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EHROS TOMASINI 1
MOTORISTA DE UBER2
EHROS TOMASINI 3
MOTORISTA DE UBER – Parte 01
Fazia tempos que Antônio não tomava uma cervejada,
como naquela noite. Andava meio chateado. Nos tantos
anos de policial federal, nunca lhe haviam dado uma missão
importante sequer. Só entrava em ação quando localizavam
o padre assassino e passavam a perseguir o grupo composto
pela médica Maria Bauer, sua ex-amante; pela madre supe-
riora e pelo perigoso ex-padre assassino. Depois que Santo
passou a ser motorista do grupo formado pelo homenina
Cassandra, sua linda irmã morena, o barman careca e parru-
do e sua sobrinha médica e mulata, e, por último, o negrão
Percival, que o velho motorista boxeador tinha sido colocado
de lado. Ressentia-se da falta de ação e confiança dos compa-
nheiros.
Saíra de casa disposto a tomar todas. Por isso, não es-
tava de carro. Pagou a conta e pediu um Uber. Demorou a
MOTORISTA DE UBER4
completar o pedido de corrida. Enquanto esperava, deu uma
olhada no relógio do celular: ia dar uma hora da madruga-
da. O aparelho fez o som característico de que alguém havia
atendido seu chamado pelo aplicativo. Sorriu, quando viu a
foto do condutor em sua tela do aparelho: tratava-se de uma
mulher.
O veículo de aluguel não demorou muito a chegar. O
bar já recolhia as mesas e cadeiras, pronto para fechar. A mu-
lher encostou o carro perto do coroa que tinha o celular na
mão, olhando-o desconfiada. Ele abriu a porta de trás e en-
trou, sentando-se no banco estofado. Quando fechou a porta,
ela exigiu:
- Por favor, senhor, venha sentar-se ao meu lado. Não
quero ninguém atrás de mim.
Antônio não se fez de rogado: tornou a sair do carro
e entrou pela porta da frente. Sentou-se ao lado dela. Ela o
olhou da cabeça aos pés. Quando ele fechou a porta, ela per-
guntou:
- Para onde, senhor?
- Para o próximo bar aberto. Este já está cerrando suas
portas e pretendo continuar tomando minhas cervejas.
- Terá que completar o endereço de destino, senhor. O
que preencheu, ficou vago.
- Tome meu aparelho celular e faça isso, por favor. Não
tenho muitas intimidades com o aplicativo. Pouco o uso.
Ela esteve indecisa, depois pegou o celular de suas
mãos. Teclou rapidamente e devolveu o aparelho para ele.
Deu um longo suspiro, como se estivesse desfazendo a ten-
são, depois fez a manobra no carro. Ele perguntou:
- Algum problema, senhora?
Ela demorou a responder:
- Por que a pergunta?
- Noto que está tensa. Aconteceu alguma coisa?
Mais uma vez ela demorou a responder-lhe. Disse, fi-
EHROS TOMASINI 5
nalmente:
- Desculpe. Acabei de passar por uma situação cons-
trangedora: peguei um passageiro num bairro nobre do Reci-
fe e o cara sentou-se aí atrás, numa posição que não dava para
vê-lo através do espelho retrovisor interno. Pedi que se deslo-
casse para a direita, de modo a ficar no meu campo de visão,
mas ele fez que não me ouviu. Quando me voltei, para repetir
o obséquio, vi que o sujeito estava se masturbando. Pedi que
descesse do carro, mas ele disse ser policial. Afirmou que, se
eu estivesse incomodada, que o levasse à próxima delegacia.
Ela interrompeu o que dizia para chorar. O coroa espe-
rou que se recompusesse. Depois, perguntou:
- E daí?
Ela respirou fundo. Enxugou as lágrimas e continuou:
- Daí que fui ridicularizada, quando o levei à primeira
delegacia que encontrei no caminho. O cara parecia conhecer
todos os policiais de lá e tiraram o maior sarro da minha cara.
O filho da puta ainda ficou o tempo todo de bilola melecada
para fora da braguilha, pois tinha se masturbado até gozar.
Envergonhada, saí de lá me tremendo de raiva. Foi quando
recebi o chamado para fazer esta viagem. Perdoe-me, mas
ainda estou toda me tremendo.
Antônio olhou em direção às suas pernas. Ela usava
uma saia jeans curta, mostrando um belo par de coxas gros-
sas. O policial federal sentiu seu pau crescer. Mas respirou
fundo e perguntou:
- Por quê rodar a essa hora da noite?
- Eu estou passando por um período ruim da minha
vida. Sou recém-separada. Meu marido levou embora tudo
que tínhamos, inclusive um dinheiro que eu guardava na
conta do banco.
- Conta conjunta?
- Que nada. Mas ele é policial, sabe uns truques para
limpar a conta dos outros.
- Ele trabalha na mesma delegacia onde você levou o
MOTORISTA DE UBER6
cliente tarado?
- Não. Por que pergunta isso?
- Nada, nada. Onde está me levando? Não conheço ne-
nhum bar nesta área.
- Pois eu conheço. É um barzinho novo, de uma amiga
minha. Não se preocupe. Vai ser bem tratado, lá. Se não se
incomodar, vou tomar uns copos com o senhor. Estou muito
nervosa. Não me convém continuar trabalhando assim.
- E o carro?
- Deixo-o lá, por hoje. Pego outra condução para voltar
para casa.
O bar era bem arrumadinho. Pequeno e limpo. Não ha-
via muitas pessoas bebendo lá, talvez por causa do adiantado
das horas. A motorista de saia curta pegou Antônio pela mão
e caminhou resoluta em direção a uma morena bonitona que
usava um avental de garçonete. Quando a viu, esta veio ao
seu encontro, sorridente. Saudou:
- Salve, Lúcia! O que faz por aqui a essa hora, mulher?
- Oi, Raiana. Trouxe um amigo para tomarmos umas.
Larguei. Por hoje, chega. Dia ruim, entende?
- Como é teu nome? – Perguntou a garçonete, sem ligar
para o que a outra dizia, agora apertando a mão do coroa.
Este se apresentou:
- Sou Antônio, senhora. Espero que tenha cervejas ge-
ladas, pois estamos com sede.
Enquanto o motorista e agente federal pedia um car-
dápio à bela amiga de Lúcia, a motorista de Uber olhava em
volta. Parecia procurar alguém. A outra disse:
- Não, ele não veio hoje, graças a Deus. Mas, ontem,
estava por aqui e só saiu quando fechei o bar. Cabra safado.
- A quem se referem? – Perguntou o coroa.
- Ao meu ex-marido – Respondeu Lúcia. - Depois que
se separou de mim, vive dando em cima da Raiana. Aproveita
que ela é viúva e não tem quem a defenda.
EHROS TOMASINI 7
Pediram as cervejas, uns tira-gostos e foram bem servi-
dos. A amiga de Lúcia não tirava os olhos do coroa, mesmo
estando ocupada em atender outros clientes. A clientela, no
entanto, estava reduzida a três mesas ocupadas, afora a que
Antônio estava bebendo. A conversa estava bem animada e a
motorista de Uber parecia já estar ficando bicada. Numa das
vezes que se levantou para ir ao banheiro, cambaleou visivel-
mente. Raiana aproximou-se do coroa e disse:
- Vai levar minha amiga em casa? Ela já está embria-
gada.
- Ela mora perto?
- Não. Mas eu moro. Podemos ir para minha casa. Lá,
você continua a tomar tuas cervejas. Aproveito para tomar
umas, também. Já, já estarei fechando aqui.
Antônio olhou melhor para a garçonete. Ela era bonita,
tinha as pernas tão grossas quanto as da motorista que o le-
vara até ali e, se aquilo não fosse uma cantada, ele se danasse.
O sorriso dela não lhe deixava nenhuma dúvida. Ele também
sorriu. Mas aí, antes que respondesse à atendente, um carro
freou com alarde do outro lado da rua. Dele, desceram dois
caras. A garçonete ficou pálida. Cochichou:
- É o ex-marido de Lúcia. Ele não pode saber que ela
está aqui. Por favor, vá avisá-la lá no banheiro e saiam pelos
fundos. Tome, pegue a chave do meu apê. Ela sabe onde fica.
Assim que fechar aqui, chego lá.
Antônio não se moveu. Olhava para a dupla, que se
aproximava deles. A garçonete insistiu:
- Depressa, moço, antes que ele provoque uma briga
contigo.
O coroa continuou sem se mover. Também não pegou
a chave que lhe era estendida. Esperou a dupla chegar bem
perto. O mais parrudo perguntou:
- Quem é o otário aí, Raiana?
- É um cliente. Está pagando a conta para ir embora –
Mentiu ela.
MOTORISTA DE UBER8
- Pegue teu troco e lavra logo, coroa. Quero ter uma
conversa com essa catraia.
Antônio olhava para ele com um sorriso zombeteiro.
Escutou:
- Está surdo, coroa? Vá-se embora, antes que eu te dê
umas porradas.
- Você e mais quantos? – Perguntou o agente federal,
sem se alterar.
O fortão estava pasmo. O seu companheiro, mais jo-
vem, adiantou-se e espalmou as duas mãos no peito de Antô-
nio, disposto a empurrá-lo com força. Esperava que o coroa
fosse projetado longe. Encontrou, no entanto, uma pesada
rocha fincada diante de si. Antônio não arredou um milíme-
tro sequer. Porém, num movimento rápido, segurou dois de-
dos da mão do cara e torceu-os para trás. O sujeito deu um
berro. Os dedos foram quebrados. Foi quando o ex-marido
da motorista de Uber investiu contra o coroa, sem saber que
ele era um hábil lutador de boxe. Levou um murro potente
no nariz que o arremessou longe. O cara teve o septo espati-
fado e não se levantou mais. O dos dedos quebrados olhava
para o coroa, estupefato. Antônio perguntou:
- Vai correr para o carro ou quer ter a mesma sorte do
teu namorado?
Ao ouvir a afronta, o sujeito, que devia ter uns trinta
e poucos anos, partiu para cima de Antônio, mesmo com a
mão contundida. Levou um potente murro no estômago. Fi-
cou roxo. Desabou sem dar um gemido.
- Uau, você é bom. Boxeador? – Aplaudiu a garçonete
morena boazuda.
- Ex. Estou fora de forma.
Dois sujeitos que estavam bebendo numa mesa perto
vieram cumprimentar o coroa. Apertaram sua mão, elogian-
do a destreza do velho. Antônio perguntou:
EHROS TOMASINI 9
- Qual de vocês dirige? Preciso que botem esses dois no
carro que vieram e os deixem em qualquer lugar longe daqui.
Não se preocupem: não acordarão tão cedo.
- Coloquem os dois no carro que eu mesma os levo
para longe – Afirmou a garçonete. Depois, volto. Você toma
conta do bar, enquanto isso.
Pouco depois, a morena retornava de táxi. Acertou-se
com o motorista e se aproximou do casal, toda sorridente.
Lúcia já havia retornado do banheiro e parecia que havia vo-
mitado muito por lá. Estava visivelmente embriagada. Raiana
perguntou:
- Ela sabe?
- Não. Não quis lhe dizer. Estava te esperando para a
levarmos para casa. Ninguém deve mais nada. Pagaram todas
as contas em aberto que você deixou comigo.
- Ótimo. Vou avisar aos rapazes, que nos ajudaram a
retirar os dois daqui, que quero fechar. Assim que saírem,
iremos embora. Tenho uma grade de cervejas geladíssimas
em casa.
Não tomaram um copo, sequer. Nem bem chegaram na
casa da dona do bar, essa se atracou com o coroa. Beijou-o ar-
dentemente. Levou a mão ao caralho dele, por cima da calça,
enquanto o beijava. Ficou entusiasmada com o tamanho da
peia do cara. Despiu-o com urgência. Fez o enorme caralho
saltar da cueca branca que ele usava. A garçonete ia se aga-
char, para chupar seu cacete, mas ele tinha outras intenções.
Virou-a de costas para si e pincelou a glande nas pregas dela.
Ela gemeu de tesão. Haviam deitado Lúcia na cama e esta es-
tava atravessada, ocupando todo o leito. Raiana puxou Antô-
nio para o sofá. Tirou toda a roupa com urgência e deitou-se
no braço estofado, ficando de bunda empinada. Lúcia gemeu,
lá na cama, como se sentisse a estocada que o pugilista deu
no cu da morena, introduzindo metade do enorme caralho
MOTORISTA DE UBER10
no ânus dela. Raiana arreganhou a bunda com as duas mãos.
Ele enfiou o resto da trolha. Ela fechou os olhos e pediu que
ele a enrabasse sem pena. Era só o que o velho agente da Po-
lícia Federal queria ouvir.
FIM DA PRIMEIRA PARTE.
EHROS TOMASINI 11
MOTORISTA DE UBER – Parte 02
Depois da foda, tomaram um banho demorado e Raiana
pediu ajuda do coroa para acomodar melhor a amiga
na cama. Esta ressonava e ainda gemia, como se estivesse so-
nhando. Depois, voltaram para a sala. A morena agarrou-se
ao velho boxeador. Perguntou:
- Você gostou?
- Claro. Você trepa muito bem. E já fazia um tempo que
eu não fodia um cuzinho tão gostoso. Prefere o coito anal?
- Na verdade, não. Mas estava em jejum sexual já há um
tempão. E as cantadas daquele cafajeste me deixavam excita-
da, não posso negar.
- Ele já te cantava antes de se separar de Lúcia?
- Sim, mas sempre achei que fosse brincadeira dele. Mi-
nha amiga também nunca estrilou. Mas, depois que se sepa-
raram, quase todos os dias ele vinha aqui em casa.
- Quanto tempo faz que você tem aquele bar?
MOTORISTA DE UBER12
- Pouco. Era do meu marido, mas eu nunca me interes-
sei pelo negócio. Antes, o estabelecimento não tinha muito
boa reputação. Dizem que era um ponto de drogas. Eu nunca
havia ido lá, até a morte do meu amor.
- Ele morreu de quê?
- Assassinado. Houve um assalto lá e atiraram nele.
- Você não tem medo que o assassino volte?
- Não. O sujeito está morto. O marido de Lúcia o ma-
tou. Mas usa a morte do cara para fazer chantagem contra
mim.
- Como assim? – Estranhou o policial federal.
Diz que, se eu não ceder a ele, forja uma denúncia con-
tra mim, dizendo que fui eu que paguei para apagar o cara.
Como não tenho culpa no cartório, não lhe dou ouvidos. Mas
confesso que temo que ele me arme alguma.
- Por que ele e Lúcia se separaram?
- Ela descobriu que ele vive metido em coisas erradas.
Depois, ele passou a roubá-la descaradamente. Não se sabe
como, descobriu a senha dela. Deu-lhe um grande desfalque.
A coitada está na pindaíba até hoje.
- Que tipo de coisas erradas ele vive metido, Raiana?
- Sei lá. Pergunte a ela. Como ele não me interessa,
nunca quis saber. Mas acho que é algo relativo a assaltos. De
vez em quando, ele aparece de carro novo. Eu e Lúcia acredi-
tamos que ele rouba automóvel para desmonte.
Antônio calou-se mas ficou pensativo. A morena
apoiou-se no peito dele, ainda ambos nus, e adormeceu qua-
se que imediatamente. O pugilista a deitou no sofá, com cui-
dado, e levantou-se. Vestiu-se e foi-se embora. Não havia tro-
cado telefone com nenhuma das duas, já que não pretendia
vê-las novamente. Mas estava enganado.
De manhã, logo cedo, acordou com batidas na porta
de entrada do apartamento onde morava. Levantou-se nu,
EHROS TOMASINI 13
pegou uma pistola que guardava debaixo do travesseiro e foi
até a sala. Olhou pelo olho-mágico e reconheceu sua visita.
Tratava-se de seu filho Santo. O rapaz estava afobado. Per-
guntou ao coroa:
- O que houve ontem, pai? Recebemos uma denúncia
de que havia batido nuns caras. Uma testemunha te viu. O
mais novo foi encontrado morto, sabia?
- Como é que é?
- Sim, um policial de uns trinta e poucos anos, que esta-
va com o cara que o senhor espancou, quebrando-lhe o nariz,
apareceu morto. Alguém ligou para a Polícia, de forma anô-
nima, dando as tuas características. A Polícia tem as imagens
do bar onde o senhor estava bebendo. Alguém te reconheceu
como policial federal. Cassandra pediu-me que eu desse um
sumiço no senhor, até que se esclareça a morte do policial.
- Puta que pariu, por essa eu não esperava – Disse An-
tônio, desmoronando sobre o sofá da sala. Santo fechou a
porta atrás de si, depois de entrar. O coroa estava apenas de
cuecas, com uma pistola na mão. O velho motorista disse:
- Há possibilidade de o policial ter sido morto por ou-
tra pessoa, e não por mim?
- As imagens do bar são claras: o senhor bateu nos dois.
O murro que deu no estômago do mais novo pode ter cau-
sado a sua morte por hemorragia interna, velho. Pegue umas
roupas e vamos embora daqui.
Antônio esteve um tempo pensativo, depois afirmou:
- Não matei o policial, apesar de ter caprichado na for-
ça do murro. Tem algo errado nessa história e eu preciso des-
cobrir o que é.
- Deixe isso com a gente. Trate de fugir e livrar o fla-
grante.
- Nunca fui de fugir, filho. Isso agravaria a minha situ-
ação. Não. Vou investigar o que aconteceu.
- Bem, quem sabe é o senhor. Não poderá dizer que
MOTORISTA DE UBER14
não tentei. Vai precisar de ajuda?
- Sim, filho. Investigue quem fez a denúncia anônima.
- Está bem. Mais alguma coisa?
- Sim. Recolha minha pistola. Não vou poder estar ar-
mado, se sou procurado pela Polícia Federal.
- Não se preocupe. Pode ficar com a arma. Cassandra
disse que eu não te deixasse desarmado. Breve, resolveremos
todo esse mistério.
- Isso, se eu não o resolver antes. O corpo do policial
está no necrotério da Polícia Federal ou ainda está no IML?
- No IML. Só vai ser liberado amanhã. Os funcionários
da morgue ameaçam parar em Pernambuco. Uma greve, en-
tende? O que está pretendendo fazer?
- Uma visita ao cadáver. Tem certeza de que ele não tem
outra perfuração, mesmo imperceptível?
- Eu mesmo examinei o corpo, antes de vir para cá. Po-
demos fazer isso juntos, de novo, pai. Vamos?
Antônio escondeu-se enquanto Santo falava com o ad-
ministrador do IML. Este não queria liberar o cadáver para o
rapaz examiná-lo novamente. Disse ter ordens expressas para
isso. Enquanto o jovem tentava convencer o chefe do Institu-
to, Antônio esgueirou-se pelo corredor. Já sabia onde ficavam
os cadáveres. Com a ajuda de uma pequena lanterna, locali-
zou logo o corpo. Estava ainda na pedra. Virou-o de costas.
Examinou a nuca. Sorriu, satisfeito. Tirou o celular do bolso
e fotografou a pequena perfuração atrás do pescoço do po-
licial que diziam ter sido morto por um murro dado por ele.
Procurou, com o facho de luz, algum capucho de algodão, e
encontrou. Esfregou o chumaço na nuca do defunto. Depois,
saiu de dentro da sala, deixando tudo como encontrou. Já
fora da morgue, ligou para Santo. Apenas disse:
- Vamos. Consegui.
Pouco depois, os dois se encontravam no carro do ra-
EHROS TOMASINI 15
paz. Antônio deu um saco plástico com o algodão ao jovem.
Disse:
- Examine isso. Acho que vai encontrar vestígios de
veneno. O policial foi assassinado. Vou-me embora. Preciso
procurar um lugar para ficar escondido, enquanto não pro-
varmos minha inocência. Mas vou continuar trabalhando no
caso.
- Falo com o homenina? Mostro isso a ele?
- Melhor não, por enquanto. O que o administrador do
IML te disse?
- Recebeu ordens para ninguém tocar no cadáver. Es-
tranho, não?
- De onde veio essa ordem?
- Da delegacia onde o policial morto era lotado. O che-
fe da morgue acredita que a ordem foi dada pelo cara que
você lhe quebrou o nariz.
- Faz sentido. Mas ocupe-se apenas dos exames nesse
algodão. Assim que tiver o resultado, avise-me.
- Não quer que eu vá com você, onde quer que vá ago-
ra?
- Não, filho. Não é preciso. Mas tenho uma dúvida:
onde foram encontrados os dois policiais que eu nocauteei?
- Numa rua deserta, perto do bar onde aconteceu a
confusão. Por quê?
- Por nada. Só queria saber. Vá com Deus.
**********************
Raiana acabara de se despedir da amiga Lúcia, que dis-
sera precisar ir trabalhar para completar a féria da noite an-
terior. Ainda estava totalmente nua, como se tivesse acabado
de tomar banho. Foi até a cozinha e botou água para ferver.
Pretendia fazer um café. Ouviu um barulho na sala e voltou
para lá. Acreditava que Lúcia havia esquecido algo, pois esta
tinha a cópia da chave de seu apê. Ficou surpresa, ao encon-
MOTORISTA DE UBER16
trar Antônio sentado na poltrona. Sorriu:
- Oi, amor. Como conseguiu entrar?
- Você deve ter deixado a porta aberta – Ele não quis
dizer que era policial e que conseguia entrar em qualquer re-
sidência, sem precisar de chaves.
- Ué, eu tenho certeza de que havia fechado a porta.
- Não importa. Vá terminar de fazer o café. Também
quero um pouco.
- Espera aí. Volto já.
Quando ela retornou com duas xícaras, ele lhe aponta-
va uma pistola. Ela assustou-se. Perguntou:
- O que é isso, amor? Para que essa arma?
- Onde você levou os caras ontem, Raiana? Melhor: o
que fez com eles?
- Deixei-os na primeira rua deserta que encontrei,
amor. O que está acontecendo?
- Diga-me você. Estou sendo acusado de assassinato.
Um daqueles dois putos foi encontrado morto.
- Como é que é? Está desconfiado de mim? Não fiz
nada. Deixei-os no carro e voltei para o bar.
O motorista esteve olhando fixamente para ela. A mo-
rena parecia sincera. Guardou a arma. Ela suspirou, aliviada.
Suas mãos tremiam. Raiana perguntou:
- Que bicho está pegando, amor?
Ao invés de responder, ele perguntou:
- Quem eram aqueles caras que vieram me parabenizar
por dar uma sova nos policiais, você os conhece?
- Não, nunca os vi. Foi a primeira vez que estiveram
no bar. Chegaram pouco antes de você e minha amiga Lúcia.
- Tem o telefone dela? De Lúcia?
- Claro. Quer que eu a chame aqui?
Pouco depois, Lúcia tocava a campainha do aparta-
mento. Quando a amiga abriu a porta, correu para se abraçar
EHROS TOMASINI 17
com o coroa. Desculpou-se:
- Mil perdões. Fiquei logo bêbada. A noite de ontem
me deixou estressada. E eu não aguento muito ingerir álcool.
Você me perdoa?
- Tudo bem. Mas vim aqui querendo saber onde teu
ex-marido trabalha, Lúcia.
- Por que quer saber?
- Eu não contei nada a ela – Apressou-se em dizer a
morena Raiana.
- Não me contou o quê? – Perguntou a motorista de
Uber, olhando espantada para um e para o outro.
- Teu marido esteve ontem lá naquele bar onde você
me levou, Lúcia. Foi acompanhado de um outro policial. Este
aqui – disse Antônio, sacando seu celular do bolso e mos-
trando umas fotos a ela. Ela logo o reconheceu:
- Esse é um dos meganhas que zombaram de mim,
quando fui dar queixa na delegacia.
- Ele não trabalha com teu ex?
- Não, não. Eu não o conhecia, mas lembro-me bem
dele por ser bonitão. Foi o que mais me humilhou, ajudado
pelo coroa que se masturbou no meu carro. Ambos são da
mesma delegacia. Nunca os vi com meu ex-marido. Nem sa-
bia que ele havia estado no bar de minha amiga. O que está
acontecendo?
- Deixe quieto. Não vá trabalhar agora pela manhã.
Vou até a delegacia onde você deu queixa ontem e volto já.
Vou querer continuar essa nossa conversa. – Disse o policial.
- Não, não. Vou com você. Não sei o que pretende fazer,
mas, dessa vez, não vou querer perder o espetáculo. Pelo vis-
to, você bateu nos dois ontem, né?
- Como sabe? – Perguntou Antônio.
- Não sei. Mas, para mim, é óbvio. Passei muito tem-
po convivendo com policiais, para não saber reconhecer um.
Você é tira. Fala e age como um. Quero ir contigo.
MOTORISTA DE UBER18
Foram conversando, a caminho da delegacia. Lúcia
confessou que deixara o marido mais por desconfiar que ele
vivia metido em tramoias. O cara sempre aparecia de car-
ro novo em casa, dizendo ser de algum dos amigos. Depois,
passou a roubá-la descaradamente. Como viviam brigando o
tempo todo, ela se negava a ter sexo com ele. Aí, o cara pas-
sou a dar encima da sua amiga viúva. Foi quando ela resolveu
se separar dele de vez.
Chegaram na delegacia. Desceram do carro e entraram
no prédio. O motorista da PF se informou na portaria. Per-
guntou por um policial jovem e bonitão. O atendente logo
soube de quem se tratava:
- Estamos esperando o corpo ser liberado para o veló-
rio, senhor. É parente ou amigo?
- Nem um, nem outro. Soube do seu assassinato e vim
procurar um policial coroa, que dizem ser amigo dele.
- Deve estar se referindo a Cosme. Ele está lá dentro,
senhor. Quer que eu o chame aqui?
- Não precisa. Diga-me onde o encontro e irei até ele.
Nisso, o tal Cosme ia saindo, acompanhado de dois ou-
tros policiais. Quando viu a motorista de Uber, a reconheceu
de imediato. Disse, raivoso:
- Ei, o que veio fazer aqui de novo, puta safada?
O sujeito não deu a mínima atenção ao policial fede-
ral. Veio até a mulher e a pegou pela garganta. Perguntou de
novo:
- Veio levar uns tapas?
Antônio interveio:
- Melhor soltá-la, se não quiser ficar com as patas que-
bradas.
O homem soltou a motorista, lentamente. Voltou-se
para o coroa. Reconheceu-o no mesmo instante:
- Puta que pariu, esse é o cara que matou nosso amigo
policial, gente. Teve a audácia de vir aqui, na toca do lobo. O
EHROS TOMASINI 19
que vocês acham que...
Não completou a frase. Levou um murro potente no
estômago, como o policial federal havia feito com o jovem
defunto. Cosme arriou, já desacordado. Os dois policiais e o
cara da portaria sacaram suas armas. Antônio não se intimi-
dou. A motorista de Uber estava apavorada. Antônio, apenas
disse:
- Baixem as armas. Sou policial federal. Podem atestar
isso pegando meu distintivo no bolso da calça. Ou podem
ligar para meus superiores, tanto faz.
Sem abaixar a arma, um dos policiais perguntou:
- O que você quer?
- Esclarecer um crime. Para isso, preciso da ajuda de
vocês.
- Esclarecer qual crime? – Perguntou outro policial ci-
vil.
- O do parceiro de vocês. Tenho provas de que ele foi
assassinado.
Ouviu-se uma voz possante:
- Claro. Ele foi assassinado por você. Nós vimos as ima-
gens da briga. Teu chefe veio aqui e confirmou quem você
é. Disse que o prendêssemos, se por acaso topássemos com
você.
- Cassandra esteve aqui?
- Sim. E você, o que veio fazer nesta delegacia?
- Quem é você? – Perguntou Antônio.
- Sou o delegado daqui, é claro. Vou cumprir as ordens
e chamar teu chefe. Você está detido.
- Sabe que não tem autoridade para me prender. Mas
pode chamar Cassandra. Eu o aguado aqui.
Pouco depois, uma jovem lindíssima apareceu, procu-
rando pelo agente federal. Identificou-se perante o delegado
e chamou o coroa. Disse-lhe:
- Vamos embora. Cassandra te espera no carro.
MOTORISTA DE UBER20
- Por que ele não veio contigo?
- Lá fora, eu te explico. Quem é a bonitona? – Pergun-
tou, se referindo à motorista.
- Lá fora, eu te explico.
Pouco depois, a bela morena ficou com Lúcia no carro
desta, enquanto Antônio foi ter com o homenina em seu car-
ro. O bonitão de voz grave falou:
- Você acaba de melar uma operação da PF, cara. O que
deu em você para matar um policial?
- Não fui eu que o matei. E Santo, a essa altura, deve já
ter provas disso.
- Explica isso, direitinho.
Não deu tempo. O celular do coroa tocou. Ele atendeu,
depois disse:
- Vou passar pra Cassandra. Explique isso a ele. – E en-
tregou o aparelho ao homenina.
Quando desligou, Cassandra perguntou:
- Desde quando está nesse caso?
- Desde ontem à noite. Mas meti-me nisso por acaso. O
que está acontecendo?
- Já há alguns dias, recebemos denúncias de desapare-
cimentos de carros pertencentes a profissionais que dirigem
pra Uber. A própria empresa entrou em contato conosco.
Estamos investigando, mas não achamos nada, ainda. Você
parece estar mais adiantado nas investigações do que nós.
Então, te coloco como responsável por essas diligências. Tem
carta branca para agir. Mas só se reporte a mim, entendeu?
- Por que isso?
- Porque acredito que tenha alguém grande, dentro da
PF, que está envolvido com o esquema, caralho. Mas, para
todo efeito, você ainda está sendo procurado pelo homicídio
do jovem policial. Então, cuidado para não ser pego. Não po-
derei livrar tua barra.
EHROS TOMASINI 21
- Posso contar com quem?
- Comigo e com minha irmã. Apenas nós dois. Tire
Santo da jogada. Senão, quem estiver por trás dos desapare-
cimentos vai ficar de olho nele. Posso ir-me embora?
- E a mulher? Ela é peça importante.
- Cuide bem dela – disse o homenina, abrindo a porta
do carro para Antônio sair – Ela parece gostar de você. Não
tira o olho da gente. Tome uns compostos verdes, daqueles
que Santo usa, e foda o cu dela por mim.
- Por falar nisso, tem engolido muita porra? – Pergun-
tou o boxeador - Ou você e tua irmã já estão enjoados disso?
O homenina fechou a cara. Disse, com voz alterada,
mas comedida:
- Saia. E não ouse tocar de novo nesse assunto. Fui cla-
ro?
Antônio não respondeu e desceu do carro. Sabia que
tinha deixado o cara irritado. Desde que a doutora Bauer ha-
via aplicado uma droga no casal de irmãos, que os deixava
ávidos por esperma diariamente, que ambos tinham que se
alimentar de porra todos os dias. A equipe de laboratoris-
tas da PF ainda não tinha encontrado um antídoto para o
composto. Principalmente o homenina, detestava tocar nesse
assunto. Sua irmã parecia não se incomodar de ter sua ração
de esperma diária. Os rapazes se revezavam entre eles, para
satisfazer a sua fome de sexo e de porra. A linda morena nun-
ca trepou tanto na vida. Antônio ouviu a sua voz:
- Boa sorte, coroa. Conversei com a profissional do vo-
lante: ela não tem onde se esconder. Sugeri que ficasse conti-
go. Ela me pareceu contente. Está rolando algo entre vocês?
- Ainda não. Vou precisar de um estoque do líquido
esverdeado e você sabe que eu não tenho.
- Sei que ainda não necessita disso, Antônio. Todos sa-
bemos da tua virilidade. Mas tenha cuidado: está abandona-
do à própria sorte.
- Está sabendo da minha missão?
MOTORISTA DE UBER22
- Sim. Meu irmão me informou. Se precisar de mim,
te ajudo mesmo sem a autorização de Cassandra. Sabe disso,
não é?
- Sei e agradeço. A gente se vê depois, por aí.
Quando ele entrou no carro da motorista de Uber, esta
perguntou:
- E agora, vamos para algum motel?
- Sem problemas, para você?
- Sem problemas. Estava doida para dar uma foda on-
tem, mas adormeci antes. Soube que terei de desaparecer das
ruas, por um tempo. Mas, quem vai pagar meu prejuízo?
- Não se preocupe com isso. Quando tudo acabar, terá
a sua indenização.
Ela alisou sua face. Tinha um olhar carinhoso. Disse:
- Você tem a mão pesada. Derrubou aquele calhorda
com um único murro. Juro que me deixou excitada. Também
gosta de bater em mulher?
- Por que a pergunta?
- Gosto de apanhar fazendo sexo. Mas nada que me
deixe marcas, pode ser?
- Desde quando gosta de apanhar?
- Isso importa?
- Talvez. Não bato em mulheres.
- Mas gosta de fodê-las?
- Claro que sim.
- Então, me beija. Depois, vamos rápido para algum
motel. Estou de boceta pingando gozo, com essa conversa.
FIM DA SEGUNDA PARTE.
EHROS TOMASINI 23
MOTORISTA DE UBER – Parte 03
Ao contrário de Raiana, Lúcia não era tão desenvolta na
cama. Não demoraram para achar um motel decente,
mas a performance da motorista profissional deixou muito
a desejar. Não se permitia ao coito anal e isso já deixou o bo-
xeador chateado. Tampouco fodia bem com a tabaca. Apesar
desta estar encharcada, a mulher pareceu assustada com o
tamanho da jeba do agente da Lei. Não conseguiu aguentar
todo, na racha, o enorme cacete dele. Ao ponto de desistir da
foda, quando ele já estava quase gozando. Ela pareceu alivia-
da quando ele saiu de cima, frustrado. Mas Antônio não fez
nenhum comentário. Esteve pensativo, em seguida se virou
para o outro lado, na cama. Pouco depois, dormia o sono dos
justos.
Já para Lúcia, foi difícil pegar no sono. O ar-condi-
cionado estava muito frio e ela pensou que era aquilo que
a incomodava. Regulou a temperatura. Nada de dormir. Aí,
MOTORISTA DE UBER24
ficou pensando que o ex-marido tinha razão quando recla-
mava do desempenho dela na hora do amor. Ela começava
uma foda excitada, mas logo perdia o interesse. Essa situação
durou anos, até que ela descobriu que gostava de apanhar,
fazendo sexo. Mas o marido era muito violento e lhe deixa-
va toda marcada. Tinha que estar inventando desculpas para
as amigas, dizendo que havia caído ou esbarrado em algum
móvel. Até que, um dia, apareceu de olho roxo na empresa
onde trabalhava. Não deu mais para fingir. Envergonhada,
abandonou o emprego. Aí, o marido começou a reclamar de
estar difícil manter o padrão de vida apenas com o salário
dele. Mas a vida sexual do casal havia melhorado muito e ela
decidiu-se a continuar em casa, sem ganhar nenhum salário.
Foi quando ele começou a roubar o dinheiro economizado
por ela, de sua conta corrente. Não sabia como ele havia des-
coberto sua senha. Ela não a tinha anotado em lugar nenhum
de casa. Mas as coisas chegaram ao ponto de não mais ser
possível a convivência. Brigaram e ele foi-se embora, levando
todos os móveis e eletrodomésticos.
Lúcia olhou para Antônio. Ele ressonava. Ela sorriu. O
cara parecia ser legal, mas havia se negado a bater nela, mes-
mo quando ela exigiu. Sabia que ele tinha ficado chateado.
Tentaria outra vez. Mas só depois, quando ambos estivessem
mais acostumados um com o outro. E a condutora de aluguel,
finalmente, adormeceu.
Por volta das duas da tarde, deixaram o carro na gara-
gem do motel de periferia e foram almoçar. Antônio continu-
ava taciturno, mesmo quando ela puxava conversa. Antes de
terminarem a refeição, no entanto, o celular do coroa tocou.
Ele atendeu:
- Oi, Santo. Diga lá.
Esteve escutando, depois disse:
- Ótimo. Chego já aí.
Quando desligou, voltou-se para a motorista e disse:
- Meu filho disse que encontrou uma câmera voltada
EHROS TOMASINI 25
para onde tua amiga deixou os dois policiais que estiveram
no bar. Você fica no motel. Eu vou falar com ele. Volto antes
do jantar.
- Por favor, não me deixe sozinha por muito tempo. Es-
tou com medo.
Quando ele pagou a conta e se levantou para ir embora,
ela o pegou pelo braço. Pediu:
- Me dá um beijo.
Ele esteve indeciso, depois confessou:
- Olha, Lúcia, acho que nós dois não damos muito cer-
to. Temos gostos diferentes. Não tolero bater em mulheres e
você parece gostar muito de apanhar. Dá para mim, não. Vou
tratar de resolver esse caso o mais breve possível e depois é
cada um para o seu lado. Sinto muito.
- Eu gostaria de tentar novamente. – Disse ela, de ca-
beça baixa.
- Então, outra hora, veremos isso. Volte para o hotel e
não saia de lá. Evite ser vista, por quem quer que seja.
Pouco depois, ele se encontrava com Santo. Este lhe
entregou um disco contendo gravações de imagens. Antônio
perguntou:
- Já viu o que tem gravado aí?
- Sim, pai. Nada de muito interessante. Mas tem algo
que achei que iria gostar de saber. Portanto, assista as grava-
ções até o final.
Antônio procurou um motel que tivesse um leitor de
DVD no quarto. Achou um bem melhor do que o que esta-
va hospedado. O estabelecimento não aceitava pessoas desa-
companhadas, apenas casais. Mas, quando ele se identificou,
permitiram sua permanência. No entanto, a dona do motel
foi até ele, para saber o que estava se passando. Quando bateu
na porta, o coroa estava assistindo ao vídeo. Ele abriu a porta,
MOTORISTA DE UBER26
de pistola escondida atrás das costas. Ela perguntou:
- O que está havendo, senhor? Me disseram que está
envolvido numa investigação...
- Não é nada que afete o bom nome deste motel, senho-
ra. Apenas, tinha urgência em encontrar um leitor de DVD.
Sente-se, por favor. Assista comigo.
A bela coroa fez o que Antônio pediu. Estava curiosa e
achara o policial simpático, muito diferente dos que chega-
vam lá agindo como se o pessoal do motel fosse uma quadri-
lha de marginais perigosos. Ficou olhando as imagens, mas
não estava entendendo nada. Perguntou:
- O que eu tenho de ver?
- Observe essa mulher que saiu do carro, após estacio-
ná-lo nessa rua erma...
- Eu a conheço. Ela tem um bar lá perto da casa da
minha irmã. É uma catraia safada. Vive pegando maridos
alheios.
- Mesmo? – Antônio olhava espantado para ela.
- Mesmo. Conheci o finado marido dela. Fazia do bar
um ponto de venda de drogas. Acabou assassinado pelos pró-
prios comparsas.
- Como sabe de tudo isso?
- Ele vivia trazendo putas para foder aqui. Tinha um
amigo tão nojento quanto ele: um policial da Roubos e Fur-
tos. Esse, se bem me lembro, tem um esquema de roubo de
automóveis. Veja, é ele aí, saindo do carro estacionado.
Antônio havia deixado de assistir às filmagens da câ-
mera para prestar atenção a ela. Voltou-se, depressa. Real-
mente, o policial de nariz quebrado, ex-marido de Lúcia, saía
do carro e fazia uma ligação do celular. O cara sangrava mui-
to, pelo nariz. Pouco antes, a garçonete Raiana havia tomado
um táxi que parara do outro lado da rua. Minutos depois, um
carro estacionou perto e dele desceram dois sujeitos. Antônio
os reconheceu como os caras que lhe haviam parabenizado
pela surra dada nos dois policiais. Um deles ajudou o sujeito
EHROS TOMASINI 27
de nariz quebrado a entrar no carro. O outro voltou ao veícu-
lo no qual tinha vindo, pegou algo no porta-luvas e voltou ao
carro estacionado ali, por Raiana. Deu para ver ele enfiando
uma agulha enorme na nuca do jovem policial, que ainda se
mexeu, como num estertor. Depois, o cara entrou no carro
que veio e seguiu em direção contrária ao que Raiana havia
tomado de táxi.
Antônio deu um tempinho para ver se havia algo mais
gravado, mas terminou soltando uma imprecação:
- Puta que pariu. Os dois sujeitos são cúmplices do ex-
-marido de Lúcia.
A coroa levantou-se. Disse:
- Também conheço esses dois. Eram compinchas do
cara que morreu assassinado, perto do bar.
Antônio entendeu tudo. Acabara de ver uma operação
de queima de arquivos. Foi até o aparelho de DVD e recupe-
rou o disco. Guardou-o, dentro da embalagem em forma de
saquinho plástico. A coroa perguntou:
- Aonde vai?
- Levar esse vídeo para o meu chefe. Ele precisa ver isso.
- Volta aqui?
- Não vejo a necessidade, senhora.
- Pois eu vejo. Tenho muita informação que poderia te
dar. Mas só se fizermos um trato.
- Que seria? ...
- Grana. A mola do mundo, não? Eu te dou as informa-
ções e você me paga por elas. O movimento de motéis está
cada vez mais fraco. Pretendo mudar de ramo. Vendo o esta-
belecimento e procuro um novo negócio.
- Infelizmente, as coisas não funcionam assim. Legal-
mente, não posso comprar informações, senhora. Nem posso
pagar por elas, pois a PF não iria querer ter gastos extras.
- Podemos fazer outro trato, mas só eu e você. – Disse
ela, misteriosa.
- Desembuche. Se me interessar, veremos como nós
MOTORISTA DE UBER28
dois poderemos ficar no lucro.
- Está bem. Vou tentar ser breve: não vejo marca de
alianças nas tuas mãos. Significa que está solteiro?
- E se estiver?
- Eu te dou uma nova informação por trepada que der
comigo. Gosto de sexo, mas tenho tido cada vez menos. Nin-
guém quer uma ex-prostituta, entende?
- Entendo. Mas não é a minha praia. Também não gos-
to de putas. Sinto muito.
Ela pareceu triste. Depois, completou:
- Se foder comigo, ganha bônus. Tenho uma filha belís-
sima, que não é puta. Mas só se junta com quem não presta.
Eu sou hipertensa e diabética. Não quero morrer e deixá-la
solteira.
- Qual a idade dela?
- Trinta e dois aninhos.
- Muito nova, senhora. Prefiro mais coroas.
- Pois não sabe o que está perdendo. Ela é ótima de
cama. Fode que é uma maravilha.
- E a senhora me diz que ela não é puta? Difícil de acre-
ditar – Disse ele, colocando o CD no bolso da camisa e se
preparando para sair. A coroa pegou com firmeza no braço
dele. Disse baixinho:
- Não saia agora. Tenho um funcionário do motel que
trabalha para uns policiais corruptos. Sei que ele está agora
ouvindo atrás da...
- Antônio abriu a porta do quarto de repente. Havia,
mesmo, um cara com o ouvido colado à madeira. O boxea-
dor o puxou para dentro do quarto e falou:
- Não sabe que é feio escutar conversas dos outros? Vou
ter que te dar um corretivo.
- Por favor – espantou-se um rapaz de cerca de vinte
anos. – Estava cumprindo ordens.
- Ordens de quem?
O jovem foi pego de surpresa, pela pergunta de repen-
EHROS TOMASINI 29
te. Respirou fundo e disse:
- Uns policiais estiveram aqui, quase ainda agora, te
procurando. Fiquei de roubar o material que você estava as-
sistindo e entregar para eles.
- Eles, quem? – Perguntou o boxeador.
O jovem olhava para a patroa, indeciso sobre o que di-
zer. Esta lhe fez um sinal quase imperceptível. O cara se jo-
gou contra o agente da Polícia Federal. Esbarrou em Antônio,
antes que este sacasse a pistola. A coroa procurou ajudar o
rapaz, tentando imobilizar o boxeador. Recebeu um direto
no meio da testa que a jogou longe, quase desmaiada. O fede-
lho aperreou-se. Soltou o punho, tentando atingir o policial.
Recebeu o troco: um murro potente no peito, que o jogou
contra a parede, fazendo-o perder o fôlego. O boxeador ainda
tentava recuperar a respiração quando invadiram o quarto. O
coroa reconheceu o policial que havia esmurrado na delega-
cia. Este entrou acompanhado de mais dois, e todos tinham
armas nas mãos.
- Está preso, filho da puta – Vociferou Cosme.
E Antônio levou um murro tão violento no rosto que o
fez perder os sentidos.
FIM DA TERCEIRA PARTE.
MOTORISTA DE UBER30
MOTORISTA DE UBER – Parte 04
- Ei, acorda. Precisamos sair daqui.
Antônio sentia o rosto doer. Um olho estava inchado.
Percebeu estar na penumbra. Mesmo assim, voltou-se em di-
reção àquela voz. Reconheceu a coroa, dona do motel. Ela
estava totalmente nua e com os pés e as mãos amarradas para
trás, deitada num chão imundo, cheio de óleo de carro. Ele,
também estava deitado e sujo. O agente federal perguntou:
- Onde estamos?
- Numa das oficinas de desmonte da quadrilha. Essa,
num lugar bem afastado, nalgum subúrbio.
- Como viemos parar aqui?
- Você foi nocauteado. Além disso, te aplicaram alguma
coisa na veia. Já faz mais de um dia que está desacordado.
- Caralho! Precisamos sair daqui.
- Foi o que acabei de dizer.
- Por que está amarrada?
EHROS TOMASINI 31
- Queima de arquivo. Só não me mataram lá no motel
para não chamar a atenção dos clientes. Infelizmente, assas-
sinaram o pobre Jefferson aqui, por ele não ter conseguido o
disco com imagens que estava contigo. Por isso, não te mata-
ram ainda. Querem saber onde você enfiou o DVD.
- Eu me lembro de tê-lo colocado no bolso da cami-
sa. Recordo-me, também, de você ter me atacado. Então, por
que te prenderam?
- Acham que eu vi onde você escondeu o DVD. Que-
rem que eu dê conta dele.
- E você sabe onde ele está?
Ela se aproximou do coroa, se arrastando pelo chão, e
lhe confidenciou baixinho:
- Sim, eu me atraquei contigo para poder pegá-lo, antes
que o boiola ou os policiais o fizessem. Infelizmente, você não
entendeu minha jogada e me deu uma porrada do caralho.
- Onde está o disco?
- Aqui, comigo – Ela disse no mesmo tom. - Temos que
aproveitar que apenas um ficou de guarda e fugir daqui. Con-
segue soltar minhas mãos?
Depois de muito esforço mútuo, as cordas das mãos da
coroa, finalmente, cederam. Depressa, ela tratou de soltar o
agente federal também. Conseguiram isso sem fazer barulho.
Ele pediu o DVD. Ela levantou um pedaço de tijolo que es-
tava no chão e tirou o disco de baixo. Limpou-o e entregou
ao coroa. Ele o reconheceu como o que Santo havia lhe dado.
Perguntou à mulher:
- Como conseguiu?
- Estive com ele metido na calcinha. Antes que me des-
pissem, consegui me desfazer dele, metendo-o debaixo do
tijolo, sem que percebessem.
- Muito esperta – Disse ele, beijando-a na testa.
A coroa, no entanto, roubou-lhe um beijo na boca,
MOTORISTA DE UBER32
pegando Antônio de surpresa. Ouviram um ruído, vindo de
fora do cubículo escuro, e ele fez sinal para que ela não fizesse
barulho. Procurou algo no chão e achou um velho cano de
escape. Armou-se com ele. Escondeu-se atrás da porta e ficou
preparado para enfrentar o vigia. Ela permaneceu de pé, nua,
com as mãos para trás, como se ainda estivessem amarradas.
O cara abriu a porta quase que totalmente, para entrar luz no
recinto. Quando viu a dona do motel, reclamou:
- O que está fazendo de pé, sua...
O policial civil levou uma pancada violenta na cabeça.
Caiu com todo o corpo no chão. O sangue escorreu do corte
feito pelo cano de metal. Imediatamente, Antônio se apossou
da arma que ele tinha na mão. Ela correu para pegar o pedaço
de corda com o qual estava amarrada. Só depois de imobili-
zar o cara, acenderam a luz. Antônio soltou uma imprecação:
- Puta que pariu, era uma armadilha!
- Como assim? - Assustou-se ela.
- Veja ali. Colocaram uma câmera nos monitorando.
Alguém está os vendo, agora. Deixaram o quarto no escuro
para descobrir onde escondi o DVD. A câmera deve ter infra-
vermelho. Precisamos sair rápidos, daqui.
- Deixe-me pegar minhas roupas.
- Pode não dar tempo. Fujamos assim mesmo.
E os dois saíram nus do que parecia ser uma oficina de
desmonte de carros no meio do nada. Não se via uma casa
sequer nas redondezas. Nenhuma luz ao longe, só mato. A
escuridão era apenas quebrada pelo firmamento cheio de es-
trelas. Havia poucas árvores por perto. Além dos arbustos,
não havia onde se esconder, se fossem caçados a céu aberto.
Antônio perguntou:
- Onde, porra, estamos?
- E quem sabe? – Respondeu a coroa – Vim para cá
com venda nos olhos. A viagem pareceu durar uma eternida-
de. Mas, quando saímos do Recife, ainda era de tarde. Chega-
EHROS TOMASINI 33
mos aqui já noite alta. Deve ser quase meia-noite.
- Bom saber. Significa que devem estar por perto. Quem
nos monitorava pode estar nas redondezas. Fique atenta a ba-
rulho de motor de carro e a luzes à distância. E não adianta
fugirmos. Estamos no meio do nada. Ninguém irá passar por
aqui para nos socorrer. Melhor esperá-los e enfrentá-los.
- Você acha? Essa arma está carregada?
Era um revólver calibre 38 e Antônio lhe examinou o
tambor. Para sua surpresa, a arma estava sem munição.
- Fodeu. Como eu disse, tudo não passava de uma ar-
madilha. Dê-me o disco. Vamos enterrá-lo naqueles arbus-
tos. Ficará mais fácil de encontra-lo, depois que nos livrar-
mos dos pulhas.
Nisso, ouviram barulho de motor de carro, ao longe.
- Atenção. Aí vêm eles. Separe-se de mim, para dificul-
tar que eles nos peguem de uma vez.
- Não. Deixe-me ficar com você. Estou apavorada.
Antônio escondeu rapidamente o disco no invólucro
plástico e pegou na mão dela. Correram agachados em di-
reção a uns arbustos maiores. Já se via as luzes de um carro
se aproximando, na escuridão da noite. Parecia um Jeep. O
agente federal torcia para que fosse. Procurou no chão, por
perto, e avistou várias pedras de tamanho médio. Serviriam
para o que ele estava pensando. Disse para ela:
- Cate pedras destes tamanhos e as mantenha com
você. Tenho uma ideia.
Ela foi rápida. Num instante, estava com cerca de dez
pedras. Permaneceram agachados perto de uma grande moi-
ta. O Jeep se aproximava. Antônio ouviu alguém dizer:
- Lá. Eles estão lá, naquelas moitas.
O boxeador apurou as vistas. Eram três caras num Jeep
moderno, talvez um modelo de cinco anos atrás. Veículo sem
MOTORISTA DE UBER34
capota. Reconheceu o policial Cosme. Ele vinha dirigindo.
Sentado ao seu lado, vinha o ex-marido de Lúcia, com o na-
riz quebrado. Os esparadrapos podiam ser vistos à luz das
estrelas. Antônio pegou uma pedra com firmeza e se prepa-
rou para o confronto. Deixou a arma descarregada por perto.
Poderia precisar dela.
O Jeep parou a uns quinze metros de distância de onde
estavam escondidos. O ex-marido de Lúcia desceu do carro
de arma na mão. Caminhou para mais perto deles. Gritou:
- Sei que está desarmado, velho. Agora, temos certeza
de que está com o disco. Vimos a catraia passá-lo para você,
lá na oficina de desmonte. Entregue-o e deixamos vocês irem.
Dou minha palavra.
Claro que Antônio não acreditava na palavra do cara.
Preparou-se. Quando o sujeito deu mais dois passos, levan-
tou-se e correu em direção a ele. Pegou o cara de surpresa.
Arremessou a pedra que tinha na mão com toda a força de
seu braço de boxeador. Teve sorte. A rocha atingiu em cheio
a testa do policial. Este caiu para trás, largando a arma que
tinha na mão. Antônio correu até ela. Conseguiu pegá-la
quando ouviu os primeiros disparos. Atirou de volta. Acer-
tou o sujeito que vinha atrás, no carro. Cosme deu a volta
no Jeep, ainda atirando. Afobado, errou feio o alvo. Antônio,
então, levantou-se totalmente nu e fez pontaria com calma.
Deu um único tiro. Acertou a cabeça do policial corrupto que
dirigia. O veículo perdeu o rumo e capotou, depois que des-
viou de um buraco no solo.
O agente federal correu até o Jeep. Pegou dois revól-
veres calibre 38, de uso da polícia, que estavam jogados no
chão, depois do acidente. O policial a paisano que vinha atrás
quebrou o pescoço na virada do carro. Cosme jazia morto,
com um tiro na cabeça, preso por baixo do veículo que esta-
va de rodas para cima. Antônio sentou-se de bunda nua no
EHROS TOMASINI 35
chão, com três armas nas mãos. A coroa dona de motel cor-
reu até ele. Abraçou-o e beijou-o nos lábios. Não satisfeita,
abriu as pernas e acocorou-se sobre ele, que permanecia sen-
tado ao solo. Encaixou a vulva no pau dele, que ainda estava
mole. Continuou beijando-o até sentir o membro enrijecer e
invadir a racha dela. O boxeador deitou-se de costas no solo.
Ela ajeitou-se melhor sobre ele. Forçou a entrada da pica até
que sentiu que esta estava toda dentro da vagina. Começou
os movimentos de cópula. Urrava de tesão. Gozou várias ve-
zes, bem antes do boxeador.
FIM DA QUARTA PARTE.
MOTORISTA DE UBER36
MOTORISTA DE UBER – Parte 05
Oex-marido de Lúcia se acordou amarrado ao cara que
estivera vigiando o casal. Antônio e a dona do motel já
haviam recuperado suas roupas e não estavam mais despi-
dos. O agente federal perguntou, se referindo ao policial de
nariz quebrado e cabeça apedrejada:
- Como é teu nome, bocó?
- Bai te vodê.
- Prazer, Bai te vodê. Meu nome é Antônio, mas você já
deve saber disso, não é? Pois bem: estamos aguardando meus
companheiros da Polícia Federal, para levar vocês dois para
interrogatório. A demora é eles localizarem os sinais de GPS
que enviei através dos celulares confiscados de vocês. Teus
dois companheiros estão mortos: um foi baleado na cabeça e
o outro sofreu um acidente com o Jeep. Teve o corpo esma-
gado pelo veículo.
Nisso, ouviram nitidamente o barulho de um helicóp-
EHROS TOMASINI 37
tero se aproximando. A dona do motel alertou o agente. Era
umas oito da manhã e o dia estava claro. Avistaram um car-
ro se aproximando por terra e a aeronave sobrevoando ele.
Logo, os dois veículos estavam no local onde funcionava uma
oficina de desmonte. O homenina havia descido da aeronave
e vinha agachado, por conta do vento das hélices, em direção
ao coroa. Depois de apertar a mão dele, perguntou:
- E aí, o que temos?
- Oi, Cassandra, bom dia. Temos dois cadáveres de po-
liciais civis e uma oficina de desmonte de carros.
- Três cadáveres – Interrompeu a conversa dos dois a
dona do motel. – Lembre-se que meu funcionário foi morto
por eles, depois de ser arrastado à força para cá.
- Ih, já havia esquecido desse detalhe. Onde está o cor-
po, Bai se vodê?
O cara virou o rosto para o outro lado e não respondeu.
Cassandra disse:
- Deixe-o em paz. Logo estaremos fazendo ele se livrar
desse peso na consciência. Está ferido? Trouxe duas paramé-
dicas.
- Não, não estou ferido. Nem ela.
- Quem é ela?
- Uma testemunha importante, Cassandra. Prometeu
esclarecer vários pontos da operação na qual estamos meti-
dos.
- Meu nome é Alda, bonitão. Sou dona do motel onde
teu agente precisou ver uns filmes interessantes. Mostro o
DVD a ele, amor? – Perguntou a coroa a Antônio.
- Mostre. Mas não tem como ver as imagens aqui. Não
temos aparelhos adequados.
- Você esquece que vim de helicóptero. Nele, podere-
mos ver o que quer me mostrar.
- Tem razão. Vamos?
Pouco depois, vendo o filme interceptado pelo jovem
MOTORISTA DE UBER38
Santo, no aparelho de DVD do helicóptero, Cassandra afir-
mava:
- Esses dois que aparecem socorrendo o calhorda aí
e depois matando o policial com uma injeção na nuca, são
policiais federais lotados em João Pessoa. Estão sendo inves-
tigados por tráfico humano. Significa que essa oficina de des-
monte é só mais um ramo de atividades deles. Interrogando
esses cretinos, mais os que você capturou, desbaratamos a
quadrilha. Está de parabéns, agente Antônio. Pode pegar uns
dias de folga.
- Obrigado, Cassandra. Vou voltar para o meu aparta-
mento e tomar um belo banho. Vai precisar do testemunho
de Alda?
- Agora não, se ela tem endereço fixo. Mas, depois, vou
querer sim, falar com ela. Acha que consegue dirigir até a
cidade mais próxima?
- Na verdade, nem sei onde estou.
- Está nos arredores do município de Goiana, divisa
com Pernambuco.
- Porra, pensei que estivesse mais perto. Estou cansado.
Gostaria que alguém me levasse para casa.
- Eu também quero ir-me embora – afirmou a dona de
motel.
Pouco depois, um motorista que havia vindo no carro
seguido pelo helicóptero levava o casal. Ambos estavam sen-
tados no banco de trás e a coroa tinha a cabeça encostada no
ombro de Antônio. Ela disse, de repente:
- Essa história ainda está longe de terminar, amor.
Como eu te disse: tenho informações escabrosas sobre as ati-
vidades da quadrilha. Leve-me para a tua casa, tomamos um
banho e eu te conto tudo.
- Está bem, mas nada de sexo. Estou esgotado. Combi-
nado?
- Combinado.
EHROS TOMASINI 39
Mas não conseguiram cumprir com a promessa feita
um ao outro. Nem bem ficaram nus, dentro do banheiro am-
plo e limpo do apê de Antônio, ela se insinuou para ele. Tinha
um rabo muito empinado e o agente ainda estava carente de
foder um cu. Esse pensamento fez com que ficasse excita-
do, de pau duro. Ela não perdeu a oportunidade: ensaboou o
cara com desleixo, tomou um banho lavando bem a regada
da bunda e o puxou, ainda molhados, em direção ao quarto.
Ela o jogou sobre a cama. Subiu em cima dele e apontou a
glande para as próprias pregas. Com esforço, foi se enfiando
na enorme pica dele. Gemia baixinho, e tinha o semblante
sereno de quem estava gostando de tomar no cu.
Quando conseguiu se adaptar à enorme jeba dele, ela
começou a fazer os movimentos de cópula. Seu cu aperta-
díssimo fazia uma pressão gostosa no pau do motorista bo-
xeador. Mas, logo o túnel estreito dela ficou lubrificado. Ela
se enfiava e depois retirava, quase que totalmente, o caralho
dele do ânus. Antônio gemeu:
- Vou gozar. Estou... quase... gozando...
- Não se prenda, amor. Faça essa puta aposentada gozar
também. Não menti... quando disse... que estava há tempos...
sem sexooooooooooooooooo...
Nem bem disse isso, ela empreendeu um ritmo alu-
cinado. Cavalgava o enorme pau como se este não estivesse
totalmente enterrado em seu cu. Inclinou-se sobre o agente,
que apressou mais ainda as estocadas dadas no furinho dela.
Quando ela sentiu a pica inchar, gemeu ansiosa:
- Agora. Agora. Goza, amor. Goooza, paixão.
Goooooooooozaaaaaaaaaaaaaaa!...
Antônio ejaculou uma grande quantidade de porra
dentro dela. Ela ficou mordendo a rola dele com as pregas,
causando-lhe uma sensação muito gostosa. Quando achou
que ela, que se tremia toda, fosse arriar sobre ele, eis que a
MOTORISTA DE UBER40
coroa se retirou do caralho e o abocanhou com gula. Só pa-
rou de chupar o agente quando não encontrou mais nenhum
vestígio de esperma.
Enquanto isso, Lúcia ligava para a amiga Raiana. Per-
guntava se esta tinha visto Antônio. Reclamou que ele não
dera mais notícias e ela não sabia se já podia sair do mo-
tel onde estavam hospedados. Raiana afirmou não saber do
cara, mas, assim que a outra desligou, teclou um número em
seu celular. Uma voz feminina atendeu. Ela perguntou:
- Tem visto Rogério, o ex-marido de Lúcia?
- Soube que ele foi preso pela PF. Cosme está morto.
Outro companheiro nosso foi alvejado por uma bala, na ca-
beça.
- Puta que pariu. Precisamos fechar as outras duas ofi-
cinas de desmonte e esconder tudo. Suspenda os sequestros
de Uber. A Polícia Federal está de olho. Localize nosso ho-
mem infiltrado na PF e peça instruções a ele. Eu continuo
abrindo o bar diariamente. Qualquer coisa, me procurem lá.
Mas nunca em grupos, entendeu?
Depois que desligou, Raiana demonstrou estar preocu-
pada. Tinha sido uma tremenda sorte sua amiga motorista
de Uber ter levado Antônio até ela. Se soubesse manipular
bem o coroa, teria um aliado na Polícia que poderia lhe for-
necer informações sobre as operações da Federal. Com cer-
teza, o cúmplice infiltrado na PF iria ser descoberto. Cabia a
ela suspender as operações de desmonte e vendas de carros,
além de tráfico humano para o Exterior. Sim, ela assumiria
o controle da organização, cargo antes ocupado pelo marido
assassinado. Fazia tempos que ela queria ser a Manda-Chuva
do grupo, mas o marido de Lúcia passou a fazer chantagem,
depois de lhe matar o esposo a mando dela. Gostava do po-
licial, achava-o um pegador, mas Antônio tinha conquistado
seu coração. Pensava em arregimentá-lo para a organização.
EHROS TOMASINI 41
Mas onde estava ele, naquele momento?
Antônio escutava a coroa Alda com muita atenção. Ela
dizia:
- Fui sondada para fazer parte da organização. Na épo-
ca, o marido de Raiana estava vivo e comandava as operações.
- Que operações? – Quis saber o agente.
- Eu devia drogar motoristas de Uber que trouxessem
suas clientes para o meu motel.
- Existe clientela feminina para isso?
- Sim, bobão: prostitutas que não querem gastar para
voltar para casa; Bêbadas que pegam o aplicativo na saída das
baladas e muitas vezes não têm dinheiro para pagar a viagem.
Homossexuais que fazem ponto nas ruas e deparam com mo-
torista de Uber ávidos por uma chupada, etc.
- Você chegou a trabalhar para a tal organização?
- Sim. Mas quando começaram a desaparecer mulhe-
res, pulei fora. Soube que estão aliciando putas, principal-
mente as menores de idade, com promessa de grana fácil no
exterior. Mas essas nunca voltam, entende?
- Sim. A arapuca de sempre. Faz anos que trabalho com
essa coisa de tráfico humano.
- E tráfico de órgãos! Essas mulheres já vão como doa-
doras de órgãos, sem o saber. – Afirmou a coroa Alda.
- É verdade. Mas por que os motoristas de Uber são os
alvos, e não os motoristas de táxi?
- Por causa das associações de donos de frotas de táxis.
Estão perdendo, cada vez mais, terreno para os que dirigem
Uber. E estes estão cada vez mais afoitos.
- Como assim?
- Adulteram o aplicativo para aceitar corridas antes
de outros, mesmo estando muito longe de quem chamou o
transporte. O usuário paga a mais pelo longo percurso até o
motorista chegar para apanhá-lo no local de espera, mesmo
tendo muitos outros mais perto, o que tornaria a viagem mais
MOTORISTA DE UBER42
barata. Também, nunca têm troco, se a corrida for tarde da
noite ou de madrugada. Alegam não ter onde trocar o di-
nheiro. Mentira.
- Ouvi dizer que, quem paga com cartão, também se
ferra pois, se a viagem for mais curta, a operadora do cartão
nunca devolve a diferença a quem pediu a corrida.
- Sim, e muitas vezes o motorista só recebe sua grana
do cartão dois dias depois. Mas o pior é que os aplicativos es-
tão combinados com a Uber e outras empresas iguais a alon-
gar o percurso da corrida, alegando menor trânsito. Mentira.
Há um acordo com o Governo Federal para esticar as distân-
cias pois, com isso, terão que usar mais combustível. Como
o governo quer vender a Petrobrás, como já vendeu a BR e o
Pré-Sal, gastar mais combustível é menos visível do que au-
mentar o preço deles, sacou? E como o usuário já paga quan-
do pede, que se lasque o usuário e o profissional que precisa
ter grana para abastecer seu carro, para fazer longas corridas.
- Não sabia disso. Mas faz sentido. Que mais você sabe?
- Por hoje, basta. Não precisa me pagar pelas informa-
ções. Já demos a nossa trepada gostosa.
- Desistiu de me apresentar tua filha bonita e gostosa?
Ela esteve pensativa. Depois, disse:
- Não vale a pena. Acho que ela não gostaria de você.
Como te disse, anda metida com más companhias e não iria
querer se engraçar por um tira. Você vai sair?
- Sim, vou precisar. Estou no meio de uma missão tam-
bém importante – disse ele, sem querer dar a entender à co-
roa Alda que havia deixado a motorista de Uber hospedada e
sozinha num motel.
Antônio tomou um banho demorado e, depois, deixou
a coroa em seu motel. Ficou de passar por lá mais tarde. De-
pois, rumou para onde estava hospedada a profissional do
volante Lúcia. Quando ela abriu a porta, atirou-se nos braços
EHROS TOMASINI 43
dele e o beijou com sofreguidão. Só depois, falou:
- Oh, amor. Pensei que havia me abandonado. Tive tan-
to medo de ficar sozinha. Onde estava?
- Realizando umas prisões. Você não precisa mais se
esconder. Nem eu. Vou te levar em casa.
FIM DA QUINTA PARTE.
MOTORISTA DE UBER44
MOTORISTA DE UBER – Parte 06
Estiveram conversando na casa de Lúcia por um longo
tempo. Ela perguntou ao agente:
- Quer dizer que já posso voltar a dirigir meu Uber?
- Sim, Lúcia. Teu ex-marido está preso e dificilmente
vai ser solto tão cedo. Volte a trabalhar. Eu vou ver se consigo
uma grana da PF para te compensar desses dias parados.
Ela o beijou nos lábios, agradecida, mas Antônio não se
animou. Ainda estava chateado pela foda insossa dada com
ela. Na verdade, desistira de fodê-la outras vezes. Preferia a
dona do bar, Raiana, ou a dona do motel. Mas não falou nada
para a motorista de Uber. Ela, no entanto, percebeu. Baixou
a cabeça, envergonhada. Ele resolveu ir-se embora. Despe-
diu-se dela e saiu. Olhou para o relógio: ia dar sete da noite.
Resolveu dar uma passada no bar de Raiana.
Encontrou-a toda sorridente, brincando com os clien-
EHROS TOMASINI 45
tes. Quando o viu, veio abraça-lo.
- Oi, querido. Onde esteve? Senti sua falta. Conte as
novidades.
- Isso é conversa demorada. Podemos falar disso à von-
tade, quando você largar, pode ser?
- Claro. Hoje pretendo largar mais cedo. Ontem, saí
quase de manhã, daqui. Deu muita gente, não sei por quê.
Antônio olhou em volta. O bar àquela hora tinha mais
clientes masculinos que femininos. Observou melhor os fre-
gueses: a maioria olhava para ele de forma dissimulada. Era
fácil para ele identificar aquele olhar: todos aqueles clientes
eram policiais. O que estaria acontecendo?
Pediu uma cerveja gelada. Raiana trouxe uma que até
fumeava, com uma capa de gelo atraente. Ela disse que pre-
cisava atender os clientes e foi até uma das mesas ocupadas.
Antônio percebeu que ela conversava algo com o cliente. O
agente desviou o olhar. Começou a cismar que ali era um
ponto de encontro de policiais envolvidos com roubo de
Uber e tráfico humano. E não achava possível que a amiga de
Lúcia fosse tão inocente ao ponto de não perceber. Portanto,
ela fazia parte do esquema. Ele tinha que estar atento. Res-
sentia-se de não ter pego um celular, pois tinham ficado com
o seu quando o levaram para o ponto de desmonte. Solicitara
um novo a Cassandra, mas não tivera tempo ainda de passar
pela sede da Polícia Federal. Uma jovem muito bonita, que
não devia ter mais de trinta anos de idade, aproximou-se do
bar, falando ao celular. Cumprimentou alguns dos clientes e
entrou no bar, indo em direção à toalete. Antônio se levantou
da mesa e foi atrás dela. A jovem percebeu. Olhou para trás e
deu-lhe um sorriso encantador. Ele pediu que ela o esperasse.
Quando se aproximou, ele disse:
- Senhorita, eu preciso do teu celular com urgência,
pode ser?
- Para que precisa dele? Estou numa ligação importan-
MOTORISTA DE UBER46
te.
- Pois termine-a. Estou lá fora, tomando umas cervejas.
Se quiser, pode se sentar comigo enquanto ligo para alguém.
- Alguma namorada? – Perguntou ela, interrompendo
a ligação.
- Oh, não. Quero ligar para meu filho. Mas esqueci o
celular em casa – mentiu ele.
A jovem entregou-lhe o aparelho e entrou na toalete.
Antônio discou um número e não demoraram muito a aten-
der. Ele apenas disse:
- Estou em perigo. Cerca de oito caras. Este celular não
é meu. Traga reforços e um aparelho para mim. Desligo.
A jovem tornou a abrir a porta da toalete. Perguntou:
- Pronto? Já posso usar?
- Sim, senhorita. Obrigado.
- A cerveja ainda está de pé?
- Oh, claro. Estarei te aguardando lá fora.
A moça entrou de novo no banheiro e Antônio foi ao
sanitário masculino. Deu uma mijada demorada e voltou à
mesa onde estava sentado. Estranhou encontrar o bar vazio,
de repente. Só havia um único cliente sentado a uma das me-
sas. Não viu Raiana, a garçonete. Gelou. Lembrou-se que o
bar tinha uma porta que dava para os fundos. Correu para lá,
esperando encontrar a dona do bar e garçonete. Nada. Não
havia ninguém, lá. Afobou-se. Correu para a saída dos fun-
dos, que dava numa rua deserta. Enveredou por ela até sair
numa avenida mais movimentada. Um rapaz andava na rua,
falando ao telefone. Antônio deu um bote e tirou o celular
das mãos deles. Continuou correndo. Ligou um número e
nem esperou que atendessem. Disse:
- Aborte a missão. Era uma armadilha. Raptaram a
dona do bar. Estou indo atrás dela.
Antônio parou de correr e olhou para trás. O rapaz de
EHROS TOMASINI 47
quem havia tomado o aparelho estava parado, de boca aberta,
sem acreditar que um coroa em desabalada carreira lhe havia
roubado o celular. Mesmo estando longe, o agente jogou o
aparelho de volta com incrível precisão. O rapaz apanhou o
telefone no ar. Antônio agradeceu com um gesto e continuou
correndo. Deu uma volta no quarteirão e não encontrou
Raiana, nem os outros policiais civis que bebiam no bar. Vol-
tou para lá. O único cara que permanecia bebendo não lhe
deu atenção. Este não tinha pinta de tira. O agente continuou
bebendo sua cerveja, mas de olho na rua. Aí, a jovem saiu da
toalete e veio diretamente para a mesa dele.
- Demorei?
- Um pouco. Mas veio linda, portanto está perdoada.
- Cadê teu filho?
- Disse que tinha um compromisso. Não vai poder vir.
- Que pena. Se for bonito como o pai, gostaria muito
de conhecê-lo.
Antônio olhou bem para ela. Era uma morena bonita,
se bem que não tinha corpo volumoso. Mas era esbelta e ti-
nha os seios lindos. Os longos cabelos lisos brilhavam à luz
noturna. Ela interrompeu a sua avaliação:
- Eu te interesso?
- Mmmmmmmmmm, confesso que te acho muito no-
vinha. Mas é linda.
- Gosta de mulheres mais velhas? Por quê?
- Normalmente, são independentes. As mais novas ten-
dem a ser interesseiras, fodem com quem der mais. E, muitas
vezes, têm filhos para criar. Não tenho nenhuma tara de estar
dando latinhas de leite para ninguém.
Ela deu uma sonora gargalhada. Olhou em volta. Per-
guntou:
- Cadê a garçonete?
- Não sei. Deve estar lá por dentro. Quer que eu a cha-
me?
- Não. Se não se importa, gostaria de beber em outro
MOTORISTA DE UBER48
lugar. – Disse a morena.
Nisso, o celular dela toca. Antes de atender, ela olha de
quem é a chamada. Diz:
- Número desconhecido. Eu não atendo.
O coroa quase tomou o celular das mãos dela. Atendeu:
- Pode falar.
Esteve escutando, depois disse:
- Não consegui encontrá-la. Não tem mais perigo aqui.
Podem vir.
Pouco depois, Santo aparecia acompanhado da irmã
de Cassandra. Ela sentou-se noutra mesa, enquanto Santo se
aproximou do pai. Este apresentou:
- Esta é uma amiga que conheci hoje, e que lhe usei o
telefone para te contatar.
- Alma. Prazer. – Disse ela, olhando embevecida para
Santo. Por que não traz tua namorada aqui para a mesa?
- Ela não é minha namorada. Está aborrecida com meu
pai. Acho melhor ele ir lá, falar com ela – E piscou um olho
para Antônio.
O agente pediu licença e sentou-se na mesa onde a
irmã de Cassandra, cópia perfeita do homenina, estava. Ela
deu-lhe um aparelho celular ainda na caixa. Ele manuseou o
objeto e logo o botou para funcionar. Depois, estiveram con-
versando, mas a jovem de cabelos brilhantes, na outra mesa,
estava mais interessada no belo rapaz. Dizia para este:
- Eu tinha acabado de chamar o coroa para irmos a al-
gum outro bar. Não gosto daqui.
- Não gosta, por quê? ´Perguntou Santo.
- Houve um tiroteio aqui, dia desses. Acho que mata-
ram o dono deste bar. Hoje, vi a mulher que serve como gar-
çonete, aqui, ser arrastada por três caras. Escondi-me na toa-
lete e não me viram. Mas acho que a sequestraram. Entraram
num carro cinza. Deixaram o bar abandonado. Pode ver que
não tem ninguém atendendo.
Santo sacou seu celular do bolso e discou um número.
EHROS TOMASINI 49
Disse:
- Código 128. Três num carro cinza sequestraram a
dona do bar. Também estou na perseguição.
Santo voltou-se para a jovem e disse:
- Obrigado, senhorita. Preciso ir. Tomaremos a cerveja
outro dia.
- Deixa eu ir com você? Posso identificar os caras que
levaram a garçonete.
Santo esteve indeciso, depois, disse:
- Está bem. Mas se houver tiroteio, deite-se no piso do
carro.
O casal correu para o veículo no qual Santo e a bela
morena vieram. Antônio e a irmã de Cassandra ficaram sem
saber o que estava acontecendo. Só entenderam quando San-
to gritou, entrando no carro:
- Código 128. Fiquem aqui e me esperem. Acionei um
grupo que já deve estar em perseguição.
O casal de agentes federais relaxou. Antônio levantou-
-se e perguntou se o único cliente do bar queria uma bebida.
Ele olhou em volta, procurando a garçonete. O coroa falou:
- Ela vai demorar. Me deixou tomando conta do bar –
Mentiu.
O cara aceitou uma cerveja. Pegou-a das mãos de An-
tônio e perguntou se podia ir para a mesa do casal. Antônio
não fez questão. Apresentou-o à irmã de Cassandra, que fi-
cou interessada nele. O cara era um mulato alto e bonitão, de
mãos enormes. A agente perguntou:
- Que faz sozinho neste bar, cavalheiro?
- Trabalho aqui perto. Estou vivendo o meu primeiro
dia de solteiro, depois de mais de dez anos. Eu me separei da
minha esposa ontem.
A morena deu um sorriso encantador. Pegou na mão
MOTORISTA DE UBER50
do cara e disse:
- Se depender de mim, hoje é seu dia de sorte. Podemos
comemorar a data em algum lugar mais reservado. Que tal?
O cara olhou para ela e depois para Antônio, meio cis-
mado. Perguntou:
- E ele?
- Ele pode vir conosco, se quiser. Dou conta dos dois.
Naquele momento, o celular que Antônio acabara de
ganhar, tocou. Ele reconheceu o número e atendeu imediata-
mente. Ouviu uma voz conhecida dizer:
- Estou com teu filho prisioneiro, e a garçonete do bar
onde estão agora bebendo. Troco-os por dois policiais presos
hoje, numa operação de vocês.
- Quem está falando?
- Não importa. É pegar ou largar. Senão, mandarei ma-
tar o casal.
- Ok, quero provas de que os dois estão bem. Passe o
telefone para ele.
Antônio ouviu:
- Caí numa armadilha, pai. Mas não ceda a esses mer-
das. São uns amadores.
Antônio ouviu um barulho, como se o filho tivesse sido
nocauteado. Em seguida, cortaram a comunicação. O coroa
voltou-se para a bela jovem. Perguntou:
- Vai comigo?
- Não. Vou com o bonitão aí, dar uma bela foda. Mas,
se eu fosse você, não estaria preocupado. Santo acionou toda
uma equipe da Polícia Federal para pegar esses caras, antes
de chegarmos aqui. Duvida da eficiência do teu filho?
- Não. Mas me preocupo por ele.
O mulato não estava entendendo nada daquilo, mas
aceitou a morena pegar em sua mão e leva-lo até o estaciona-
mento do bar. Ela pediu um Uber, que logo chegou. Antônio
EHROS TOMASINI 51
permaneceu lá no bar, bebendo. Pouco depois, um carro pa-
rou perto. Dele, desceu a motorista de Uber. Lúcia disse:
- Eu sabia que iria encontra-lo aqui. Cadê Raiana?
Ele explicou o que estava se passando. Ela ficou aperre-
ada. Quis levá-lo de carro para casa. Ele disse querer esperar
o fim de tudo aquilo. Por outro lado, não iriam poder fechar
o bar. Não tinha a chave. Lúcia, no entanto, disse:
- Eu tenho a cópia. Raiana me deu uma, para emergên-
cia.
Ele a beijou com carinho, depois fecharam o bar, pois
não tinha vivalma por perto. Foram para a casa da dona. An-
tônio estava caladão. Ela não quis quebrar o seu silêncio. O
celular novo do cara tocou. Ele atendeu rápido. A mesma voz
conhecida de antes falou:
- E então, pensou na minha proposta? A vida do teu
filho e da dona do bar pela liberdade dos dois policiais.
- Não estou interessado – disse o coroa. Lúcia espan-
tou-se com a sua resposta. Mas Antônio desligou totalmente
o celular. Ela perguntou:
- Não está interessado? Foi isso que ouvi?
- Sim. Claro que estou preocupado, mas confio no meu
filho. Ele só vai precisar de uma ajuda. Mas eu ainda não te-
nho certeza de quem é a voz que está me ligando. Preciso
visitar uma pessoa.
- Posso ir com você?
- Melhor, não. Fique aqui, para o caso de Raiana apa-
recer. Volto já.
FIM DA SEXTA PARTE.
MOTORISTA DE UBER52
MOTORISTA DE UBER – Parte 07
Pouco depois, o coroa se encontrava com Alda, a dona do
motel. Ela ficou contente, ao vê-lo. Veio beijá-lo. No en-
tanto, percebeu que ele estava preocupado. Perguntou:
- O que está acontecendo, amor?
- Coisa séria. Promete responder minhas perguntas
sem mentir?
- Claro, paixão. Não tenho nada a esconder de ti. Diga lá...
- Como é o nome da tua filha, que você disse que queria
me apresentar?
- Ai, que susto. É isso? Ela se chama Alma, nome pare-
cido com o meu. Por quê?
- Ela vive metida em encrencas? Anda em más compa-
nhias, Alda?
- Creio que sim. De vez em quando faz trabalhos para
a corja de maus policiais ligados àquela catraia, dona do bar.
EHROS TOMASINI 53
Antônio sacou seu celular e procurou a última ligação
recebida. Havia gravado a voz de quem lhe ligou querendo
negociar a vida do seu filho. Pediu para a dona do motel es-
cutar. Ela disse logo:
- Ôxe, essa é a voz de Alminha. Em que ela está metida
agora, meu Deus?
Em poucas palavras, o agente contou o que estava
acontecendo. A mulher ouviu tudo com tristeza. Disse para
o coroa:
- Eu acho que sei para onde ela está levando teu filho.
Mas você vai me prometer que ela não será morta pelos teus
companheiros da Polícia Federal.
- Tem a minha palavra, Alda. Farei de tudo para dei-
xa-la em liberdade. Mas ela terá que responder um inquérito
policial. Precisamos desbaratar essa quadrilha.
- Está bem. Mas quero outra coisa, também.
- O que é?
- Você não vai me deixar na mão. Quero uma foda. Es-
tou, de novo, excitada.
- Assim que terminar tudo isso, teremos todo o tempo
do mundo.
- Não. Quero agora. Senão, não digo onde minha filha
pode estar escondida.
- Isso é chantagem.
- Que seja. Mas você não sai daqui sem dar uma co-
migo.
Pouco depois, ambos estavam trancados num dos
quartos do motel. Quando a coroa tirou a roupa, Antônio
pode ver melhor o quanto ela era boazuda. Ele ficou logo de
pau duríssimo. Ela o deixou parado de pé, diante dela, e ti-
rou toda a sua roupa, também. Depois, deu-lhe um banho
de língua como havia muito ele não tomava. Em seguida, ela
concentrou-se na pica dele. Deu-lhe uma chupada demorada
MOTORISTA DE UBER54
e maravilhosa. O agente teve que se prender várias vezes para
não gozar. Finalmente, ela disse:
- Agora é a sua vez.
Ele a deitou na cama. Passeou a boca por todo o corpo
dela, até chegar à vulva. Esta estava encharcada, escorrendo
um líquido visguento. Ele molhou o dedo na racha e depois
introduziu-o no ânus dela. Ela quase berrou de prazer. Ele
tentou lhe tapar a boca, para não incomodar os clientes. Ela
falou:
- Não se preocupe. Não há ninguém além de nós e uma
faxineira, que contratei para ficar no lugar do franguinho que
mataram.
- Já encontraram o corpo dele?
- Não. Mas isso não importa agora. Mete no meu cuzi-
nho, mete.
- Agora, não. Quero foder tua xoxota antes.
- Aiiiiiii, que tesão. Dê de comer a ela, dê. Bote esse
pauzão na boquinha dela, bota. Vaiiiiiiiiiii...
Ele deu uma lambida demorada no grelo. Ela foi à lou-
cura. Quando o coroa voltou a beijar-lhe o grelo, ela o sufo-
cou, lançando um jato esbranquiçado em seu rosto. Mas não
conseguiu mais se conter. Ficou se tremendo, dizendo pala-
vras desconexas. Antônio só conseguiu entender uma única
frase, repetida várias vezes pela coroa alucinada:
- Mete logo no meu cuzinho, amor. Não me faz ficar
mais doidona...
Ele fez o que ela estava pedindo.
******************
Alma chegou, finalmente, numa casa de praia perten-
cente à sua mãe, dona do motel. Tinha a cópia das chaves e foi
fácil abrir a posta. Raiana a ajudou a colocar o jovem desacor-
dado para dentro do chalé de praia. A cabeça dele sangrava,
depois que lhe deram uma pancada com a coronha da arma.
Encontraram chaves e uma pequena ampola contendo um
EHROS TOMASINI 55
líquido esverdeado, nos seus bolsos. As duas se perguntaram
o que era aquilo, mas não deram muita atenção ao achado.
Só quando encontraram uma seringa em outro bolso é que se
tocaram que podia ser algum remédio que o jovem tomava.
Alma perguntou para Raiana:
- Acha que devemos aplicar nele? Se ele tiver um treco,
não vamos poder trocá-lo por teu amante.
- Você deve estar se referindo ao ex-marido de Lúcia,
não?
- Ora, amiga, todos sabem que ele agora é teu amante.
Vocês fingem se detestar, mas só na presença do pessoal que
faz parte do grupo de vocês, não é? Dizem que você também
come o delegado da Polícia Civil.
- Quem te falou isso tudo?
- Minha mãe. Está esquecendo que aquela puta sabe
muito de vocês. Já participou da organização, lembra?
- Você não gosta dela, Alma?
- Odeio. Ela vive arranjando macho para mim, usando
a desculpa de que me quer fora da organização. Ainda bem
que ouvi, de dentro do banheiro, o coroa pedindo reforços
pra te prender. Pude te ajudar a fugir, não foi?
- E o que você espera da organização, Alma? – Raiana
olhava para ela, cismada.
- Quero ter uma participação maior. Quero ficar rica,
desmontando carros e vendendo as peças. Ou quero fazer
parte do grupo que lida com o tráfico de mulheres e venda de
órgãos. Vê? Estou por dentro de todos os ramos de atuação
de vocês.
Inesperadamente, Raiana pegou a arma usada para gol-
pear Santo na testa e apontou para a filha da dona do motel.
Atirou, antes que a outra entendesse essa reação dela. Quase
a morrer com um tiro no peito, a jovem bonitona ouviu:
- Acha que vou criar cobra para me morder depois,
catraia? Morra. Você já serviu aos meus propósitos. Se eu
conseguir trocar o agente bonitão por meus dois ajudantes
MOTORISTA DE UBER56
policiais, ganharei o respeito de todos. Deixo de ser apenas a
putinha do chefe.
Em seguida, a morena deu uma olhada fora da casa de
praia. Não havia vivalma por perto. Todos os chalés deviam
estar desocupados, naquela terça feira. Já ia entrar, quando
ouviu sirenas da Polícia ao longe. Aperreou-se. Pressentiu
que havia sido descoberto o seu esconderijo. Não devia ter
caído na lábia da putinha, que a convenceu a esconder o
agente federal naquele chalé. Ligou apressada para o chefe
e amante, o delegado de polícia que havia tentado prender
Antônio. Este atendeu e disse:
- Saia já daí. A Polícia já sabe onde é teu esconderijo.
Pelo que soube, a mãe de Alma deve ter alcaguetado o chalé
à Federal, em troca da liberdade da filha.
- Ih, fodeu. Acabo de matá-la. Ela demonstrou saber
muito sobre a organização. Fiz mal?
- Não. Uma testemunha a menos. Saia daí, e rápido.
- Já estou ouvindo as sirenas da Polícia. O que faço?
Mato o agente?
- Não. Não. Matar um agente federal fará toda a PF te
perseguir. Deixe-o aí. Fuja pelo mar.
- Mas... não tem nenhum barco por perto.
- Nade ao longo da praia. Soube que você já foi uma
atleta de natação.
- É verdade. Já nem me lembrava disso. Vou sair agora
mesmo.
Júlia esperava por Antônio, no apartamento de Raiana,
quando esta apareceu molhada e fedendo a sal. Tinha uma
arma na mão. Quando a motorista de Uber viu a amiga, quis
abraçar-se com ela:
- Meu Deus, onde você estava, amiga? Disseram-me
que havia sido sequestrada...
- Cadê teu carro? – Disse a assassina, sem dar atenção
EHROS TOMASINI 57
ao que Lúcia dizia.
- Está perto daqui. Quer que eu vá busca-lo? Vai pre-
cisar dele?
- Deixe de ser fingida. Eu sei que você sabe que vivo
comendo teu ex-marido. Preciso da tua ajuda para fugir. Vou
te fazer de refém. Vamos para João Pessoa. Vou me esconder
na casa do chefão da organização e você vai comigo.
- O chefão não é o delegado, amigo de meu ex-marido?
- Não. Aquele é um idiota. Pau mandado. O chefe da
gangue trabalha na Polícia Federal. Por isso, temos tanta in-
formação em primeira mão.
- Eu não vou com você. Você é uma bandida. E eu, que
pensava que era minha amiga. Pode fazer o que quiser de
mim. Eu sei que meu amigo Antônio me vingará.
Raiana olhou para a ex-amiga com ódio. Não esperava
aquele arroubo de coragem dela. Atirou contra o seu peito.
Achou melhor assim. Tinha feito a merda de contar mais do
que o devido a Lúcia, havia poucos minutos, talvez esperan-
do convencê-la a participar, também, da organização. Res-
tava-lhe fugir para a casa do chefão. Não o conhecia bem,
apenas sabia que ele era careca e barbudo. Já tinha ido uma
única vez visitar o cara, quando seu marido ainda era vivo.
Naquela época, pediu ajuda ao careca para matá-lo, mas ele
se negou. Ela mesma teve que procurar alguém para fazer
isso. Errou, quando contratou o ex-marido de Lúcia. O cara
passou a chantageá-la.
Não tinha o telefone do chefão, mas sabia onde ele mo-
rava. Para ela, era o bastante. Pegou as chaves do Uber da
amiga que agonizava na sala e correu para o banheiro. Queria
tirar o sal do corpo, pois nadara um tempão até não mais
avistar o chalé e os carros de polícia estacionados na frente.
Pouco depois de pegar algumas roupas, colocou tudo
numa mala e deixou de fora as chaves do carro de Lúcia. Ela
MOTORISTA DE UBER58
ainda agonizava com o tiro peito. Raiana percebeu que não
fora um disparo fatal. Apontou novamente a arma e atirou
mais uma vez. Lúcia estrebuchou e depois ficou imóvel. Raia-
na fez o sinal da cruz e saiu, carregando a mala. Colocou-a
no carro estacionado perto, sob olhares curiosos de vizinhas.
Haviam ouvido os tiros e pensaram que algo tinha aconte-
cido à dona do bar. Ela não lhes deu atenção. Fez a volta no
Uber e foi-se embora. Uma vizinha correu para a casa dela,
pois tinha notado a porta entreaberta. Foi a sorte de Lúcia.
Ela tinha desmaiado, mas ainda estava viva. Socorreram-na
para um hospital. Em menos de meia hora, Antônio estava
sabendo do ocorrido. A notícia lhe chegou junto com a da
libertação de seu filho. O boxeador não perdeu tempo. Ligou
para a Uber. Informaram-lhe que o carro de Lúcia estava em
movimento. O agente identificou-se. Mandaram o itinerário
indicado no aplicativo para o celular dele. Com certeza, Raia-
na tinha feito a besteira de ligar o aplicativo, como se tivesse
pego uma corrida para João Pessoa.
A empresa de transporte clonou a página da motoris-
ta. Antônio podia ver o itinerário percorrido pelo veículo,
enquanto ele se dirigia para João Pessoa. O boxeador estava
junto com o filho Santo. Este fez questão de caçar a dona do
bar, mesmo estando com a cabeça enfaixada. Corriam em
alta velocidade, para encurtar o tempo da caçada. Ambos
iam concentrados na estrada, para não se envolverem em al-
gum acidente. Estavam calados. O jovem quebrou o silêncio:
- Acha que ela é a chefe da organização, papai?
- Não. Não. Ela está indo ao encontro dele, neste mo-
mento. Vai pedir-lhe ajuda.
- Acha que ele pode matá-la, como queima de arquivo?
- Estive pensando nisso o tempo todo, filho. Tem algo
errado. Cassandra não retorna minhas ligações.
- Cassandra morena ou o homenina?
- O homenina. Disse que eu o mantivesse informado,
mas sumiu. Estou achando estranho esse sumiço dele.
EHROS TOMASINI 59
- Não está pensando que... – Santo não terminou a fra-
se.
- Não, meu filho. Cassandra não é o chefão misterioso
da organização. Mas acho que ele sabe quem é. Cada vez mais
estou crente de que ele está me testando. Mas vamos ver onde
tudo isso vai dar. Acelere mais. Quero pegar essa catraia antes
que escureça.
FIM DA SÉTIMA PARTE
MOTORISTA DE UBER60
MOTORISTA DE UBER – Parte final
Raiana parou o carro confiscado de sua amiga Lúcia na
frente de uma casa de aspecto grã-fino de João Pessoa.
Estranhou não ver nenhum policial à paisana guardando a
residência, como da outra vez que esteve lá. Nem um enorme
cachorro, que sabia que o poderoso chefão tinha, não veio la-
tir no portão. Sacou a arma do porta-luvas e entrou cismada
no luxuoso imóvel. Olhou para todos os lados. A casa parecia
mesmo deserta. Havia deixado o carro ligado, do lado de fora,
para o caso de ter que fugir dali às pressas. Aproximou-se pé
ante pé da porta de entrada. Estava apenas encostada. Quase
que ela sai correndo dali, cismada de que estava se metendo
em uma armadilha. Mas aí, ouviu uma voz rouca e de timbre
alto dizer de dentro da sala:
- Entre. Estávamos te esperando.
Ela entrou de arma em punho, desconfiada. Havia um
careca forte e barbudo, sentado num enorme sofá. Tinha um
EHROS TOMASINI 61
cara belíssimo sentado ao lado dele. Raiana também achou
o careca um tanto diferente da última vez que o tinha visto.
Mas já fazia tempo, o cara poderia ter mudado. Ela pergun-
tou:
- Sabe quem eu sou?
- Claro. Você é Raiana. Estávamos esperando que apa-
recesse. Aqui é o único lugar que tem para se esconder, de-
pois das merdas que andou fazendo, não é?
- Como sabe o que andei fazendo?
Dessa vez, foi o bonitão quem falou:
- Você sequestrou um agente federal, matou uma jo-
vem que te ajudou com o sequestro, atirou contra uma amiga
tua e por pouco não a mata...
- Eu a matei, porra. Atirei duas vezes contra o peito
dela.
- Por que fez isso? – Perguntou o bonitão, vestido de
paletó com corte impecável. O careca barbudo estava meti-
do em roupas simples. O bonitão parecia ter mais autoridade
que ele. Seria o verdadeiro chefe da organização?
Antes que a dona do bar respondesse, ouviu um carro
frear às pressas diante da enorme casa. Então, a ficha caiu
para ela. Apontou a arma para o belo espécime masculino e
para o careca barbudo, que acreditava ser o chefão da organi-
zação. Nenhum dos dois se exaltou. O bonitão disse:
- Melhor largar essa arma. Você chegou ao fim da linha.
- Quem são vocês? Cadê o dono da casa? – Raiana não
sabia se apontava a arma para os dois ou se fugia dali, pois
ouvia passos apressados vindo de fora. Com certeza, a polícia
chegara para prendê-la. Voltou-se a tempo de ver Antônio
entrar afobado na casa, junto com um jovem de cabeça enfai-
xada. Reconheceu Santo. Este, assim como Antônio, estavam
de armas em punho. O rapaz disse para ela:
- Melhor largar essa arma, Raiana. O jogo acabou. Você
está presa.
Ela voltou-se para os homens que estavam sentados no
MOTORISTA DE UBER62
enorme sofá. Agora, ambos tinham armas de fogo apontadas
para ela. A dona do bar resignou-se a soltar a sua no chão.
Antônio a chutou para longe. O bonitão apanhou-a do chão.
Disse para os recém-chegados:
- Vocês chegaram bem na hora. Estão de parabéns.
- Quer nos explicar o que está acontecendo, Cassandra?
O homenina levantou-se e guardou sua arma nas cos-
tas. Entregou o revólver de raiana ao careca. Só depois, res-
pondeu:
- Essa operação já estava em andamento. Havíamos
identificado o chefão da organização. Ele resistiu à prisão e
foi morto por agentes da Polícia Federal. Percebemos que o
“Açougueiro” era muito parecido com ele e o deixamos no
lugar do cara, caso alguém do bando viesse pedir ajuda. Não
demorou muito a essa catraia aparecer.
- O cara que vocês mataram era da PF?
- Sim –, respondeu Cassandra – mas era lotado na
agência daqui, de João Pessoa. O “Açougueiro” ficou de in-
vestiga-lo aqui. Foi quando percebeu que era muito parecido
com o cara. O delegado que queria te prender, lá no Recife,
esteve aqui para fazer um relatório para o chefe e não perce-
beu a diferença deste para o nosso amigo careca. Deu a ele
todos os detalhes da organização em Pernambuco, menos o
esquema de roubo de veículos de motoristas que trabalha-
vam para a Uber. Pelo simples fato de que o chefão daqui, o
sósia do nosso Açougueiro, é quem cuidava dos desmontes.
O delegado, que já está preso, era responsável pelo tráfico hu-
mano e por fazer as peças chegarem até aqui.
Antônio sentou-se também no sofá, enquanto seu filho
Santo levava a mulher algemada. Respirou fundo, antes de
perguntar:
- Minha missão acabou?
- Não, não. Falta localizar as mulheres que foram ven-
didas para o tráfico e os motoristas que tiveram seus carros
EHROS TOMASINI 63
roubados. Achamos que estes estão mortos. Tiveram seus
órgãos vendidos para organizações internacionais que com-
pram órgãos humanos. Você e Santo ficarão responsáveis por
esta investigação. Algo a dizer?
- Sim. Vou precisar de alguns agentes para darmos uma
batida em todos os endereços sabidos de desmontes.
- Qual o porquê disso?
- Mataram um funcionário do motel onde estive hos-
pedado. O corpo não apareceu. Deve haver um cemitério de
vítimas da organização.
- Muito bem. Pode pegar quantos agentes quiser.
- Também preciso de alguns dias de folga, Cassandra.
Haverá o enterro da filha de minha informante e a motorista
de Uber está hospitalizada, como deve saber. Quero cuidar
dela, pois ela cuidou de mim quando eu estava sendo procu-
rado.
- É justo. Tem uma semana de folga. Nada mais que
isso.
- É o suficiente, obrigado. Posso ir-me?
E P Í L O G O
A bela e fogosa coroa Alda já estava sabendo da mor-
te da filha. Lamentou o ocorrido, mas disse que já esperava
algo do tipo. No entanto, prometeu se vingar da assassina da
jovem. Antônio não deu muita importância à sua bravata.
Achou que ela estava externando a raiva contra a dona do
bar. O enterro de Alba foi no dia seguinte, e Antônio esteve
junto da dona do motel, dando seu apoio. A coroa não quis
saber de foder com ele por dias seguidos. Chorava o tempo
todo. Antônio, então, passou a dar maior atenção à Lúcia. Ela
passaria uns tempos internada, para tratar dos dois balaços
recebidos. Esteve conversando com o agente federal. Disse
que, apesar de ter gostado muito dele, não queria continuar
MOTORISTA DE UBER64
o relacionamento. Gostava mesmo de apanhar, antes do sexo,
e o boxeador não estava disposto a isso. Mas Antônio lem-
brou-se de que o Açougueiro era chegado a umas taras estra-
nhas. Ficou de conversar com ele. Mostrou uma foto do cara
a Lúcia e ela simpatizou com o agente careca. Dias depois, o
boxeador soube que os dois estavam namorando.
Santo teve dificuldades em achar os pontos de des-
montes de automóveis da organização. Tiveram que fazer um
acordo com o ex-marido de Lúcia. Em troca de liberdade,
ele entregou todo o esquema. Mostrou também onde escon-
diam os corpos dos motoristas assassinados. Só na oficina
onde Antônio esteve preso, além do cadáver do jovem que
trabalhava no motel de Alda, encontraram mais cinco corpos
enterrados. Não encontraram nada nas outras oficinas. Só
naquela, que ficava mais afastada do centro de Goiana.
A coroa vendeu o motel, já que não ia mais poder dei-
xa-lo para a filha, e viajou. Estava chateada com Antônio, que
havia prometido proteger sua menina, apesar de saber que ele
não tinha culpa. O boxeador não poderia prever que Alma
fosse assassinada pela própria cúmplice. Mas havia tempos
que Alda queria fazer uma viagem daquelas. Quem sabe, de-
pois, voltasse para o agente federal?
Naquela noite, Antônio estava afim de beber. O bar de
Raiana havia sido fechado. Ele procurou outro estabeleci-
mento, no centro do Recife. Estava na sétima cerveja quando
viu, na tevê, uma reportagem de última hora: Raiana tinha
sido assassinada, na prisão, por três detentas. Ele sorriu. Pen-
sou que, decerto a dona do motel tinha deixado tudo arran-
jado, antes de viajar. Cumprira com a promessa feita a ele de
que iria matar a assassina de sua filha. Aí, entrou no bar onde
ele estava, uma loira que chamou a atenção da clientela com-
posta mais de machos, pelo tamanho do seu rabo. A mulher
EHROS TOMASINI 65
era um arraso. Tinha a cintura fina e os peitos duríssimos, de
biquinhos que pareciam querer furar a blusa de tecido fino
que usava.
Apesar de estar maquiada, a loira não parecia puta. Ela
olhou em volta, antes de pedir um refrigerante gelado. Seu
olhar caiu sobre Antônio, o único que não continuou olhan-
do para ela depois que entrara no bar. Um cara aproximou-se
e quis pagar-lhe uma bebida. Ela recusou. O cara insistiu. O
sujeito sugeriu que ela era puta. A loira deu-lhe um murro
no rosto que ele foi lançado à distância. Ficou lá, desmaiado.
Ninguém mais quis mexer com ela, que continuou toman-
do seu refrigerante e olhando para Antônio. Depois, saiu do
balcão e aproximou-se de onde o agente estava sentado. Per-
guntou:
- Posso sentar-me aqui, coroa?
- Se quiser. Mas não estou afim de conversa.
- Nem de uma competição?
Ele, finalmente, olhou bem para ela. A loira era bonita,
se bem que um pouco masculinizada. Ele perguntou:
- Competição? Como assim?
- Pago cinco cervejas para quem me vencer numa que-
bra de braço.
- Oh, não estou interessado. Vi o estrago que fez na
Bela Adormecida ali.
- É que ele não fazia meu tipo. Eu gosto de coroas, en-
tende?
- Tem outros da minha idade no bar. Sirva-se à vonta-
de, moça.
- Tem medo de perder para mim?
- Sem chances. Mas não sou amostrado. Nem gosto de
competir com mulheres.
- Por que não?
- Mulher, eu prefiro fazer amor, e não competir no bra-
ço com ela. Procure outro, moça.
MOTORISTA DE UBER66
Ela esteve olhando para ele. Depois, perguntou:
- Eu não te conheço de algum lugar? Tua cara não me
é estranha.
- Não creio que já tenhamos nos vistos. Eu me lembra-
ria.
- Sim, eu me lembro de você. Você foi boxeador, não
foi? Ainda tem os braços fortes.
Ele esteve examinando-a de cima a baixo. Realmente,
nunca a tinha visto. Ela apertou seu muque, examinando a
musculatura. Depois, disse:
- É, você já foi boxeador. Lembro-me de você quando
eu era ainda uma criança. Teu nome é Antônio, não é? Ainda
não se lembra de mim?
- Não. Sinto muito.
- Você nocauteou meu pai, quando ele tinha tudo para
ser o novo campeão. Eu tinha dez anos de idade. Naquele dia,
chorando, eu te disse que um dia ainda te venceria e vingaria
meu pai. Lembra-se agora?
Antônio deteve-se olhando para ela. Lembrava-se va-
gamente de uma menininha chorando a derrota do pai. Mas
fazia muitos anos. Disse para ela:
- Olha, moça, eu não me lembro de nada disso. Deve
estar me confundindo com outro. Tome seu refrigerante e
saia da minha mesa, por favor. Não estou afim de companhia.
Ela, ao invés de sair, gritou para todos no bar:
- Olhaí, pessoal. Eu saio com o primeiro que derrotar
este senhor na tapa. Ele diz que não, mas já foi um exímio
boxeador. Portanto, cuidado com ele.
Três sujeitos que bebiam numa mesa, todos com cara
de estivador, se levantaram. Arrastaram as cadeiras que esta-
vam perto de Antônio. Um deles disse:
- Nem precisa chamar outros, moça. Por uma trepada
com você, venço esse coroa com um único...
Não terminou a frase. Antônio deu-lhe um murro na
EHROS TOMASINI 67
boca do estômago que ele caiu devagar, levando as mãos à
área atingida. O coroa continuou sentado. Mas disse:
- Não caiam na armadilha dela. Posso vencer vocês
dois ao mesmo tempo. Mas, se me deixarem em paz, podem
levar seu companheiro.
Outro com cara de estivador arremeteu contra Antô-
nio. Este, mesmo sentado, esmurrou os testículos do cara.
Quando este se ajoelhou de dor, levou um murro no nariz
que foi projetado longe. As pessoas se afastaram, temendo
uma briga feia. O terceiro com cara de estivador, no entan-
to, acovardou-se. Saiu do bar, deixando os companheiros lá,
estendidos. A loira, achando que iria pegar o coroa Antônio
desprevenido, soltou um murro. Ele desviou-se com facili-
dade e imobilizou-a, prendendo sua mão contra a mesa. Ela
tentou se soltar, sem êxito. O agente, já meio bicado, sacou
sua pistola da cintura e enfiou-a na boca da mulher. Ela arre-
galou os olhos, temerosa. Ele alertou:
- Última chance, pois não estou querendo confusão:
peça-me desculpas e vá-se embora, senhorita. Deixe-me em
paz, porra!
Ela se levantou. Os clientes voltaram aos seus lugares.
A loira saiu do bar. Antônio chamou o garçom, que veio ime-
diatamente, e pediu a conta. Pagou e saiu do bar de celular
na mão. Chamava um Uber, quando viu se aproximar quatro
caras. Um deles era o estivador que havia fugido de lutar com
ele. Voltara acompanhado de caras fortões. O boxeador vol-
tou a guardar o celular e se preparou para a luta. Alguém se
aproximou dele e disse:
- Estou dentro.
Era a jovem loira. Estava pronta para ajudá-lo a enfren-
tar os caras que estavam em maior número. Ele, no entanto,
disse:
- Não pretendo esmurrar mais ninguém, moça. Afas-
te-se, por favor.
MOTORISTA DE UBER68
E Antônio sacou sua arma e atirou para cima. Gritou:
- Quem se abestalhar ou ainda quiser vir me bater, leva
um balaço no meio da testa. Não estou afim de levar porradas
de vocês, fui claro?
Foi claríssimo. Os caras saíram em desabalada carreira.
A loira gargalhava, chamando-os de frouxos. O coroa guar-
dou a arma e disse para ela:
- Suma daqui, moça. Tudo isso foi por causa da senho-
rita.
Ele pegou, de novo, o celular para chamar uma con-
dução. Ela tomou-lhe o aparelho das mãos e completou a li-
gação. Pouco depois, um carro parava perto deles. Antônio
havia ficado mais bicado ainda, depois do ocorrido. Camba-
leava. A loira pegou em seu braço e o ajudou a entrar no car-
ro. Uma voz feminina disse para a loira:
- Está com ele, ou apenas vai leva-lo para casa?
- Nem sei onde ele mora. Vou levá-lo para a minha
casa. Ele está muito bicado.
- Eu sei onde ele mora – disse a motorista. Se não está
com ele, deixe-o comigo.
- Nem pensar. Não vou perder a oportunidade de estar
com ele. Tenho procurado por esse coroa faz já algum tempo.
O nome dele é Antônio?
- Sim – respondeu a motorista do Uber pedido pela loi-
ra. Tratava-se, coincidentemente, de Lúcia. Ela desceu do ve-
ículo e ajudou a loira a acomodar o agente no banco de trás.
Antônio havia dormido. Rumaram para a casa da mulher de
rabo protuberante.
Antônio despertou com alguém lhe chupando a pica.
A vontade de ejacular já era sentida por ele. Tentou se livrar
daquela boca, mas a boca insistiu em chupá-lo. Ele percebeu
que estava deitado numa cama macia, amarrado de braços
abertos e com os olhos vendados. Mais uma vez tentou se
livrar, mas não conseguiu. Levou um tapa no rosto. Aí, sentiu
EHROS TOMASINI 69
uma vagina quentíssima engolir a sua pica. Alguém lhe bei-
jou a boca e ele tentou morder aqueles lábios. Ouviu um grito
de mulher. Ela disse:
- Não me morda, cachorro. Senão, te deixo de venda
nos olhos.
Antônio reconheceu a voz da loira. Mas, quem lhe es-
tava fodendo o caralho? Levou outro tapa no rosto. A mulher
que lhe cavalgava a enorme peia começou a gemer. Estava go-
zando. Antônio também sentiu vontade de ejacular. Porém,
se prendeu. A loira disse:
- Se fizer ele gozar, perde a vez. Tem mais cinco minu-
tos. Depois, eu também quero.
- Eu... não vou... aguentar mais. Estou... estou... gozan-
do.
E a mulher que o cavalgava começou a gritar de gozo.
Antônio lhe reconheceu a voz:
- Lúcia? Como me encontrou?
Não houve resposta. Ela continuou a cavalgada, de for-
ma alucinada. De repente, a pica escapuliu da racha dela e
introduziu-se em seu cu. Ela deu um berro de prazer. A loira
voltou a beijar-lhe a boca, dessa vez temerosa de ser mordida
novamente. Antônio não mais se prendeu. Gozou, lançando
uma grande quantidade de esperma, no cu apertado de Lú-
cia. Esta o cavalgou com muito mais ímpeto. Depois de gozar
várias vezes pelo cuzinho, desmoronou sobre o agente. Só en-
tão, a loira lhe tirou a venda dos olhos. Ainda resfolegando,
Antônio perguntou de novo:
- O que está acontecendo? Onde estou?
A loira respondeu:
- É uma longa história. Você ficou bêbado e te chamei
um Uber. Ela pegou a corrida. Disse que te conhecia e queria
te levar para casa. Mas eu estava afim de trepar. Ela também.
Resolvemos nos aproveitar de você. O resto, não é difícil de
adivinhar.
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MOTORISTA DE UBER

  • 3. EHROS TOMASINI 3 MOTORISTA DE UBER – Parte 01 Fazia tempos que Antônio não tomava uma cervejada, como naquela noite. Andava meio chateado. Nos tantos anos de policial federal, nunca lhe haviam dado uma missão importante sequer. Só entrava em ação quando localizavam o padre assassino e passavam a perseguir o grupo composto pela médica Maria Bauer, sua ex-amante; pela madre supe- riora e pelo perigoso ex-padre assassino. Depois que Santo passou a ser motorista do grupo formado pelo homenina Cassandra, sua linda irmã morena, o barman careca e parru- do e sua sobrinha médica e mulata, e, por último, o negrão Percival, que o velho motorista boxeador tinha sido colocado de lado. Ressentia-se da falta de ação e confiança dos compa- nheiros. Saíra de casa disposto a tomar todas. Por isso, não es- tava de carro. Pagou a conta e pediu um Uber. Demorou a
  • 4. MOTORISTA DE UBER4 completar o pedido de corrida. Enquanto esperava, deu uma olhada no relógio do celular: ia dar uma hora da madruga- da. O aparelho fez o som característico de que alguém havia atendido seu chamado pelo aplicativo. Sorriu, quando viu a foto do condutor em sua tela do aparelho: tratava-se de uma mulher. O veículo de aluguel não demorou muito a chegar. O bar já recolhia as mesas e cadeiras, pronto para fechar. A mu- lher encostou o carro perto do coroa que tinha o celular na mão, olhando-o desconfiada. Ele abriu a porta de trás e en- trou, sentando-se no banco estofado. Quando fechou a porta, ela exigiu: - Por favor, senhor, venha sentar-se ao meu lado. Não quero ninguém atrás de mim. Antônio não se fez de rogado: tornou a sair do carro e entrou pela porta da frente. Sentou-se ao lado dela. Ela o olhou da cabeça aos pés. Quando ele fechou a porta, ela per- guntou: - Para onde, senhor? - Para o próximo bar aberto. Este já está cerrando suas portas e pretendo continuar tomando minhas cervejas. - Terá que completar o endereço de destino, senhor. O que preencheu, ficou vago. - Tome meu aparelho celular e faça isso, por favor. Não tenho muitas intimidades com o aplicativo. Pouco o uso. Ela esteve indecisa, depois pegou o celular de suas mãos. Teclou rapidamente e devolveu o aparelho para ele. Deu um longo suspiro, como se estivesse desfazendo a ten- são, depois fez a manobra no carro. Ele perguntou: - Algum problema, senhora? Ela demorou a responder: - Por que a pergunta? - Noto que está tensa. Aconteceu alguma coisa? Mais uma vez ela demorou a responder-lhe. Disse, fi-
  • 5. EHROS TOMASINI 5 nalmente: - Desculpe. Acabei de passar por uma situação cons- trangedora: peguei um passageiro num bairro nobre do Reci- fe e o cara sentou-se aí atrás, numa posição que não dava para vê-lo através do espelho retrovisor interno. Pedi que se deslo- casse para a direita, de modo a ficar no meu campo de visão, mas ele fez que não me ouviu. Quando me voltei, para repetir o obséquio, vi que o sujeito estava se masturbando. Pedi que descesse do carro, mas ele disse ser policial. Afirmou que, se eu estivesse incomodada, que o levasse à próxima delegacia. Ela interrompeu o que dizia para chorar. O coroa espe- rou que se recompusesse. Depois, perguntou: - E daí? Ela respirou fundo. Enxugou as lágrimas e continuou: - Daí que fui ridicularizada, quando o levei à primeira delegacia que encontrei no caminho. O cara parecia conhecer todos os policiais de lá e tiraram o maior sarro da minha cara. O filho da puta ainda ficou o tempo todo de bilola melecada para fora da braguilha, pois tinha se masturbado até gozar. Envergonhada, saí de lá me tremendo de raiva. Foi quando recebi o chamado para fazer esta viagem. Perdoe-me, mas ainda estou toda me tremendo. Antônio olhou em direção às suas pernas. Ela usava uma saia jeans curta, mostrando um belo par de coxas gros- sas. O policial federal sentiu seu pau crescer. Mas respirou fundo e perguntou: - Por quê rodar a essa hora da noite? - Eu estou passando por um período ruim da minha vida. Sou recém-separada. Meu marido levou embora tudo que tínhamos, inclusive um dinheiro que eu guardava na conta do banco. - Conta conjunta? - Que nada. Mas ele é policial, sabe uns truques para limpar a conta dos outros. - Ele trabalha na mesma delegacia onde você levou o
  • 6. MOTORISTA DE UBER6 cliente tarado? - Não. Por que pergunta isso? - Nada, nada. Onde está me levando? Não conheço ne- nhum bar nesta área. - Pois eu conheço. É um barzinho novo, de uma amiga minha. Não se preocupe. Vai ser bem tratado, lá. Se não se incomodar, vou tomar uns copos com o senhor. Estou muito nervosa. Não me convém continuar trabalhando assim. - E o carro? - Deixo-o lá, por hoje. Pego outra condução para voltar para casa. O bar era bem arrumadinho. Pequeno e limpo. Não ha- via muitas pessoas bebendo lá, talvez por causa do adiantado das horas. A motorista de saia curta pegou Antônio pela mão e caminhou resoluta em direção a uma morena bonitona que usava um avental de garçonete. Quando a viu, esta veio ao seu encontro, sorridente. Saudou: - Salve, Lúcia! O que faz por aqui a essa hora, mulher? - Oi, Raiana. Trouxe um amigo para tomarmos umas. Larguei. Por hoje, chega. Dia ruim, entende? - Como é teu nome? – Perguntou a garçonete, sem ligar para o que a outra dizia, agora apertando a mão do coroa. Este se apresentou: - Sou Antônio, senhora. Espero que tenha cervejas ge- ladas, pois estamos com sede. Enquanto o motorista e agente federal pedia um car- dápio à bela amiga de Lúcia, a motorista de Uber olhava em volta. Parecia procurar alguém. A outra disse: - Não, ele não veio hoje, graças a Deus. Mas, ontem, estava por aqui e só saiu quando fechei o bar. Cabra safado. - A quem se referem? – Perguntou o coroa. - Ao meu ex-marido – Respondeu Lúcia. - Depois que se separou de mim, vive dando em cima da Raiana. Aproveita que ela é viúva e não tem quem a defenda.
  • 7. EHROS TOMASINI 7 Pediram as cervejas, uns tira-gostos e foram bem servi- dos. A amiga de Lúcia não tirava os olhos do coroa, mesmo estando ocupada em atender outros clientes. A clientela, no entanto, estava reduzida a três mesas ocupadas, afora a que Antônio estava bebendo. A conversa estava bem animada e a motorista de Uber parecia já estar ficando bicada. Numa das vezes que se levantou para ir ao banheiro, cambaleou visivel- mente. Raiana aproximou-se do coroa e disse: - Vai levar minha amiga em casa? Ela já está embria- gada. - Ela mora perto? - Não. Mas eu moro. Podemos ir para minha casa. Lá, você continua a tomar tuas cervejas. Aproveito para tomar umas, também. Já, já estarei fechando aqui. Antônio olhou melhor para a garçonete. Ela era bonita, tinha as pernas tão grossas quanto as da motorista que o le- vara até ali e, se aquilo não fosse uma cantada, ele se danasse. O sorriso dela não lhe deixava nenhuma dúvida. Ele também sorriu. Mas aí, antes que respondesse à atendente, um carro freou com alarde do outro lado da rua. Dele, desceram dois caras. A garçonete ficou pálida. Cochichou: - É o ex-marido de Lúcia. Ele não pode saber que ela está aqui. Por favor, vá avisá-la lá no banheiro e saiam pelos fundos. Tome, pegue a chave do meu apê. Ela sabe onde fica. Assim que fechar aqui, chego lá. Antônio não se moveu. Olhava para a dupla, que se aproximava deles. A garçonete insistiu: - Depressa, moço, antes que ele provoque uma briga contigo. O coroa continuou sem se mover. Também não pegou a chave que lhe era estendida. Esperou a dupla chegar bem perto. O mais parrudo perguntou: - Quem é o otário aí, Raiana? - É um cliente. Está pagando a conta para ir embora – Mentiu ela.
  • 8. MOTORISTA DE UBER8 - Pegue teu troco e lavra logo, coroa. Quero ter uma conversa com essa catraia. Antônio olhava para ele com um sorriso zombeteiro. Escutou: - Está surdo, coroa? Vá-se embora, antes que eu te dê umas porradas. - Você e mais quantos? – Perguntou o agente federal, sem se alterar. O fortão estava pasmo. O seu companheiro, mais jo- vem, adiantou-se e espalmou as duas mãos no peito de Antô- nio, disposto a empurrá-lo com força. Esperava que o coroa fosse projetado longe. Encontrou, no entanto, uma pesada rocha fincada diante de si. Antônio não arredou um milíme- tro sequer. Porém, num movimento rápido, segurou dois de- dos da mão do cara e torceu-os para trás. O sujeito deu um berro. Os dedos foram quebrados. Foi quando o ex-marido da motorista de Uber investiu contra o coroa, sem saber que ele era um hábil lutador de boxe. Levou um murro potente no nariz que o arremessou longe. O cara teve o septo espati- fado e não se levantou mais. O dos dedos quebrados olhava para o coroa, estupefato. Antônio perguntou: - Vai correr para o carro ou quer ter a mesma sorte do teu namorado? Ao ouvir a afronta, o sujeito, que devia ter uns trinta e poucos anos, partiu para cima de Antônio, mesmo com a mão contundida. Levou um potente murro no estômago. Fi- cou roxo. Desabou sem dar um gemido. - Uau, você é bom. Boxeador? – Aplaudiu a garçonete morena boazuda. - Ex. Estou fora de forma. Dois sujeitos que estavam bebendo numa mesa perto vieram cumprimentar o coroa. Apertaram sua mão, elogian- do a destreza do velho. Antônio perguntou:
  • 9. EHROS TOMASINI 9 - Qual de vocês dirige? Preciso que botem esses dois no carro que vieram e os deixem em qualquer lugar longe daqui. Não se preocupem: não acordarão tão cedo. - Coloquem os dois no carro que eu mesma os levo para longe – Afirmou a garçonete. Depois, volto. Você toma conta do bar, enquanto isso. Pouco depois, a morena retornava de táxi. Acertou-se com o motorista e se aproximou do casal, toda sorridente. Lúcia já havia retornado do banheiro e parecia que havia vo- mitado muito por lá. Estava visivelmente embriagada. Raiana perguntou: - Ela sabe? - Não. Não quis lhe dizer. Estava te esperando para a levarmos para casa. Ninguém deve mais nada. Pagaram todas as contas em aberto que você deixou comigo. - Ótimo. Vou avisar aos rapazes, que nos ajudaram a retirar os dois daqui, que quero fechar. Assim que saírem, iremos embora. Tenho uma grade de cervejas geladíssimas em casa. Não tomaram um copo, sequer. Nem bem chegaram na casa da dona do bar, essa se atracou com o coroa. Beijou-o ar- dentemente. Levou a mão ao caralho dele, por cima da calça, enquanto o beijava. Ficou entusiasmada com o tamanho da peia do cara. Despiu-o com urgência. Fez o enorme caralho saltar da cueca branca que ele usava. A garçonete ia se aga- char, para chupar seu cacete, mas ele tinha outras intenções. Virou-a de costas para si e pincelou a glande nas pregas dela. Ela gemeu de tesão. Haviam deitado Lúcia na cama e esta es- tava atravessada, ocupando todo o leito. Raiana puxou Antô- nio para o sofá. Tirou toda a roupa com urgência e deitou-se no braço estofado, ficando de bunda empinada. Lúcia gemeu, lá na cama, como se sentisse a estocada que o pugilista deu no cu da morena, introduzindo metade do enorme caralho
  • 10. MOTORISTA DE UBER10 no ânus dela. Raiana arreganhou a bunda com as duas mãos. Ele enfiou o resto da trolha. Ela fechou os olhos e pediu que ele a enrabasse sem pena. Era só o que o velho agente da Po- lícia Federal queria ouvir. FIM DA PRIMEIRA PARTE.
  • 11. EHROS TOMASINI 11 MOTORISTA DE UBER – Parte 02 Depois da foda, tomaram um banho demorado e Raiana pediu ajuda do coroa para acomodar melhor a amiga na cama. Esta ressonava e ainda gemia, como se estivesse so- nhando. Depois, voltaram para a sala. A morena agarrou-se ao velho boxeador. Perguntou: - Você gostou? - Claro. Você trepa muito bem. E já fazia um tempo que eu não fodia um cuzinho tão gostoso. Prefere o coito anal? - Na verdade, não. Mas estava em jejum sexual já há um tempão. E as cantadas daquele cafajeste me deixavam excita- da, não posso negar. - Ele já te cantava antes de se separar de Lúcia? - Sim, mas sempre achei que fosse brincadeira dele. Mi- nha amiga também nunca estrilou. Mas, depois que se sepa- raram, quase todos os dias ele vinha aqui em casa. - Quanto tempo faz que você tem aquele bar?
  • 12. MOTORISTA DE UBER12 - Pouco. Era do meu marido, mas eu nunca me interes- sei pelo negócio. Antes, o estabelecimento não tinha muito boa reputação. Dizem que era um ponto de drogas. Eu nunca havia ido lá, até a morte do meu amor. - Ele morreu de quê? - Assassinado. Houve um assalto lá e atiraram nele. - Você não tem medo que o assassino volte? - Não. O sujeito está morto. O marido de Lúcia o ma- tou. Mas usa a morte do cara para fazer chantagem contra mim. - Como assim? – Estranhou o policial federal. Diz que, se eu não ceder a ele, forja uma denúncia con- tra mim, dizendo que fui eu que paguei para apagar o cara. Como não tenho culpa no cartório, não lhe dou ouvidos. Mas confesso que temo que ele me arme alguma. - Por que ele e Lúcia se separaram? - Ela descobriu que ele vive metido em coisas erradas. Depois, ele passou a roubá-la descaradamente. Não se sabe como, descobriu a senha dela. Deu-lhe um grande desfalque. A coitada está na pindaíba até hoje. - Que tipo de coisas erradas ele vive metido, Raiana? - Sei lá. Pergunte a ela. Como ele não me interessa, nunca quis saber. Mas acho que é algo relativo a assaltos. De vez em quando, ele aparece de carro novo. Eu e Lúcia acredi- tamos que ele rouba automóvel para desmonte. Antônio calou-se mas ficou pensativo. A morena apoiou-se no peito dele, ainda ambos nus, e adormeceu qua- se que imediatamente. O pugilista a deitou no sofá, com cui- dado, e levantou-se. Vestiu-se e foi-se embora. Não havia tro- cado telefone com nenhuma das duas, já que não pretendia vê-las novamente. Mas estava enganado. De manhã, logo cedo, acordou com batidas na porta de entrada do apartamento onde morava. Levantou-se nu,
  • 13. EHROS TOMASINI 13 pegou uma pistola que guardava debaixo do travesseiro e foi até a sala. Olhou pelo olho-mágico e reconheceu sua visita. Tratava-se de seu filho Santo. O rapaz estava afobado. Per- guntou ao coroa: - O que houve ontem, pai? Recebemos uma denúncia de que havia batido nuns caras. Uma testemunha te viu. O mais novo foi encontrado morto, sabia? - Como é que é? - Sim, um policial de uns trinta e poucos anos, que esta- va com o cara que o senhor espancou, quebrando-lhe o nariz, apareceu morto. Alguém ligou para a Polícia, de forma anô- nima, dando as tuas características. A Polícia tem as imagens do bar onde o senhor estava bebendo. Alguém te reconheceu como policial federal. Cassandra pediu-me que eu desse um sumiço no senhor, até que se esclareça a morte do policial. - Puta que pariu, por essa eu não esperava – Disse An- tônio, desmoronando sobre o sofá da sala. Santo fechou a porta atrás de si, depois de entrar. O coroa estava apenas de cuecas, com uma pistola na mão. O velho motorista disse: - Há possibilidade de o policial ter sido morto por ou- tra pessoa, e não por mim? - As imagens do bar são claras: o senhor bateu nos dois. O murro que deu no estômago do mais novo pode ter cau- sado a sua morte por hemorragia interna, velho. Pegue umas roupas e vamos embora daqui. Antônio esteve um tempo pensativo, depois afirmou: - Não matei o policial, apesar de ter caprichado na for- ça do murro. Tem algo errado nessa história e eu preciso des- cobrir o que é. - Deixe isso com a gente. Trate de fugir e livrar o fla- grante. - Nunca fui de fugir, filho. Isso agravaria a minha situ- ação. Não. Vou investigar o que aconteceu. - Bem, quem sabe é o senhor. Não poderá dizer que
  • 14. MOTORISTA DE UBER14 não tentei. Vai precisar de ajuda? - Sim, filho. Investigue quem fez a denúncia anônima. - Está bem. Mais alguma coisa? - Sim. Recolha minha pistola. Não vou poder estar ar- mado, se sou procurado pela Polícia Federal. - Não se preocupe. Pode ficar com a arma. Cassandra disse que eu não te deixasse desarmado. Breve, resolveremos todo esse mistério. - Isso, se eu não o resolver antes. O corpo do policial está no necrotério da Polícia Federal ou ainda está no IML? - No IML. Só vai ser liberado amanhã. Os funcionários da morgue ameaçam parar em Pernambuco. Uma greve, en- tende? O que está pretendendo fazer? - Uma visita ao cadáver. Tem certeza de que ele não tem outra perfuração, mesmo imperceptível? - Eu mesmo examinei o corpo, antes de vir para cá. Po- demos fazer isso juntos, de novo, pai. Vamos? Antônio escondeu-se enquanto Santo falava com o ad- ministrador do IML. Este não queria liberar o cadáver para o rapaz examiná-lo novamente. Disse ter ordens expressas para isso. Enquanto o jovem tentava convencer o chefe do Institu- to, Antônio esgueirou-se pelo corredor. Já sabia onde ficavam os cadáveres. Com a ajuda de uma pequena lanterna, locali- zou logo o corpo. Estava ainda na pedra. Virou-o de costas. Examinou a nuca. Sorriu, satisfeito. Tirou o celular do bolso e fotografou a pequena perfuração atrás do pescoço do po- licial que diziam ter sido morto por um murro dado por ele. Procurou, com o facho de luz, algum capucho de algodão, e encontrou. Esfregou o chumaço na nuca do defunto. Depois, saiu de dentro da sala, deixando tudo como encontrou. Já fora da morgue, ligou para Santo. Apenas disse: - Vamos. Consegui. Pouco depois, os dois se encontravam no carro do ra-
  • 15. EHROS TOMASINI 15 paz. Antônio deu um saco plástico com o algodão ao jovem. Disse: - Examine isso. Acho que vai encontrar vestígios de veneno. O policial foi assassinado. Vou-me embora. Preciso procurar um lugar para ficar escondido, enquanto não pro- varmos minha inocência. Mas vou continuar trabalhando no caso. - Falo com o homenina? Mostro isso a ele? - Melhor não, por enquanto. O que o administrador do IML te disse? - Recebeu ordens para ninguém tocar no cadáver. Es- tranho, não? - De onde veio essa ordem? - Da delegacia onde o policial morto era lotado. O che- fe da morgue acredita que a ordem foi dada pelo cara que você lhe quebrou o nariz. - Faz sentido. Mas ocupe-se apenas dos exames nesse algodão. Assim que tiver o resultado, avise-me. - Não quer que eu vá com você, onde quer que vá ago- ra? - Não, filho. Não é preciso. Mas tenho uma dúvida: onde foram encontrados os dois policiais que eu nocauteei? - Numa rua deserta, perto do bar onde aconteceu a confusão. Por quê? - Por nada. Só queria saber. Vá com Deus. ********************** Raiana acabara de se despedir da amiga Lúcia, que dis- sera precisar ir trabalhar para completar a féria da noite an- terior. Ainda estava totalmente nua, como se tivesse acabado de tomar banho. Foi até a cozinha e botou água para ferver. Pretendia fazer um café. Ouviu um barulho na sala e voltou para lá. Acreditava que Lúcia havia esquecido algo, pois esta tinha a cópia da chave de seu apê. Ficou surpresa, ao encon-
  • 16. MOTORISTA DE UBER16 trar Antônio sentado na poltrona. Sorriu: - Oi, amor. Como conseguiu entrar? - Você deve ter deixado a porta aberta – Ele não quis dizer que era policial e que conseguia entrar em qualquer re- sidência, sem precisar de chaves. - Ué, eu tenho certeza de que havia fechado a porta. - Não importa. Vá terminar de fazer o café. Também quero um pouco. - Espera aí. Volto já. Quando ela retornou com duas xícaras, ele lhe aponta- va uma pistola. Ela assustou-se. Perguntou: - O que é isso, amor? Para que essa arma? - Onde você levou os caras ontem, Raiana? Melhor: o que fez com eles? - Deixei-os na primeira rua deserta que encontrei, amor. O que está acontecendo? - Diga-me você. Estou sendo acusado de assassinato. Um daqueles dois putos foi encontrado morto. - Como é que é? Está desconfiado de mim? Não fiz nada. Deixei-os no carro e voltei para o bar. O motorista esteve olhando fixamente para ela. A mo- rena parecia sincera. Guardou a arma. Ela suspirou, aliviada. Suas mãos tremiam. Raiana perguntou: - Que bicho está pegando, amor? Ao invés de responder, ele perguntou: - Quem eram aqueles caras que vieram me parabenizar por dar uma sova nos policiais, você os conhece? - Não, nunca os vi. Foi a primeira vez que estiveram no bar. Chegaram pouco antes de você e minha amiga Lúcia. - Tem o telefone dela? De Lúcia? - Claro. Quer que eu a chame aqui? Pouco depois, Lúcia tocava a campainha do aparta- mento. Quando a amiga abriu a porta, correu para se abraçar
  • 17. EHROS TOMASINI 17 com o coroa. Desculpou-se: - Mil perdões. Fiquei logo bêbada. A noite de ontem me deixou estressada. E eu não aguento muito ingerir álcool. Você me perdoa? - Tudo bem. Mas vim aqui querendo saber onde teu ex-marido trabalha, Lúcia. - Por que quer saber? - Eu não contei nada a ela – Apressou-se em dizer a morena Raiana. - Não me contou o quê? – Perguntou a motorista de Uber, olhando espantada para um e para o outro. - Teu marido esteve ontem lá naquele bar onde você me levou, Lúcia. Foi acompanhado de um outro policial. Este aqui – disse Antônio, sacando seu celular do bolso e mos- trando umas fotos a ela. Ela logo o reconheceu: - Esse é um dos meganhas que zombaram de mim, quando fui dar queixa na delegacia. - Ele não trabalha com teu ex? - Não, não. Eu não o conhecia, mas lembro-me bem dele por ser bonitão. Foi o que mais me humilhou, ajudado pelo coroa que se masturbou no meu carro. Ambos são da mesma delegacia. Nunca os vi com meu ex-marido. Nem sa- bia que ele havia estado no bar de minha amiga. O que está acontecendo? - Deixe quieto. Não vá trabalhar agora pela manhã. Vou até a delegacia onde você deu queixa ontem e volto já. Vou querer continuar essa nossa conversa. – Disse o policial. - Não, não. Vou com você. Não sei o que pretende fazer, mas, dessa vez, não vou querer perder o espetáculo. Pelo vis- to, você bateu nos dois ontem, né? - Como sabe? – Perguntou Antônio. - Não sei. Mas, para mim, é óbvio. Passei muito tem- po convivendo com policiais, para não saber reconhecer um. Você é tira. Fala e age como um. Quero ir contigo.
  • 18. MOTORISTA DE UBER18 Foram conversando, a caminho da delegacia. Lúcia confessou que deixara o marido mais por desconfiar que ele vivia metido em tramoias. O cara sempre aparecia de car- ro novo em casa, dizendo ser de algum dos amigos. Depois, passou a roubá-la descaradamente. Como viviam brigando o tempo todo, ela se negava a ter sexo com ele. Aí, o cara pas- sou a dar encima da sua amiga viúva. Foi quando ela resolveu se separar dele de vez. Chegaram na delegacia. Desceram do carro e entraram no prédio. O motorista da PF se informou na portaria. Per- guntou por um policial jovem e bonitão. O atendente logo soube de quem se tratava: - Estamos esperando o corpo ser liberado para o veló- rio, senhor. É parente ou amigo? - Nem um, nem outro. Soube do seu assassinato e vim procurar um policial coroa, que dizem ser amigo dele. - Deve estar se referindo a Cosme. Ele está lá dentro, senhor. Quer que eu o chame aqui? - Não precisa. Diga-me onde o encontro e irei até ele. Nisso, o tal Cosme ia saindo, acompanhado de dois ou- tros policiais. Quando viu a motorista de Uber, a reconheceu de imediato. Disse, raivoso: - Ei, o que veio fazer aqui de novo, puta safada? O sujeito não deu a mínima atenção ao policial fede- ral. Veio até a mulher e a pegou pela garganta. Perguntou de novo: - Veio levar uns tapas? Antônio interveio: - Melhor soltá-la, se não quiser ficar com as patas que- bradas. O homem soltou a motorista, lentamente. Voltou-se para o coroa. Reconheceu-o no mesmo instante: - Puta que pariu, esse é o cara que matou nosso amigo policial, gente. Teve a audácia de vir aqui, na toca do lobo. O
  • 19. EHROS TOMASINI 19 que vocês acham que... Não completou a frase. Levou um murro potente no estômago, como o policial federal havia feito com o jovem defunto. Cosme arriou, já desacordado. Os dois policiais e o cara da portaria sacaram suas armas. Antônio não se intimi- dou. A motorista de Uber estava apavorada. Antônio, apenas disse: - Baixem as armas. Sou policial federal. Podem atestar isso pegando meu distintivo no bolso da calça. Ou podem ligar para meus superiores, tanto faz. Sem abaixar a arma, um dos policiais perguntou: - O que você quer? - Esclarecer um crime. Para isso, preciso da ajuda de vocês. - Esclarecer qual crime? – Perguntou outro policial ci- vil. - O do parceiro de vocês. Tenho provas de que ele foi assassinado. Ouviu-se uma voz possante: - Claro. Ele foi assassinado por você. Nós vimos as ima- gens da briga. Teu chefe veio aqui e confirmou quem você é. Disse que o prendêssemos, se por acaso topássemos com você. - Cassandra esteve aqui? - Sim. E você, o que veio fazer nesta delegacia? - Quem é você? – Perguntou Antônio. - Sou o delegado daqui, é claro. Vou cumprir as ordens e chamar teu chefe. Você está detido. - Sabe que não tem autoridade para me prender. Mas pode chamar Cassandra. Eu o aguado aqui. Pouco depois, uma jovem lindíssima apareceu, procu- rando pelo agente federal. Identificou-se perante o delegado e chamou o coroa. Disse-lhe: - Vamos embora. Cassandra te espera no carro.
  • 20. MOTORISTA DE UBER20 - Por que ele não veio contigo? - Lá fora, eu te explico. Quem é a bonitona? – Pergun- tou, se referindo à motorista. - Lá fora, eu te explico. Pouco depois, a bela morena ficou com Lúcia no carro desta, enquanto Antônio foi ter com o homenina em seu car- ro. O bonitão de voz grave falou: - Você acaba de melar uma operação da PF, cara. O que deu em você para matar um policial? - Não fui eu que o matei. E Santo, a essa altura, deve já ter provas disso. - Explica isso, direitinho. Não deu tempo. O celular do coroa tocou. Ele atendeu, depois disse: - Vou passar pra Cassandra. Explique isso a ele. – E en- tregou o aparelho ao homenina. Quando desligou, Cassandra perguntou: - Desde quando está nesse caso? - Desde ontem à noite. Mas meti-me nisso por acaso. O que está acontecendo? - Já há alguns dias, recebemos denúncias de desapare- cimentos de carros pertencentes a profissionais que dirigem pra Uber. A própria empresa entrou em contato conosco. Estamos investigando, mas não achamos nada, ainda. Você parece estar mais adiantado nas investigações do que nós. Então, te coloco como responsável por essas diligências. Tem carta branca para agir. Mas só se reporte a mim, entendeu? - Por que isso? - Porque acredito que tenha alguém grande, dentro da PF, que está envolvido com o esquema, caralho. Mas, para todo efeito, você ainda está sendo procurado pelo homicídio do jovem policial. Então, cuidado para não ser pego. Não po- derei livrar tua barra.
  • 21. EHROS TOMASINI 21 - Posso contar com quem? - Comigo e com minha irmã. Apenas nós dois. Tire Santo da jogada. Senão, quem estiver por trás dos desapare- cimentos vai ficar de olho nele. Posso ir-me embora? - E a mulher? Ela é peça importante. - Cuide bem dela – disse o homenina, abrindo a porta do carro para Antônio sair – Ela parece gostar de você. Não tira o olho da gente. Tome uns compostos verdes, daqueles que Santo usa, e foda o cu dela por mim. - Por falar nisso, tem engolido muita porra? – Pergun- tou o boxeador - Ou você e tua irmã já estão enjoados disso? O homenina fechou a cara. Disse, com voz alterada, mas comedida: - Saia. E não ouse tocar de novo nesse assunto. Fui cla- ro? Antônio não respondeu e desceu do carro. Sabia que tinha deixado o cara irritado. Desde que a doutora Bauer ha- via aplicado uma droga no casal de irmãos, que os deixava ávidos por esperma diariamente, que ambos tinham que se alimentar de porra todos os dias. A equipe de laboratoris- tas da PF ainda não tinha encontrado um antídoto para o composto. Principalmente o homenina, detestava tocar nesse assunto. Sua irmã parecia não se incomodar de ter sua ração de esperma diária. Os rapazes se revezavam entre eles, para satisfazer a sua fome de sexo e de porra. A linda morena nun- ca trepou tanto na vida. Antônio ouviu a sua voz: - Boa sorte, coroa. Conversei com a profissional do vo- lante: ela não tem onde se esconder. Sugeri que ficasse conti- go. Ela me pareceu contente. Está rolando algo entre vocês? - Ainda não. Vou precisar de um estoque do líquido esverdeado e você sabe que eu não tenho. - Sei que ainda não necessita disso, Antônio. Todos sa- bemos da tua virilidade. Mas tenha cuidado: está abandona- do à própria sorte. - Está sabendo da minha missão?
  • 22. MOTORISTA DE UBER22 - Sim. Meu irmão me informou. Se precisar de mim, te ajudo mesmo sem a autorização de Cassandra. Sabe disso, não é? - Sei e agradeço. A gente se vê depois, por aí. Quando ele entrou no carro da motorista de Uber, esta perguntou: - E agora, vamos para algum motel? - Sem problemas, para você? - Sem problemas. Estava doida para dar uma foda on- tem, mas adormeci antes. Soube que terei de desaparecer das ruas, por um tempo. Mas, quem vai pagar meu prejuízo? - Não se preocupe com isso. Quando tudo acabar, terá a sua indenização. Ela alisou sua face. Tinha um olhar carinhoso. Disse: - Você tem a mão pesada. Derrubou aquele calhorda com um único murro. Juro que me deixou excitada. Também gosta de bater em mulher? - Por que a pergunta? - Gosto de apanhar fazendo sexo. Mas nada que me deixe marcas, pode ser? - Desde quando gosta de apanhar? - Isso importa? - Talvez. Não bato em mulheres. - Mas gosta de fodê-las? - Claro que sim. - Então, me beija. Depois, vamos rápido para algum motel. Estou de boceta pingando gozo, com essa conversa. FIM DA SEGUNDA PARTE.
  • 23. EHROS TOMASINI 23 MOTORISTA DE UBER – Parte 03 Ao contrário de Raiana, Lúcia não era tão desenvolta na cama. Não demoraram para achar um motel decente, mas a performance da motorista profissional deixou muito a desejar. Não se permitia ao coito anal e isso já deixou o bo- xeador chateado. Tampouco fodia bem com a tabaca. Apesar desta estar encharcada, a mulher pareceu assustada com o tamanho da jeba do agente da Lei. Não conseguiu aguentar todo, na racha, o enorme cacete dele. Ao ponto de desistir da foda, quando ele já estava quase gozando. Ela pareceu alivia- da quando ele saiu de cima, frustrado. Mas Antônio não fez nenhum comentário. Esteve pensativo, em seguida se virou para o outro lado, na cama. Pouco depois, dormia o sono dos justos. Já para Lúcia, foi difícil pegar no sono. O ar-condi- cionado estava muito frio e ela pensou que era aquilo que a incomodava. Regulou a temperatura. Nada de dormir. Aí,
  • 24. MOTORISTA DE UBER24 ficou pensando que o ex-marido tinha razão quando recla- mava do desempenho dela na hora do amor. Ela começava uma foda excitada, mas logo perdia o interesse. Essa situação durou anos, até que ela descobriu que gostava de apanhar, fazendo sexo. Mas o marido era muito violento e lhe deixa- va toda marcada. Tinha que estar inventando desculpas para as amigas, dizendo que havia caído ou esbarrado em algum móvel. Até que, um dia, apareceu de olho roxo na empresa onde trabalhava. Não deu mais para fingir. Envergonhada, abandonou o emprego. Aí, o marido começou a reclamar de estar difícil manter o padrão de vida apenas com o salário dele. Mas a vida sexual do casal havia melhorado muito e ela decidiu-se a continuar em casa, sem ganhar nenhum salário. Foi quando ele começou a roubar o dinheiro economizado por ela, de sua conta corrente. Não sabia como ele havia des- coberto sua senha. Ela não a tinha anotado em lugar nenhum de casa. Mas as coisas chegaram ao ponto de não mais ser possível a convivência. Brigaram e ele foi-se embora, levando todos os móveis e eletrodomésticos. Lúcia olhou para Antônio. Ele ressonava. Ela sorriu. O cara parecia ser legal, mas havia se negado a bater nela, mes- mo quando ela exigiu. Sabia que ele tinha ficado chateado. Tentaria outra vez. Mas só depois, quando ambos estivessem mais acostumados um com o outro. E a condutora de aluguel, finalmente, adormeceu. Por volta das duas da tarde, deixaram o carro na gara- gem do motel de periferia e foram almoçar. Antônio continu- ava taciturno, mesmo quando ela puxava conversa. Antes de terminarem a refeição, no entanto, o celular do coroa tocou. Ele atendeu: - Oi, Santo. Diga lá. Esteve escutando, depois disse: - Ótimo. Chego já aí. Quando desligou, voltou-se para a motorista e disse: - Meu filho disse que encontrou uma câmera voltada
  • 25. EHROS TOMASINI 25 para onde tua amiga deixou os dois policiais que estiveram no bar. Você fica no motel. Eu vou falar com ele. Volto antes do jantar. - Por favor, não me deixe sozinha por muito tempo. Es- tou com medo. Quando ele pagou a conta e se levantou para ir embora, ela o pegou pelo braço. Pediu: - Me dá um beijo. Ele esteve indeciso, depois confessou: - Olha, Lúcia, acho que nós dois não damos muito cer- to. Temos gostos diferentes. Não tolero bater em mulheres e você parece gostar muito de apanhar. Dá para mim, não. Vou tratar de resolver esse caso o mais breve possível e depois é cada um para o seu lado. Sinto muito. - Eu gostaria de tentar novamente. – Disse ela, de ca- beça baixa. - Então, outra hora, veremos isso. Volte para o hotel e não saia de lá. Evite ser vista, por quem quer que seja. Pouco depois, ele se encontrava com Santo. Este lhe entregou um disco contendo gravações de imagens. Antônio perguntou: - Já viu o que tem gravado aí? - Sim, pai. Nada de muito interessante. Mas tem algo que achei que iria gostar de saber. Portanto, assista as grava- ções até o final. Antônio procurou um motel que tivesse um leitor de DVD no quarto. Achou um bem melhor do que o que esta- va hospedado. O estabelecimento não aceitava pessoas desa- companhadas, apenas casais. Mas, quando ele se identificou, permitiram sua permanência. No entanto, a dona do motel foi até ele, para saber o que estava se passando. Quando bateu na porta, o coroa estava assistindo ao vídeo. Ele abriu a porta,
  • 26. MOTORISTA DE UBER26 de pistola escondida atrás das costas. Ela perguntou: - O que está havendo, senhor? Me disseram que está envolvido numa investigação... - Não é nada que afete o bom nome deste motel, senho- ra. Apenas, tinha urgência em encontrar um leitor de DVD. Sente-se, por favor. Assista comigo. A bela coroa fez o que Antônio pediu. Estava curiosa e achara o policial simpático, muito diferente dos que chega- vam lá agindo como se o pessoal do motel fosse uma quadri- lha de marginais perigosos. Ficou olhando as imagens, mas não estava entendendo nada. Perguntou: - O que eu tenho de ver? - Observe essa mulher que saiu do carro, após estacio- ná-lo nessa rua erma... - Eu a conheço. Ela tem um bar lá perto da casa da minha irmã. É uma catraia safada. Vive pegando maridos alheios. - Mesmo? – Antônio olhava espantado para ela. - Mesmo. Conheci o finado marido dela. Fazia do bar um ponto de venda de drogas. Acabou assassinado pelos pró- prios comparsas. - Como sabe de tudo isso? - Ele vivia trazendo putas para foder aqui. Tinha um amigo tão nojento quanto ele: um policial da Roubos e Fur- tos. Esse, se bem me lembro, tem um esquema de roubo de automóveis. Veja, é ele aí, saindo do carro estacionado. Antônio havia deixado de assistir às filmagens da câ- mera para prestar atenção a ela. Voltou-se, depressa. Real- mente, o policial de nariz quebrado, ex-marido de Lúcia, saía do carro e fazia uma ligação do celular. O cara sangrava mui- to, pelo nariz. Pouco antes, a garçonete Raiana havia tomado um táxi que parara do outro lado da rua. Minutos depois, um carro estacionou perto e dele desceram dois sujeitos. Antônio os reconheceu como os caras que lhe haviam parabenizado pela surra dada nos dois policiais. Um deles ajudou o sujeito
  • 27. EHROS TOMASINI 27 de nariz quebrado a entrar no carro. O outro voltou ao veícu- lo no qual tinha vindo, pegou algo no porta-luvas e voltou ao carro estacionado ali, por Raiana. Deu para ver ele enfiando uma agulha enorme na nuca do jovem policial, que ainda se mexeu, como num estertor. Depois, o cara entrou no carro que veio e seguiu em direção contrária ao que Raiana havia tomado de táxi. Antônio deu um tempinho para ver se havia algo mais gravado, mas terminou soltando uma imprecação: - Puta que pariu. Os dois sujeitos são cúmplices do ex- -marido de Lúcia. A coroa levantou-se. Disse: - Também conheço esses dois. Eram compinchas do cara que morreu assassinado, perto do bar. Antônio entendeu tudo. Acabara de ver uma operação de queima de arquivos. Foi até o aparelho de DVD e recupe- rou o disco. Guardou-o, dentro da embalagem em forma de saquinho plástico. A coroa perguntou: - Aonde vai? - Levar esse vídeo para o meu chefe. Ele precisa ver isso. - Volta aqui? - Não vejo a necessidade, senhora. - Pois eu vejo. Tenho muita informação que poderia te dar. Mas só se fizermos um trato. - Que seria? ... - Grana. A mola do mundo, não? Eu te dou as informa- ções e você me paga por elas. O movimento de motéis está cada vez mais fraco. Pretendo mudar de ramo. Vendo o esta- belecimento e procuro um novo negócio. - Infelizmente, as coisas não funcionam assim. Legal- mente, não posso comprar informações, senhora. Nem posso pagar por elas, pois a PF não iria querer ter gastos extras. - Podemos fazer outro trato, mas só eu e você. – Disse ela, misteriosa. - Desembuche. Se me interessar, veremos como nós
  • 28. MOTORISTA DE UBER28 dois poderemos ficar no lucro. - Está bem. Vou tentar ser breve: não vejo marca de alianças nas tuas mãos. Significa que está solteiro? - E se estiver? - Eu te dou uma nova informação por trepada que der comigo. Gosto de sexo, mas tenho tido cada vez menos. Nin- guém quer uma ex-prostituta, entende? - Entendo. Mas não é a minha praia. Também não gos- to de putas. Sinto muito. Ela pareceu triste. Depois, completou: - Se foder comigo, ganha bônus. Tenho uma filha belís- sima, que não é puta. Mas só se junta com quem não presta. Eu sou hipertensa e diabética. Não quero morrer e deixá-la solteira. - Qual a idade dela? - Trinta e dois aninhos. - Muito nova, senhora. Prefiro mais coroas. - Pois não sabe o que está perdendo. Ela é ótima de cama. Fode que é uma maravilha. - E a senhora me diz que ela não é puta? Difícil de acre- ditar – Disse ele, colocando o CD no bolso da camisa e se preparando para sair. A coroa pegou com firmeza no braço dele. Disse baixinho: - Não saia agora. Tenho um funcionário do motel que trabalha para uns policiais corruptos. Sei que ele está agora ouvindo atrás da... - Antônio abriu a porta do quarto de repente. Havia, mesmo, um cara com o ouvido colado à madeira. O boxea- dor o puxou para dentro do quarto e falou: - Não sabe que é feio escutar conversas dos outros? Vou ter que te dar um corretivo. - Por favor – espantou-se um rapaz de cerca de vinte anos. – Estava cumprindo ordens. - Ordens de quem? O jovem foi pego de surpresa, pela pergunta de repen-
  • 29. EHROS TOMASINI 29 te. Respirou fundo e disse: - Uns policiais estiveram aqui, quase ainda agora, te procurando. Fiquei de roubar o material que você estava as- sistindo e entregar para eles. - Eles, quem? – Perguntou o boxeador. O jovem olhava para a patroa, indeciso sobre o que di- zer. Esta lhe fez um sinal quase imperceptível. O cara se jo- gou contra o agente da Polícia Federal. Esbarrou em Antônio, antes que este sacasse a pistola. A coroa procurou ajudar o rapaz, tentando imobilizar o boxeador. Recebeu um direto no meio da testa que a jogou longe, quase desmaiada. O fede- lho aperreou-se. Soltou o punho, tentando atingir o policial. Recebeu o troco: um murro potente no peito, que o jogou contra a parede, fazendo-o perder o fôlego. O boxeador ainda tentava recuperar a respiração quando invadiram o quarto. O coroa reconheceu o policial que havia esmurrado na delega- cia. Este entrou acompanhado de mais dois, e todos tinham armas nas mãos. - Está preso, filho da puta – Vociferou Cosme. E Antônio levou um murro tão violento no rosto que o fez perder os sentidos. FIM DA TERCEIRA PARTE.
  • 30. MOTORISTA DE UBER30 MOTORISTA DE UBER – Parte 04 - Ei, acorda. Precisamos sair daqui. Antônio sentia o rosto doer. Um olho estava inchado. Percebeu estar na penumbra. Mesmo assim, voltou-se em di- reção àquela voz. Reconheceu a coroa, dona do motel. Ela estava totalmente nua e com os pés e as mãos amarradas para trás, deitada num chão imundo, cheio de óleo de carro. Ele, também estava deitado e sujo. O agente federal perguntou: - Onde estamos? - Numa das oficinas de desmonte da quadrilha. Essa, num lugar bem afastado, nalgum subúrbio. - Como viemos parar aqui? - Você foi nocauteado. Além disso, te aplicaram alguma coisa na veia. Já faz mais de um dia que está desacordado. - Caralho! Precisamos sair daqui. - Foi o que acabei de dizer. - Por que está amarrada?
  • 31. EHROS TOMASINI 31 - Queima de arquivo. Só não me mataram lá no motel para não chamar a atenção dos clientes. Infelizmente, assas- sinaram o pobre Jefferson aqui, por ele não ter conseguido o disco com imagens que estava contigo. Por isso, não te mata- ram ainda. Querem saber onde você enfiou o DVD. - Eu me lembro de tê-lo colocado no bolso da cami- sa. Recordo-me, também, de você ter me atacado. Então, por que te prenderam? - Acham que eu vi onde você escondeu o DVD. Que- rem que eu dê conta dele. - E você sabe onde ele está? Ela se aproximou do coroa, se arrastando pelo chão, e lhe confidenciou baixinho: - Sim, eu me atraquei contigo para poder pegá-lo, antes que o boiola ou os policiais o fizessem. Infelizmente, você não entendeu minha jogada e me deu uma porrada do caralho. - Onde está o disco? - Aqui, comigo – Ela disse no mesmo tom. - Temos que aproveitar que apenas um ficou de guarda e fugir daqui. Con- segue soltar minhas mãos? Depois de muito esforço mútuo, as cordas das mãos da coroa, finalmente, cederam. Depressa, ela tratou de soltar o agente federal também. Conseguiram isso sem fazer barulho. Ele pediu o DVD. Ela levantou um pedaço de tijolo que es- tava no chão e tirou o disco de baixo. Limpou-o e entregou ao coroa. Ele o reconheceu como o que Santo havia lhe dado. Perguntou à mulher: - Como conseguiu? - Estive com ele metido na calcinha. Antes que me des- pissem, consegui me desfazer dele, metendo-o debaixo do tijolo, sem que percebessem. - Muito esperta – Disse ele, beijando-a na testa. A coroa, no entanto, roubou-lhe um beijo na boca,
  • 32. MOTORISTA DE UBER32 pegando Antônio de surpresa. Ouviram um ruído, vindo de fora do cubículo escuro, e ele fez sinal para que ela não fizesse barulho. Procurou algo no chão e achou um velho cano de escape. Armou-se com ele. Escondeu-se atrás da porta e ficou preparado para enfrentar o vigia. Ela permaneceu de pé, nua, com as mãos para trás, como se ainda estivessem amarradas. O cara abriu a porta quase que totalmente, para entrar luz no recinto. Quando viu a dona do motel, reclamou: - O que está fazendo de pé, sua... O policial civil levou uma pancada violenta na cabeça. Caiu com todo o corpo no chão. O sangue escorreu do corte feito pelo cano de metal. Imediatamente, Antônio se apossou da arma que ele tinha na mão. Ela correu para pegar o pedaço de corda com o qual estava amarrada. Só depois de imobili- zar o cara, acenderam a luz. Antônio soltou uma imprecação: - Puta que pariu, era uma armadilha! - Como assim? - Assustou-se ela. - Veja ali. Colocaram uma câmera nos monitorando. Alguém está os vendo, agora. Deixaram o quarto no escuro para descobrir onde escondi o DVD. A câmera deve ter infra- vermelho. Precisamos sair rápidos, daqui. - Deixe-me pegar minhas roupas. - Pode não dar tempo. Fujamos assim mesmo. E os dois saíram nus do que parecia ser uma oficina de desmonte de carros no meio do nada. Não se via uma casa sequer nas redondezas. Nenhuma luz ao longe, só mato. A escuridão era apenas quebrada pelo firmamento cheio de es- trelas. Havia poucas árvores por perto. Além dos arbustos, não havia onde se esconder, se fossem caçados a céu aberto. Antônio perguntou: - Onde, porra, estamos? - E quem sabe? – Respondeu a coroa – Vim para cá com venda nos olhos. A viagem pareceu durar uma eternida- de. Mas, quando saímos do Recife, ainda era de tarde. Chega-
  • 33. EHROS TOMASINI 33 mos aqui já noite alta. Deve ser quase meia-noite. - Bom saber. Significa que devem estar por perto. Quem nos monitorava pode estar nas redondezas. Fique atenta a ba- rulho de motor de carro e a luzes à distância. E não adianta fugirmos. Estamos no meio do nada. Ninguém irá passar por aqui para nos socorrer. Melhor esperá-los e enfrentá-los. - Você acha? Essa arma está carregada? Era um revólver calibre 38 e Antônio lhe examinou o tambor. Para sua surpresa, a arma estava sem munição. - Fodeu. Como eu disse, tudo não passava de uma ar- madilha. Dê-me o disco. Vamos enterrá-lo naqueles arbus- tos. Ficará mais fácil de encontra-lo, depois que nos livrar- mos dos pulhas. Nisso, ouviram barulho de motor de carro, ao longe. - Atenção. Aí vêm eles. Separe-se de mim, para dificul- tar que eles nos peguem de uma vez. - Não. Deixe-me ficar com você. Estou apavorada. Antônio escondeu rapidamente o disco no invólucro plástico e pegou na mão dela. Correram agachados em di- reção a uns arbustos maiores. Já se via as luzes de um carro se aproximando, na escuridão da noite. Parecia um Jeep. O agente federal torcia para que fosse. Procurou no chão, por perto, e avistou várias pedras de tamanho médio. Serviriam para o que ele estava pensando. Disse para ela: - Cate pedras destes tamanhos e as mantenha com você. Tenho uma ideia. Ela foi rápida. Num instante, estava com cerca de dez pedras. Permaneceram agachados perto de uma grande moi- ta. O Jeep se aproximava. Antônio ouviu alguém dizer: - Lá. Eles estão lá, naquelas moitas. O boxeador apurou as vistas. Eram três caras num Jeep moderno, talvez um modelo de cinco anos atrás. Veículo sem
  • 34. MOTORISTA DE UBER34 capota. Reconheceu o policial Cosme. Ele vinha dirigindo. Sentado ao seu lado, vinha o ex-marido de Lúcia, com o na- riz quebrado. Os esparadrapos podiam ser vistos à luz das estrelas. Antônio pegou uma pedra com firmeza e se prepa- rou para o confronto. Deixou a arma descarregada por perto. Poderia precisar dela. O Jeep parou a uns quinze metros de distância de onde estavam escondidos. O ex-marido de Lúcia desceu do carro de arma na mão. Caminhou para mais perto deles. Gritou: - Sei que está desarmado, velho. Agora, temos certeza de que está com o disco. Vimos a catraia passá-lo para você, lá na oficina de desmonte. Entregue-o e deixamos vocês irem. Dou minha palavra. Claro que Antônio não acreditava na palavra do cara. Preparou-se. Quando o sujeito deu mais dois passos, levan- tou-se e correu em direção a ele. Pegou o cara de surpresa. Arremessou a pedra que tinha na mão com toda a força de seu braço de boxeador. Teve sorte. A rocha atingiu em cheio a testa do policial. Este caiu para trás, largando a arma que tinha na mão. Antônio correu até ela. Conseguiu pegá-la quando ouviu os primeiros disparos. Atirou de volta. Acer- tou o sujeito que vinha atrás, no carro. Cosme deu a volta no Jeep, ainda atirando. Afobado, errou feio o alvo. Antônio, então, levantou-se totalmente nu e fez pontaria com calma. Deu um único tiro. Acertou a cabeça do policial corrupto que dirigia. O veículo perdeu o rumo e capotou, depois que des- viou de um buraco no solo. O agente federal correu até o Jeep. Pegou dois revól- veres calibre 38, de uso da polícia, que estavam jogados no chão, depois do acidente. O policial a paisano que vinha atrás quebrou o pescoço na virada do carro. Cosme jazia morto, com um tiro na cabeça, preso por baixo do veículo que esta- va de rodas para cima. Antônio sentou-se de bunda nua no
  • 35. EHROS TOMASINI 35 chão, com três armas nas mãos. A coroa dona de motel cor- reu até ele. Abraçou-o e beijou-o nos lábios. Não satisfeita, abriu as pernas e acocorou-se sobre ele, que permanecia sen- tado ao solo. Encaixou a vulva no pau dele, que ainda estava mole. Continuou beijando-o até sentir o membro enrijecer e invadir a racha dela. O boxeador deitou-se de costas no solo. Ela ajeitou-se melhor sobre ele. Forçou a entrada da pica até que sentiu que esta estava toda dentro da vagina. Começou os movimentos de cópula. Urrava de tesão. Gozou várias ve- zes, bem antes do boxeador. FIM DA QUARTA PARTE.
  • 36. MOTORISTA DE UBER36 MOTORISTA DE UBER – Parte 05 Oex-marido de Lúcia se acordou amarrado ao cara que estivera vigiando o casal. Antônio e a dona do motel já haviam recuperado suas roupas e não estavam mais despi- dos. O agente federal perguntou, se referindo ao policial de nariz quebrado e cabeça apedrejada: - Como é teu nome, bocó? - Bai te vodê. - Prazer, Bai te vodê. Meu nome é Antônio, mas você já deve saber disso, não é? Pois bem: estamos aguardando meus companheiros da Polícia Federal, para levar vocês dois para interrogatório. A demora é eles localizarem os sinais de GPS que enviei através dos celulares confiscados de vocês. Teus dois companheiros estão mortos: um foi baleado na cabeça e o outro sofreu um acidente com o Jeep. Teve o corpo esma- gado pelo veículo. Nisso, ouviram nitidamente o barulho de um helicóp-
  • 37. EHROS TOMASINI 37 tero se aproximando. A dona do motel alertou o agente. Era umas oito da manhã e o dia estava claro. Avistaram um car- ro se aproximando por terra e a aeronave sobrevoando ele. Logo, os dois veículos estavam no local onde funcionava uma oficina de desmonte. O homenina havia descido da aeronave e vinha agachado, por conta do vento das hélices, em direção ao coroa. Depois de apertar a mão dele, perguntou: - E aí, o que temos? - Oi, Cassandra, bom dia. Temos dois cadáveres de po- liciais civis e uma oficina de desmonte de carros. - Três cadáveres – Interrompeu a conversa dos dois a dona do motel. – Lembre-se que meu funcionário foi morto por eles, depois de ser arrastado à força para cá. - Ih, já havia esquecido desse detalhe. Onde está o cor- po, Bai se vodê? O cara virou o rosto para o outro lado e não respondeu. Cassandra disse: - Deixe-o em paz. Logo estaremos fazendo ele se livrar desse peso na consciência. Está ferido? Trouxe duas paramé- dicas. - Não, não estou ferido. Nem ela. - Quem é ela? - Uma testemunha importante, Cassandra. Prometeu esclarecer vários pontos da operação na qual estamos meti- dos. - Meu nome é Alda, bonitão. Sou dona do motel onde teu agente precisou ver uns filmes interessantes. Mostro o DVD a ele, amor? – Perguntou a coroa a Antônio. - Mostre. Mas não tem como ver as imagens aqui. Não temos aparelhos adequados. - Você esquece que vim de helicóptero. Nele, podere- mos ver o que quer me mostrar. - Tem razão. Vamos? Pouco depois, vendo o filme interceptado pelo jovem
  • 38. MOTORISTA DE UBER38 Santo, no aparelho de DVD do helicóptero, Cassandra afir- mava: - Esses dois que aparecem socorrendo o calhorda aí e depois matando o policial com uma injeção na nuca, são policiais federais lotados em João Pessoa. Estão sendo inves- tigados por tráfico humano. Significa que essa oficina de des- monte é só mais um ramo de atividades deles. Interrogando esses cretinos, mais os que você capturou, desbaratamos a quadrilha. Está de parabéns, agente Antônio. Pode pegar uns dias de folga. - Obrigado, Cassandra. Vou voltar para o meu aparta- mento e tomar um belo banho. Vai precisar do testemunho de Alda? - Agora não, se ela tem endereço fixo. Mas, depois, vou querer sim, falar com ela. Acha que consegue dirigir até a cidade mais próxima? - Na verdade, nem sei onde estou. - Está nos arredores do município de Goiana, divisa com Pernambuco. - Porra, pensei que estivesse mais perto. Estou cansado. Gostaria que alguém me levasse para casa. - Eu também quero ir-me embora – afirmou a dona de motel. Pouco depois, um motorista que havia vindo no carro seguido pelo helicóptero levava o casal. Ambos estavam sen- tados no banco de trás e a coroa tinha a cabeça encostada no ombro de Antônio. Ela disse, de repente: - Essa história ainda está longe de terminar, amor. Como eu te disse: tenho informações escabrosas sobre as ati- vidades da quadrilha. Leve-me para a tua casa, tomamos um banho e eu te conto tudo. - Está bem, mas nada de sexo. Estou esgotado. Combi- nado? - Combinado.
  • 39. EHROS TOMASINI 39 Mas não conseguiram cumprir com a promessa feita um ao outro. Nem bem ficaram nus, dentro do banheiro am- plo e limpo do apê de Antônio, ela se insinuou para ele. Tinha um rabo muito empinado e o agente ainda estava carente de foder um cu. Esse pensamento fez com que ficasse excita- do, de pau duro. Ela não perdeu a oportunidade: ensaboou o cara com desleixo, tomou um banho lavando bem a regada da bunda e o puxou, ainda molhados, em direção ao quarto. Ela o jogou sobre a cama. Subiu em cima dele e apontou a glande para as próprias pregas. Com esforço, foi se enfiando na enorme pica dele. Gemia baixinho, e tinha o semblante sereno de quem estava gostando de tomar no cu. Quando conseguiu se adaptar à enorme jeba dele, ela começou a fazer os movimentos de cópula. Seu cu aperta- díssimo fazia uma pressão gostosa no pau do motorista bo- xeador. Mas, logo o túnel estreito dela ficou lubrificado. Ela se enfiava e depois retirava, quase que totalmente, o caralho dele do ânus. Antônio gemeu: - Vou gozar. Estou... quase... gozando... - Não se prenda, amor. Faça essa puta aposentada gozar também. Não menti... quando disse... que estava há tempos... sem sexooooooooooooooooo... Nem bem disse isso, ela empreendeu um ritmo alu- cinado. Cavalgava o enorme pau como se este não estivesse totalmente enterrado em seu cu. Inclinou-se sobre o agente, que apressou mais ainda as estocadas dadas no furinho dela. Quando ela sentiu a pica inchar, gemeu ansiosa: - Agora. Agora. Goza, amor. Goooza, paixão. Goooooooooozaaaaaaaaaaaaaaa!... Antônio ejaculou uma grande quantidade de porra dentro dela. Ela ficou mordendo a rola dele com as pregas, causando-lhe uma sensação muito gostosa. Quando achou que ela, que se tremia toda, fosse arriar sobre ele, eis que a
  • 40. MOTORISTA DE UBER40 coroa se retirou do caralho e o abocanhou com gula. Só pa- rou de chupar o agente quando não encontrou mais nenhum vestígio de esperma. Enquanto isso, Lúcia ligava para a amiga Raiana. Per- guntava se esta tinha visto Antônio. Reclamou que ele não dera mais notícias e ela não sabia se já podia sair do mo- tel onde estavam hospedados. Raiana afirmou não saber do cara, mas, assim que a outra desligou, teclou um número em seu celular. Uma voz feminina atendeu. Ela perguntou: - Tem visto Rogério, o ex-marido de Lúcia? - Soube que ele foi preso pela PF. Cosme está morto. Outro companheiro nosso foi alvejado por uma bala, na ca- beça. - Puta que pariu. Precisamos fechar as outras duas ofi- cinas de desmonte e esconder tudo. Suspenda os sequestros de Uber. A Polícia Federal está de olho. Localize nosso ho- mem infiltrado na PF e peça instruções a ele. Eu continuo abrindo o bar diariamente. Qualquer coisa, me procurem lá. Mas nunca em grupos, entendeu? Depois que desligou, Raiana demonstrou estar preocu- pada. Tinha sido uma tremenda sorte sua amiga motorista de Uber ter levado Antônio até ela. Se soubesse manipular bem o coroa, teria um aliado na Polícia que poderia lhe for- necer informações sobre as operações da Federal. Com cer- teza, o cúmplice infiltrado na PF iria ser descoberto. Cabia a ela suspender as operações de desmonte e vendas de carros, além de tráfico humano para o Exterior. Sim, ela assumiria o controle da organização, cargo antes ocupado pelo marido assassinado. Fazia tempos que ela queria ser a Manda-Chuva do grupo, mas o marido de Lúcia passou a fazer chantagem, depois de lhe matar o esposo a mando dela. Gostava do po- licial, achava-o um pegador, mas Antônio tinha conquistado seu coração. Pensava em arregimentá-lo para a organização.
  • 41. EHROS TOMASINI 41 Mas onde estava ele, naquele momento? Antônio escutava a coroa Alda com muita atenção. Ela dizia: - Fui sondada para fazer parte da organização. Na épo- ca, o marido de Raiana estava vivo e comandava as operações. - Que operações? – Quis saber o agente. - Eu devia drogar motoristas de Uber que trouxessem suas clientes para o meu motel. - Existe clientela feminina para isso? - Sim, bobão: prostitutas que não querem gastar para voltar para casa; Bêbadas que pegam o aplicativo na saída das baladas e muitas vezes não têm dinheiro para pagar a viagem. Homossexuais que fazem ponto nas ruas e deparam com mo- torista de Uber ávidos por uma chupada, etc. - Você chegou a trabalhar para a tal organização? - Sim. Mas quando começaram a desaparecer mulhe- res, pulei fora. Soube que estão aliciando putas, principal- mente as menores de idade, com promessa de grana fácil no exterior. Mas essas nunca voltam, entende? - Sim. A arapuca de sempre. Faz anos que trabalho com essa coisa de tráfico humano. - E tráfico de órgãos! Essas mulheres já vão como doa- doras de órgãos, sem o saber. – Afirmou a coroa Alda. - É verdade. Mas por que os motoristas de Uber são os alvos, e não os motoristas de táxi? - Por causa das associações de donos de frotas de táxis. Estão perdendo, cada vez mais, terreno para os que dirigem Uber. E estes estão cada vez mais afoitos. - Como assim? - Adulteram o aplicativo para aceitar corridas antes de outros, mesmo estando muito longe de quem chamou o transporte. O usuário paga a mais pelo longo percurso até o motorista chegar para apanhá-lo no local de espera, mesmo tendo muitos outros mais perto, o que tornaria a viagem mais
  • 42. MOTORISTA DE UBER42 barata. Também, nunca têm troco, se a corrida for tarde da noite ou de madrugada. Alegam não ter onde trocar o di- nheiro. Mentira. - Ouvi dizer que, quem paga com cartão, também se ferra pois, se a viagem for mais curta, a operadora do cartão nunca devolve a diferença a quem pediu a corrida. - Sim, e muitas vezes o motorista só recebe sua grana do cartão dois dias depois. Mas o pior é que os aplicativos es- tão combinados com a Uber e outras empresas iguais a alon- gar o percurso da corrida, alegando menor trânsito. Mentira. Há um acordo com o Governo Federal para esticar as distân- cias pois, com isso, terão que usar mais combustível. Como o governo quer vender a Petrobrás, como já vendeu a BR e o Pré-Sal, gastar mais combustível é menos visível do que au- mentar o preço deles, sacou? E como o usuário já paga quan- do pede, que se lasque o usuário e o profissional que precisa ter grana para abastecer seu carro, para fazer longas corridas. - Não sabia disso. Mas faz sentido. Que mais você sabe? - Por hoje, basta. Não precisa me pagar pelas informa- ções. Já demos a nossa trepada gostosa. - Desistiu de me apresentar tua filha bonita e gostosa? Ela esteve pensativa. Depois, disse: - Não vale a pena. Acho que ela não gostaria de você. Como te disse, anda metida com más companhias e não iria querer se engraçar por um tira. Você vai sair? - Sim, vou precisar. Estou no meio de uma missão tam- bém importante – disse ele, sem querer dar a entender à co- roa Alda que havia deixado a motorista de Uber hospedada e sozinha num motel. Antônio tomou um banho demorado e, depois, deixou a coroa em seu motel. Ficou de passar por lá mais tarde. De- pois, rumou para onde estava hospedada a profissional do volante Lúcia. Quando ela abriu a porta, atirou-se nos braços
  • 43. EHROS TOMASINI 43 dele e o beijou com sofreguidão. Só depois, falou: - Oh, amor. Pensei que havia me abandonado. Tive tan- to medo de ficar sozinha. Onde estava? - Realizando umas prisões. Você não precisa mais se esconder. Nem eu. Vou te levar em casa. FIM DA QUINTA PARTE.
  • 44. MOTORISTA DE UBER44 MOTORISTA DE UBER – Parte 06 Estiveram conversando na casa de Lúcia por um longo tempo. Ela perguntou ao agente: - Quer dizer que já posso voltar a dirigir meu Uber? - Sim, Lúcia. Teu ex-marido está preso e dificilmente vai ser solto tão cedo. Volte a trabalhar. Eu vou ver se consigo uma grana da PF para te compensar desses dias parados. Ela o beijou nos lábios, agradecida, mas Antônio não se animou. Ainda estava chateado pela foda insossa dada com ela. Na verdade, desistira de fodê-la outras vezes. Preferia a dona do bar, Raiana, ou a dona do motel. Mas não falou nada para a motorista de Uber. Ela, no entanto, percebeu. Baixou a cabeça, envergonhada. Ele resolveu ir-se embora. Despe- diu-se dela e saiu. Olhou para o relógio: ia dar sete da noite. Resolveu dar uma passada no bar de Raiana. Encontrou-a toda sorridente, brincando com os clien-
  • 45. EHROS TOMASINI 45 tes. Quando o viu, veio abraça-lo. - Oi, querido. Onde esteve? Senti sua falta. Conte as novidades. - Isso é conversa demorada. Podemos falar disso à von- tade, quando você largar, pode ser? - Claro. Hoje pretendo largar mais cedo. Ontem, saí quase de manhã, daqui. Deu muita gente, não sei por quê. Antônio olhou em volta. O bar àquela hora tinha mais clientes masculinos que femininos. Observou melhor os fre- gueses: a maioria olhava para ele de forma dissimulada. Era fácil para ele identificar aquele olhar: todos aqueles clientes eram policiais. O que estaria acontecendo? Pediu uma cerveja gelada. Raiana trouxe uma que até fumeava, com uma capa de gelo atraente. Ela disse que pre- cisava atender os clientes e foi até uma das mesas ocupadas. Antônio percebeu que ela conversava algo com o cliente. O agente desviou o olhar. Começou a cismar que ali era um ponto de encontro de policiais envolvidos com roubo de Uber e tráfico humano. E não achava possível que a amiga de Lúcia fosse tão inocente ao ponto de não perceber. Portanto, ela fazia parte do esquema. Ele tinha que estar atento. Res- sentia-se de não ter pego um celular, pois tinham ficado com o seu quando o levaram para o ponto de desmonte. Solicitara um novo a Cassandra, mas não tivera tempo ainda de passar pela sede da Polícia Federal. Uma jovem muito bonita, que não devia ter mais de trinta anos de idade, aproximou-se do bar, falando ao celular. Cumprimentou alguns dos clientes e entrou no bar, indo em direção à toalete. Antônio se levantou da mesa e foi atrás dela. A jovem percebeu. Olhou para trás e deu-lhe um sorriso encantador. Ele pediu que ela o esperasse. Quando se aproximou, ele disse: - Senhorita, eu preciso do teu celular com urgência, pode ser? - Para que precisa dele? Estou numa ligação importan-
  • 46. MOTORISTA DE UBER46 te. - Pois termine-a. Estou lá fora, tomando umas cervejas. Se quiser, pode se sentar comigo enquanto ligo para alguém. - Alguma namorada? – Perguntou ela, interrompendo a ligação. - Oh, não. Quero ligar para meu filho. Mas esqueci o celular em casa – mentiu ele. A jovem entregou-lhe o aparelho e entrou na toalete. Antônio discou um número e não demoraram muito a aten- der. Ele apenas disse: - Estou em perigo. Cerca de oito caras. Este celular não é meu. Traga reforços e um aparelho para mim. Desligo. A jovem tornou a abrir a porta da toalete. Perguntou: - Pronto? Já posso usar? - Sim, senhorita. Obrigado. - A cerveja ainda está de pé? - Oh, claro. Estarei te aguardando lá fora. A moça entrou de novo no banheiro e Antônio foi ao sanitário masculino. Deu uma mijada demorada e voltou à mesa onde estava sentado. Estranhou encontrar o bar vazio, de repente. Só havia um único cliente sentado a uma das me- sas. Não viu Raiana, a garçonete. Gelou. Lembrou-se que o bar tinha uma porta que dava para os fundos. Correu para lá, esperando encontrar a dona do bar e garçonete. Nada. Não havia ninguém, lá. Afobou-se. Correu para a saída dos fun- dos, que dava numa rua deserta. Enveredou por ela até sair numa avenida mais movimentada. Um rapaz andava na rua, falando ao telefone. Antônio deu um bote e tirou o celular das mãos deles. Continuou correndo. Ligou um número e nem esperou que atendessem. Disse: - Aborte a missão. Era uma armadilha. Raptaram a dona do bar. Estou indo atrás dela. Antônio parou de correr e olhou para trás. O rapaz de
  • 47. EHROS TOMASINI 47 quem havia tomado o aparelho estava parado, de boca aberta, sem acreditar que um coroa em desabalada carreira lhe havia roubado o celular. Mesmo estando longe, o agente jogou o aparelho de volta com incrível precisão. O rapaz apanhou o telefone no ar. Antônio agradeceu com um gesto e continuou correndo. Deu uma volta no quarteirão e não encontrou Raiana, nem os outros policiais civis que bebiam no bar. Vol- tou para lá. O único cara que permanecia bebendo não lhe deu atenção. Este não tinha pinta de tira. O agente continuou bebendo sua cerveja, mas de olho na rua. Aí, a jovem saiu da toalete e veio diretamente para a mesa dele. - Demorei? - Um pouco. Mas veio linda, portanto está perdoada. - Cadê teu filho? - Disse que tinha um compromisso. Não vai poder vir. - Que pena. Se for bonito como o pai, gostaria muito de conhecê-lo. Antônio olhou bem para ela. Era uma morena bonita, se bem que não tinha corpo volumoso. Mas era esbelta e ti- nha os seios lindos. Os longos cabelos lisos brilhavam à luz noturna. Ela interrompeu a sua avaliação: - Eu te interesso? - Mmmmmmmmmm, confesso que te acho muito no- vinha. Mas é linda. - Gosta de mulheres mais velhas? Por quê? - Normalmente, são independentes. As mais novas ten- dem a ser interesseiras, fodem com quem der mais. E, muitas vezes, têm filhos para criar. Não tenho nenhuma tara de estar dando latinhas de leite para ninguém. Ela deu uma sonora gargalhada. Olhou em volta. Per- guntou: - Cadê a garçonete? - Não sei. Deve estar lá por dentro. Quer que eu a cha- me? - Não. Se não se importa, gostaria de beber em outro
  • 48. MOTORISTA DE UBER48 lugar. – Disse a morena. Nisso, o celular dela toca. Antes de atender, ela olha de quem é a chamada. Diz: - Número desconhecido. Eu não atendo. O coroa quase tomou o celular das mãos dela. Atendeu: - Pode falar. Esteve escutando, depois disse: - Não consegui encontrá-la. Não tem mais perigo aqui. Podem vir. Pouco depois, Santo aparecia acompanhado da irmã de Cassandra. Ela sentou-se noutra mesa, enquanto Santo se aproximou do pai. Este apresentou: - Esta é uma amiga que conheci hoje, e que lhe usei o telefone para te contatar. - Alma. Prazer. – Disse ela, olhando embevecida para Santo. Por que não traz tua namorada aqui para a mesa? - Ela não é minha namorada. Está aborrecida com meu pai. Acho melhor ele ir lá, falar com ela – E piscou um olho para Antônio. O agente pediu licença e sentou-se na mesa onde a irmã de Cassandra, cópia perfeita do homenina, estava. Ela deu-lhe um aparelho celular ainda na caixa. Ele manuseou o objeto e logo o botou para funcionar. Depois, estiveram con- versando, mas a jovem de cabelos brilhantes, na outra mesa, estava mais interessada no belo rapaz. Dizia para este: - Eu tinha acabado de chamar o coroa para irmos a al- gum outro bar. Não gosto daqui. - Não gosta, por quê? ´Perguntou Santo. - Houve um tiroteio aqui, dia desses. Acho que mata- ram o dono deste bar. Hoje, vi a mulher que serve como gar- çonete, aqui, ser arrastada por três caras. Escondi-me na toa- lete e não me viram. Mas acho que a sequestraram. Entraram num carro cinza. Deixaram o bar abandonado. Pode ver que não tem ninguém atendendo. Santo sacou seu celular do bolso e discou um número.
  • 49. EHROS TOMASINI 49 Disse: - Código 128. Três num carro cinza sequestraram a dona do bar. Também estou na perseguição. Santo voltou-se para a jovem e disse: - Obrigado, senhorita. Preciso ir. Tomaremos a cerveja outro dia. - Deixa eu ir com você? Posso identificar os caras que levaram a garçonete. Santo esteve indeciso, depois, disse: - Está bem. Mas se houver tiroteio, deite-se no piso do carro. O casal correu para o veículo no qual Santo e a bela morena vieram. Antônio e a irmã de Cassandra ficaram sem saber o que estava acontecendo. Só entenderam quando San- to gritou, entrando no carro: - Código 128. Fiquem aqui e me esperem. Acionei um grupo que já deve estar em perseguição. O casal de agentes federais relaxou. Antônio levantou- -se e perguntou se o único cliente do bar queria uma bebida. Ele olhou em volta, procurando a garçonete. O coroa falou: - Ela vai demorar. Me deixou tomando conta do bar – Mentiu. O cara aceitou uma cerveja. Pegou-a das mãos de An- tônio e perguntou se podia ir para a mesa do casal. Antônio não fez questão. Apresentou-o à irmã de Cassandra, que fi- cou interessada nele. O cara era um mulato alto e bonitão, de mãos enormes. A agente perguntou: - Que faz sozinho neste bar, cavalheiro? - Trabalho aqui perto. Estou vivendo o meu primeiro dia de solteiro, depois de mais de dez anos. Eu me separei da minha esposa ontem. A morena deu um sorriso encantador. Pegou na mão
  • 50. MOTORISTA DE UBER50 do cara e disse: - Se depender de mim, hoje é seu dia de sorte. Podemos comemorar a data em algum lugar mais reservado. Que tal? O cara olhou para ela e depois para Antônio, meio cis- mado. Perguntou: - E ele? - Ele pode vir conosco, se quiser. Dou conta dos dois. Naquele momento, o celular que Antônio acabara de ganhar, tocou. Ele reconheceu o número e atendeu imediata- mente. Ouviu uma voz conhecida dizer: - Estou com teu filho prisioneiro, e a garçonete do bar onde estão agora bebendo. Troco-os por dois policiais presos hoje, numa operação de vocês. - Quem está falando? - Não importa. É pegar ou largar. Senão, mandarei ma- tar o casal. - Ok, quero provas de que os dois estão bem. Passe o telefone para ele. Antônio ouviu: - Caí numa armadilha, pai. Mas não ceda a esses mer- das. São uns amadores. Antônio ouviu um barulho, como se o filho tivesse sido nocauteado. Em seguida, cortaram a comunicação. O coroa voltou-se para a bela jovem. Perguntou: - Vai comigo? - Não. Vou com o bonitão aí, dar uma bela foda. Mas, se eu fosse você, não estaria preocupado. Santo acionou toda uma equipe da Polícia Federal para pegar esses caras, antes de chegarmos aqui. Duvida da eficiência do teu filho? - Não. Mas me preocupo por ele. O mulato não estava entendendo nada daquilo, mas aceitou a morena pegar em sua mão e leva-lo até o estaciona- mento do bar. Ela pediu um Uber, que logo chegou. Antônio
  • 51. EHROS TOMASINI 51 permaneceu lá no bar, bebendo. Pouco depois, um carro pa- rou perto. Dele, desceu a motorista de Uber. Lúcia disse: - Eu sabia que iria encontra-lo aqui. Cadê Raiana? Ele explicou o que estava se passando. Ela ficou aperre- ada. Quis levá-lo de carro para casa. Ele disse querer esperar o fim de tudo aquilo. Por outro lado, não iriam poder fechar o bar. Não tinha a chave. Lúcia, no entanto, disse: - Eu tenho a cópia. Raiana me deu uma, para emergên- cia. Ele a beijou com carinho, depois fecharam o bar, pois não tinha vivalma por perto. Foram para a casa da dona. An- tônio estava caladão. Ela não quis quebrar o seu silêncio. O celular novo do cara tocou. Ele atendeu rápido. A mesma voz conhecida de antes falou: - E então, pensou na minha proposta? A vida do teu filho e da dona do bar pela liberdade dos dois policiais. - Não estou interessado – disse o coroa. Lúcia espan- tou-se com a sua resposta. Mas Antônio desligou totalmente o celular. Ela perguntou: - Não está interessado? Foi isso que ouvi? - Sim. Claro que estou preocupado, mas confio no meu filho. Ele só vai precisar de uma ajuda. Mas eu ainda não te- nho certeza de quem é a voz que está me ligando. Preciso visitar uma pessoa. - Posso ir com você? - Melhor, não. Fique aqui, para o caso de Raiana apa- recer. Volto já. FIM DA SEXTA PARTE.
  • 52. MOTORISTA DE UBER52 MOTORISTA DE UBER – Parte 07 Pouco depois, o coroa se encontrava com Alda, a dona do motel. Ela ficou contente, ao vê-lo. Veio beijá-lo. No en- tanto, percebeu que ele estava preocupado. Perguntou: - O que está acontecendo, amor? - Coisa séria. Promete responder minhas perguntas sem mentir? - Claro, paixão. Não tenho nada a esconder de ti. Diga lá... - Como é o nome da tua filha, que você disse que queria me apresentar? - Ai, que susto. É isso? Ela se chama Alma, nome pare- cido com o meu. Por quê? - Ela vive metida em encrencas? Anda em más compa- nhias, Alda? - Creio que sim. De vez em quando faz trabalhos para a corja de maus policiais ligados àquela catraia, dona do bar.
  • 53. EHROS TOMASINI 53 Antônio sacou seu celular e procurou a última ligação recebida. Havia gravado a voz de quem lhe ligou querendo negociar a vida do seu filho. Pediu para a dona do motel es- cutar. Ela disse logo: - Ôxe, essa é a voz de Alminha. Em que ela está metida agora, meu Deus? Em poucas palavras, o agente contou o que estava acontecendo. A mulher ouviu tudo com tristeza. Disse para o coroa: - Eu acho que sei para onde ela está levando teu filho. Mas você vai me prometer que ela não será morta pelos teus companheiros da Polícia Federal. - Tem a minha palavra, Alda. Farei de tudo para dei- xa-la em liberdade. Mas ela terá que responder um inquérito policial. Precisamos desbaratar essa quadrilha. - Está bem. Mas quero outra coisa, também. - O que é? - Você não vai me deixar na mão. Quero uma foda. Es- tou, de novo, excitada. - Assim que terminar tudo isso, teremos todo o tempo do mundo. - Não. Quero agora. Senão, não digo onde minha filha pode estar escondida. - Isso é chantagem. - Que seja. Mas você não sai daqui sem dar uma co- migo. Pouco depois, ambos estavam trancados num dos quartos do motel. Quando a coroa tirou a roupa, Antônio pode ver melhor o quanto ela era boazuda. Ele ficou logo de pau duríssimo. Ela o deixou parado de pé, diante dela, e ti- rou toda a sua roupa, também. Depois, deu-lhe um banho de língua como havia muito ele não tomava. Em seguida, ela concentrou-se na pica dele. Deu-lhe uma chupada demorada
  • 54. MOTORISTA DE UBER54 e maravilhosa. O agente teve que se prender várias vezes para não gozar. Finalmente, ela disse: - Agora é a sua vez. Ele a deitou na cama. Passeou a boca por todo o corpo dela, até chegar à vulva. Esta estava encharcada, escorrendo um líquido visguento. Ele molhou o dedo na racha e depois introduziu-o no ânus dela. Ela quase berrou de prazer. Ele tentou lhe tapar a boca, para não incomodar os clientes. Ela falou: - Não se preocupe. Não há ninguém além de nós e uma faxineira, que contratei para ficar no lugar do franguinho que mataram. - Já encontraram o corpo dele? - Não. Mas isso não importa agora. Mete no meu cuzi- nho, mete. - Agora, não. Quero foder tua xoxota antes. - Aiiiiiii, que tesão. Dê de comer a ela, dê. Bote esse pauzão na boquinha dela, bota. Vaiiiiiiiiiii... Ele deu uma lambida demorada no grelo. Ela foi à lou- cura. Quando o coroa voltou a beijar-lhe o grelo, ela o sufo- cou, lançando um jato esbranquiçado em seu rosto. Mas não conseguiu mais se conter. Ficou se tremendo, dizendo pala- vras desconexas. Antônio só conseguiu entender uma única frase, repetida várias vezes pela coroa alucinada: - Mete logo no meu cuzinho, amor. Não me faz ficar mais doidona... Ele fez o que ela estava pedindo. ****************** Alma chegou, finalmente, numa casa de praia perten- cente à sua mãe, dona do motel. Tinha a cópia das chaves e foi fácil abrir a posta. Raiana a ajudou a colocar o jovem desacor- dado para dentro do chalé de praia. A cabeça dele sangrava, depois que lhe deram uma pancada com a coronha da arma. Encontraram chaves e uma pequena ampola contendo um
  • 55. EHROS TOMASINI 55 líquido esverdeado, nos seus bolsos. As duas se perguntaram o que era aquilo, mas não deram muita atenção ao achado. Só quando encontraram uma seringa em outro bolso é que se tocaram que podia ser algum remédio que o jovem tomava. Alma perguntou para Raiana: - Acha que devemos aplicar nele? Se ele tiver um treco, não vamos poder trocá-lo por teu amante. - Você deve estar se referindo ao ex-marido de Lúcia, não? - Ora, amiga, todos sabem que ele agora é teu amante. Vocês fingem se detestar, mas só na presença do pessoal que faz parte do grupo de vocês, não é? Dizem que você também come o delegado da Polícia Civil. - Quem te falou isso tudo? - Minha mãe. Está esquecendo que aquela puta sabe muito de vocês. Já participou da organização, lembra? - Você não gosta dela, Alma? - Odeio. Ela vive arranjando macho para mim, usando a desculpa de que me quer fora da organização. Ainda bem que ouvi, de dentro do banheiro, o coroa pedindo reforços pra te prender. Pude te ajudar a fugir, não foi? - E o que você espera da organização, Alma? – Raiana olhava para ela, cismada. - Quero ter uma participação maior. Quero ficar rica, desmontando carros e vendendo as peças. Ou quero fazer parte do grupo que lida com o tráfico de mulheres e venda de órgãos. Vê? Estou por dentro de todos os ramos de atuação de vocês. Inesperadamente, Raiana pegou a arma usada para gol- pear Santo na testa e apontou para a filha da dona do motel. Atirou, antes que a outra entendesse essa reação dela. Quase a morrer com um tiro no peito, a jovem bonitona ouviu: - Acha que vou criar cobra para me morder depois, catraia? Morra. Você já serviu aos meus propósitos. Se eu conseguir trocar o agente bonitão por meus dois ajudantes
  • 56. MOTORISTA DE UBER56 policiais, ganharei o respeito de todos. Deixo de ser apenas a putinha do chefe. Em seguida, a morena deu uma olhada fora da casa de praia. Não havia vivalma por perto. Todos os chalés deviam estar desocupados, naquela terça feira. Já ia entrar, quando ouviu sirenas da Polícia ao longe. Aperreou-se. Pressentiu que havia sido descoberto o seu esconderijo. Não devia ter caído na lábia da putinha, que a convenceu a esconder o agente federal naquele chalé. Ligou apressada para o chefe e amante, o delegado de polícia que havia tentado prender Antônio. Este atendeu e disse: - Saia já daí. A Polícia já sabe onde é teu esconderijo. Pelo que soube, a mãe de Alma deve ter alcaguetado o chalé à Federal, em troca da liberdade da filha. - Ih, fodeu. Acabo de matá-la. Ela demonstrou saber muito sobre a organização. Fiz mal? - Não. Uma testemunha a menos. Saia daí, e rápido. - Já estou ouvindo as sirenas da Polícia. O que faço? Mato o agente? - Não. Não. Matar um agente federal fará toda a PF te perseguir. Deixe-o aí. Fuja pelo mar. - Mas... não tem nenhum barco por perto. - Nade ao longo da praia. Soube que você já foi uma atleta de natação. - É verdade. Já nem me lembrava disso. Vou sair agora mesmo. Júlia esperava por Antônio, no apartamento de Raiana, quando esta apareceu molhada e fedendo a sal. Tinha uma arma na mão. Quando a motorista de Uber viu a amiga, quis abraçar-se com ela: - Meu Deus, onde você estava, amiga? Disseram-me que havia sido sequestrada... - Cadê teu carro? – Disse a assassina, sem dar atenção
  • 57. EHROS TOMASINI 57 ao que Lúcia dizia. - Está perto daqui. Quer que eu vá busca-lo? Vai pre- cisar dele? - Deixe de ser fingida. Eu sei que você sabe que vivo comendo teu ex-marido. Preciso da tua ajuda para fugir. Vou te fazer de refém. Vamos para João Pessoa. Vou me esconder na casa do chefão da organização e você vai comigo. - O chefão não é o delegado, amigo de meu ex-marido? - Não. Aquele é um idiota. Pau mandado. O chefe da gangue trabalha na Polícia Federal. Por isso, temos tanta in- formação em primeira mão. - Eu não vou com você. Você é uma bandida. E eu, que pensava que era minha amiga. Pode fazer o que quiser de mim. Eu sei que meu amigo Antônio me vingará. Raiana olhou para a ex-amiga com ódio. Não esperava aquele arroubo de coragem dela. Atirou contra o seu peito. Achou melhor assim. Tinha feito a merda de contar mais do que o devido a Lúcia, havia poucos minutos, talvez esperan- do convencê-la a participar, também, da organização. Res- tava-lhe fugir para a casa do chefão. Não o conhecia bem, apenas sabia que ele era careca e barbudo. Já tinha ido uma única vez visitar o cara, quando seu marido ainda era vivo. Naquela época, pediu ajuda ao careca para matá-lo, mas ele se negou. Ela mesma teve que procurar alguém para fazer isso. Errou, quando contratou o ex-marido de Lúcia. O cara passou a chantageá-la. Não tinha o telefone do chefão, mas sabia onde ele mo- rava. Para ela, era o bastante. Pegou as chaves do Uber da amiga que agonizava na sala e correu para o banheiro. Queria tirar o sal do corpo, pois nadara um tempão até não mais avistar o chalé e os carros de polícia estacionados na frente. Pouco depois de pegar algumas roupas, colocou tudo numa mala e deixou de fora as chaves do carro de Lúcia. Ela
  • 58. MOTORISTA DE UBER58 ainda agonizava com o tiro peito. Raiana percebeu que não fora um disparo fatal. Apontou novamente a arma e atirou mais uma vez. Lúcia estrebuchou e depois ficou imóvel. Raia- na fez o sinal da cruz e saiu, carregando a mala. Colocou-a no carro estacionado perto, sob olhares curiosos de vizinhas. Haviam ouvido os tiros e pensaram que algo tinha aconte- cido à dona do bar. Ela não lhes deu atenção. Fez a volta no Uber e foi-se embora. Uma vizinha correu para a casa dela, pois tinha notado a porta entreaberta. Foi a sorte de Lúcia. Ela tinha desmaiado, mas ainda estava viva. Socorreram-na para um hospital. Em menos de meia hora, Antônio estava sabendo do ocorrido. A notícia lhe chegou junto com a da libertação de seu filho. O boxeador não perdeu tempo. Ligou para a Uber. Informaram-lhe que o carro de Lúcia estava em movimento. O agente identificou-se. Mandaram o itinerário indicado no aplicativo para o celular dele. Com certeza, Raia- na tinha feito a besteira de ligar o aplicativo, como se tivesse pego uma corrida para João Pessoa. A empresa de transporte clonou a página da motoris- ta. Antônio podia ver o itinerário percorrido pelo veículo, enquanto ele se dirigia para João Pessoa. O boxeador estava junto com o filho Santo. Este fez questão de caçar a dona do bar, mesmo estando com a cabeça enfaixada. Corriam em alta velocidade, para encurtar o tempo da caçada. Ambos iam concentrados na estrada, para não se envolverem em al- gum acidente. Estavam calados. O jovem quebrou o silêncio: - Acha que ela é a chefe da organização, papai? - Não. Não. Ela está indo ao encontro dele, neste mo- mento. Vai pedir-lhe ajuda. - Acha que ele pode matá-la, como queima de arquivo? - Estive pensando nisso o tempo todo, filho. Tem algo errado. Cassandra não retorna minhas ligações. - Cassandra morena ou o homenina? - O homenina. Disse que eu o mantivesse informado, mas sumiu. Estou achando estranho esse sumiço dele.
  • 59. EHROS TOMASINI 59 - Não está pensando que... – Santo não terminou a fra- se. - Não, meu filho. Cassandra não é o chefão misterioso da organização. Mas acho que ele sabe quem é. Cada vez mais estou crente de que ele está me testando. Mas vamos ver onde tudo isso vai dar. Acelere mais. Quero pegar essa catraia antes que escureça. FIM DA SÉTIMA PARTE
  • 60. MOTORISTA DE UBER60 MOTORISTA DE UBER – Parte final Raiana parou o carro confiscado de sua amiga Lúcia na frente de uma casa de aspecto grã-fino de João Pessoa. Estranhou não ver nenhum policial à paisana guardando a residência, como da outra vez que esteve lá. Nem um enorme cachorro, que sabia que o poderoso chefão tinha, não veio la- tir no portão. Sacou a arma do porta-luvas e entrou cismada no luxuoso imóvel. Olhou para todos os lados. A casa parecia mesmo deserta. Havia deixado o carro ligado, do lado de fora, para o caso de ter que fugir dali às pressas. Aproximou-se pé ante pé da porta de entrada. Estava apenas encostada. Quase que ela sai correndo dali, cismada de que estava se metendo em uma armadilha. Mas aí, ouviu uma voz rouca e de timbre alto dizer de dentro da sala: - Entre. Estávamos te esperando. Ela entrou de arma em punho, desconfiada. Havia um careca forte e barbudo, sentado num enorme sofá. Tinha um
  • 61. EHROS TOMASINI 61 cara belíssimo sentado ao lado dele. Raiana também achou o careca um tanto diferente da última vez que o tinha visto. Mas já fazia tempo, o cara poderia ter mudado. Ela pergun- tou: - Sabe quem eu sou? - Claro. Você é Raiana. Estávamos esperando que apa- recesse. Aqui é o único lugar que tem para se esconder, de- pois das merdas que andou fazendo, não é? - Como sabe o que andei fazendo? Dessa vez, foi o bonitão quem falou: - Você sequestrou um agente federal, matou uma jo- vem que te ajudou com o sequestro, atirou contra uma amiga tua e por pouco não a mata... - Eu a matei, porra. Atirei duas vezes contra o peito dela. - Por que fez isso? – Perguntou o bonitão, vestido de paletó com corte impecável. O careca barbudo estava meti- do em roupas simples. O bonitão parecia ter mais autoridade que ele. Seria o verdadeiro chefe da organização? Antes que a dona do bar respondesse, ouviu um carro frear às pressas diante da enorme casa. Então, a ficha caiu para ela. Apontou a arma para o belo espécime masculino e para o careca barbudo, que acreditava ser o chefão da organi- zação. Nenhum dos dois se exaltou. O bonitão disse: - Melhor largar essa arma. Você chegou ao fim da linha. - Quem são vocês? Cadê o dono da casa? – Raiana não sabia se apontava a arma para os dois ou se fugia dali, pois ouvia passos apressados vindo de fora. Com certeza, a polícia chegara para prendê-la. Voltou-se a tempo de ver Antônio entrar afobado na casa, junto com um jovem de cabeça enfai- xada. Reconheceu Santo. Este, assim como Antônio, estavam de armas em punho. O rapaz disse para ela: - Melhor largar essa arma, Raiana. O jogo acabou. Você está presa. Ela voltou-se para os homens que estavam sentados no
  • 62. MOTORISTA DE UBER62 enorme sofá. Agora, ambos tinham armas de fogo apontadas para ela. A dona do bar resignou-se a soltar a sua no chão. Antônio a chutou para longe. O bonitão apanhou-a do chão. Disse para os recém-chegados: - Vocês chegaram bem na hora. Estão de parabéns. - Quer nos explicar o que está acontecendo, Cassandra? O homenina levantou-se e guardou sua arma nas cos- tas. Entregou o revólver de raiana ao careca. Só depois, res- pondeu: - Essa operação já estava em andamento. Havíamos identificado o chefão da organização. Ele resistiu à prisão e foi morto por agentes da Polícia Federal. Percebemos que o “Açougueiro” era muito parecido com ele e o deixamos no lugar do cara, caso alguém do bando viesse pedir ajuda. Não demorou muito a essa catraia aparecer. - O cara que vocês mataram era da PF? - Sim –, respondeu Cassandra – mas era lotado na agência daqui, de João Pessoa. O “Açougueiro” ficou de in- vestiga-lo aqui. Foi quando percebeu que era muito parecido com o cara. O delegado que queria te prender, lá no Recife, esteve aqui para fazer um relatório para o chefe e não perce- beu a diferença deste para o nosso amigo careca. Deu a ele todos os detalhes da organização em Pernambuco, menos o esquema de roubo de veículos de motoristas que trabalha- vam para a Uber. Pelo simples fato de que o chefão daqui, o sósia do nosso Açougueiro, é quem cuidava dos desmontes. O delegado, que já está preso, era responsável pelo tráfico hu- mano e por fazer as peças chegarem até aqui. Antônio sentou-se também no sofá, enquanto seu filho Santo levava a mulher algemada. Respirou fundo, antes de perguntar: - Minha missão acabou? - Não, não. Falta localizar as mulheres que foram ven- didas para o tráfico e os motoristas que tiveram seus carros
  • 63. EHROS TOMASINI 63 roubados. Achamos que estes estão mortos. Tiveram seus órgãos vendidos para organizações internacionais que com- pram órgãos humanos. Você e Santo ficarão responsáveis por esta investigação. Algo a dizer? - Sim. Vou precisar de alguns agentes para darmos uma batida em todos os endereços sabidos de desmontes. - Qual o porquê disso? - Mataram um funcionário do motel onde estive hos- pedado. O corpo não apareceu. Deve haver um cemitério de vítimas da organização. - Muito bem. Pode pegar quantos agentes quiser. - Também preciso de alguns dias de folga, Cassandra. Haverá o enterro da filha de minha informante e a motorista de Uber está hospitalizada, como deve saber. Quero cuidar dela, pois ela cuidou de mim quando eu estava sendo procu- rado. - É justo. Tem uma semana de folga. Nada mais que isso. - É o suficiente, obrigado. Posso ir-me? E P Í L O G O A bela e fogosa coroa Alda já estava sabendo da mor- te da filha. Lamentou o ocorrido, mas disse que já esperava algo do tipo. No entanto, prometeu se vingar da assassina da jovem. Antônio não deu muita importância à sua bravata. Achou que ela estava externando a raiva contra a dona do bar. O enterro de Alba foi no dia seguinte, e Antônio esteve junto da dona do motel, dando seu apoio. A coroa não quis saber de foder com ele por dias seguidos. Chorava o tempo todo. Antônio, então, passou a dar maior atenção à Lúcia. Ela passaria uns tempos internada, para tratar dos dois balaços recebidos. Esteve conversando com o agente federal. Disse que, apesar de ter gostado muito dele, não queria continuar
  • 64. MOTORISTA DE UBER64 o relacionamento. Gostava mesmo de apanhar, antes do sexo, e o boxeador não estava disposto a isso. Mas Antônio lem- brou-se de que o Açougueiro era chegado a umas taras estra- nhas. Ficou de conversar com ele. Mostrou uma foto do cara a Lúcia e ela simpatizou com o agente careca. Dias depois, o boxeador soube que os dois estavam namorando. Santo teve dificuldades em achar os pontos de des- montes de automóveis da organização. Tiveram que fazer um acordo com o ex-marido de Lúcia. Em troca de liberdade, ele entregou todo o esquema. Mostrou também onde escon- diam os corpos dos motoristas assassinados. Só na oficina onde Antônio esteve preso, além do cadáver do jovem que trabalhava no motel de Alda, encontraram mais cinco corpos enterrados. Não encontraram nada nas outras oficinas. Só naquela, que ficava mais afastada do centro de Goiana. A coroa vendeu o motel, já que não ia mais poder dei- xa-lo para a filha, e viajou. Estava chateada com Antônio, que havia prometido proteger sua menina, apesar de saber que ele não tinha culpa. O boxeador não poderia prever que Alma fosse assassinada pela própria cúmplice. Mas havia tempos que Alda queria fazer uma viagem daquelas. Quem sabe, de- pois, voltasse para o agente federal? Naquela noite, Antônio estava afim de beber. O bar de Raiana havia sido fechado. Ele procurou outro estabeleci- mento, no centro do Recife. Estava na sétima cerveja quando viu, na tevê, uma reportagem de última hora: Raiana tinha sido assassinada, na prisão, por três detentas. Ele sorriu. Pen- sou que, decerto a dona do motel tinha deixado tudo arran- jado, antes de viajar. Cumprira com a promessa feita a ele de que iria matar a assassina de sua filha. Aí, entrou no bar onde ele estava, uma loira que chamou a atenção da clientela com- posta mais de machos, pelo tamanho do seu rabo. A mulher
  • 65. EHROS TOMASINI 65 era um arraso. Tinha a cintura fina e os peitos duríssimos, de biquinhos que pareciam querer furar a blusa de tecido fino que usava. Apesar de estar maquiada, a loira não parecia puta. Ela olhou em volta, antes de pedir um refrigerante gelado. Seu olhar caiu sobre Antônio, o único que não continuou olhan- do para ela depois que entrara no bar. Um cara aproximou-se e quis pagar-lhe uma bebida. Ela recusou. O cara insistiu. O sujeito sugeriu que ela era puta. A loira deu-lhe um murro no rosto que ele foi lançado à distância. Ficou lá, desmaiado. Ninguém mais quis mexer com ela, que continuou toman- do seu refrigerante e olhando para Antônio. Depois, saiu do balcão e aproximou-se de onde o agente estava sentado. Per- guntou: - Posso sentar-me aqui, coroa? - Se quiser. Mas não estou afim de conversa. - Nem de uma competição? Ele, finalmente, olhou bem para ela. A loira era bonita, se bem que um pouco masculinizada. Ele perguntou: - Competição? Como assim? - Pago cinco cervejas para quem me vencer numa que- bra de braço. - Oh, não estou interessado. Vi o estrago que fez na Bela Adormecida ali. - É que ele não fazia meu tipo. Eu gosto de coroas, en- tende? - Tem outros da minha idade no bar. Sirva-se à vonta- de, moça. - Tem medo de perder para mim? - Sem chances. Mas não sou amostrado. Nem gosto de competir com mulheres. - Por que não? - Mulher, eu prefiro fazer amor, e não competir no bra- ço com ela. Procure outro, moça.
  • 66. MOTORISTA DE UBER66 Ela esteve olhando para ele. Depois, perguntou: - Eu não te conheço de algum lugar? Tua cara não me é estranha. - Não creio que já tenhamos nos vistos. Eu me lembra- ria. - Sim, eu me lembro de você. Você foi boxeador, não foi? Ainda tem os braços fortes. Ele esteve examinando-a de cima a baixo. Realmente, nunca a tinha visto. Ela apertou seu muque, examinando a musculatura. Depois, disse: - É, você já foi boxeador. Lembro-me de você quando eu era ainda uma criança. Teu nome é Antônio, não é? Ainda não se lembra de mim? - Não. Sinto muito. - Você nocauteou meu pai, quando ele tinha tudo para ser o novo campeão. Eu tinha dez anos de idade. Naquele dia, chorando, eu te disse que um dia ainda te venceria e vingaria meu pai. Lembra-se agora? Antônio deteve-se olhando para ela. Lembrava-se va- gamente de uma menininha chorando a derrota do pai. Mas fazia muitos anos. Disse para ela: - Olha, moça, eu não me lembro de nada disso. Deve estar me confundindo com outro. Tome seu refrigerante e saia da minha mesa, por favor. Não estou afim de companhia. Ela, ao invés de sair, gritou para todos no bar: - Olhaí, pessoal. Eu saio com o primeiro que derrotar este senhor na tapa. Ele diz que não, mas já foi um exímio boxeador. Portanto, cuidado com ele. Três sujeitos que bebiam numa mesa, todos com cara de estivador, se levantaram. Arrastaram as cadeiras que esta- vam perto de Antônio. Um deles disse: - Nem precisa chamar outros, moça. Por uma trepada com você, venço esse coroa com um único... Não terminou a frase. Antônio deu-lhe um murro na
  • 67. EHROS TOMASINI 67 boca do estômago que ele caiu devagar, levando as mãos à área atingida. O coroa continuou sentado. Mas disse: - Não caiam na armadilha dela. Posso vencer vocês dois ao mesmo tempo. Mas, se me deixarem em paz, podem levar seu companheiro. Outro com cara de estivador arremeteu contra Antô- nio. Este, mesmo sentado, esmurrou os testículos do cara. Quando este se ajoelhou de dor, levou um murro no nariz que foi projetado longe. As pessoas se afastaram, temendo uma briga feia. O terceiro com cara de estivador, no entan- to, acovardou-se. Saiu do bar, deixando os companheiros lá, estendidos. A loira, achando que iria pegar o coroa Antônio desprevenido, soltou um murro. Ele desviou-se com facili- dade e imobilizou-a, prendendo sua mão contra a mesa. Ela tentou se soltar, sem êxito. O agente, já meio bicado, sacou sua pistola da cintura e enfiou-a na boca da mulher. Ela arre- galou os olhos, temerosa. Ele alertou: - Última chance, pois não estou querendo confusão: peça-me desculpas e vá-se embora, senhorita. Deixe-me em paz, porra! Ela se levantou. Os clientes voltaram aos seus lugares. A loira saiu do bar. Antônio chamou o garçom, que veio ime- diatamente, e pediu a conta. Pagou e saiu do bar de celular na mão. Chamava um Uber, quando viu se aproximar quatro caras. Um deles era o estivador que havia fugido de lutar com ele. Voltara acompanhado de caras fortões. O boxeador vol- tou a guardar o celular e se preparou para a luta. Alguém se aproximou dele e disse: - Estou dentro. Era a jovem loira. Estava pronta para ajudá-lo a enfren- tar os caras que estavam em maior número. Ele, no entanto, disse: - Não pretendo esmurrar mais ninguém, moça. Afas- te-se, por favor.
  • 68. MOTORISTA DE UBER68 E Antônio sacou sua arma e atirou para cima. Gritou: - Quem se abestalhar ou ainda quiser vir me bater, leva um balaço no meio da testa. Não estou afim de levar porradas de vocês, fui claro? Foi claríssimo. Os caras saíram em desabalada carreira. A loira gargalhava, chamando-os de frouxos. O coroa guar- dou a arma e disse para ela: - Suma daqui, moça. Tudo isso foi por causa da senho- rita. Ele pegou, de novo, o celular para chamar uma con- dução. Ela tomou-lhe o aparelho das mãos e completou a li- gação. Pouco depois, um carro parava perto deles. Antônio havia ficado mais bicado ainda, depois do ocorrido. Camba- leava. A loira pegou em seu braço e o ajudou a entrar no car- ro. Uma voz feminina disse para a loira: - Está com ele, ou apenas vai leva-lo para casa? - Nem sei onde ele mora. Vou levá-lo para a minha casa. Ele está muito bicado. - Eu sei onde ele mora – disse a motorista. Se não está com ele, deixe-o comigo. - Nem pensar. Não vou perder a oportunidade de estar com ele. Tenho procurado por esse coroa faz já algum tempo. O nome dele é Antônio? - Sim – respondeu a motorista do Uber pedido pela loi- ra. Tratava-se, coincidentemente, de Lúcia. Ela desceu do ve- ículo e ajudou a loira a acomodar o agente no banco de trás. Antônio havia dormido. Rumaram para a casa da mulher de rabo protuberante. Antônio despertou com alguém lhe chupando a pica. A vontade de ejacular já era sentida por ele. Tentou se livrar daquela boca, mas a boca insistiu em chupá-lo. Ele percebeu que estava deitado numa cama macia, amarrado de braços abertos e com os olhos vendados. Mais uma vez tentou se livrar, mas não conseguiu. Levou um tapa no rosto. Aí, sentiu
  • 69. EHROS TOMASINI 69 uma vagina quentíssima engolir a sua pica. Alguém lhe bei- jou a boca e ele tentou morder aqueles lábios. Ouviu um grito de mulher. Ela disse: - Não me morda, cachorro. Senão, te deixo de venda nos olhos. Antônio reconheceu a voz da loira. Mas, quem lhe es- tava fodendo o caralho? Levou outro tapa no rosto. A mulher que lhe cavalgava a enorme peia começou a gemer. Estava go- zando. Antônio também sentiu vontade de ejacular. Porém, se prendeu. A loira disse: - Se fizer ele gozar, perde a vez. Tem mais cinco minu- tos. Depois, eu também quero. - Eu... não vou... aguentar mais. Estou... estou... gozan- do. E a mulher que o cavalgava começou a gritar de gozo. Antônio lhe reconheceu a voz: - Lúcia? Como me encontrou? Não houve resposta. Ela continuou a cavalgada, de for- ma alucinada. De repente, a pica escapuliu da racha dela e introduziu-se em seu cu. Ela deu um berro de prazer. A loira voltou a beijar-lhe a boca, dessa vez temerosa de ser mordida novamente. Antônio não mais se prendeu. Gozou, lançando uma grande quantidade de esperma, no cu apertado de Lú- cia. Esta o cavalgou com muito mais ímpeto. Depois de gozar várias vezes pelo cuzinho, desmoronou sobre o agente. Só en- tão, a loira lhe tirou a venda dos olhos. Ainda resfolegando, Antônio perguntou de novo: - O que está acontecendo? Onde estou? A loira respondeu: - É uma longa história. Você ficou bêbado e te chamei um Uber. Ela pegou a corrida. Disse que te conhecia e queria te levar para casa. Mas eu estava afim de trepar. Ela também. Resolvemos nos aproveitar de você. O resto, não é difícil de adivinhar.