osso alveolar
como o ideal para movimentação dos dentes:
✓ Retração do canino – necessita-se de 80 g de
força.
✓ Retração dos incisivos superiores – 180 g de
força.
✓ Retração dos quatro incisivos inferiores – 100
g de força.
✓ Intrusão dos incisivos inferiores – 80 g de força.
✓ Intrusão dos incisivos superiores – 140 g de
força.
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63
2. 812 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências
✓ Intrusão do molar superior – 80 g de força.
✓ Intrusão do canino inferior – 35 g de força.
✓ Para movimentação pelo osso cortical – 0,5 g/
mm2
.
Alteração ortopédica. Os aparelhos usados são:
AEO cervical e combinado, quadri-hélice e dis-
juntor palatal.
O AEO é usado quando se deseja uma redução
ortopédica e expansão moderada na maxila. Para
isso, uma força pesada (450 g) é aplicada abaixo
do centro de resistência da maxila, de modo inter-
mitente.
Tratamento da sobremordida antes da sobres-
saliência. Principalmente na Classe II, divisão 1
devemos tratar o trespasse vertical antes do hori-
zontal para evitar traumatismos entre incisivos su-
periores e inferiores, destravando a maloclusão e
permitindo a redução ortopédica da estrutura den-
tomaxilar como um todo.
Terapia com arcos seccionados:
✓ Permite que a força seja dirigida a cada dente
individualmente.
✓ Permite que os caninos sejam retraídos num
movimento mais livre, sem atrito ao longo de
um arco.
✓ Estabilização dos molares no início do trata-
mento.
✓ A força do elástico de Classe II é menor quan-
do aplicada ao arco seccionado superior, em
comparação ao arco contínuo superior, produ-
zindo menos tensão sobre a ancoragem de
apoio.
Conceito de sobretratamento. É preciso anular as
forças musculares contra a superfície dos dentes.
Deve-se superar a recidiva ortopédica nos trata-
mentos das Classes II e III.
Desbloqueio da maloclusão numa seqüência pro-
gressiva de passos para restabelecer e restaurar a
função normal.
Eficiência no tratamento com resultados de quali-
dade, utilizando o conceito de dispositivos pré-fa-
bricados.
A energia e o tempo do profissional devem ser
voltados para o diagnóstico, planejamento e moti-
vação do paciente.
Displasias de Classe II, divisão 1
As displasias de Classe II, divisão 1 são reconhe-
cidas por apresentarem problemas principalmente no
plano sagital.
Os fatores etiológicos variam desde problemas
esqueléticos internos, desarmonias de crescimento
entre maxila e mandíbula até problemas de ordem
dentária.
Quando o comprimento da base do crânio está
aumentado, a Classe II, divisão 1 poderá ocorrer, pois
este influencia na protrusão da face média e a parte
posterior posicionará a ATM mais retrusivamente.
As displasias de Classe II, divisão 1 são caracteri-
zadas por:
Protrusão alveolar superior – posição muito ante-
rior dos dentes superiores.
Protrusão da maxila ou prognatia superior –
posicionamento da maxila e dos dentes para a fren-
te.
Retrusão alveolar inferior – inclinação lingual dos
dentes ântero-inferiores, sucção do polegar, suc-
ção labial.
Retrognatia mandibular ou retromandibulia – man-
díbula normal ou curta colocada posteriormente.
Microgenia ou retrogenia – ausência ou tamanho
reduzido da saliência mentoniana, fazendo crer,
tratar-se de uma retrognatia mandibular.
Associados a esses sinais do plano sagital podem
estar presentes sinais dos planos vertical e transver-
sal, com envolvimento esquelético e dentoalveolar,
completando o quadro clínico característico dessas
displasias:
Proquilia superior com ou sem retroquilia inferior.
Sulco do lábio mentoniano mais ou menos pro-
nunciado.
Os fatores são múltiplos e podem estar associa-
dos, dentre eles:
Hereditários – os mais freqüentes.
Congênitos – podendo ser relacionados com a
malformação da ATM.
Funcionais – relacionados a problemas respirató-
rios e hábitos deletérios.
3. Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 813
Dentários – agenesias inferiores e/ou supranu-
merários.
Terapêuticos – iatrogenias relacionadas ao trata-
mento.
Displasias de Classe II, divisão 2
As displasias de Classe II, divisão 2 estão mais pre-
sentes nos padrões braquifaciais, que manifestam com
freqüência musculatura perioral e grupo muscular ver-
tical posterior excessivamente forte com convexidade
moderada ou mínima.
Como fator etiológico, o mais provável são cau-
sas de ordem genética.
Autores relatam também que a Classe II, divisão
2 não é primariamente uma displasia esquelética, mas
sim um problema de crescimento da maxila e erupção
dos dentes superiores.
Outros autores observam ainda que o comporta-
mento labial conturbado, originário da supra-oclusão
incisiva pode contribuir para o estabelecimento da
maloclusão Classe II, divisão 2 no plano vertical.
Segundo Langlade e Picout, o mesmo aspecto
oclusal característico da Classe II, divisão 2 pode es-
tar presente em pacientes com tipologia facial dife-
rente (dólico ou braquifacial) e deve ser tratado de
maneiras diferentes, respeitando as características
tipológicas.
As displasias de Classe II, divisão 2 são caracteri-
zadas por:
Comprimento e ângulo da base do crânio aumen-
tados.
Incisivos centrais superiores invariavelmente em
supra-oclusão e lingualmente inclinados, poden-
do ou não apresentar vestibuloversão dos incisi-
vos laterais superiores.
Incisivos inferiores em supra-oclusão e verticais
ou até mesmo inclinados para lingual.
Relação entre caninos e molares de Classe II.
Potência mastigatória elevada.
Mandíbula normalmente bem desenvolvida, po-
dendo estar posicionada distalmente em relação à
maxila e à base do crânio.
Côndilos posicionados na parte distal da fossa ar-
ticular.
Coroas dos dentes, em geral menores.
Ângulo do plano mandibular normalmente dimi-
nuído.
Seqüência mecânica para casos
de Classe II, divisão 1 sem
extrações
Enquanto ocorre a redução ortopédica da maxila
devido ao uso do AEO cervical (esse tipo de arco é
indicado em 85% dos casos), é oportuno nivelar e
posicionar os incisivos inferiores o mais rapidamente
possível para evitar traumas entre incisivos superio-
res e inferiores.
O arco-base inferior deverá ser confeccionado com
fio Elgiloy Azul .016" x .016" e suas modificações
ditadas pelo VTO.
Em uma curva de Spee inferior em que os molares
inferiores estejam inclinados para mesial, os pré-mo-
lares bem posicionados, os caninos e incisivos ex-
truídos, instala-se um arco-base com o ângulo caudal
acentuado, para efetuar a correção.
Enquanto os molares são verticalizados, os incisi-
vos serão intruídos. Posteriormente, com fio elástico
de seda, intruiremos os caninos.
Em uma curva de Spee inferior, em que os mola-
res e pré-molares estejam bem posicionados, os cani-
nos e incisivos extruídos, instala-se o arco-base com
ângulo caudal acentuado e arco seccionado esta-
bilizador, evitando assim que o molar incline para
distal. Os incisivos serão intruídos e, posteriormente,
com fio elástico de seda intruiremos os caninos.
Quando os molares estiverem inclinados para
mesial, os pré-molares girados ou em diferentes al-
turas e extruídos os incisivos, instala-se um arco-base
com ângulo caudal acentuado, enquanto verticaliza-
se os molares, os incisivos serão intruídos. A seguir,
instala-se um fio Twist-flex, que nivelará e posi-
cionará os pré-molares e os caninos (arcos sobrepos-
tos – overlay). Em seguida, coloca-se o arco ideal de
finalização confeccionado com fio ElgiloyAzul .016"
x .016" ou .016" x .022".
Intrusão dos incisivos superiores
Após a redução ortopédica da maxila, os incisi-
vos superiores podem necessitar de intrusão. Instala-
4. 814 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências
se um arco-base superior confeccionado com fio
Elgiloy Azul .016" x .022".
Arcos estabilizadores serão instalados para evitar
que os molares inclinem para distal.
Retração dos incisivos superiores
Os incisivos superiores poderão ser retraídos com
arco-base de retração com maior ou menor controle
de torque, dependendo de seu longo eixo estar parale-
lo ao eixo facial ou divergente em relação à borda
incisal e ao mento.
Retraindo os incisivos superiores, instala-se o arco
ideal de finalização.
Seqüência mecânica para casos
de Classe II, divisão 2
Três são as possibilidades de tratamento da Clas-
se II, divisão 2:
Distalização do arco superior.
Avanço do arco inferior.
Movimento de ambos os arcos.
Este último nos parece ser o mais freqüente.
Podemos considerar seis etapas gerais para o tra-
tamento da Classe II, divisão 2:
Vestibuloversão, controle de torque e intrusão dos
incisivos superiores.
Intrusão dos incisivos inferiores e caninos.
Nivelamento dos segmentos laterais e correção da
Classe II, divisão 2.
Estabilização dos incisivos superiores.
Arcos ideais de finalização.
Contenção.
Na Classe II, divisão 2 o emprego do quadri-héli-
ce expande o arco superior, misto ou permanente, en-
quanto o arco-base superior posiciona os incisivos su-
periores para vestibular.
Para a intrusão dos incisivos superiores, necessi-
ta-se considerar:
A direção da força.
A quantidade de força.
A estabilidade dos molares superiores.
O controle de torque em relação ao crescimento.
Em muitas maloclusões de Classe II, o incisivo
central pode estar em palatoversão (excessivamente
verticalizado), isto é, atrás dos incisivos laterais.
Um arco-base superior especialmente confec-
cionado posicionará os incisivos centrais para vesti-
bular, exigência básica para sua posterior intrusão.
Durante a intrusão dos incisivos superiores, ne-
cessita-se estabilizar os molares superiores com arcos
seccionados nos pré-molares superiores.
Tanto a estabilização como a retração dos incisi-
vos superiores no tratamento da Classe II, divisão 2
podem necessitar de torque adicional, pois seu longo
eixo converge com o eixo facial em relação à borda
incisal e o mento.
Assim, usaremos arco-base superior com maior
controle de torque confeccionado com Elgiloy Azul
.016" x .016".
Seccionamento do arco
Ricketts iniciou o seccionamento do arco, em 1954
ao cortar o arco ideal, após o nivelamento e alinha-
mento dos dentes. A partir de seções retas, diversos
desenhos de arcos seccionais foram criados, assim
como a redução da caixa do braquete de .022" para
.018", proporcionando o deslocamento dos segmen-
tos posteriores para distal, sem os efeitos colaterais
que o arco contínuo causava, como uso de elásticos
de Classe II.
A administração do canino, em conjunto com o
molar, tornou-se a chave para o sucesso da mecânica
seccional.
Razões que levaram ao desenvolvimen-
to da mecânica seccional
Evitar a rotação mandibular indesejada, causada
pela ação dos elásticos no arco contínuo, junta-
mente com a rendição da ancoragem do arco infe-
rior, extrusão do molar inferior e deslocamento
para vestibular dos incisivos inferiores.
Foi desenhada para mudar as proporções em uni-
dade de ancoragem.
Evita a alteração do plano oclusal pela ação da
tração intermaxilar.
Evita o uso de braquetes nos dentes superiores
5. Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 815
anteriores por muito tempo, proporcionando maior
conforto e estética ao paciente, principalmente
adulto.
Proporciona um deslocamento biológico natural
dos pré-molares para distal.
Fornece um movimento natural de segunda ordem
para o molar, facilitando sua distalização.
Pode ser usada tanto no primeiro como no segun-
do molar, dependendo da condição de ancoragem
e tipo facial.
Permite que as forças da mastigação anulem pos-
síveis movimentos de extrusão dos molares supe-
riores.
Protege a articulação.
Permite tratamento precoce da correção de Classe
II.
Elimina o atrito entre os braquetes dos dentes a
serem distalizados e o fio, responsável por perda
de 50% da força aplicada para tal.
Permite o uso de forças elásticas mais leves, evi-
tando a perda da ancoragem.
Vantagens da mecânica seccional com
uso da seção utilidade (em “Z”)
superior
Diminuição da força elástica – a distalização de
um molar superior requer, em média, 120 g de for-
ça, um terço da força necessária quando compara-
da com procedimentos de distalização por meio
de um arco contínuo.
A seção utilidade em “Z” permite que a força
distal seja direcionada inicialmente apenas para o
molar superior.
Por meio da seção utilidade e distalização de um
canino e/ou do molar, há uma diminuição da de-
manda de ancoragem no arco inferior. Quando a
raiz do molar inferior, do primeiro ou segundo
molar ou ambos são torqueadas vestibularmente
debaixo da cortical vestibular, cada dente pode su-
portar sozinho uma tração elástica de 150 g. Por-
tanto, para um arco utilidade inferior, a tração do
elástico pode ser resistente sem movimento para a
frente ou sem ser extruído. Esta é a maior fonte de
preservação da ancoragem.
Um ângulo caudal no molar para intruir o canino
resulta em uma inclinação do molar, facilitando
sua distalização.
Tanto a inclinação da coroa do molar quanto seu
movimento de corpo para distal permitem um des-
locamento dos pré-molares de modo natural.
A seção posterior é ajustada de forma a produzir
um efeito de intrusão no canino com aproximada-
mente 50 g. Isso irá prevenir o canino de uma
extrusão sob a tração dos elásticos intermaxilares
de 150 g. Cerca de um terço da tração horizontal
(50 g) é decomposta na direção vertical. Portanto,
uma força intrusiva contra o canino irá compensar
aquele vetor vertical.
Se o canino parecer estar sendo intruído com a
seção posterior ativada, o operador saberá que o
paciente não tem usado os elásticos. Se o canino
superior estiver extruído, então o operador saberá
que pouca força intrusiva foi posta em ação ou
que o paciente pode ter agido escondido, colocan-
do dois elásticos com a esperança de acelerar todo
o processo.
Acrescentam-se 10º de torque lingual da raiz aos
7º já existentes no braquete do canino, a fim de
mergulhar a raiz no osso esponjoso, evitando o
osso cortical e facilitando a movimentação.
Uma angulação para cervical no degrau mesial da
seção utilidade será útil para inclinar a raiz do ca-
nino para distal, anulando a tendência do elástico
de incliná-lo para mesial, ao mesmo tempo em que
produz um efeito de intrusão com cerca de 25 g de
força no molar, prevenindo sua extrusão.
Uma quarta ação no canino é a de comprimi-lo
para dentro, novamente para prevenir que ele se
junte à cortical vestibular. Por conseguinte, outra
ação recíproca é obtida. O molar superior é
rotacionado por uma força do canino, o que gera
pressão lingual ou palatal no canino. Uma rotação
do molar superior é necessária na grande maioria
dos pacientes. O efeito rotacional no molar evita
que o canino se alargue.
Permite o tratamento unilateral – elásticos de tem-
po integral podem ser colocados em um lado, e
elásticos apenas para uso noturno no outro. Ou
mesmo forças assimétricas, dependendo da dife-
rença de gravidade da Classe II dos lados direito e
esquerdo.
Minimiza os efeitos extrusivos, evitando a rota-
ção mandibular com posicionamento do queixo
para trás e para baixo, agravando o problema de
Classe II.
A mecânica seccional é bastante eficaz no trata-
mento de Classe II dentária e não esquelética. Mes-
mo condições de Classe II esquelética em adultos
6. 816 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências
são mais bem tratadas com a mecânica seccional.
No paciente adulto, a redução da alta convexidade
pode ser feita apenas com cirurgia.
Pode ser usada na dentição mista ou mesmo na
dentição decídua.
Permite que as forças naturais da língua e dos lá-
bios atuem nos apinhamentos anteriores, corrigin-
do-os à medida que ocorre o deslocamento dos
segmentos posteriores, proporcionando um trata-
mento mais confortável, seguro e estético.
Confecção da seção utilidade superior
Para sua construção deve ser empregado fio Elgiloy
quadrado .016" x .016". O fio deve ser passado 4 mm
acima do tubo molar, medido em direção ao braquete
do canino, e dobrado 4 mm abaixo de onde ele é do-
brado para a frente, entrando no slot .018" do canino.
O formato em “Z” confere ao arco melhor pressão
contra o molar.
Ativações da seção utilidade superior
As dobras são feitas mesiais ao tubo molar e dis-
talmente ao braquete do canino:
Ângulo caudal 15º a 20º no molar – produz 50 g.
de força intrusiva no canino, evitando sua extrusão
pela ação da tração vertical do elástico.
Dobra rotacional de 15º no molar – posiciona o
canino para lingual no interior do canal cortical e
previne seu alargamento pela tração lateral do elás-
tico.A prescrição de Ricketts fornece um tubo com
rotação de 15º, contudo 10° pode ser adicionado,
se necessário. Essa rotação também protege con-
tra o alargamento lateral do canino, à medida que
o molar se move distalmente e rotaciona, atingin-
do a seção como um todo.
Torque lingual de 10º adicionados à raiz do cani-
no – esse torque somado aos 7º já contidos no
braquete mantém sua raiz direcionada para dentro
do osso esponjoso, facilitando a movimentação.
5º de rotação mesial do canino – combate a ten-
dência de giro distal do canino pela tração elásti-
ca.
5º a 7º de angulação radicular distal para o canino
– evita inclinação da coroa do canino para distal e
intrui levemente o molar superior.
Avanço de 1 mm a 1,5 mm no canino – garante
uma contínua força distal sobre o molar até que a
ação do elástico seja alcançada.
A tração de 150 g do elástico terá cerca de 50 g.
de efeito extrusivo no canino, o que é contrabalança-
do pelo ângulo caudal no primeiro molar, resultando
em apenas 100 g de força de ação distalizante, o que
provou ser suficiente no “arrasto” dos pré-molares,
assim que o molar e o canino são distalizados.
Fig. 2Fig. 1
7. Maloclusão de Classe II – Terapia Bioprogressiva 817
Fig. 4Fig. 3 Fig. 5
Fig. 7Fig. 6 Fig. 8
Apresentação de casos clínicos
Fig. 9 Fig. 10
Figs. 3, 4 e 5 – Classe II, divisão 2 em paciente adulto.
Figs. 6 e 7 – Uso de elástico Classe II com 150 g de força e arco seccional em “Z”.
Figs. 8, 9 e 10 – Tratamento finalizado.
8. 818 Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares – Miniconferências
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