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EHROS TOMASINI 1
CRIATURA2
EHROS TOMASINI 3
CRIATURA – Parte I
Demorei-me um pouco diante da enorme casa no fim da
Rua Angelo Tomás, na zona norte do Recife. Um vaga-
bundo bêbado dormia encostado no muro alto da casa. O
largo portão de grades de ferro deixava ver a imponente resi-
dência, contrastando com as humildes casas ao redor. Parecia
um imenso castelo arrodeado de casebres. Vislumbrei um ca-
sal na ampla janela, distante uns cinquenta metros do portão.
Devia ser umas sete horas da manhã. O bêbado despertou.
O homem imundo e fedendo a aguardente pura levan-
tou-se sem dificuldades. Parecia estar fingindo ser um cacha-
ceiro. Aproximou-se de mim com seu bafo terrível e disse:
- Afaste-se dessa casa, ou nunca mais tua vida será a
mesma. Não vou te avisar novamente.
Eu ainda estava embasbacada, quando o bêbado voltou
CRIATURA4
ao seu lugar. Quase desabou no solo e dormiu imediatamen-
te. Eu ri. Ele devia estar sonhando, quando se aproximou de
mim. Um desses bêbados sonâmbulos, talvez. Esfreguei o na-
riz, para me livrar do fedor de cana, e apertei a campainha ao
lado do portão. Eu não mais via o casal num dos janelões da
residência. O portão abriu-se imediatamente, como se fosse
movido a energia elétrica. Fez um barulho sinistro de coisas
velhas sendo arrastadas. Um arrepio percorreu-me a espinha
dorsal. Eu mal sabia que aquele arrepio se repetiria muitas
vezes, durante o tempo em que passei naquela casa. Entrei e
o velho portão fechou-se atrás de mim.
Caminhei em direção à residência me recordando do
que me levara ali. Eu estava, já havia uns seis meses, desem-
pregada, quando um telefonema inesperado da agência de
empregos me indicou aquele endereço. A vaga seria minha,
se eu não tivesse filhos nem marido. Eu não tinha. Filhos,
nunca quis tê-los. Marido, não sei se algum dia eu tive. Cla-
ro, havia vivido um par de anos com um cara que nunca de-
monstrou um pingo de sentimentos por mim. Minha mãe
havia falecido recentemente, naquela época, e eu era uma
jovem de vinte e cinco anos que havia passado a vida intei-
ra cuidando dela, descuidando-me da minha própria vida,
principalmente do meu futuro. Minha falecida mãe tinha um
câncer que se alastrou por todos os seus órgãos vitais. Mas
isso durou uma eternidade de sofrimento: sete anos. Ainda
bem que ela me obrigou a estudar. Fiz um curso intensivo de
Enfermagem, e até um estágio prolongado, mas a doença de
minha mãe me fez abandonar um emprego certo. Quando
ela faleceu, custou-me achar outro estágio decente. Passei um
tempo fazendo biscates, até que conheci um homem que se
comprometeu a cuidar de mim. E só.
O cara não era rico, mas tinha alguma grana. Nunca
deu uma foda sequer comigo. Por mais que eu me esforçasse
EHROS TOMASINI 5
para seduzi-lo, ele não me dava a mínima atenção. Cheguei
a pensar que ele era impotente ou boiola, mas depois des-
cobri que o sujeito tinha muitas mulheres. Todas brigavam
por ele, como se o merda fosse bom de cama ou um com-
panheiro melhor ainda. Só eu é que nunca tive o privilégio
de foder com ele. Isso havia me deixado enormemente frus-
trada. Quando, um dia, eu o chamei para uma conversa sé-
ria, ele disse já saber do que iríamos falar. Aí, arrumou suas
roupas e foi-se embora. Deixou-me em sua casa própria, com
tudo dentro. Não levou nem um único objeto de lá. Nem os
seus CDs de MPB, que ele gostava tanto. No início, eu me
arrasei. Quis saber se era tão desinteressante ao ponto de um
homem não querer foder comigo. Passei a me oferecer para
desconhecidos, até que que descobri a triste verdade: eu era
péssima na cama.
- Bom dia. É a nova criada que contratamos à agência?
A pergunta me tirou dos pensamentos. Era uma anciã,
quem me falava. A mesma que eu tinha visto na janela. Agora
ela estava à porta, por trás de um rapaz sentado numa cadeira
de rodas. O jovem, que devia ter uns trinta e poucos anos, era
muito bonito. Mas sua tez era tão branca que eu podia ver
veias verdes em seu rosto e por toda parte exposta do seu cor-
po. Confesso que me deu um sentimento de repulsa, apesar
de eu não me considerar uma pessoa racista. Mas eu nunca
tinha visto alguém de pele tão pálida!
- Bom dia, senhora. Sou, sim, a nova contratada. Meu
nome é Ieda. Com quem tenho o prazer de falar?
- Hermelinda. Sou… a mãe dele. Meu garoto se chama
Angelo. Você pode falar com ele, e ele a entenderá. Mas não
espere respostas: ele, além de mudo, é tetraplégico.
Eu ri, intimamente. A mulher mais parecia ser a bisavó,
CRIATURA6
não a mãe do rapaz. Percebi que ele tinha os olhos vivazes, fi-
xos em mim, mas suas pálpebras não se movimentavam. Por
isso, ele nem piscava.
- Tudo bem. A agência me explicou que eu teria de cui-
dar dele. Mas não me adiantou mais nada. Disseram que a
senhora me explicaria como devo proceder com o rapaz.
- Espero que aprenda rápido, pois eu preciso viajar o
quanto antes. Não sei quanto tempo ainda estarei por aqui,
nem quanto vou passar fora.
- Quer dizer que ficarei sozinha com ele? E se precisar
socorrê-lo?
- Meu filho é magrinho e muito leve. Se precisar car-
regá-lo, vai ver. Mas tenho certeza de que não precisará se
preocupar com isso. Ele nunca adoeceu.
- Já nasceu assim? - Eu quis saber.
- Sim. Ele já nasceu assim, sem andar e sem falar. Mas
não lhe dará trabalho, a não ser para comer e para tomar ba-
nho. Mas ainda pode desistir, se quiser.
Claro que eu não desistiria, depois de tanto tempo de-
sempregada. Quis saber quantos seriam meus honorários.
Ela disse:
- Não precisará de salário. Terá tudo o que necessita
aqui. E, se precisar de dinheiro, basta retirar do banco. Vou
deixar uma quantia que dará para viver sem aperreios. Terá
que abrir uma conta em teu nome, pois depositarei nela.
- Não teme que, já que vai viajar, eu me apodere do
dinheiro e suma?
Senti um arrepio, quando a velha me afirmou com toda
a certeza:
- Não, não temo. Sei que não fará isso.
O rapaz continuava a me olhar fixamente, com seus
olhos brilhantes, mesmo que estes não se movessem. A velha
EHROS TOMASINI 7
continuou:
- Bem, se não vai desistir, acompanhe-me. Vou mostrar
os teus aposentos.
Acompanhei a velha senhora que foi me mostrando os
cômodos da residência e me dando instruções. Mas eu quase
não ouvia o que ela dizia, incomodada com o cheiro de mofo
da enorme casa. Eu empurrava a cadeira de rodas do jovem
e ela parecia vazia, de tão leve que estava. Tomei coragem e
exigi:
- Não vou poder cuidar do seu filho enquanto faço uma
faxina nesta casa. Terá que contratar, ao menos, duas faxinei-
ras, de tão sujo que o lugar está, senhora. Peço que me perdoe
a franqueza.
- Não. Nada de faxina. Meu filho adora esse cheiro de
mofo. Não poderia viver sem ele.
Achei que a velha era doida. Quem iria preferir viver
numa sujeira daquelas? Mas não rebati. Iria ver quanto di-
nheiro ela me deixaria. E eu mesma contrataria alguém para
fazer uma limpeza geral naquela casa, nem que tivesse de pa-
gar do meu bolso. Percebi um leve movimento de cabeça do
rapaz, como se quisesse voltar-se em minha direção.
- Está bem. Será como a senhora quer. - Fingi concor-
dar.
Quando ela me mostrou o quarto onde eu deveria ficar,
notei que o aposento estava incrivelmente limpo, sem cheiro
de mofo ou poeira. Eu sorri. Ela também. O rapaz pareceu-
-me sorrir da minha cara de surpresa.
- Vamos deixá-la à vontade, para que possa se preparar
para o seu primeiro dia de trabalho. Se for tomar banho antes,
leve-o com você. Ele ainda não tomou seu banho semanal.
- Banho semanal? Não me diga que o pobre só toma
um banho por semana!!!
CRIATURA8
- Já faz algum tempo que não temos uma criada. Eu
não posso dar banho nele, pois me sinto cada dia mais fraca.
Então, estava banhando-o apenas uma vez por semana. Ago-
ra, com você aqui, fica ao teu critério os dias de banho para
ele.
- Mas eu vou dar-lhe banho todos os dias!!!
- Como quiser. Só tenha o cuidado de não dar uma
queda nele.
- Então, se me dá licença, vou fazer isso já.
E eu levei o jovem para o banheiro, empurrando sua
cadeira de rodas. Ele continuava estático, mas eu sentia como
se ele estivesse feliz. O banheiro era amplo e limpo, como
meu quarto. Fechei a porta e comecei a me despir. Percebi
que seus olhos brilhavam, a cada peça de roupa que eu tirava.
Talvez fosse impressão minha, mas achei que sua respiração
estava mais apressada. Não dei a devida importância ao fato
e continuei tirando a roupa. Quando fiquei nua, comecei a
despi-lo também. Sem querer, encostei meu seio em seu ros-
to, ao tirar a camisa que ele vestia. Sua boca tocou o biquinho
do meu peito e a senti gelada. Arrepiei-me toda. Olhei para
ele, e ele continuava com o olhar fixo em mim, sem sinal de
movimentos das pálpebras. Ele nem piscava. Aí, me deu uma
vontade repentina e irresistível de provocá-lo. Assegurei-me
de que a porta do banheiro estava mesmo fechada e coloquei
um dos meus seios em sua boca. O contato voltou a me arre-
piar toda. O cara era mesmo um gelo.
Toquei com as costas da mão em seu pescoço e ele es-
tava gelado. Demorei-me com o biquinho do peito em sua
boca, apesar da baixa temperatura. Ele não se moveu. Ter-
minei de despi-lo, descobrindo um enorme caralho entre as
suas pernas. Dei um assovio de surpresa. Ele pareceu-me sor-
rir. Mas não, não havia nenhuma mudança em sua expressão
facial. Então, resolvi ousar: agachei-me entre as suas pernas
EHROS TOMASINI 9
e afaguei o seu cacete. Olhei para o seu rosto e ele parecia
alheio. Mas o seu pênis deu sinais de vida: começou a ficar
enrijecido e alcançou o dobro do tamanho. Estava bambo,
quando o levei à boca. Tinha um cheiro estranho, de coisa
velha, e o gosto também. Mas eu estava muito excitada para
ligar para isso. Logo, seu pau estava duríssimo. Parei para
pensar um pouco: se trepasse com ele na cadeira de rodas,
esta poderia correr e fazer barulho. Então, peguei-o nos bra-
ços e o sentei na tampa da privada. O cara devia pesar uns
dez quilos, apenas, apesar de não parecer muito magro. Mais
uma vez senti que ele sorria. Coloquei de novo meus seios em
sua boca e nada. Voltei a mamar-lhe o caralho. Punhetei seu
pau, enquanto o chupava. Enfiei minha língua no buraqui-
nho do pênis. Passeei com ela por todo o membro. Juro que
escutei um breve gemido.
Então, não me aguentei mais: enfiei-me naquela jeba
até que a cabeçorra topasse na entrada do útero. Depois, co-
mecei os movimentos de cópula. Não demorei a ter o meu
primeiro orgasmo, depois de décadas.
FIM DA PRIMEIRA PARTE
CRIATURA10
CRIATURA - Parte II
Voltei a colocar o rapaz sentado em sua cadeira de rodas e
dei-lhe um demorado banho. Tive que conter a vontade
de foder-lhe mais uma vez. Mas eu temia que a velha senhora
ouvisse meus gemidos de gozo ou algum barulho estranho,
feito pela minha xoxota molhada de tesão se chocando con-
tra seu pau enorme. Mesmo assim, lavei demoradamente seu
pênis, que ainda permanecia duro. Quando o vesti, percebi o
volume que o membro fazia dentro da calça. Eu não o podia
deixar daquele jeito, pois a velha logo perceberia que o jovem
estava excitado. Então, não pensei duas vezes antes de bater
uma punheta apressada nele.
O toque de minhas mãos em seu pau reacendeu em
mim a vontade de trepar. Agachei-me diante da cadeira, que
eu havia enxugado após o banho, e bati-lhe uma bronha en-
quanto também me masturbava. De cócoras, e de pernas
EHROS TOMASINI 11
abertas, apreciei uma estranha sensação, como se o caralho
dele me invadisse o cu. Caí sentada no piso do banheiro,
como se protegesse minha bunda. Eu nunca havia sido pe-
netrada por ali e, uma jeba daquele tamanho, certamente me
estraçalharia o ânus. Escutei um gemido sofrido, como se ele
me implorasse para fazer-lhe gozar. Mas eu estava espantada
com os meus atos. E com vergonha de ter me aproveitado de
uma pessoa tão indefesa. Tive que fazer um enorme esforço
para me vestir, vesti-lo e depois sair dali.
O cheiro de café invadiu as minhas narinas, assim que
botei a cara para fora do banheiro. A velha senhora deveria
ter botado o bule no fogo. Cochichei ao ouvido do rapaz:
- Vamos tomar café fresquinho, portanto não diga à sua
mãe que transamos, está bem?
Claro que eu não esperava nenhuma resposta, por isso
gritei logo em seguida:
- O cheiro do café está ótimo. Estamos indo praí!
Não houve resposta. Estranhei o silêncio. Quando em-
purrei a cadeira do jovem até a cozinha, vi o motivo: a velha
senhora jazia caída no chão, de olhos abertos e com um es-
gar de dor no rosto, como se tivesse sucumbido a um enfarte
fulminante. Deixei o rapaz lá plantado e corri em busca das
minhas coisas. Havia lá um estetoscópio. Auscultei o peito da
senhora, mas não mais havia ali nenhum sinal de vida. Olhei
consternada para o jovem. Queria mostrar a ele que não ha-
via mais o que fazer. A velha mãe dele estava morta. Mas não
vi desespero em seus olhos. Estavam tranquilos, como se ele
já esperasse aquilo. Porém, eu estava preocupada. O que iria
fazer agora? Sim, teria que chamar a Polícia. Mas, e depois?
Iria embora, já que não tinha quem pagasse meus préstimos?
Deixaria o jovem sozinho? Não, eu não seria capaz de fazer
isso. Só iria embora dali quando achasse com quem deixá-lo.
CRIATURA12
Aí, alguém falou atrás de mim:
- Ela está apenas dormindo. Breve irá acordar.
Voltei-me assustada. Era o bêbado que eu havia visto
fora de casa.
- Como o senhor entrou? Tenho certeza de que o por-
tão estava fechado.
- Eu o deixei entrar – disse-me o senhor imundo, em-
bora fedendo mais a cachaça do que da sujeira.
Olhei em volta, para ver se havia mais alguém com ele.
Não havia. Então, o bêbado devia estar mais uma vez sonâm-
bulo, falando como se tivesse companhia.
- Não se afobe. Eu posso ajudar. - Disse-me.
- Como poderia?
Ele olhou para mim e seus olhos brilharam. Tais quais
os olhos do jovem. Fiquei encarando os dois, mas não che-
guei a outra conclusão. O bêbado continuou:
- Primeiro, ligue para a Polícia. Depois, procure entre
as coisas de minha mãe. Vai encontrar o cheque que ela já
deve ter deixado pronto para você.
- Da sua mãe? Você dois são irmãos?
- Não. Ele sou eu.
Desisti de entender o que o bêbado queria dizer com
aquilo, mas ele tinha razão: eu ligaria para a Polícia e depois
procuraria entre as coisas da velha. Quem sabe não encontra-
ria um endereço de parentes lá, com quem eu pudesse deixar
o rapaz? Este continuava lá, estático, como se não estivesse
acontecendo nada ao seu redor.
Mas não liguei para a Polícia. Fiz uma ligação para a
Emergência Médica, pedindo uma ambulância. Atende-
ram-me com desdém. Quando dei o endereço, no entanto,
EHROS TOMASINI 13
disseram que iriam mandar uma equipe imediatamente. Eu
não disse que a senhora já estava morta. Deixaria para eles
a incumbência de atestar o óbito para que se pudesse cuidar
dos trâmites legais. Fui ao quarto da velha e voltei com um
monte de papéis. O bêbado já havia desaparecido. Olhei para
fora e o portão continuava escancarado. Percebi que a cadeira
de rodas do jovem já não estava na mesma posição que dei-
xei, mas achei que o bêbado a havia movido. Procurei entre
os documentos e achei o telefone de um advogado. Liguei
para ele e contei-lhe da morte da senhora. Ele disse que eu o
aguardasse chegar. Eu não pretendia sair dali tão cedo. Ouvi
a sirena da ambulância, vinda ao longe. Logo, ela estava ali.
Pouco depois, chegou uma viatura de polícia e os poli-
ciais me fizeram um monte de perguntas. O advogado chegou
e evitou que me incomodassem mais. Depois que levaram o
corpo na ambulância, ele afirmou:
- A senhora Hermelinda deixou uma quantia conside-
rável para que lhe fosse dada, isso se a senhorita ainda pre-
tende cuidar do rapaz.
- Ele não tem parentes?
- Não, senhora. A Sra. Hermelinda era a única. Eu cui-
darei dos funerais, pois ela já me orientou antes a fazer isso.
Previu sua morte para esses dias. Não me pergunte como.
- A quanto terei direito?
- A quantia quem diz é a senhora. Mas, a princípio, te
deixarei o suficiente para cuidar dele e da casa durante um
ano. Porém, se a grana acabar, pode me pedir mais a hora
que bem entender. Só me dê tempo para passar num banco
– disse-me ele, tirando um pacote de dinheiro de uma sacola
de pano que trazia. Eu me assustei. Ali deveria ter mais de um
milhão de reais.
- Tudo isso para mim?
- E para cuidar da casa e do jovem, obviamente.
- E ainda terei direito a mais?
CRIATURA14
- Se assim o desejar. Mas, no momento, só trouxe isso.
Assine aqui, por favor.
Era um documento afirmando que eu teria recebido
um milhão de reais, dos quais eu dava plena quitação. Não
falava de meus deveres, em nenhuma linha. Assinei, a bem
dizer, de olhos fechados. Percebi um sorriso no rosto do jo-
vem. O advogado se despediu e disse que já estava avexado
para cuidar dos funerais. Foi-se embora.
Naquela noite, dormi naquela residência. Tentei dar co-
midinha na boca do jovem, mas ele sequer mastigava. Então,
improvisei um tubo com um bojo, onde armazenava comida
pastosa ou líquida. Introduzia em sua garganta e pressiona-
va o bojo, e ele engolia tudo aos poucos. Fiquei feliz. Temia
deixá-lo com fome. Eu precisava passar em casa para buscar
mais roupas, pois só tinha ido com a do couro e mais uma
para vestir lá. Esperava largar à noite e voltar para a minha
residência naquele mesmo dia. Deitei o moço em sua cama,
cobri-o com cuidado para que não sentisse frio de madruga-
da e não resisti a vontade de dar-lhe um beijo de despedida.
Para minha surpresa, ele fechou os olhos durante o selinho. E
adormeceu quase em seguida.
Fui para o meu quarto e demorei a dormir. Precisei to-
car-me numa siririca para poder adormecer mais rápido. Eu
estava ainda excitada. Quando estava para gozar, senti nitida-
mente um enorme caralho me adentrando o cu, e eu fantasiei
ser o do rapaz. Isso fez com que eu gozasse mais rápido. Mas
ainda fiquei morrendo de vontades. Então, me levantei e vol-
tei ao quarto dele. Ele estava acordado, fitando o teto. Dessa
vez, vi nitidamente o seu sorriso no rosto. Perguntei-lhe:
- Voltei. Está pronto para outra foda?
Claro que ele não me respondeu. Mas eu juro que ouvi
EHROS TOMASINI 15
sua voz na minha mente se dizendo ansioso por mais uma
trepada. Tirei a sua roupa e a minha. Ele já estava de caralho
duro, esperando por mim. Subi sobre ele e iniciei um sarro
demorado em seu cacete. Aí, ouvi uma voz conhecida atrás
de mim:
- Não pare. Mas eu vou querer participar da putaria.
FIM DA SEGUNDA PARTE.
CRIATURA16
CRIATURA – Parte III
Levei um baita susto. Era o bêbado quem tinha invadido
o quarto. Já estava totalmente nu e, do seu corpo, já não
exalava aquele cheiro nauseabundo. Gritei:
- O que faz aqui? Quem te permitiu entrar na casa?
- Eu me permiti – disse ele.
Eu tentei me desencaixar do pau ereto do rapaz, mas
não consegui. Uma força invisível me obrigava a permanecer
sobre ele. Um cheiro de sabonete fino incensou o ar. O bê-
bado havia tomado um banho recente. Estava limpo e bem
asseado. Os cabelos lavados e penteados lhe davam outro as-
pecto. Desisti de me debater. Ele me lambeu o cu com uma
prática que quase me fez gozar. Quando eu estava molhadi-
nha na boceta e lubrificada no cu, ele veio por cima. Fiquei
aterrorizada, ao adivinhar as suas intenções. O bêbado sorria.
O jovem também. Ambos tinham o mesmo sorriso no rosto,
EHROS TOMASINI 17
e eu fiquei mais aterrorizada ainda. O que estava me aconte-
cendo? Quem seriam aquelas duas criaturas? Parei de pensar,
quando o bêbado cheiroso apontou a pica para o meu cuzi-
nho virgem. Tornei a gritar:
- Por aí não, porra, pois ainda sou virgem.
- Farei com cuidado – foi a resposta dele.
A primeira investida do sujeito me doeu terrivelmente.
Precisei me enfiar mais na pica do jovem, tocando com a ca-
beçorra na entrada do útero, para tentar fugir da penetração
no rabo. Aí, o bêbado meteu alguns centímetros dentro de
mim, me rasgando toda. Gritei, e gritei alto. Mas sabia que
ninguém haveria de me ouvir. Logo, eu estava fodida, mas
bem paga. Relaxei. E quase gozo imediatamente, sendo va-
rada pela frente e por trás. Porra, era uma sensação maravi-
lhosa. O primeiro gozo me fez empinar a bunda, recebendo
com mais facilidade a pica do bêbado, que só perdia para a
do jovem em tamanho. Mas era bem mais grossa. Ele fun-
gava em meu cangote, metendo com força. O que aconteceu
em seguida foi indescritível: gozei pela boceta e pelo cu ao
mesmo tempo, e passei a me movimentar num frenesi des-
vairado. Gritei de gozo como nunca havia gritado antes. De
repente, senti meu cu e minha xana encher-se de porra, ao
mesmo tempo. Em ambos, senti gozadas cavalares. O jovem
continuava mudo e de olhos fechados. O bêbado tinha os
olhos arregalados e bufava:
- Que gozada da porra, cadela. Assim que te vi de lon-
ge, sabia que eras boa de cama. Não me enganei.
E o cara caiu de lado, resvalando da cama. Chocou-se
contra o chão duro. E ficou lá, estático, de olhos fechados…
roncando! Sim, o cara acabara de meter e estava a sono solto,
ainda por cima roncando. O rapaz agora tinha os olhos aber-
tos e sorria de satisfação. O bêbado falou, mesmo dormindo:
- Agora, saia de cima de mim, pois não estou aguentan-
CRIATURA18
do o teu peso.
Voltei a olhar espantada para ele. Saí de cima do jovem
e fui conferir: o bêbado estava mesmo dormindo. Ressonava.
Olhei de novo para o rapaz e este tinha voltado a cabeça para
o meu lado. Sorria. Ouvi o bêbado dizer:
- Obrigado, Ieda. Eu estava mesmo precisando disso.
Nunca mais havia trepado com ninguém.
Arrastei a bunda no chão, com medo. Estava trêmula.
Como ele poderia saber meu nome? Perguntei, já sabendo a
resposta:
- Você consegue falar através dos outros? Não é mudo,
como tua mãe e eu pensávamos?
- Ela sabia. Mas também sabia que eu só falo quando
me interessa. - A voz vinha do bêbado.
Eu estava cada vez mais espantada. Quem seria aquele
jovem? Mais importante: que mais ele conseguia fazer?
- Não precisa ter medo de mim. Não vou te fazer mal.
Mas quero trepar contigo bem muito.
Relaxei. Eu achava que agora era eu que estava sonâm-
bula, e não o bêbado. Aquilo tudo não podia estar aconte-
cendo. Eu estaria sonhando ou doida. Levantei-me do chão e
caminhei para o banheiro. Mas uma nova surpresa me aguar-
dava. Quando cismei de olhar para trás, o jovem me acompa-
nhava os passos. Vinha bem atrás de mim, só que flutuando!
Tinha os pés afastados uns dois palmos do chão e as pernas
juntas, além do corpo ereto. Os braços estavam colados ao
corpo. Pendia um pouco inclinado para frente, como se isso
fosse necessário para dar o impulso ao flutuar. Benzi-me com
todo o temor a Deus. Ele, no entanto, me tranquilizou:
- Já disse, não precisa ter medo. Não vou te fazer mal.
Também quero tomar banho. Ou, ao menos, lavar o pênis
EHROS TOMASINI 19
melecado. - Eu ouvia a fala do bêbado lá do quarto.
Resignei-me a fazer o que ele queria. Dei-lhe um de-
morado banho. Lavei suas partes com cuidado, para não o
machucar. Ele continuava pairando no ar. Perguntei-lhe se
não conseguia ficar de pé. Ele negou. Explicou que todas as
vezes que tentou, levou uma queda.
- Tua mãe sabia que você conseguia fazer isso: flutuar?
- Não. Senão, já teria me deixado. Ela se sacrificava por
mim. Desde que apareci.
- Apareceu? Você não nasceu dela?
- Não. Não sei quem são meus pais. Nunca soube. Ela
disse que havia me achado numa mata, abandonado. Cuidou
de mim a vida toda, apesar de minhas deficiências. Em troca,
dei-lhe dinheiro. Muito dinheiro.
- Olha, desculpa, mas não consigo acreditar em nada
do que diz. É tudo por demais fantástico, e creio que você está
mentindo para mim.
- E como poderia fazer o bêbado falar por mim?
- Você deve ser ventríloquo. Só pode ser.
Ele sorriu. Depois, quase que ordenou, lá do quarto:
- Me leva de volta para a cama.
Peguei-o nos braços e o carreguei de volta para o lei-
to. O bêbado se levantou do chão e, sem falar comigo, foi-se
embora. Voltei a cobrir o jovem, dei-lhe um cheiro na testa e
voltei ao meu quarto. Demorei a dormir.
***************
Acordei com o toque da campainha. Já era dia. Olhei
da janela da sala e reconheci o advogado no portão, que vol-
tara a estar fechado. Fui até o quarto do jovem e perguntei-
CRIATURA20
-lhe como se abria a grade. Ele apontou com o olhar para a
cadeira de rodas. Havia um mecanismo sob o braço dela, que
lhe permitia acionar a abertura do portão. Mas o rapaz teria
que mover a mão para fazer isso. Será…?
Não quis pensar naquilo. Apertei o pequeno botão e o
portão se escancarou. Quando o senhor de cerca de setenta
anos se aproximou, perguntei-lhe:
- Ainda tem um bêbado lá na frente da casa?
- Tem, sim. Mas não ligue para ele. Sempre esteve ali e
nunca soube que incomodou alguém.
- Novidades? –Perguntei.
- Sim. O enterro será amanhã, às dez horas do dia. Não
haverá parentes. Pretende levar o rapaz?
- Sim. Iremos juntos. Você vai estar lá?
- Não. Não vou ser necessário. Já deixei tudo encami-
nhado. As instruções estão aqui neste envelope, que te passo
às mãos.
- Obrigada. E depois?
- Tem meu telefone e endereço. Só me procure se for de
extrema necessidade. Mas creio que um detetive da Polícia
virá te procurar aqui.
- Para quê?
- Espere-o e saberá. Agora, tenho que ir. Muita coisa a
resolver.
Angelo (só agora me lembrava do nome dele) apareceu
sentado em sua cadeira de rodas, movimentando-se sem aju-
da aparente. Eu não quis perguntar como ele havia consegui-
do subir no seu meio de transporte. Decerto, levitando. O jo-
vem não falou nada. Mas eu podia ouvi-lo em minha mente:
- Prepare-se para receber o detetive. Ele logo aparecerá.
- Não me diga que também é telepata.
- O que você acha?
- Também consegue ler meus pensamentos?
EHROS TOMASINI 21
Ele demorou um pouco a responder. Quando eu ia
perguntar novamente, ele apenas balançou negativamente
a cabeça. Parecia fazer enorme esforço para fazer um movi-
mento tão simples. Aí, percebi um carro parar na frente da
residência, que ainda tinha os portões escancarados. Um su-
jeito desceu do veículo e andou resolutamente em direção à
casa. Esperei-o à porta de entrada. Identificou-se, sem mos-
trar nenhum distintivo:
- Detetive Sara Menezes. Preciso lhe fazer algumas per-
guntas.
- Sara não é nome de mulher? - Arrisquei perguntar.
- Sim, senhora. Na verdade, meu nome é João de Sara
e Menezes, mas abrevio. No entanto, não vim falar de mim.
Estivemos conversando à frente do rapaz por duas lon-
gas horas. Percebi que, quando eu me empulhava sobre algu-
ma pergunta, o jovem assumia minha mente e respondia por
mim, usando a minha voz. Por fim, o detetive levantou-se,
dizendo:
- Por hoje é só. Mas não vá a lugar nenhum sem antes
falar comigo. Nem ao banheiro, entende? - Exagerou ele. -
Quero saber de todos os teus passos.
- Por que isso? Eu sou suspeita?
- Todos são, inclusive o rapazinho aí. Dessa vez, eu vou
querer desvendar o mistério que ronda esta casa.
Quando o detetive foi embora, perguntei ao rapaz:
- Do que ele está falando? A que mistério se refere?
Não obtive resposta. Olhei para o jovem e este estava
dormindo sentado.
FIM DA TERCEIRA PARTE.
CRIATURA22
CRIATURA – Parte IV
Os funerais da mãe do jovem foi rápido. Eu tinha contra-
tado um padre para dizer algumas palavras que bem-en-
caminhasse a alma da velha para algum cantinho do Paraíso,
pois eu acreditava nesse lugar divino. O rapaz estava ao meu
lado, mas já não se movia. Parecia que perdera novamente a
sua estranha capacidade de locomoção, e também o interesse
pelo mundo. Eu não o ouvia em minha mente e parecia que
tudo não passara de um delírio que eu decerto tivera. Agora,
ele era apenas um jovem cadeirante, como tantos outros. O
advogado, como eu já esperava, não compareceu. Mas a ca-
tacumba onde a velha foi encerrada estava bem adornada e
limpa. Um coveiro todo solícito cuidou de tudo, até que final-
mente eu resolvi ir embora, empurrando a cadeira de rodas
com o rapaz encolhido nela. O padre perguntou:
- Vi que chegou de táxi. Eu estou de carro. A senhorita
não quer uma carona?
EHROS TOMASINI 23
- Depende de para onde o senhor está indo. Não quero
incomodar.
- Irei aonde a senhorita indicar. Não tenho pressa de
chegar à paróquia.
Olhei para o padre. Era um jovem de cerca de uns qua-
renta anos, ou talvez mais, mas aparentava menor idade. Era
bonito, e eu me surpreendi tendo pensamentos libidinosos
para com ele. Olhei em direção ao rapaz tetraplégico e ele
parecia dormir. Tinha os olhos fechados e a cabeça pendendo
sobre o peito. Pensei que teria dificuldades em pegar um táxi
por perto do cemitério, por isso resolvi aceitar a carona. O
padre ficou contente. Ajudou-me com o jovem e logo está-
vamos os três dentro do seu carro. Indiquei-lhe o caminho e
o padre foi guiando, mudo. Para quebrar o silêncio, eu per-
guntei:
- Faz tempos que o senhor é padre?
Não obtive resposta. Achei estranho. Perguntei nova-
mente e ele continuou mudo. Então, eu disse:
- Olha, seu padre, é melhor eu descer. Aqui já está mais
movimentado do que a rua do cemitério e logo pegarei um
táxi. Obrigada pela carona.
O padre fez uma curva e entrou numa rua à esquerda.
Continuou em frente e saiu totalmente do itinerário que me
levaria à residência do jovem. Eu quis saber:
- Para onde está indo, pelo amor de Deus? Esse não é o
caminho da casa do rapaz.
Ele não me respondeu.
- Se o senhor não parar já, começo a gritar!
Ele parou. Para a minha surpresa, estávamos diante de
CRIATURA24
um motel de subúrbio. O grande portão abriu-se e ele entrou
com o carro. Eu ia reclamar de novo, mas desisti. Queria ver a
sua intenção. Uma recepcionista veio nos atender. Estranhou
ver o sujeito de batina, mas este disse:
- Bom dia. Não repare nas minhas vestes. Viemos de
uma festa à fantasia e estou cansado demais para dirigir. Tem
algum quarto disponível?
A atendente suspirou, sorrindo. Entregou-lhe uma
chave e indicou-lhe o caminho. Eu quis pedir ajuda, mas não
consegui dar um piu. Uma força desconhecida me bloqueava
a mente. Tentei me libertar mas acho que desmaiei do esfor-
ço. Acordei sendo chupada pelo padre. Eu estava prestes a
gozar. Tentei me mover, mas ainda não consegui. Forcei a fala
e só saiu um murmúrio. Então, o padre parou o que estava
fazendo para dizer:
- Relaxe. A monotonia do velório me deu tesão.
- Isso não está acontecendo: eu ser estuprada por um
padre?
- O padre não tem nada a ver com isso. Fui eu que quis
te foder.
Então, entendi tudo. O jovem estava, novamente, ativo.
Controlava as ações do padre, como fez com o bêbado. Eu
disse:
- Não precisava me estuprar. Era só me pedir e eu tran-
saria contigo.
- Não. A sensação de estupro é mais gostosa. Afinal,
você também transou comigo sem me perguntar se eu que-
ria, lembra?
Era verdade. Eu me aproveitara dele, quando acreditei
que era alguém indefeso, para matar meu desejo de sexo. Mas
agora, devido aos estranhos acontecimentos que se sucede-
ram na residência dele, eu tinha dúvidas se ele não havia me
EHROS TOMASINI 25
sugestionado a fodê-lo, e eu fizera o que ele quis. Aí, uma
lambida dada pelo padre no meu grelinho me fez chegar ao
primeiro orgasmo. O segundo não tardou a vir. Então, mais
que depressa, eu quis retirar a sua batina, já que ele ainda a
vestia. Para a minha surpresa, o padre estava nu por baixo.
Nem usava uma cueca. O pau estava duríssimo, mas percebi
um detalhe: a abertura do seu prepúcio era pequenina, e isso
estrangulava a glande. Aí, a voz do padre foi incisiva:
- Vire-se de costas. Quero foder-lhe a bunda de novo.
- Não, por aí não. Ainda estou dolorida de ontem.
- Mas eu quero. Me dê, senão faço a pulso. Te bloqueio
a mente e você nem saberá se gozou comigo.
- Não. Por favor. Prometo cedê-la depois, quando não
estiver mais tão dolorida.
Acho que desmaiei novamente. Perdi a noção do tem-
po e, quando retornei à consciência, eu tinha o ânus dolorido
e o padre sangrava pela pica, junto a mim. Estava incons-
ciente, como eu estivera até então. Peguei o lençol da cama e
limpei-lhe o pênis. Havia um corte no prepúcio, como se ele
houvesse se rasgado. O jovem, sentado na cadeira de rodas,
tinha o queixo encostado no peito e a calça esporrada. Havia
ejaculado, e muito. Procurei num armário do quarto e achei
um pacotinho de gazes. Improvisei um curativo na rola do
padre. Depois, tirei a cueca do jovem e lavei. Torci-a bem,
para retirar o máximo de água. Quando parecia quase seca,
vesti-a no padre, para fixar o curativo. Também o vesti com
a batina. Deitei-o com cuidado na cama. Eu estava com uma
pequena bolsa, que havia levado para o cemitério, e conferi
o dinheiro que reservara para o taxi. Liguei para a recepção
e pedi a conta. Disse que meu namorado havia adormecido e
eu não estava disposta a esperar. Precisava levar meu “irmão”
deficiente para casa.
A atendente foi bastante solícita, e não me fez nenhu-
CRIATURA26
ma pergunta quando paguei a conta. No entanto, o dinheiro
que que sobrou não dava para contratar um táxi. O jeito foi
completar com o dinheiro pago ao padre pelo sermão no ce-
mitério. Mexi em seus bolsos e retirei dali uma quantia sufi-
ciente, inclusive para adiantar para a moça mais uma hora de
motel. Pedi que o acordasse, quando terminasse o tempo, e
lhe dissesse que eu precisei ir. Requisitei um táxi e logo o tive
parado na frente do quarto. Carreguei, eu mesma, o jovem
que parecia adormecido e fomos embora. Quando já estáva-
mos a caminho de casa, o jovem despertou. Ouvi em minha
mente:
- Pronto, agora já posso parar o meu domínio sobre o
padre. Neste momento, ele está acordando. Queria ver a sua
cara de surpresa, ao se descobrir num motel.
Eu não lhe dei atenção. Estava cansada do jovem, que
levava as pessoas a fazerem o que ele bem queria. Já tinha
minhas dúvidas de que continuaria cuidando dele. Percebi
seu olhar triste em minha direção e tive a certeza de que ele
podia ler pensamentos.
****************
- Agora que você está bem alimentado, vou ter que ir
em casa, pegar algumas roupas. Voltarei o quanto antes.
Quando pensei que ele iria me impedir de ir, ouvi em
minha mente:
- Volte, por favor. Eu poderia forçá-la a isso, mas não
quero que faça mais nada contra a tua vontade.
Olhei para ele, acho que com pena. Eu gostava do ra-
paz, tinha que confessar isso a mim mesma. É certo que fica-
ra irritada ao ser forçada a fazer sexo, mas eu mesma já não o
tinha forçado? Dei-lhe um beijinho na testa. Prometi voltar,
EHROS TOMASINI 27
e não estava mentindo.
Pouco tempo depois, eu abria uma conta no banco com
uma enorme quantia. Tive tratamento vip por conta disso.
Reservei uma grana para os gastos diários e, finalmente, fui
para a minha casa. Encontrei minha vizinha e amiga indo ao
supermercado. Tirei da bolsa um dinheiro e entreguei a ela.
- Oi, Rosa. Tome, amiga. Agradeço por ter me empres-
tado essa grana e por não ficar me cobrando.
- Não vai precisar?
Contei a ela que havia conseguido um bom emprego,
mas omiti os detalhes sórdidos, claro. Ela ficou muito conten-
te. Quis bebemorar. Eu não queria me demorar, pois deixara
o jovem cadeirante sozinho, mas ela insistiu. Fazia questão de
me pagar, ao menos, uma cerveja. Paramos no primeiro bar
que encontramos e, a despeito do cedo da hora, o local estava
lotado. Quando eu ia dizer que preferia que fôssemos para
um outro, ela reconheceu um cara que bebia com mais dois.
- Eita, Carlos está ali com uns amigos. Vamos para lá.
Ele é boa companhia e beberemos de graça.
Eu não sou de me aproveitar de homens para beber,
mas queria me livrar logo dela para ir-me embora. Segui-a
até a mesa sem reclamar. Ela me apresentou ao tal Carlos e
aos seus dois companheiros de farra. Percebi que um deles
ficou interessado em mim. Era um negrão bonito e de mãos
enormes. Seus dedos grossos pareciam pequenos pênis. Cri-
tiquei-me pelo pensamento libidinoso. Ele apertou forte-
mente minha mão, olhando-me bem dentro dos olhos, e eu
abaixei as vistas. Senti-me desnudada pelo seu olhar. O cara
disse para Rosa:
- Bonitinha e gostosa, a tua amiga. Ela fode?
CRIATURA28
Rosa ficou empulhada e eu mais ainda. O negro era
muito direto, pro meu gosto. Eu quis me levantar, mas um
dos amigos dele, que estava à mesa, me aconselhou:
- Valdo está já bêbado, fazendo besteira. Peço-lhe que
o perdoe. Se conseguir fazer isso, prometo que irá se divertir
conosco.
E, virando-se para o negrão, cochichou algo em seu
ouvido. Valdo pediu-me desculpa e se despediu dos outros,
levantando-se da mesa. Meteu a mão do bolso e retirou de
lá algum dinheiro. Chamou a garçonete e pagou a sua parte
da conta. E foi embora sem nem olhar para trás. Percebi que
ele cambaleava um pouco. Adolfo, o sujeito que havia falado
com ele, disse:
- Pronto, agora já estamos livre do inconveniente. O
que as moças vão querer beber?
Acho que bebemos umas dez cervejas, e eu não sou
muito de beber. Logo, fiquei dominada pelo álcool. Quando
quis ir embora, eis que me aparece um cara conhecido: o bê-
bado que fazia ponto na frente da casa do meu novo patrão.
Estranhei ele estar tão longe de lá. Os amigos de Rosa, no
entanto, o chamaram para a mesa. Ele veio, contente.
- Gente, hoje estou liso. Mas gostaria de beber algo, se
pagarem para mim.
- Senta aí e deixa de frescura. Você já pagou tantas pra
gente – disse o que tinha enxotado o negrão da mesa.
O cara não estava bêbado. Estava bem vestido e conti-
nuava asseado, como no dia anterior. Pareceu não me reco-
nhecer. Eu também não fiz alarde. Encheram seu copo e ele
brindou a todos:
- Por uma nova vida, livre daquela condenada!
- A quem ele se refere? - Perguntei a Rosa.
EHROS TOMASINI 29
- Sua filha desapareceu, depois de trabalhar como do-
méstica numa casa de grã-finos. Ele cismava da patroa dela,
uma coroa bonitona. Aí, soubemos que a tal tinha sumido do
mapa, deixando em seu lugar uma velha gagá.
Fiquei cismada. Será que ela se referia à minha fina-
da patroa? Mas ela não era coroa, nem bonita. Decerto Rosa
estava falando de outra pessoa. Não dei importância ao que
disse e continuei bebendo. Estava empolgada, talvez já sob
efeito do álcool. Disse para Rosa:
- Fique aqui. Vou pegar umas roupas em casa e já volto.
Antes que ela respondesse, o ex-bêbado disse:
- Eu vou contigo. Quero falar com você…
- Vá com ela. Assim, garante que ela volte – insistiu
Rosa.
Eu estava curiosa para saber o que o bêbado tinha a me
dizer. Por isso, não recusei sua companhia. Quando nos di-
rigíamos a minha casa, ele pareceu ter tomado coragem para
me dizer:
- Desculpe-me por tê-la seguido, mas eu precisava sa-
ber onde mora.
Eu fiquei surpresa. Percebi que quem me falava era o
jovem tetraplégico. Ele havia assumido, novamente, o corpo
do bêbado. Bateu-me um medo repentino. Eu já não queria
mais ir para a minha casa. Temia que ele soubesse o meu en-
dereço e nunca me deixasse em paz. A voz do bêbado afir-
mou:
- Está bem, eu errei. Não devia ter vindo. Agora, você
não confia mais em mim. Mas garanto que não quero te fazer
mal. É que fiquei apaixonado por você.
Estive olhando para ele, tentando enxergar verdade na-
CRIATURA30
quela declaração. Rebati:
- Se você gosta mesmo de mim, prove-o abandonando
agora mesmo esse corpo.
- Infelizmente, não posso. Eu morreria, longe da minha
matéria, pelo tempo de voltar para casa, para reassumir meu
corpo.
Estive pensativa. Perguntei:
- Quem é você, Angelo? Como consegue fazer o que
faz?
- Nem eu mesmo sei. Já nasci assim. Agradeço a minha
mãe por ter cuidado de mim, mas ela está cada dia pior.
- Como assim?
Ele esteve um tempo calado, depois disse:
- Nada, nada. Estou divagando. Mas vou deixá-la em
paz. Por favor, volte para mim. Eu te suplico.
- Vou pensar. Mas confesso que estou com medo de
você.
- Eu sei. Eu sinto teu medo. Mas, se voltar, prometo
nunca mais assumir a tua mente.
Olhei demoradamente para o bêbado, desconfiada.
Mas, não sei o porquê, eu acreditava no jovem. Talvez, na-
quele momento, o cara forçasse minha mente a acreditar nis-
so, mas já não me importava. Pela primeira vez, alguém, que
não era a minha mãe, dizia me amar.
- Está bem. Vamos lá em casa. Depois, voltamos para a
sua. Nem imagino como conseguiu chegar aqui, de tão lon-
ge…
- Peguei um táxi, claro.
Escolhi algumas roupas e objetos femininos e coloquei
tudo em uma bolsa grande. Ele esperava por mim, sentado
no sofá. Parecia descansar de algum grande esforço feito, tal-
EHROS TOMASINI 31
vez o de estar de pé durante tanto tempo, usando o corpo do
bêbado. Chamei um teletáxi e logo chegávamos à sua resi-
dência. Paguei a corrida e ele me tomou a bolsa, carregando-
-a para dentro de casa. Nem bem entramos, ele foi logo me
agarrando. Estava de pau duro. Eu, também me sentia excita-
da. Já havíamos tirado as nossas roupas, quando a campainha
do portão tocou.
FIM DA QUARTA PARTE.
CRIATURA32
CRIATURA – Parte V
Vesti-me depressa, apesar do olhar discordante de An-
gelo, que assumira o corpo do bêbado. Ele não queria
que eu fosse atender. Mas eu não sou de fugir de problemas,
prefiro enfrentá-los. Abri o portão no mecanismo da cadeira
de rodas, quando vi que era o detetive João de Sara quem
aguardava na frente da residência. Ele entrou e eu fechei o
portão às suas costas. O sujeito veio andando devagar, como
se estivesse ainda pensando no que dizer. Quando o atendi à
porta, ele simplesmente falou:
- Vista-se e venha comigo. Precisamos conversar.
- Se não percebeu, eu já estou vestida.
- Não de maneira adequada para onde vou te levar.
Pouco depois, ele parou seu carro defronte a um res-
taurante chique. Estivera o tempo todo pensativo, durante
todo o percurso até ali. Não havia respondido nenhuma das
EHROS TOMASINI 33
minhas perguntas. Todas as vezes que eu queria matar a mi-
nha curiosidade sobre aquele “encontro”, ele simplesmente
dizia: tenha paciência e logo saberá.
Sentamos em uma das mesas e o garçom nos trouxe o
cardápio. Eu disse que não estava com fome. Ele desdenhou
as minhas palavras. Fechou o menu e disse ao moço solícito
que aguardava perto:
- Traga-me aquele tira-gosto que sempre como aqui,
mas capriche no prato que hoje vocês têm visita.
O rapaz fez uma mesura, mais dirigida a mim do que
a ele. E se afastou, indo em direção à cozinha. Só então, o
detetive falou:
- O que sabe sobre a família da casa onde trabalha?
- Família? Com a morte da velha, sobrou só o rapaz.
- Não, ainda há uma mulher coroa, bonita, que de vez
em quando vem e depois some. Nunca mais soube dela.
Eu me lembrei da história sobre o bêbado. Uma coroa
bonitona… será que não era a mesma de quem o detetive
falava?
- Eu não sei de nada sobre a família de lá. Comecei a
trabalhar ontem. Fui indicada pela agência. Não seria melhor
perguntar lá, onde me indicaram?
- Pois foi justamente a agência quem me contratou. Já
desapareceram quatro mocinhas que trabalharam naquela
casa, inclusive a filha do bêbado que fica lá na frente.
- E você desconfia de quem?
- De todos, principalmente do rapaz. Ele pode não ser
o que aparenta. E não quero que você seja a quinta vítima.
Por isso quis falar contigo.
- Em troca, o que quer de mim? - Ousei perguntar.
Ele esteve em silêncio por um tempo, depois falou:
CRIATURA34
- Eu quero que fique de olho naquela família. Estou
crente de que a coroa bonitona agora reaparecerá. Se me ver
à espreita, pode fugir de novo. Ajude-me a desvendar o mis-
tério daquela casa.
Agora fui eu que estive pensativa. O jovem Angelo já ti-
nha mostrado pra mim que sua deficiência não lhe impunha
limites, já que ele podia se locomover sempre que quisesse
usando o corpo de outra pessoa. Havia me surpreendido lá
no bar, bem distante da sua residência. Eu também tinha in-
teresse em desvendar esse quebra-cabeça. Por isso, concordei
com o detetive em investigá-lo, e avisar a ele caso a tal coroa
bonitona aparecesse. O garçom chegou com um prato deco-
rado com frutas tropicais e uma carne escura. Perguntei-lhe
o que seria a tal carne. Ele respondeu-me que era segredo da
casa, mas que eu podia comer à vontade. Afirmou não ser no-
civa à saúde, nem de nenhum animal que eu não conhecesse.
Cortei um pedaço e experimentei. O sabor era maravilhoso.
Mas não arrisquei comer mais. Sei lá que danado era aquilo?
O detetive pareceu ter dado graças a Deus eu ter desis-
tido de comer, para sobrar mais para ele. Pediu um cálice de
vinho tinto e esteve saboreando a comida. Perguntei-lhe:
- De que danado é essa carne?
- Nunca soube. Faz anos que venho aqui e nunca des-
cobri. Mas adoro esse prato. Quase sempre o peço. Um dia,
descobrirei como é feito. Quer tomar um cálice de vinho?
- Prefiro dispensar. Não quero deixar o rapaz sozinho
muito tempo. Ele precisa de alguém para cuidar-lhe o tempo
todo.
- Conversa. Ele finge. Gosta dele?
Aquela pergunta me pegou de surpresa. Analisei rapi-
damente meus sentimentos. Sendo honesta comigo mesma,
a resposta seria sim. Eu gostava de Angelo. Mas estava inco-
EHROS TOMASINI 35
modada com a sua maneira invasiva de agir. Por isso, disse
ao detetive:
- Não, não gosto. Talvez um dia venha a gostar, já que
o conheci há pouco.
- Duvido do que me diz. Vejo em teus olhos que gosta
dele, e muito. Sou bom em avaliar pessoas. A menos que es-
teja disposta a me provar o contrário.
- Como assim?
Ele olhou-me fixamente, depois disse:
- Transe comigo. Então, saberei que não sente nada por
ele.
- E você, o que sente por mim?
- Um enorme tesão, pode crer. Estive te olhando. Você
tem uma bunda deliciosa, e parece que gosta de usá-la.
Eu fiquei indignada com as suas palavras. Talvez, se ele
tivesse sido mais discreto em sua cantada, eu teria aceitado
dar, ao menos, uma foda com ele, pois achava o detetive bo-
nito. Mas ele me tratou como uma puta. Então, eu me levan-
tei e por pouco não lhe dei um tapa no rosto. Fiz meia volta
e fui embora. Ele não me seguiu. Ficou lá, saboreando tran-
quilamente o seu prato. Fiquei frustrada e irada ao mesmo
tempo. Esperava que, ao menos, ele viesse atrás de mim para
me pedir desculpas. Voltei à mesa disposta a dizer-lhe poucas
e boas. Aí, para a minha surpresa, vi o bêbado sentado em
uma mesa próxima da que estávamos sentados. Sorriu para
mim. Então, eu entendi tudo: o detetive estava possuído pelo
jovem, que devia estar assumindo o corpo do bêbado. Não
sei o quanto ele ouviu da nossa conversa mas, com certeza,
havia sido ele quem me dera aquela cantada, e não o detetive.
Este comia sua carne predileta sem me dar a mínima aten-
ção. Parecia que eu não estava ali. Então, fingi que não havia
visto o bêbado, vestido com roupas elegantes mas apertadas,
e fui-me embora.
CRIATURA36
Peguei o primeiro táxi que vi, querendo chegar à re-
sidência do jovem primeiro que ele. Estava disposta a pegar
minhas coisas e sumir. Não queria mais ficar perto de Ange-
lo. Um táxi parou próximo a mim, antes que eu o chamasse.
Estranhei, mas entrei nele mesmo assim. Aí, minha cabeça
rodou e eu acho que perdi os sentidos.
Despertei nua, ao lado do jovem. Ele também estava
nu e olhava para mim, preocupado. Estava deitado de lado,
apoiado sobre o cotovelo. Assustei-me:
- O que houve? Onde estou?
- Oi, amor -, ouvi na minha mente – você está aqui em
casa, comigo. Não lembra?
Olhei em volta e, claro, reconheci o quarto dele. Per-
guntei mais uma vez o que tinha acontecido comigo.
- Estávamos transando e você desmaiou. Fiquei preo-
cupado – ele continuava falando em minha cabeça.
Levantei-me de um pulo. Perguntei como ele conseguia
ficar naquela posição, apoiado sobre o braço. Ele me respon-
deu que às vezes ganhava novas forças e conseguia até ficar
de pé, mas nunca tinha conseguido dar mais que dois passos.
Naquele momento, se sentia muito bem.
- Onde está o detetive?
- Ué, eu não sei. Ele não voltou mais aqui, depois que
falou contigo, logo após a morte de minha mãe.
- Mentira tua. Ele voltou hoje à tarde e nós saímos jun-
tos daqui…
Ele me olhou como se estranhasse a minha afirmati-
va. Disse-me que nem bem havíamos começado a transar,
eu desmaiei. Mesmo invadindo a minha mente, ele não con-
seguiu me despertar. Então, simplesmente aguardou que eu
retomasse os sentidos. O cara parecia estar sendo sincero e eu
comecei a desconfiar da minha sanidade mental. Voltei a me
EHROS TOMASINI 37
deitar perto dele. Beijei-o ternamente. Falei:
- Não sei o que está acontecendo comigo. Acho que es-
tive sonhando. Desculpe-me.
Ele moveu um braço com dificuldade e acariciou-me a
cabeça. Pediu que eu voltasse a dormir. Já eram quase onze da
noite. Depois, continuaríamos a foda interrompida.
Virei-me para o outro lado e fechei os olhos, mas não
pretendia dormir. Estive pensando. Cheguei à conclusão de
que tudo estava muito nítido em minha mente, para ter sido
um simples sonho. E o desmaio havia sido pra lá de estranho.
Fiquei com medo do rapaz. O que ele estava fazendo comigo?
Eu precisava descobrir. Então me lembrei que ele podia estar
naquele momento invadindo a minha mente e sabendo o que
eu estava pensando. Mas ouvi um ronco. Ele dormia. Ou fin-
gia dormir. Logo, eu também adormeci.
Enquanto isso, no bar, o garçom chamava o bêbado:
- Moço? Moço, acorde. O senhor precisa pagar a conta.
O bar já está fechando.
O bêbado abriu os olhos e disse, ainda sonolento:
- Que conta? Eu não consumi nada…
- É verdade. Mas a mesa custa quarenta reais, com
direito a quatro pessoas. E ainda tem meus dez por cento,
mesmo sem consumo. Portanto, o senhor me deve quarenta
e quatro reais.
O bêbado botou a mão no bolso, disposto a pagar, mas
não achou nada lá. Chiou:
- Porra, acho que me roubaram todo o dinheiro. Não
tenho como pagar…
Alguém disse:
CRIATURA38
- Deixe, Júlio. Eu pago a conta dele. Me traga mais uma
taça de vinho.
O bêbado agradeceu, depois levantou-se do seu lugar e
sentou-se à mesa do detetive, sem pedir licença.
- O senhor sabe como eu vim parar aqui? Eu não me
lembro. Só me recordo que o senhor estava com uma jovem
que eu conheço, mas não sei de onde.
- Eu, com uma jovem? Que conversa é essa, meu ami-
go? Estive o tempo todo sozinho.
Aí, o garçom interviu na conversa. Disse:
- Não, o senhor veio, realmente, com uma moça bonita,
detetive. Ela não quis comer e foi embora. Achei que tivessem
brigado. Ela saiu sozinha e pegou um táxi aí na frente do res-
taurante.
O detetive esteve perplexo, depois perguntou:
- Vocês têm câmera de vigilância dentro do bar, não é
mesmo?
Pouco depois, o detetive via sua imagem num vídeo,
acompanhado de uma jovem, no monitor da sala de vigilân-
cia. Reconheceu a moça. Exclamou:
- Puta que me pariu! Agora me lembro: eu a trouxe
aqui, para falar com ela. Queria pedir sua ajuda para resolver
o mistério que se esconde na casa onde ela agora trabalha.
Preciso das imagens da frente do restaurante!
O detetive não encontrou nada de anormal no resto da
gravação. Viu a jovem pegar um táxi e ir-se embora, desapa-
recendo das imagens gravadas. Mesmo assim, anotou o nú-
mero da placa do taxi. Também lhe era estranho a presença
do bêbado naquele restaurante. Lembrava-se dele insistindo
para que a Polícia lhe achasse a filha desaparecida. Voltou
aonde o bêbado estava sentado: na mesma mesa onde ele es-
EHROS TOMASINI 39
tivera. O cara continuava lá. Ele lhe ofereceu uma cerveja. O
sujeito aceitou e bebeu-a do gargalo. O detetive perguntou:
- O que faz aqui, tão longe de onde costuma ficar?
- E eu sei lá. Sempre tenho uns apagões. A última coisa
que lembro é do rapaz se aproximando de mim, lá na casa
onde costumo dormir na frente. Se eu não estava sonhando,
ele estava de pé na minha frente. Mas isso é impossível. O
cara mal anda de cadeira de rodas!
O detetive deu um sorriso. Estava feliz em saber que
suas suspeitas tinham algum fundamento. Arquitetou um
plano. O botaria em prática, logo no dia seguinte. Pagou mais
uma cerveja para o bêbado e foi embora. Deixou o sujeito lá,
no bar. Quando chegou em casa, não encontrou a sua esposa.
Fez uma cara impaciente. Voltou ao carro, retirou do porta-
-mala uma valise contendo uns disfarces e trocou sua roupa
por uma que estava dentro dela. Ajeitou uma peruca na ca-
beça, além de colocar barba e bigodes postiços, e deu parti-
da. Pouco depois, estava num inferninho no bairro de Boa
Viagem, na zona sul do Recife. Foi preciso pagar para entrar.
Viu uma loira boazuda bebendo sozinha e sentou-se numa
mesa quase ao lado da dela. Ela o notou e ficou olhando em
sua direção. Quando suas vistas se encontraram, ela deu um
belo e convidativo sorriso. Ele fingiu que não a tinha visto.
Ela levantou-se da mesa e veio para perto dele. Perguntou:
- Me paga uma bebida?
- Desculpe, mas eu estou esperando alguém – ele disse.
- Ela é mais bonita e gostosa do que eu? - Falou a loira,
passando as mãos nos quadris, enaltecendo as suas próprias
formas.
- Isso não te interessa. - Foi a resposta dele.
Ela esteve olhando para o detetive. Parecia drogada.
Perguntou:
- Eu não te conheço de algum lugar?
CRIATURA40
- Não creio. Eu me lembraria.
- Posso fazer algo por você?
- Não sei o que poderia fazer por mim.
- Se tua eleita não vier, posso te dar uma chupada. O
puto do meu marido merece umas galhas. E eu estou afim de
chupar.
- Você só chupa?
- De graça, hoje sim. Mas faço tudo o que quiser, se me
pagar. Só não beijo na boca.
- Me daria o cuzinho?
Ela demorou-se olhando para ele. Disse novamente:
- Acho que te conheço de algum lugar.
- Você já me disse isso. Responda a minha pergunta.
- Você tem pau exagerado?
- Não sei. Quer ver?
Ela aproximou a boca do ouvido dele e disse:
- Aqui, não. Não podemos flertar com os clientes, se
eles não nos pagam bebidas. Você está de carro?
Ele esteve indeciso, depois disse:
- Sim, estou motorizado. Quer ir para algum lugar?
- Quero. Me tira daqui. Eu não gosto daqui.
- E por que vem?
- Meu marido é um merda. Prefere trabalhar a estar
comigo, aquele corno. Por isso, não fazemos outro filho.
- Já têm quantos?
De repente, ela começou a chorar. Disse, aos pran-
tos, que teve uma bebezinha, mas ela morreu asfixiada com
a própria mamadeira. Ela estava muito drogada, não viu a
criança se debater. Quando o marido chegou, culpou-a pela
morte da filha e nunca mais quis transar com ela. Temia que
ela, drogada, matasse outra criança que nascesse.
EHROS TOMASINI 41
- E por quê não para com o vício de se drogar?
- Para aquele puto, seria uma vitória. Ele sempre me
pede isso. Não faço. Minha vingança é que ele me veja defi-
nhando até a morte! - Confessou ela, ainda choramingando.
- Bem, eu vou te confessar uma coisa. - Disse ele – Eu
não transo com pessoas drogadas. Vou te levar de volta ao
inferninho. Não me interessa nem ser chupado por você.
- Conheço esse carro, não sei de onde. - Foi a resposta
dela.
No entanto, quando ele parou para fazer a volta, ela pe-
diu:
- Leve-me para casa, por favor. Desisti de me embria-
gar. Já estou muito doidona.
- Está bem. Diga-me o caminho.
Pouco depois, paravam defronte de uma casa modesta,
mas ajeitadinha. Tinha uma arquitetura moderna e se desta-
cava das outras da rua. Ela desceu, meteu a cabeça pela janela
do veículo e disse:
- Ainda está em tempo. Dou-te uma chupada e você vai
embora.
- E se teu marido chegar?
- Eu queria que ele me visse te chupando. Quem sabe,
assim, não sentiria tesão por mim?
- Você já transou com outro, que não fosse ele?
- Sei lá. Não me lembro. Acordo em minha cama e nem
sei quem me trouxe de volta pra casa.
Ele desceu do carro. Caminharam em direção ao por-
tão da casa e ela o abriu com uma chave que tirou de entre os
seios, pois ele estava fechado a cadeado. Ela disse:
- Última chance. Vai querer?
Ele esteve indeciso. Depois, olhou para os lados e abriu
CRIATURA42
a braguilha da calça, botando para fora o seu enorme pau. Ela
assobiou:
- Uau, cara, que pau enorme. Não vou te dar o meu
cuzinho, não. Mas posso te dar uma chupada bem gostosa…
- Chupa. - Disse ele.
Ela quase caiu ajoelhada entre suas pernas. Ajeitou o
caralho dele na boca e começou a chupar. Fazia-o de forma
desajeitada, mas ele não deu importância a isso. Ela parou a
felação para dizer:
- Conheço esse caralho, não sei de onde.
- Deixa de conversa e chupa, cadela. Depois, vou que-
rer foder tua bunda.
- Aqui não. Vamos lá pra dentro… aí, eu deixo. Mas vai
ter que ser bem carinhoso comigo. Quero foder lá na cama
do meu marido, mas não aguento tomar no cu por muito
tempo – ela disse já bastante afetada pelas drogas.
Entraram, e ela foi logo tirando a roupa e empinando a
bunda. Ele a guiou até o sofá e fez-lhe ficar ajoelhada nele. Sa-
livou o enorme caralho e esfregou na regada da bunda dela.
Ela abriu-se mais, usando as mãos. Ele enfiou só a cabecinha
e começou os movimentos de cópula. Ela ficou pedindo mais.
Lançava a bunda contra o pau avantajado dele, mas ele lhe
negava pica. Fodia-lhe apenas a entrada do cuzinho. Então,
ela começou a gozar, pedindo que ele enfiasse tudo. Ele me-
teu-lhe só até a metade, depois continuou os movimentos.
Ela urrava de prazer. Ele pressionou-lhe a boca com a mão
e continuou metendo. Quando percebeu que ela relaxou o
ânus, aí sim, empurrou toda a trolha. Ela deu um grito arras-
tado e estremeceu-se toda. Entrou em frenesi. Gozou várias
vezes, lançando uma demorado e entrecortado jato no encos-
to do sofá. Depois, desfaleceu de tantos orgasmos contínuos.
Ele continuou metendo, até que gozou também. Uma
EHROS TOMASINI 43
gozada longa, como havia muito tempo não dava. Carregou-
-a nos braços, vestiu-a com uma lingérie e deitou-a na cama.
Cobriu-a com carinho, depois de dar-lhe um beijinho no ros-
to. Depois, retirou o disfarce, guardou-o no carro e voltou
para dentro da casa. Tomou um banho e deitou-se ao lado da
esposa. Logo, dormia também.
FIM DA QUINTA PARTE.
CRIATURA44
CRIATURA – Parte VI
Acordei com o chamado insistente do meu celular. Aten-
di. Era a minha amiga Rosa:
- O que foi que houve, mulher? Você me deixou lá,
plantada no bar com aqueles meus amigos e não voltou. Não
me diga que se engraçou daquele bêbado?
- Do que você está falando, Rosa?
- Endoidou, foi? Saiu dizendo que iria pegar umas rou-
pas em casa e sumiu. Ontem, o bêbado disse que te havia
visto com um cara que é da Polícia. Detetive, se não me en-
gano…
Quando Rosa falou do encontro com o detetive, suas
palavras abriram minha mente. Lembrei-me de ter estado
num restaurante com o sujeito e dele ter me dado uma canta-
da agressiva. Depois, percebi que o bêbado que vive na frente
da casa onde trabalho estava no bar e então me lembrei de
EHROS TOMASINI 45
tudo: o jovem cadeirante estava dominando a mente do bê-
bado e do detetive. Eu precisava falar com o policial, para que
ele me contasse o que estava realmente havendo. Olhei para
Angelo e ele ainda dormia. Resolvi aproveitar aquela oportu-
nidade. Nem tomei banho, corri para a delegacia mais próxi-
ma. Contava com encontrar o policial Sara lá.
Ele não estava. Mas me disseram que estava na hora
dele chegar, e eu resolvi esperá-lo. Não demorou meia hora, o
cara chegou. Quando me viu, veio direto em minha direção.
Perguntou-me o que eu fazia ali. Eu disse que precisava falar
com ele. Fomos para a sua sala e ele me ofereceu um café. En-
quanto eu saboreava o líquido, me inqueriu sobre o motivo
da minha visita.
- Eu estive pensando no que me disse lá no restaurante
e me decidi a ajudá-lo. Mas, para isso, terei que saber de toda
a história, tintim por tintim.
- Não tenho muito a dizer. O fato é que estou inves-
tigando o desaparecimento de quatro moças que, coinci-
dentemente, trabalharam naquela casa. Andei fuçando uns
documentos e descobri que aquela senhora que faleceu re-
centemente não é nem parente do rapaz. Talvez a outra, a
coroa bonitona, seja. Mas não consigo encontrá-la. Queria
tua ajuda, mas pode ser perigoso. Por outro lado, achei um
jeito de espionar aquela casa sem levantar suspeitas. Só pre-
ciso da autorização do delegado para montar um aparato de
vigilância. Portanto, não preciso mais de você.
Eu fiquei frustrada na minha tentativa para saber mais
sobre o jovem Angelo. Mas resolvi insistir:
- Ontem, você me disse que sentia tesão por mim. Isso
é verdade?
O detetive olhou para mim como se eu tivesse dito uma
CRIATURA46
blasfêmia. Estava irritado, quando falou:
- Que conversa é essa, minha senhora? Todos nessa de-
legacia sabem que amo minha mulher, e que não a trairia por
nada deste mundo.
- Desculpe, eu devo ter entendido mal.
Despedi-me do detetive e fui embora, empulhada. Ago-
ra, eu tinha mesmo a certeza de que ele estivera sob domínio
do jovem, que eu passei a chamar de Criatura. Eu estava por
minha conta e risco, mas queria ir até o fim daquela história.
Iria descobrir o mistério que rondava aquela residência. Pen-
sei em voltar para lá, mas não podia chegar de mãos abanan-
do. A Criatura ficaria desconfiada da minha saída. Por isso,
passei num supermercado e fiz umas compras. Fui para casa
pensando num modo de bloquear a minha mente, quando
estivesse próxima a Angelo. À caminho da residência, passei
por uma farmácia. Comprei lá um sonífero poderoso, ale-
gando que estava com uma insônia das brabas. De posse do
remédio, segui para a casa da Criatura. Vi uns homens me-
xendo nuns fios da rua, como se estivessem colocando uma
câmera de vigilância naquele ponto. Será que era disso que o
detetive falava, ao me dizer que não precisaria mais de mim?
Para a minha surpresa, a Criatura continuava dormin-
do. Aproveitei para fazer um suco de laranja e acrescentar
uma grande dose de sonífero nele. Depois, fui acordar o ra-
paz:
- Acorde, amor. Já é tarde, e você não pode ficar sem se
alimentar. Tome ao menos este suco…
Ele abriu os olhos e sorriu, como se me dissesse bom
dia. Dei-lhe um beijinho no rosto e suspendi seu corpo, dei-
xando-o sentado na cama. Ele estava débil, como se tivesse
perdido todas as suas forças. Com o tubo acoplado ao bojo,
fiz com que tomasse todo o copo de suco. Me esforcei para
EHROS TOMASINI 47
bloquear minha mente, para que ele não percebesse que eu
o estava enganando. Mas eu não sabia como bloquear meus
pensamentos. Meu coração estava aos pulos, enquanto ele
ingeria o líquido. Fiquei segurando-o, até que ele revirou os
olhos. Adormeceu em seguida.
Eu estava exultante. Havia conseguido enganar a Cria-
tura. Mas, e daí? Teria que fazer isso o tempo todo? Porém,
eu não queria pensar naquilo agora. Quando cheguei da rua,
notei que o bêbado não estava na frente de casa. Onde ele te-
ria se metido? Contava com ele para solucionar o mistério da
casa do fim da rua, como eu pensava em apelidar aquela re-
sidência. Na minha solidão, eu assistia e curtia velhos filmes
de terror. Ainda hoje, adoro-os. Aí, me lembrei do advogado.
Tinha o telefone dele. Ligaria pro cara e conversaria com ele.
Talvez ele pudesse me ajudar a solucionar aquele mistério, já
que conhecia aquela família havia tempos.
O advogado estranhou meu interesse em ter uma con-
versa com ele, principalmente que eu não lhe expliquei o
motivo. Disse-lhe apenas que queria algumas informações de
como proceder com o acompanhamento ao jovem, mas que
não queria falar por telefone. Ele marcou uma entrevista co-
migo em seu escritório de advocacia. Impedi que ele adiasse
o nosso encontro para outro dia. Eu contava ir e vir ao seu
escritório enquanto a Criatura estivesse ainda dormindo. No
início da tarde, estávamos um diante do outro. Fui sincera:
- O detetive Sara de Menezes esteve lá na residência
e me contou umas histórias sobre uns desaparecimentos de
moças que trabalhavam lá. Fiquei apreensiva. Vim aqui que-
rendo saber toda a verdade, senão serei obrigada a sair de lá.
O advogado, um homem sisudo e reservado, esteve por
um momento pensativo. Depois, perguntou:
- O que você quer saber mesmo?
CRIATURA48
- Primeiro, quem é aquele jovem. Ele mesmo me disse
que não sabia quem eram seus pais.
- Ah, isso é verdade. Vou te contar uma história antiga
que talvez responda às tuas perguntas.
O cara levantou-se e pegou dois copos de cima de um
móvel. Ligou do interfone e pediu para a secretária suspen-
der todos seus compromissos para aquela tarde. Colocou
gelo nos copos, tirados de um frigobar do escritório, e me
ofereceu uma dose de uísque. Aceitei. Ele voltou a se sentar,
tilintando a sua dose no copo, e relaxou o corpo na poltro-
na. Eu, ao contrário dele, estiquei-me mais para perto de si,
apoiando-me no birô. Ele começou:
- Quando eu era jovem, tinha uma namorada não mui-
to fiel. Aliás, infiel toda. Certa vez, disse-me que iria acampar
com umas amigas, jurando que não iria nenhum rapaz com
elas. Claro que não acreditei. Ela tinha uma amiga, uma loira
muito bonita, e eu me aproximei dela, fingindo estar apai-
xonado. Sim, é verdade que ela sabia da minha namorada.
Ambas eram amigas quase inseparáveis. Mas a minha fingida
declaração de amor para a loira a deixou afim de mim. No en-
tanto, ela exigiu que eu fosse consigo ao acampamento, para
todos saberem – inclusive minha namorada – que estávamos
juntos.
- E você topou?
- Sim. Eu mataria dois coelhos com uma só cajadada:
flagraria minha namorada com outro e ainda lhe foderia a
amiga, se me perdoa a expressão.
- Tudo bem. Não me escandalizo com palavrões.
- Ótimo. Eu tenho a boca suja, mas preciso me conter
por conta da minha profissão.
- Fique à vontade. - Eu disse.
Ele deu uma pausa, depois continuou:
EHROS TOMASINI 49
- Pois bem… acontece que daquela vez eu estava enga-
nado. Minha namorada era muito mística, e participava de
um grupo de pessoas que acreditavam na visita de extrater-
restres.
- Nossa, e isso existe?
- Deixe-me continuar sem interrupções, por favor. O
grupo estava certo de que uma nave pousaria naquela clarei-
ra, no meio da mata da Guabiraba, naquela noite. Mas não
fizeram alarde para a Imprensa, temendo estarem errados. A
líder do grupo, uma mulher feia pra caralho, vetou a minha
presença, dizendo que os visitantes só apareceriam para mu-
lheres. Expulsaram-me de lá, temendo que os alienígenas não
aparecessem por causa de mim. Fui embora frustrado, pois
não vi, realmente, nenhum homem no grupo. Minha apari-
ção, de mãos dadas com a amiga de minha namorada, só fez
com que ela ficasse irada comigo. Mas eu ainda não estava
convencido da sua inocência. Fingi ir embora de carro e vol-
tei a pé. Procurei um lugarzinho escondido e fiquei à espreita.
Havia escondido meu veículo entre as folhagens e fiquei à
espera de aparecer rapazes.
O advogado deu mais uma pausa em seu relato para
tomar outro gole de uísque. Continuou:
- Então, eu vi aquela luz ofuscante surgir do nada. Tive
que fechar os olhos, cegos pela intensa claridade. Quando os
abri, havia uma criatura estranha perto do grupo. A líder co-
meçou a gritar umas frases em outra língua e todas a imita-
ram. Eram cerca de vinte mulheres. Aí, a líder ajoelhou-se e
todas fizeram o mesmo. A criatura de cerca de três metros,
muito magra e branca, caminhou até as mulheres. Tocou com
as pontas dos dedos justamente na testa da minha namorada.
Ela tinha sido a escolhida. Então, as outras formaram um cír-
culo no meio da clareira, em torno dos dois, e minha namo-
rada se despiu. A criatura, que já parecia estar nua, deitou-se
CRIATURA50
sobre ela.
Agora o advogado ingeria goles atrás de goles da be-
bida, como se estivesse nervoso. Lágrimas caíam dos seus
olhos, quando disse:
- Minha namorada gritava alto. Não estava gozando
com a cópula do alienígena. Ela sofria e ninguém fazia nada.
Então, saí do meu esconderijo e parti para cima da grotesca
aparição. Mas não consegui fazer com que deixasse de co-
pular com ela. Sua genitália era enorme, e ele me enfrentou
de pé enquanto seu membro continuava inserido na parceira
sexual. As mulheres me atacaram, defendendo o ser. Eram
muitas, e eu sucumbi às suas pancadas. Desmaiei.
Ele enxugou as lágrimas do rosto, depois continuou:
- Quando acordei, já era de dia. Todas as mulheres ja-
ziam mortas, menos a loira amiga de minha namorada. A es-
tranha criatura tinha sumido. Mas havia uma coisa diferente:
minha namorada estava com um barrigão enorme, como se
estivesse com nove meses de gravidez. A loira, quando me
viu acordar, chamou-me para acudi-la:
- Depressa, precisamos fazer-lhe uma cirurgia, para
salvar o feto. Ajude-me aqui. Precisamos de algo cortante.
Corri até meu carro, escondido na mata, e trouxe de lá
um canivete afiado. A loira me disse:
- Tua namorada já está morta. Mas precisamos salvar
o bebê.
- Eu ainda estava meio leso com os acontecimentos.
Ajudei-a sem nem pensar. Abrimos a barriga de minha na-
morada sem esterilizar o canivete, e retiramos de lá o bebê
completamente formado. Ele chorava muito, ao vir à luz. De-
pois que limpamos o sangue, o bebê se revelou branquíssimo.
Era magro e grande, como a criatura. A loira pegou os cantis
das outras e deu um banho nele. Depois, enxugou-o com cui-
EHROS TOMASINI 51
dado. Só então, me disse:
- O extraterreste nos deixou uma missão: cuidar do
bebê, eu e você. A mim, me prometeu a beleza eterna, que
foi o que pedi para cuidar da criança. A você, que o atacou, a
incumbência de me ajudar a criá-lo.
- E o que eu ganho com isso?
- O que gostaria de ganhar?
- Dinheiro. Muito dinheiro.
- Você terá quanto quiser. Mas tem que me ajudar a
criar e proteger o bebê.
- Como saberei se está me dizendo a verdade? Sobre o
dinheiro, claro.
- Hoje mesmo vá ao banco e abra uma conta. Amanhã,
deposito nela a quantia que quiser.
E ela fez isso? - Perguntei.
- Sim. Fez. E faz isso até hoje, só não sei como.
- Uma história inacreditável, o senhor me desculpe. E a
velha que morreu, onde entra nessa história?
- Passei uns tempos sem ver a loira. Anos, na verdade.
Ela nunca falhou em depositar meu dinheiro, todos os meses,
na minha conta. Em compensação, eu cuidava de tudo: edu-
cação para o menino, com professores particulares que lhe
davam aulas em casa; médicos e internamentos a domicílio,
quando adoecia; e por aí vai. Um dia, a loira me procurou
e disse que passaria uns tempos fora. Que iria deixar uma
senhora para tomar de conta da criança, mas que eu continu-
aria recebendo mensalmente minha grana. Eu exigi aumento
da quantia e ela nem chiou.
- E por que ainda trabalha?
- Para driblar o Imposto de Renda e a Polícia. Como
iria justificar tanta grana na conta, se não tivesse uma fonte
de renda?
- Entendo. Mas continuo incrédula. Não dá para loca-
lizar a tal loira?
CRIATURA52
- Estou tentando. Ela já deve saber da morte da velha.
Mandou-me um e-mail.
Eu saí do escritório do cara achando aquela história
muito mirabolante para ser verdade. Ele me escondia algo.
Mas a história da grana fazia sentido, já que eu não tive pro-
blemas para ter dinheiro em minha conta. Porém, eu estava
na mesma: não sabia nada sobre a Criatura, nem sobre sua fa-
mília. Voltava pensativa para o trabalho, quando avistei o ne-
grão que havia me destratado. Ele também me viu. Veio me
pedir desculpas. Eu acreditava que ele estivera, na ocasião,
sob domínio de Angelo. Aceitei as suas desculpas de bom
grado. Aí, ele me chamou para tomar umas cervejas. Aceitei.
Naquela tarde, fiquei encantada com o negrão. Ele era
divertido, e contava histórias interessantes. Falamos sobre
diversos assuntos. Não sei se foi por causa do álcool, mas
logo estávamos nos beijando. Os beijos se transformaram em
amassos. Os amassos nos levaram para um motel.
Eu sentia uma grande necessidade de sexo. Desde que
comecei a trabalhar naquela casa, estava o tempo todo exci-
tada. O negrão me disse ser comprometido, que tinha uma
namorada fixa havia uns cinco anos, mas eu não quis saber:
queria porque queria transar com ele. Já entramos no quarto
do motel nos beijando, no maior dos sarros. Seu caralho não
era grande, mas era bem grosso. Fui afoita e o pedi no cu. Ele
alertou de que eu não iria aguentar. Mas, em poucos minutos,
eu o tinha dentro de mim. Eu sentia prazer em sofrer. Quanto
mais doía, mais eu queria ser fodida. Era como se eu estivesse
me punindo por deixar a Criatura lá, drogada. O primeiro
orgasmo, no entanto, me fez esquecer de Angelo.
FIM DA SEXTA PARTE.
EHROS TOMASINI 53
CRIATURA - Parte VII
Confesso que temia que a Criatura, como eu passei a cha-
mar o rapaz cadeirante, tivesse abduzido o negrão. Mas
não. Estivemos apenas nós dois, curtindo um ao outro, e o
sexo foi maravilhoso. Mas eu precisava ir embora. Já era qua-
se noite, e o rapaz já podia ter acordado, apesar da dose exa-
gerada de sonífero que lhe fiz ingerir. inventei uma desculpa
qualquer e me despedi do meu novo amante, que achou me-
lhor ficar no motel mais um pouco. Disse estar esgotado, e
eu acreditei. Foram várias gozadas seguidas, minhas e dele.
Perguntei se nos encontraríamos de novo e ele foi reticente.
Mas eu estava satisfeita. Havia sido a minha melhor foda.
Quando cheguei em casa, o jovem ainda dormia. Fi-
quei preocupada. Será que eu tinha exagerado na dose? Re-
solvi esperar mais um pouco, para tentar acordá-lo. Enquan-
to isso, preparei uma mistura pastosa de frutas e verduras,
CRIATURA54
no liquidificador, e guardei na geladeira. Sentei-me no sofá
da sala e liguei a tevê. Como detesto novelas, peguei no sono.
******************
O advogado olhou para o seu relógio de ouro, lhe en-
volvendo o pulso. Faltava pouco para a meia-noite. Dera uma
boa soma ao vigia do cemitério para que ele abrisse a cata-
cumba da velha que falecera naquela semana, a tal que cui-
dava do rapaz cadeirante. A história que contara à jovem que
agora cuidava do rapaz fora mirabolante, mas a verdade era
muito mais estapafúrdia. A tal Ieda jamais iria acreditar no
que estava para acontecer dentro de algumas horas.
- Posso abrir o ataúde, senhor?
- Ainda não. Tem de ser à meia-noite em ponto.
O vigia acatou a ordem do advogado e, pouco depois,
estava abrindo o caixão. Não estava nervoso, como da pri-
meira vez que fez aquilo. Já estava acostumado com o que ia
encontrar ali dentro: um corpo disforme, ressequido como
uma velha múmia. Dessa vez não foi diferente. Como sempre
fazia de sete em sete anos, retirou o cadáver do esquife e dei-
tou-o no chão coberto de grama verde, perto da catacumba.
Despiu-o de todas as suas roupas e, como estava de luvas,
começou a retirar umas cascas grossas e ressequidas do cor-
po, descobrindo sob aquela camada uma pele lisa e macia.
Quando se ocupou em puxar o couro cabeludo do cadáver
feminino, descobriu os cabelos loiros e sedosos que estavam
por baixo. Demorou quase uma hora retirando as crostas de
carnes mortas, até que o corpo que agora se via era o de uma
mulher de cerca de quarenta anos, belíssima. Ela parecia sor-
rir, mas continuava morta.
- Já faz mais de vinte anos que faço isso, a cada sete
anos, e ainda não entendi para o que o senhor quer uma mu-
lher morta, por mais bonita que ela seja, doutô.
- Não é da sua conta. Continue de bico fechado sobre
EHROS TOMASINI 55
isso e será um homem rico. Agora, me ajude a botá-la no meu
carro. E sem deixa-la cair, entendido?
O homem fez o que lhe era pedido. Achava que o gran-
fino gostava de foder defuntas, mas isso realmente não era
da sua conta. O que lhe importava era a grana graúda que
ganhava a cada sete anos, com o macabro ritual. Despediu-se
do sujeito e foi contar seu dinheiro, pois achava uma desfeita
contá-lo na frente do cliente. No entanto, nunca faltara um
centavo sequer do combinado.
Quando chegou à sua residência, num bairro nobre do
Recife, o advogado não contava com quem carregasse seu
fardo macabro para dentro. Não tinha empregados na casa
àquela hora. Também nunca se casara. Por isso, ninguém
viu quando atravessou o portão da residência de muros altos
transportando o corpo até a sala, deitando-o no sofá. Fechou
todas as portas e voltou a carregar a defunta, desta vez para o
banheiro. Acomodou-a numa banheira que encheu de água
morna, até que o cadáver ficasse submerso. Misturou essên-
cias à água, tornando-a muito cheirosa. Depois, tirou toda a
roupa, sentou-se numa poltrona que havia dentro do amplo
banheiro e encheu-se de paciência para esperar.
De repente, o cadáver agitou-se dentro da banheira.
Sentou-se rápido, com dificuldades para respirar. Passou a
mão no rosto, incomodado com a água morna. Aí, viu o ad-
vogado, que observava alerta. O ser macabro falou, com uma
voz ainda esganiçada:
- Fez tudo como devia?
- Sim. Como sempre. Mas desta vez temos um pequeno
problema...
- Tudo a seu tempo - disse a ex-defunta. - Agora, dê-me
o que mais preciso.
- Venha até mim. Assim, testará as tuas forças.
CRIATURA56
Ela esfregou o corpo demoradamente, passando tam-
bém sabonete líquido e depois retirando a espuma, antes de
se levantar da banheira. Depois, agachou-se entre as pernas
do advogado e o chupou com gula, até que ele gozou em sua
boca. Foi uma gozada cavalar, na qual ele quase não parou de
verter porra. Ela elogiou:
- Sim, vejo que cumpriu bem o acordo. Deve ter, mes-
mo, passado esses sete anos sem foder ninguém, pois conse-
gue verter uma quantidade de esperma digna de fazer inveja
a qualquer homem.
- Eu preferia gozar na tua boceta, ou no teu cu aperta-
do.
- Sabe que não podemos ter esse tipo de intimidades.
Correríamos o risco de perder tudo. Agora, descanse um
pouco, pois vou querer de novo.
Dito isso, ela voltou para dentro da banheira e conti-
nuou a passar essências no corpo.
O advogado fechou os olhos. Aproveitou a pausa para
relembrar o passado. Tinha contado apenas parte da verda-
de à cuidadora do cadeirante. O fato é que quando acordou,
todo dolorido, naquela noite dos anos 70, não reconheceu
sua recente namorada loira. Esta, que antes era carinhosa e
frágil, havia se transformado numa mulher calculista e man-
dona. Não demorou muito a ele descobrir que a feiosa líder
do grupo havia assumido o corpo da sua nova namorada.
Por isso, não estranhou quando ela afirmou ter exigido do
alienígena beleza eterna. Como a loira era a mais bonita e
gostosona do grupo de mulheres, a feiosa deixou o próprio
corpo e assumiu o da outra. Portanto, sua antiga namorada
infiel tinha se fodido para gerar o feto alienígena, e pago com
a própria vida por isso, para a líder gozar das vantagens em
um pacto com o alienígena.
EHROS TOMASINI 57
Nos primeiros anos que se passaram, a mulher foi en-
velhecendo muito rápido, ficando cada vez mais com a pele
enrugada. No sétimo ano, no entanto, ela disse-lhe ter recebi-
do uma nova visita do extraterrestre, que lhe explicou como
voltar à sua bela forma. Mas teria que seguir alguns procedi-
mentos: sempre ter sexo com o mesmo macho, mas apenas
para lhe beber todo o esperma. Não poderiam ter outro con-
tato sexual senão a felação, sob pena de ambos perderem a
vida. E o mais importante: a cada ano beber todo o sangue de
uma mulher jovem, de preferência bela, se ela quisesse pre-
servar sua própria beleza e juventude. Por isso, contratavam
em agências de emprego as mais bonitas acompanhantes pro
rapaz, que seria usado como bode expiatório, caso a Polícia
descobrisse os assassinatos das moças.
Mas Hermelinda, a feiosa caça-alienígenas, detestava
cuidar do rapaz. Tentou assassiná-lo de todas as formas, des-
de facada, tiro e inclusive envenenamento, mas o branquela
não morreu. Então, planejou matá-lo por sede ou de fome.
Não lhe dava o que comer nem o que beber. Por isso, ele foi
ficando cada vez mais debilitado. Foi quando descobriu os
poderes do jovem. Ele lhe falava diretamente à sua mente.
Temeu que ele se queixasse ao pai extraterrestre, quando fi-
nalmente o conhecesse. Por isso, negou-lhe saber quem era
o pai. Escondeu-lhe a origem o quanto pode. Fez um acordo
com ele: contrataria alguém para cuidar-lhe, em troca de ele
não tentar se vingar dela ter-lhe tentado matar. No entan-
to, orientava a cuidadora da vez para não alimentá-lo direi-
to, deixando-o sempre com fome e fraco. Quando a caseira
se rebelava, era morta pela ex-feiosa que lhe drenava todo o
sangue, pois se alimentava de vidas. Vidas presentes contidas
no sangue e vidas futuras, extraídas dos espermatozoides vi-
vos. Desta última vez, no entanto, ela abstraiu-se do corpo
hospedeiro sem ter tido tempo de orientar a tal Ieda de como
ela deveria drenar as forças do rapaz.
CRIATURA58
O advogado nunca soube como ela conseguia morrer e
ressuscitar mais jovem, mas isso não lhe interessava. Era por
demais ambicioso, e seu deus era o dinheiro. Enquanto a bela
coroa o abastecesse dele, faria tudo o que ela pedisse. Desta
vez, porém, percebeu que ela retornou bem mais jovem. Com
certeza iria querer lhe drenar de mais porra que antes, para
manter sua energia, já que agora era mais jovem e certamente
mais fogosa. Ele acostumara-se a foder apenas com ela. Aliás,
a ser chupado só por ela. Certa vez, tentou foder uma puta,
quando a coroa loira havia morrido pela segunda vez, mas
quase teve um infarto em pleno ato, quando a mulher de pro-
grama apenas molhou de saliva sua pica. Depois disso, não
mais arriscou. Guardou-se casto para Hermelinda. Até por-
que ela chupava muito bem!
************************
O jovem acordou assustado. Debateu-se na cama, como
se tivesse recuperado parte das forças. Sacudiu a cabeça. Eu
senti medo de que soubesse que eu o havia drogado. Tive a
certeza quando me perguntou:
- O que me aconteceu? Você me drogou, amor? Por que
fez isso?
Tentei bloquear meus pensamentos, para que ele não
cismasse de mim, mas não sabia como fazer isso. Percebi que
ele estava confuso. Arrisquei:
- Você não lê mentes? Por que não vasculha a minha e
descobre a verdade?
- Já tentei, mas estou zonzo. Não consigo coordenar
meus pensamentos...
Sorri, intimamente. Tive a certeza de que havia desco-
berto uma forma de contê-lo. Ofereci-lhe a mistira de suco
EHROS TOMASINI 59
de frutas combinada com verduras. Eu adorava. Mas não
sabia se ele iria gostar. Ele adorou. Disse que nunca havia
experimentado algo igual. Eu já havia adicionado sonífero à
mistura, quando fui buscá-la na cozinha. Por isso não tomei
nem um gole. Aí, ele ficou alerta, como se estivesse ouvindo
alguma coisa. Disse:
- Aquela desgraçada voltou. Logo, estará aqui.
- Quem? - Perguntei-lhe.
- Ela, a minha mãe Hermelinda. Voltou mais uma vez
do túmulo!
Primeiro, eu me espantei. Depois, achei que ele estava
delirando por causa da droga inserida no seu suco. Mas ele
estava, realmente, apavorado. Exigiu:
- Depressa, leve-me para a tua casa. Ela não pode nos
encontrar aqui.
- Calma, bem. Você está agitado. Relaxe. Quer uma
chupadinha? - Eu não podia ser mais dissimulada.
Ele ficou indeciso, por um instante. Depois disse:
- Está bem, estou mesmo querendo. Mas tem que ser
uma foda rápida. Sinto que ela logo estará aqui.
Foi uma foda demorada. Eu me esmerei em chupá-lo,
temente de que ele quisesse foder-me o cu ou a boceta. Estava
ainda dolorida da trepada demorada com o negrão. Ele fe-
chou os olhos e acho que ficou prolongando o gozo. Não deu
mais nem um piu, adorando o que eu lhe fazia com a boca.
Fiquei molhadinha, mas fiz de tudo para que ele não perce-
besse. No entanto, estranhei que ele não houvesse lido meus
pensamentos. Estaria a Criatura perdendo os seus poderes?
FIM DA SÉTIMA PARTE
CRIATURA60
CRIATURA - Parte VIII
Nem bem gozou, ele quis que eu o levasse para a minha
casa. Tentei demovê-lo da ideia, mas não houve jeito.
Aí, convenci-o a irmos para um motel qualquer, pois sua mãe
poderia nos procurar lá em casa. Para isso, era só ela pegar o
endereço com a agência de empregos. Ele concordou comi-
go. Ainda bem, pois eu temia que ele soubesse que eu havia
trepado com o negrão, que morava por perto da minha resi-
dência.
No entanto, quando pegamos um táxi na frente da casa
dele, ele desmoronou. A vitamina de frutas com verduras,
“batizada” com sonífero, fez efeito. Pedi para o motorista nos
levar a um motel decente, já que eu tinha em meu poder bas-
tante dinheiro, e logo estávamos num flat granfino. Infeliz-
mente, escolhi logo um lugar nas redondezas de onde o ad-
vogado morava. Mas, naquele momento, eu não sabia disso.
EHROS TOMASINI 61
O taxista me ajudou a carregar o jovem para o apartamento,
e estranhou ele ser tão leve. Não lhe dei nenhuma explicação.
Paguei-lhe a corrida e ele foi embora. Eu havia pego umas
bolsas com roupas nossas, mas deixei-o nu. Escondi suas
roupas. É que eu pretendia sair de novo e deixa-lo sozinho.
Sem roupas, ele não poderia fugir dali - eu pensava. Burrice
minha.
Fui de novo até a delegacia, procurar o detetive. Con-
tei-lhe que havia fugido com o rapaz porque ele tinha cisma-
do de que sua mãe voltaria do túmulo. Eu disse isso em tom
de joça. Mas o detetive olhou para mim muito sério. Cha-
mou-me a uma sala e pediu que um policial nos mostrasse
as imagens capturadas pelas câmeras que haviam instalado
perto da casa do rapaz. O detetive perguntou-me:
- Conhece?
Eu nunca tinha visto a coroa loira que aparecia na fita,
mas não foi difícil imaginar que se tratava da mulher que
acreditávamos ser a mãe do garoto. A que desaparecia de
tempos em tempos. Confirmei isso com o detetive. Naquele
momento, ela se aproximava da residência de onde saímos,
eu e o jovem. O detetive apontou-a e afirmou:
- Tá vendo? Então, o garoto sabe o que diz. Mas não
acredito que seja telepata, muito menos adivinho, como você
afirma. Acho que ele já sabia da vinda dela. Estava esperan-
do-a, com certeza.
Virou-se para um policial e pediu:
- Me consiga uma viatura. Quero pegar essa desgraça-
da hoje! E você - disse virando-se para mim - fica aqui.
Fiquei. Mas, cerca de uma hora depois, o policial voltou
de mãos abanando: a loira tinha fugido antes dele chegar lá.
O detetive me liberou assim que eu dei o endereço do motel
CRIATURA62
onde estávamos. Ele quis me levar lá, mas eu disse que tinha
um compromisso antes. O cara insistiu em me acompanhar
até em casa. Não arredaria o pé de perto de mim, até que eu
voltasse para o flat. Então, desisti de tentar me encontrar com
o negrão. Deixei que o detetive me levasse de volta aonde eu
estava hospedada com o rapaz. Naquele momento, eu não
mais o chamava de Criatura. O detetive entrou no aparta-
mento e verificou se estava tudo bem. Não desconfiou que o
jovem estivesse dopado por mim. Achou que ele apenas dor-
mia. Fez de tudo para não acordá-lo. Saiu e disse que ficaria
nos vigiando de dentro do carro, ali por perto do flat. Pediu
que eu deixasse a porta apenas encostada. Fiz isso e entrei no
banheiro para me banhar. Assustei-me, quando vi o detetive
me olhando da porta do banheiro.
- O que faz aqui? Você disse que tinha esposa e que a
amava. Saia daqui. Quero tomar banho e não quero ninguém
me olhando.
- Deixe-o. Preciso dele para trepar contigo. - Ouvi o
detetive dizer.
Eu logo entendi o que estava se passando: o rapaz esta-
va acordado e já dominava o corpo do policial. Voltei a ficar
assustada com ele. Olhei para a cama e ele estava lá, resso-
nando e de olhos fechados. Porra, o cara deveria ser sonâm-
bulo! Iria trepar comigo, mesmo dormindo.
O detetive foi tirando a roupa, enquanto se aproxima-
va do banheiro. Tinha um pau enorme, e eu fiquei excitada.
Ele abraçou-se comigo e começou a me beijar o corpo todo.
Eu me tremia de tesão. Ele já não falava, só agia. Pegou-me
com mãos firmes e me sentou na tampa da privada. Fez-me
mamar seu enorme pau e eu achei foi bom! Lhe massageei
os bagos, enquanto chupava a chapeleta. Ele gemia demora-
damente. O jovem continuava imóvel, deitado na cama. Mas
estava de pau ereto. Então, eu tive uma ideia: ao invés de con-
EHROS TOMASINI 63
tinuar masturbando o detetive, levantei-me da privada e fui
masturba-lo. Talvez ele não esperasse por aquilo. Gozou tão
logo iniciei-lhe uma bronha.
FIM DA OITAVA PARTE
CRIATURA64
CRIATURA - Parte IX
Depois da minha foda com o rapaz, o detetive nem to-
mou banho: vestiu-se e voltou para o seu carro. Parecia
sonâmbulo, quando andou até o veículo. O rapaz ressonava,
afetado pelo forte calmante que eu lhe dei antes de sairmos
da sua casa. Dessa vez eu quase não gozei. Fiquei carente de
sexo. Pensei em impedir que o detetive voltasse ao seu posto
de vigilância, mas achei melhor não. Tomei um banho demo-
rado, para passar o tesão. Coloquei um short bem apertado
e curto, desses quase entrando na bunda, e pensei em ir para
perto do detetive João de Sara de Menezes. Quando me viu,
ele abriu a porta do carro e me deixou entrar. Perguntou:
- O que faz aqui? Melhor ter ficado lá dentro...
Aí, vimos uma mulher loira e bonitona sair de uma casa
grã fina, quase defronte ao flat. Na verdade, estávamos num
condomínio de flats, só que uns maiores que outros. Ambos
EHROS TOMASINI 65
a reconhecemos na mesma hora.
- Puta que me pariu, que sorte da porra! - Exclamou
ele.
- Sim, é a mulher que você me mostrou no vídeo. Acho
que saiu daquele flat maior. - Eu disse.
- Ela tem pressa. Deve ter acontecido algo lá dentro. Dê
um jeito de entrar na casa, eu vou atrás dela. Desta vez, ela
não me foge!
Fiz o que o detetive mandou. Saltei do carro e me enca-
minhei para a residência. A mulher loira me viu. Pensei que
ela era mais idosa, mas aparentava no máximo uns quarenta
anos. Parou e ficou olhando para mim, como se quisesse se
lembrar de onde me conhecia. Eu não lhe dei atenção e con-
tinuei andando para a casa. Aí, ela viu o detetive. Deve tê-lo
reconhecido no ato, pois correu. Ele desceu do carro, pois ela
entrou numa rua muito estreita, e correu atrás. Eu apressei
meus passos em direção ao flat. A porta de entrada estava
apenas encostada. Reconheci o homem caído no chão. Era o
advogado que tinha me contado a história escabrosa sobre a
loira. O homem havia sido esfaqueado. Perdera muito san-
gue. Pedi para ele:
- Pressione o ferimento na barriga, assim. Segure bem
até eu voltar com curativos. Estou hospedada bem aqui perto.
Fui num pé e voltei no outro. O cara pressionava a feri-
da do jeito que eu indiquei. Felizmente, apesar de profundo,
o ferimento não lhe punha a vida em risco. Enquanto fazia o
curativo, perguntei:
- O que houve?
- Ela esteve lá no apartamento e vocês tinham fugido.
Ela notou a falta de algumas roupas dele. Achou que eu os
tinha avisado. Esfaqueou-me.
- Relaxe, não foi um ferimento grave. O detetive Sara
foi atrás dela. Logo estará aqui.
CRIATURA66
Naquele momento, ouvimos dois tiros. Fiquei apreen-
siva, pois esperava que fosse o detetive atirando para cima,
mandando-a parar de correr. Mas, se ele fez isso, era porque
ela havia conseguido fugir. Saí da casa e corri para a rua. Vi o
detetive caído lá longe. Não havia sinais da mulher. Corri até
ele e vi que havia levado dois tiros. Um deles, fatal. Eu quis
pegar seu carro para levá-lo a um hospital, mas eu não sabia
dirigir. Nunca tive o mínimo interesse em aprender. Aí, ele
me disse:
- Estou morrendo... Um dos tiros foi fatal. Posso sentir
isso. Mas quero um favor teu...
- Não se esforce. Deixa eu ligar para uma ambulância.
- Não, não... quero que me prometa cuidar da minha
esposa. Ela não gira bem e precisa de ajuda. Porém, ninguém
da delegacia sabe disso...
- O que eu posso fazer?
- Fale com o delegado. Ele é meu amigo. Diga-lhe que
eu te autorizei a ficar responsável legalmente pela indeniza-
ção que ela receberá por minha morte, contanto que você
cuide dela até o fim dos seus dias...
- Mas eu...
Não adiantava eu dizer mais nada. Só iria cansá-lo. O
cara estava prestes a morrer. Então, para minha surpresa, ele
abriu os olhos e ficou como se estivesse absorto. Depois, ten-
tou se levantar. Eu gritei:
- Não, não faça nenhum esforço. Deixe-me ligar para
uma ambulância...
Ouvi a voz na minha mente:
- Não há tempo. Deixe que ele entre no carro e vá com
ele. Vou assumir seu corpo até chegarmos a um hospital.
Eu não pensei duas vezes. Ajudei o detetive a caminhar
penosamente, amparado em mim. Ele entrou no carro e logo
EHROS TOMASINI 67
deu a partida. Saiu cantando pneus. Juntaram-se algumas
pessoas que moravam nos flats. Gritei para uma senhora:
- Tem mais um ferido naquele flat ali. - Apontei - Le-
vem-no para um hospital também, por favor.
Cerca de um quarto de hora depois, o advogado che-
gou onde eu estava com o detetive, trazido por alguém. Con-
tou o que tinha acontecido e elogiaram meu curativo em sua
ferida. Tive que sair de perto do detetive, pois ele foi enca-
minhado para a sala de cirurgia. Aproveitei para conversar
com o advogado, pois ele estava deitado num leito, ainda em
observação médica. O sujeito falou:
- Ela disse que o ser do outro mundo está para vir de
novo. Por isso, ela tem que matar o jovem, antes que o extra-
terrestre chegue. O rapaz está em perigo.
- Por que ela quer mata-lo?
- Não é a primeira vez. Arrependeu-se de cuidar do ra-
paz esses anos todos. Mas temia sofrer represálias, se o alie-
nígena soubesse que o matou. Agora, resolveu-se a dar cabo
da vida do extraterrestre também, já que recuperou grande
parte da sua beleza.
- Minha Nossa Senhora. Precisamos dizer isso para a
Polícia. - Eu falei.
- Não. Acho que sei onde a encontro. Precisamos ir
atrás dela sem perda de tempo. Antes que o alienígena apa-
reça.
- Mas... você está ferido.
- Não importa. Vamos. Teremos que fugir daqui.
Não foi difícil. Com o caos que estava no hospital, logo
conseguimos nos evadir. Quando chegamos ao carro do de-
tetive, eu me lembrei de algo importantíssimo:
- Puta merda, o rapaz!
- O que está dizendo?
- Ele não pode ficar muito tempo longe de si. Temos
CRIATURA68
que passar em casa.
- Do que está falando?
- Nada, nada. Não há tempo para explicar. Antes de ir
atrás da loira, tenho que voltar ao flat!
Por sorte, quando chegamos lá, o rapaz ainda estava
vivo. Seu corpo sofria convulsões. Aí, o advogado estremeceu
e ficou se estrebuchando no chão, também. Mas não demo-
rou muito a ele dizer:
- Obrigado, meu amor. Você acaba de salvar minha
vida. Mas um pouco e eu já era! - O advogado falou, mas
eu sabia que quem dominava suas palavras era o jovem. Ele
passou a mão no cabelo e continuou:
- Agora, temos que ir atrás de minha mãe.
- Você nos ouviu conversando?
- Por pouco tempo. Era como se meu espírito estivesse
vagando pelo hospital.
- Você não está se sentindo zonzo e fraco? - Eu quis
saber.
- Não tomei o suco que me deu. Quando você me deu
as costas, eu o regurgitei debaixo da cama, não percebeu?
- Nossa, mais uma das suas. Realmente, senti um cheiro
estranho no quarto, mas jamais pensei que seria isso. Achei
que fosse o cheiro da sujeira daquela casa - Suspirei.
- Não temos tempo. Deixe-me vasculhar a mente do
coroa, para saber onde ele queria te levar.
- Está bem. Mas antes, deixa eu carregar teu corpo para
o carro, para não corrermos o risco de você ficar muito tem-
po separado dele - Eu disse. Peguei também a sua cadeira de
rodas e coloquei no porta-malas.
Pouco depois, parávamos o carro do detetive na en-
trada da mata de Guabiraba, uma localidade do subúrbio de
Casa Amarela, o bairro mais popular do Recife. O advogado
sangrava pelo ferimento, talvez devido ao esforço feito por
EHROS TOMASINI 69
seu corpo, assumido pela Criatura. Estava anoitecendo. Ele
procurou no porta-luvas e achou uma pistola. Disse baixi-
nho:
- O detetive tinha outra arma guardada. Minha mãe
tomou a dele e atirou no cara, não me pergunte como.
- O que faremos, agora?
- Você fica aqui. Eu vou entrar na mata atrás de minha
mãe, aquela puta.
- Tome cuidado.
Fiquei apreensiva, enquanto o advogado entrava na
mata. O rapaz parecia dormir, no banco de trás, com o quei-
xo encostado no peito. Aí, ouvi três tiros seguidos. Também
um grito masculino de dor. Não foi difícil imaginar o que
havia acontecido: o rapaz havia sido surpreendido pela loira.
Para confirmar minha suspeita, o corpo do jovem estreme-
ceu, no banco trasieiro. Ele abriu os olhos e ergueu a cabeça,
olhando em minha direção. Falou:
- Ela estava escondida, de tocaia, e atirou assim que
viu o advogado. Infelizmente, ele está morto. Ainda bem que
você trouxe a cadeira de rodas. Tenho que voltar lá e você vai
me empurrando.
- Tá doido? Não quero levar um tiro. Agora estamos
desarmados, e ela também tem a arma que você levou até lá.
- Não tem perigo. Depois que vi onde ela está, posso
dominá-la. Mas preciso estar perto dela.
- Isso é suicídio. Não vou fazer o que me pede.
- Então, terei que ir sozinho. Arme a minha cadeira de
rodas, por favor - continuei ouvindo sua voz dentro da mi-
nha mente.
Ele estava tão decidido que resolvi ir junto. Fui empur-
rando sua cadeira em direção à mata. No meio do caminho,
no entanto, fez-se uma claridade muito forte. Mais uma vez
escutei na minha mente:
CRIATURA70
- O meu pai chegou. Sinto-o. Temos que nos apressar.
Quase que corri, empurrando a cadeiras de rodas. A
claridade continuava cada vez mais crescente. Então vislum-
brei, à contra-luz, a loira sair do seu esconderijo, com duas
armas na mão. A claridade sumiu de repente e a escuridão
voltou a dominar a mata. Foi quando vi o enorme ser, de mais
de três metros, de pé perante a mulher. Para o meu azar, o ra-
paz vergou-se para frente e caiu da cadeira com todo o corpo
no chão. O barulho da sua queda fez a loira voltar-se e apon-
tar as armas para mim. Gelei. Mas aí a mulher estremeceu e
soltou ambas as pistolas. Levou as duas mãos à cabeça e deu
um alto e demorado grito. Caiu ajoelhada no solo. Ouvi uma
voz feminina falar arrastado, como um silvo de serpente:
- Eu sei que você andou tramando a morte do meu fi-
lho, e a minha também. Pude ler a tua mente ao chegar aqui.
- É verdade. Ele tentou me matar por várias vezes. Mas
agora, não é mais perigosa, minha mãe.
Naquele momento, quem falava era a loira, levantan-
do-se. Pelo jeito, o rapaz a tinha dominado. Ele continuava
caído, perto de mim, como se tivesse abandonado o seu cor-
po para assumir o da mulher.
Mãe? - Pensei eu - Eu achava que o extraterrestre era
macho.
Mas o alienígena passou pela loira e caminhou em di-
reção a mim. Aliás, ao corpo inerte do rapaz caído. Abra-
çou-se a ele, sem dar a mínima para mim. Depois, olhou-o
fixamente e disse:
- Você quase tem a forma humana, meu adorado filho,
apesar de se parecer conosco. E acredito que não vai crescer
mais do que isso. É uma pena. Não sei como farei para levá-
-lo para casa. Com essa compleição, logo se destacará dos da
Cuidando de um tetraplégico mudo
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Cuidando de um tetraplégico mudo

  • 3. EHROS TOMASINI 3 CRIATURA – Parte I Demorei-me um pouco diante da enorme casa no fim da Rua Angelo Tomás, na zona norte do Recife. Um vaga- bundo bêbado dormia encostado no muro alto da casa. O largo portão de grades de ferro deixava ver a imponente resi- dência, contrastando com as humildes casas ao redor. Parecia um imenso castelo arrodeado de casebres. Vislumbrei um ca- sal na ampla janela, distante uns cinquenta metros do portão. Devia ser umas sete horas da manhã. O bêbado despertou. O homem imundo e fedendo a aguardente pura levan- tou-se sem dificuldades. Parecia estar fingindo ser um cacha- ceiro. Aproximou-se de mim com seu bafo terrível e disse: - Afaste-se dessa casa, ou nunca mais tua vida será a mesma. Não vou te avisar novamente. Eu ainda estava embasbacada, quando o bêbado voltou
  • 4. CRIATURA4 ao seu lugar. Quase desabou no solo e dormiu imediatamen- te. Eu ri. Ele devia estar sonhando, quando se aproximou de mim. Um desses bêbados sonâmbulos, talvez. Esfreguei o na- riz, para me livrar do fedor de cana, e apertei a campainha ao lado do portão. Eu não mais via o casal num dos janelões da residência. O portão abriu-se imediatamente, como se fosse movido a energia elétrica. Fez um barulho sinistro de coisas velhas sendo arrastadas. Um arrepio percorreu-me a espinha dorsal. Eu mal sabia que aquele arrepio se repetiria muitas vezes, durante o tempo em que passei naquela casa. Entrei e o velho portão fechou-se atrás de mim. Caminhei em direção à residência me recordando do que me levara ali. Eu estava, já havia uns seis meses, desem- pregada, quando um telefonema inesperado da agência de empregos me indicou aquele endereço. A vaga seria minha, se eu não tivesse filhos nem marido. Eu não tinha. Filhos, nunca quis tê-los. Marido, não sei se algum dia eu tive. Cla- ro, havia vivido um par de anos com um cara que nunca de- monstrou um pingo de sentimentos por mim. Minha mãe havia falecido recentemente, naquela época, e eu era uma jovem de vinte e cinco anos que havia passado a vida intei- ra cuidando dela, descuidando-me da minha própria vida, principalmente do meu futuro. Minha falecida mãe tinha um câncer que se alastrou por todos os seus órgãos vitais. Mas isso durou uma eternidade de sofrimento: sete anos. Ainda bem que ela me obrigou a estudar. Fiz um curso intensivo de Enfermagem, e até um estágio prolongado, mas a doença de minha mãe me fez abandonar um emprego certo. Quando ela faleceu, custou-me achar outro estágio decente. Passei um tempo fazendo biscates, até que conheci um homem que se comprometeu a cuidar de mim. E só. O cara não era rico, mas tinha alguma grana. Nunca deu uma foda sequer comigo. Por mais que eu me esforçasse
  • 5. EHROS TOMASINI 5 para seduzi-lo, ele não me dava a mínima atenção. Cheguei a pensar que ele era impotente ou boiola, mas depois des- cobri que o sujeito tinha muitas mulheres. Todas brigavam por ele, como se o merda fosse bom de cama ou um com- panheiro melhor ainda. Só eu é que nunca tive o privilégio de foder com ele. Isso havia me deixado enormemente frus- trada. Quando, um dia, eu o chamei para uma conversa sé- ria, ele disse já saber do que iríamos falar. Aí, arrumou suas roupas e foi-se embora. Deixou-me em sua casa própria, com tudo dentro. Não levou nem um único objeto de lá. Nem os seus CDs de MPB, que ele gostava tanto. No início, eu me arrasei. Quis saber se era tão desinteressante ao ponto de um homem não querer foder comigo. Passei a me oferecer para desconhecidos, até que que descobri a triste verdade: eu era péssima na cama. - Bom dia. É a nova criada que contratamos à agência? A pergunta me tirou dos pensamentos. Era uma anciã, quem me falava. A mesma que eu tinha visto na janela. Agora ela estava à porta, por trás de um rapaz sentado numa cadeira de rodas. O jovem, que devia ter uns trinta e poucos anos, era muito bonito. Mas sua tez era tão branca que eu podia ver veias verdes em seu rosto e por toda parte exposta do seu cor- po. Confesso que me deu um sentimento de repulsa, apesar de eu não me considerar uma pessoa racista. Mas eu nunca tinha visto alguém de pele tão pálida! - Bom dia, senhora. Sou, sim, a nova contratada. Meu nome é Ieda. Com quem tenho o prazer de falar? - Hermelinda. Sou… a mãe dele. Meu garoto se chama Angelo. Você pode falar com ele, e ele a entenderá. Mas não espere respostas: ele, além de mudo, é tetraplégico. Eu ri, intimamente. A mulher mais parecia ser a bisavó,
  • 6. CRIATURA6 não a mãe do rapaz. Percebi que ele tinha os olhos vivazes, fi- xos em mim, mas suas pálpebras não se movimentavam. Por isso, ele nem piscava. - Tudo bem. A agência me explicou que eu teria de cui- dar dele. Mas não me adiantou mais nada. Disseram que a senhora me explicaria como devo proceder com o rapaz. - Espero que aprenda rápido, pois eu preciso viajar o quanto antes. Não sei quanto tempo ainda estarei por aqui, nem quanto vou passar fora. - Quer dizer que ficarei sozinha com ele? E se precisar socorrê-lo? - Meu filho é magrinho e muito leve. Se precisar car- regá-lo, vai ver. Mas tenho certeza de que não precisará se preocupar com isso. Ele nunca adoeceu. - Já nasceu assim? - Eu quis saber. - Sim. Ele já nasceu assim, sem andar e sem falar. Mas não lhe dará trabalho, a não ser para comer e para tomar ba- nho. Mas ainda pode desistir, se quiser. Claro que eu não desistiria, depois de tanto tempo de- sempregada. Quis saber quantos seriam meus honorários. Ela disse: - Não precisará de salário. Terá tudo o que necessita aqui. E, se precisar de dinheiro, basta retirar do banco. Vou deixar uma quantia que dará para viver sem aperreios. Terá que abrir uma conta em teu nome, pois depositarei nela. - Não teme que, já que vai viajar, eu me apodere do dinheiro e suma? Senti um arrepio, quando a velha me afirmou com toda a certeza: - Não, não temo. Sei que não fará isso. O rapaz continuava a me olhar fixamente, com seus olhos brilhantes, mesmo que estes não se movessem. A velha
  • 7. EHROS TOMASINI 7 continuou: - Bem, se não vai desistir, acompanhe-me. Vou mostrar os teus aposentos. Acompanhei a velha senhora que foi me mostrando os cômodos da residência e me dando instruções. Mas eu quase não ouvia o que ela dizia, incomodada com o cheiro de mofo da enorme casa. Eu empurrava a cadeira de rodas do jovem e ela parecia vazia, de tão leve que estava. Tomei coragem e exigi: - Não vou poder cuidar do seu filho enquanto faço uma faxina nesta casa. Terá que contratar, ao menos, duas faxinei- ras, de tão sujo que o lugar está, senhora. Peço que me perdoe a franqueza. - Não. Nada de faxina. Meu filho adora esse cheiro de mofo. Não poderia viver sem ele. Achei que a velha era doida. Quem iria preferir viver numa sujeira daquelas? Mas não rebati. Iria ver quanto di- nheiro ela me deixaria. E eu mesma contrataria alguém para fazer uma limpeza geral naquela casa, nem que tivesse de pa- gar do meu bolso. Percebi um leve movimento de cabeça do rapaz, como se quisesse voltar-se em minha direção. - Está bem. Será como a senhora quer. - Fingi concor- dar. Quando ela me mostrou o quarto onde eu deveria ficar, notei que o aposento estava incrivelmente limpo, sem cheiro de mofo ou poeira. Eu sorri. Ela também. O rapaz pareceu- -me sorrir da minha cara de surpresa. - Vamos deixá-la à vontade, para que possa se preparar para o seu primeiro dia de trabalho. Se for tomar banho antes, leve-o com você. Ele ainda não tomou seu banho semanal. - Banho semanal? Não me diga que o pobre só toma um banho por semana!!!
  • 8. CRIATURA8 - Já faz algum tempo que não temos uma criada. Eu não posso dar banho nele, pois me sinto cada dia mais fraca. Então, estava banhando-o apenas uma vez por semana. Ago- ra, com você aqui, fica ao teu critério os dias de banho para ele. - Mas eu vou dar-lhe banho todos os dias!!! - Como quiser. Só tenha o cuidado de não dar uma queda nele. - Então, se me dá licença, vou fazer isso já. E eu levei o jovem para o banheiro, empurrando sua cadeira de rodas. Ele continuava estático, mas eu sentia como se ele estivesse feliz. O banheiro era amplo e limpo, como meu quarto. Fechei a porta e comecei a me despir. Percebi que seus olhos brilhavam, a cada peça de roupa que eu tirava. Talvez fosse impressão minha, mas achei que sua respiração estava mais apressada. Não dei a devida importância ao fato e continuei tirando a roupa. Quando fiquei nua, comecei a despi-lo também. Sem querer, encostei meu seio em seu ros- to, ao tirar a camisa que ele vestia. Sua boca tocou o biquinho do meu peito e a senti gelada. Arrepiei-me toda. Olhei para ele, e ele continuava com o olhar fixo em mim, sem sinal de movimentos das pálpebras. Ele nem piscava. Aí, me deu uma vontade repentina e irresistível de provocá-lo. Assegurei-me de que a porta do banheiro estava mesmo fechada e coloquei um dos meus seios em sua boca. O contato voltou a me arre- piar toda. O cara era mesmo um gelo. Toquei com as costas da mão em seu pescoço e ele es- tava gelado. Demorei-me com o biquinho do peito em sua boca, apesar da baixa temperatura. Ele não se moveu. Ter- minei de despi-lo, descobrindo um enorme caralho entre as suas pernas. Dei um assovio de surpresa. Ele pareceu-me sor- rir. Mas não, não havia nenhuma mudança em sua expressão facial. Então, resolvi ousar: agachei-me entre as suas pernas
  • 9. EHROS TOMASINI 9 e afaguei o seu cacete. Olhei para o seu rosto e ele parecia alheio. Mas o seu pênis deu sinais de vida: começou a ficar enrijecido e alcançou o dobro do tamanho. Estava bambo, quando o levei à boca. Tinha um cheiro estranho, de coisa velha, e o gosto também. Mas eu estava muito excitada para ligar para isso. Logo, seu pau estava duríssimo. Parei para pensar um pouco: se trepasse com ele na cadeira de rodas, esta poderia correr e fazer barulho. Então, peguei-o nos bra- ços e o sentei na tampa da privada. O cara devia pesar uns dez quilos, apenas, apesar de não parecer muito magro. Mais uma vez senti que ele sorria. Coloquei de novo meus seios em sua boca e nada. Voltei a mamar-lhe o caralho. Punhetei seu pau, enquanto o chupava. Enfiei minha língua no buraqui- nho do pênis. Passeei com ela por todo o membro. Juro que escutei um breve gemido. Então, não me aguentei mais: enfiei-me naquela jeba até que a cabeçorra topasse na entrada do útero. Depois, co- mecei os movimentos de cópula. Não demorei a ter o meu primeiro orgasmo, depois de décadas. FIM DA PRIMEIRA PARTE
  • 10. CRIATURA10 CRIATURA - Parte II Voltei a colocar o rapaz sentado em sua cadeira de rodas e dei-lhe um demorado banho. Tive que conter a vontade de foder-lhe mais uma vez. Mas eu temia que a velha senhora ouvisse meus gemidos de gozo ou algum barulho estranho, feito pela minha xoxota molhada de tesão se chocando con- tra seu pau enorme. Mesmo assim, lavei demoradamente seu pênis, que ainda permanecia duro. Quando o vesti, percebi o volume que o membro fazia dentro da calça. Eu não o podia deixar daquele jeito, pois a velha logo perceberia que o jovem estava excitado. Então, não pensei duas vezes antes de bater uma punheta apressada nele. O toque de minhas mãos em seu pau reacendeu em mim a vontade de trepar. Agachei-me diante da cadeira, que eu havia enxugado após o banho, e bati-lhe uma bronha en- quanto também me masturbava. De cócoras, e de pernas
  • 11. EHROS TOMASINI 11 abertas, apreciei uma estranha sensação, como se o caralho dele me invadisse o cu. Caí sentada no piso do banheiro, como se protegesse minha bunda. Eu nunca havia sido pe- netrada por ali e, uma jeba daquele tamanho, certamente me estraçalharia o ânus. Escutei um gemido sofrido, como se ele me implorasse para fazer-lhe gozar. Mas eu estava espantada com os meus atos. E com vergonha de ter me aproveitado de uma pessoa tão indefesa. Tive que fazer um enorme esforço para me vestir, vesti-lo e depois sair dali. O cheiro de café invadiu as minhas narinas, assim que botei a cara para fora do banheiro. A velha senhora deveria ter botado o bule no fogo. Cochichei ao ouvido do rapaz: - Vamos tomar café fresquinho, portanto não diga à sua mãe que transamos, está bem? Claro que eu não esperava nenhuma resposta, por isso gritei logo em seguida: - O cheiro do café está ótimo. Estamos indo praí! Não houve resposta. Estranhei o silêncio. Quando em- purrei a cadeira do jovem até a cozinha, vi o motivo: a velha senhora jazia caída no chão, de olhos abertos e com um es- gar de dor no rosto, como se tivesse sucumbido a um enfarte fulminante. Deixei o rapaz lá plantado e corri em busca das minhas coisas. Havia lá um estetoscópio. Auscultei o peito da senhora, mas não mais havia ali nenhum sinal de vida. Olhei consternada para o jovem. Queria mostrar a ele que não ha- via mais o que fazer. A velha mãe dele estava morta. Mas não vi desespero em seus olhos. Estavam tranquilos, como se ele já esperasse aquilo. Porém, eu estava preocupada. O que iria fazer agora? Sim, teria que chamar a Polícia. Mas, e depois? Iria embora, já que não tinha quem pagasse meus préstimos? Deixaria o jovem sozinho? Não, eu não seria capaz de fazer isso. Só iria embora dali quando achasse com quem deixá-lo.
  • 12. CRIATURA12 Aí, alguém falou atrás de mim: - Ela está apenas dormindo. Breve irá acordar. Voltei-me assustada. Era o bêbado que eu havia visto fora de casa. - Como o senhor entrou? Tenho certeza de que o por- tão estava fechado. - Eu o deixei entrar – disse-me o senhor imundo, em- bora fedendo mais a cachaça do que da sujeira. Olhei em volta, para ver se havia mais alguém com ele. Não havia. Então, o bêbado devia estar mais uma vez sonâm- bulo, falando como se tivesse companhia. - Não se afobe. Eu posso ajudar. - Disse-me. - Como poderia? Ele olhou para mim e seus olhos brilharam. Tais quais os olhos do jovem. Fiquei encarando os dois, mas não che- guei a outra conclusão. O bêbado continuou: - Primeiro, ligue para a Polícia. Depois, procure entre as coisas de minha mãe. Vai encontrar o cheque que ela já deve ter deixado pronto para você. - Da sua mãe? Você dois são irmãos? - Não. Ele sou eu. Desisti de entender o que o bêbado queria dizer com aquilo, mas ele tinha razão: eu ligaria para a Polícia e depois procuraria entre as coisas da velha. Quem sabe não encontra- ria um endereço de parentes lá, com quem eu pudesse deixar o rapaz? Este continuava lá, estático, como se não estivesse acontecendo nada ao seu redor. Mas não liguei para a Polícia. Fiz uma ligação para a Emergência Médica, pedindo uma ambulância. Atende- ram-me com desdém. Quando dei o endereço, no entanto,
  • 13. EHROS TOMASINI 13 disseram que iriam mandar uma equipe imediatamente. Eu não disse que a senhora já estava morta. Deixaria para eles a incumbência de atestar o óbito para que se pudesse cuidar dos trâmites legais. Fui ao quarto da velha e voltei com um monte de papéis. O bêbado já havia desaparecido. Olhei para fora e o portão continuava escancarado. Percebi que a cadeira de rodas do jovem já não estava na mesma posição que dei- xei, mas achei que o bêbado a havia movido. Procurei entre os documentos e achei o telefone de um advogado. Liguei para ele e contei-lhe da morte da senhora. Ele disse que eu o aguardasse chegar. Eu não pretendia sair dali tão cedo. Ouvi a sirena da ambulância, vinda ao longe. Logo, ela estava ali. Pouco depois, chegou uma viatura de polícia e os poli- ciais me fizeram um monte de perguntas. O advogado chegou e evitou que me incomodassem mais. Depois que levaram o corpo na ambulância, ele afirmou: - A senhora Hermelinda deixou uma quantia conside- rável para que lhe fosse dada, isso se a senhorita ainda pre- tende cuidar do rapaz. - Ele não tem parentes? - Não, senhora. A Sra. Hermelinda era a única. Eu cui- darei dos funerais, pois ela já me orientou antes a fazer isso. Previu sua morte para esses dias. Não me pergunte como. - A quanto terei direito? - A quantia quem diz é a senhora. Mas, a princípio, te deixarei o suficiente para cuidar dele e da casa durante um ano. Porém, se a grana acabar, pode me pedir mais a hora que bem entender. Só me dê tempo para passar num banco – disse-me ele, tirando um pacote de dinheiro de uma sacola de pano que trazia. Eu me assustei. Ali deveria ter mais de um milhão de reais. - Tudo isso para mim? - E para cuidar da casa e do jovem, obviamente. - E ainda terei direito a mais?
  • 14. CRIATURA14 - Se assim o desejar. Mas, no momento, só trouxe isso. Assine aqui, por favor. Era um documento afirmando que eu teria recebido um milhão de reais, dos quais eu dava plena quitação. Não falava de meus deveres, em nenhuma linha. Assinei, a bem dizer, de olhos fechados. Percebi um sorriso no rosto do jo- vem. O advogado se despediu e disse que já estava avexado para cuidar dos funerais. Foi-se embora. Naquela noite, dormi naquela residência. Tentei dar co- midinha na boca do jovem, mas ele sequer mastigava. Então, improvisei um tubo com um bojo, onde armazenava comida pastosa ou líquida. Introduzia em sua garganta e pressiona- va o bojo, e ele engolia tudo aos poucos. Fiquei feliz. Temia deixá-lo com fome. Eu precisava passar em casa para buscar mais roupas, pois só tinha ido com a do couro e mais uma para vestir lá. Esperava largar à noite e voltar para a minha residência naquele mesmo dia. Deitei o moço em sua cama, cobri-o com cuidado para que não sentisse frio de madruga- da e não resisti a vontade de dar-lhe um beijo de despedida. Para minha surpresa, ele fechou os olhos durante o selinho. E adormeceu quase em seguida. Fui para o meu quarto e demorei a dormir. Precisei to- car-me numa siririca para poder adormecer mais rápido. Eu estava ainda excitada. Quando estava para gozar, senti nitida- mente um enorme caralho me adentrando o cu, e eu fantasiei ser o do rapaz. Isso fez com que eu gozasse mais rápido. Mas ainda fiquei morrendo de vontades. Então, me levantei e vol- tei ao quarto dele. Ele estava acordado, fitando o teto. Dessa vez, vi nitidamente o seu sorriso no rosto. Perguntei-lhe: - Voltei. Está pronto para outra foda? Claro que ele não me respondeu. Mas eu juro que ouvi
  • 15. EHROS TOMASINI 15 sua voz na minha mente se dizendo ansioso por mais uma trepada. Tirei a sua roupa e a minha. Ele já estava de caralho duro, esperando por mim. Subi sobre ele e iniciei um sarro demorado em seu cacete. Aí, ouvi uma voz conhecida atrás de mim: - Não pare. Mas eu vou querer participar da putaria. FIM DA SEGUNDA PARTE.
  • 16. CRIATURA16 CRIATURA – Parte III Levei um baita susto. Era o bêbado quem tinha invadido o quarto. Já estava totalmente nu e, do seu corpo, já não exalava aquele cheiro nauseabundo. Gritei: - O que faz aqui? Quem te permitiu entrar na casa? - Eu me permiti – disse ele. Eu tentei me desencaixar do pau ereto do rapaz, mas não consegui. Uma força invisível me obrigava a permanecer sobre ele. Um cheiro de sabonete fino incensou o ar. O bê- bado havia tomado um banho recente. Estava limpo e bem asseado. Os cabelos lavados e penteados lhe davam outro as- pecto. Desisti de me debater. Ele me lambeu o cu com uma prática que quase me fez gozar. Quando eu estava molhadi- nha na boceta e lubrificada no cu, ele veio por cima. Fiquei aterrorizada, ao adivinhar as suas intenções. O bêbado sorria. O jovem também. Ambos tinham o mesmo sorriso no rosto,
  • 17. EHROS TOMASINI 17 e eu fiquei mais aterrorizada ainda. O que estava me aconte- cendo? Quem seriam aquelas duas criaturas? Parei de pensar, quando o bêbado cheiroso apontou a pica para o meu cuzi- nho virgem. Tornei a gritar: - Por aí não, porra, pois ainda sou virgem. - Farei com cuidado – foi a resposta dele. A primeira investida do sujeito me doeu terrivelmente. Precisei me enfiar mais na pica do jovem, tocando com a ca- beçorra na entrada do útero, para tentar fugir da penetração no rabo. Aí, o bêbado meteu alguns centímetros dentro de mim, me rasgando toda. Gritei, e gritei alto. Mas sabia que ninguém haveria de me ouvir. Logo, eu estava fodida, mas bem paga. Relaxei. E quase gozo imediatamente, sendo va- rada pela frente e por trás. Porra, era uma sensação maravi- lhosa. O primeiro gozo me fez empinar a bunda, recebendo com mais facilidade a pica do bêbado, que só perdia para a do jovem em tamanho. Mas era bem mais grossa. Ele fun- gava em meu cangote, metendo com força. O que aconteceu em seguida foi indescritível: gozei pela boceta e pelo cu ao mesmo tempo, e passei a me movimentar num frenesi des- vairado. Gritei de gozo como nunca havia gritado antes. De repente, senti meu cu e minha xana encher-se de porra, ao mesmo tempo. Em ambos, senti gozadas cavalares. O jovem continuava mudo e de olhos fechados. O bêbado tinha os olhos arregalados e bufava: - Que gozada da porra, cadela. Assim que te vi de lon- ge, sabia que eras boa de cama. Não me enganei. E o cara caiu de lado, resvalando da cama. Chocou-se contra o chão duro. E ficou lá, estático, de olhos fechados… roncando! Sim, o cara acabara de meter e estava a sono solto, ainda por cima roncando. O rapaz agora tinha os olhos aber- tos e sorria de satisfação. O bêbado falou, mesmo dormindo: - Agora, saia de cima de mim, pois não estou aguentan-
  • 18. CRIATURA18 do o teu peso. Voltei a olhar espantada para ele. Saí de cima do jovem e fui conferir: o bêbado estava mesmo dormindo. Ressonava. Olhei de novo para o rapaz e este tinha voltado a cabeça para o meu lado. Sorria. Ouvi o bêbado dizer: - Obrigado, Ieda. Eu estava mesmo precisando disso. Nunca mais havia trepado com ninguém. Arrastei a bunda no chão, com medo. Estava trêmula. Como ele poderia saber meu nome? Perguntei, já sabendo a resposta: - Você consegue falar através dos outros? Não é mudo, como tua mãe e eu pensávamos? - Ela sabia. Mas também sabia que eu só falo quando me interessa. - A voz vinha do bêbado. Eu estava cada vez mais espantada. Quem seria aquele jovem? Mais importante: que mais ele conseguia fazer? - Não precisa ter medo de mim. Não vou te fazer mal. Mas quero trepar contigo bem muito. Relaxei. Eu achava que agora era eu que estava sonâm- bula, e não o bêbado. Aquilo tudo não podia estar aconte- cendo. Eu estaria sonhando ou doida. Levantei-me do chão e caminhei para o banheiro. Mas uma nova surpresa me aguar- dava. Quando cismei de olhar para trás, o jovem me acompa- nhava os passos. Vinha bem atrás de mim, só que flutuando! Tinha os pés afastados uns dois palmos do chão e as pernas juntas, além do corpo ereto. Os braços estavam colados ao corpo. Pendia um pouco inclinado para frente, como se isso fosse necessário para dar o impulso ao flutuar. Benzi-me com todo o temor a Deus. Ele, no entanto, me tranquilizou: - Já disse, não precisa ter medo. Não vou te fazer mal. Também quero tomar banho. Ou, ao menos, lavar o pênis
  • 19. EHROS TOMASINI 19 melecado. - Eu ouvia a fala do bêbado lá do quarto. Resignei-me a fazer o que ele queria. Dei-lhe um de- morado banho. Lavei suas partes com cuidado, para não o machucar. Ele continuava pairando no ar. Perguntei-lhe se não conseguia ficar de pé. Ele negou. Explicou que todas as vezes que tentou, levou uma queda. - Tua mãe sabia que você conseguia fazer isso: flutuar? - Não. Senão, já teria me deixado. Ela se sacrificava por mim. Desde que apareci. - Apareceu? Você não nasceu dela? - Não. Não sei quem são meus pais. Nunca soube. Ela disse que havia me achado numa mata, abandonado. Cuidou de mim a vida toda, apesar de minhas deficiências. Em troca, dei-lhe dinheiro. Muito dinheiro. - Olha, desculpa, mas não consigo acreditar em nada do que diz. É tudo por demais fantástico, e creio que você está mentindo para mim. - E como poderia fazer o bêbado falar por mim? - Você deve ser ventríloquo. Só pode ser. Ele sorriu. Depois, quase que ordenou, lá do quarto: - Me leva de volta para a cama. Peguei-o nos braços e o carreguei de volta para o lei- to. O bêbado se levantou do chão e, sem falar comigo, foi-se embora. Voltei a cobrir o jovem, dei-lhe um cheiro na testa e voltei ao meu quarto. Demorei a dormir. *************** Acordei com o toque da campainha. Já era dia. Olhei da janela da sala e reconheci o advogado no portão, que vol- tara a estar fechado. Fui até o quarto do jovem e perguntei-
  • 20. CRIATURA20 -lhe como se abria a grade. Ele apontou com o olhar para a cadeira de rodas. Havia um mecanismo sob o braço dela, que lhe permitia acionar a abertura do portão. Mas o rapaz teria que mover a mão para fazer isso. Será…? Não quis pensar naquilo. Apertei o pequeno botão e o portão se escancarou. Quando o senhor de cerca de setenta anos se aproximou, perguntei-lhe: - Ainda tem um bêbado lá na frente da casa? - Tem, sim. Mas não ligue para ele. Sempre esteve ali e nunca soube que incomodou alguém. - Novidades? –Perguntei. - Sim. O enterro será amanhã, às dez horas do dia. Não haverá parentes. Pretende levar o rapaz? - Sim. Iremos juntos. Você vai estar lá? - Não. Não vou ser necessário. Já deixei tudo encami- nhado. As instruções estão aqui neste envelope, que te passo às mãos. - Obrigada. E depois? - Tem meu telefone e endereço. Só me procure se for de extrema necessidade. Mas creio que um detetive da Polícia virá te procurar aqui. - Para quê? - Espere-o e saberá. Agora, tenho que ir. Muita coisa a resolver. Angelo (só agora me lembrava do nome dele) apareceu sentado em sua cadeira de rodas, movimentando-se sem aju- da aparente. Eu não quis perguntar como ele havia consegui- do subir no seu meio de transporte. Decerto, levitando. O jo- vem não falou nada. Mas eu podia ouvi-lo em minha mente: - Prepare-se para receber o detetive. Ele logo aparecerá. - Não me diga que também é telepata. - O que você acha? - Também consegue ler meus pensamentos?
  • 21. EHROS TOMASINI 21 Ele demorou um pouco a responder. Quando eu ia perguntar novamente, ele apenas balançou negativamente a cabeça. Parecia fazer enorme esforço para fazer um movi- mento tão simples. Aí, percebi um carro parar na frente da residência, que ainda tinha os portões escancarados. Um su- jeito desceu do veículo e andou resolutamente em direção à casa. Esperei-o à porta de entrada. Identificou-se, sem mos- trar nenhum distintivo: - Detetive Sara Menezes. Preciso lhe fazer algumas per- guntas. - Sara não é nome de mulher? - Arrisquei perguntar. - Sim, senhora. Na verdade, meu nome é João de Sara e Menezes, mas abrevio. No entanto, não vim falar de mim. Estivemos conversando à frente do rapaz por duas lon- gas horas. Percebi que, quando eu me empulhava sobre algu- ma pergunta, o jovem assumia minha mente e respondia por mim, usando a minha voz. Por fim, o detetive levantou-se, dizendo: - Por hoje é só. Mas não vá a lugar nenhum sem antes falar comigo. Nem ao banheiro, entende? - Exagerou ele. - Quero saber de todos os teus passos. - Por que isso? Eu sou suspeita? - Todos são, inclusive o rapazinho aí. Dessa vez, eu vou querer desvendar o mistério que ronda esta casa. Quando o detetive foi embora, perguntei ao rapaz: - Do que ele está falando? A que mistério se refere? Não obtive resposta. Olhei para o jovem e este estava dormindo sentado. FIM DA TERCEIRA PARTE.
  • 22. CRIATURA22 CRIATURA – Parte IV Os funerais da mãe do jovem foi rápido. Eu tinha contra- tado um padre para dizer algumas palavras que bem-en- caminhasse a alma da velha para algum cantinho do Paraíso, pois eu acreditava nesse lugar divino. O rapaz estava ao meu lado, mas já não se movia. Parecia que perdera novamente a sua estranha capacidade de locomoção, e também o interesse pelo mundo. Eu não o ouvia em minha mente e parecia que tudo não passara de um delírio que eu decerto tivera. Agora, ele era apenas um jovem cadeirante, como tantos outros. O advogado, como eu já esperava, não compareceu. Mas a ca- tacumba onde a velha foi encerrada estava bem adornada e limpa. Um coveiro todo solícito cuidou de tudo, até que final- mente eu resolvi ir embora, empurrando a cadeira de rodas com o rapaz encolhido nela. O padre perguntou: - Vi que chegou de táxi. Eu estou de carro. A senhorita não quer uma carona?
  • 23. EHROS TOMASINI 23 - Depende de para onde o senhor está indo. Não quero incomodar. - Irei aonde a senhorita indicar. Não tenho pressa de chegar à paróquia. Olhei para o padre. Era um jovem de cerca de uns qua- renta anos, ou talvez mais, mas aparentava menor idade. Era bonito, e eu me surpreendi tendo pensamentos libidinosos para com ele. Olhei em direção ao rapaz tetraplégico e ele parecia dormir. Tinha os olhos fechados e a cabeça pendendo sobre o peito. Pensei que teria dificuldades em pegar um táxi por perto do cemitério, por isso resolvi aceitar a carona. O padre ficou contente. Ajudou-me com o jovem e logo está- vamos os três dentro do seu carro. Indiquei-lhe o caminho e o padre foi guiando, mudo. Para quebrar o silêncio, eu per- guntei: - Faz tempos que o senhor é padre? Não obtive resposta. Achei estranho. Perguntei nova- mente e ele continuou mudo. Então, eu disse: - Olha, seu padre, é melhor eu descer. Aqui já está mais movimentado do que a rua do cemitério e logo pegarei um táxi. Obrigada pela carona. O padre fez uma curva e entrou numa rua à esquerda. Continuou em frente e saiu totalmente do itinerário que me levaria à residência do jovem. Eu quis saber: - Para onde está indo, pelo amor de Deus? Esse não é o caminho da casa do rapaz. Ele não me respondeu. - Se o senhor não parar já, começo a gritar! Ele parou. Para a minha surpresa, estávamos diante de
  • 24. CRIATURA24 um motel de subúrbio. O grande portão abriu-se e ele entrou com o carro. Eu ia reclamar de novo, mas desisti. Queria ver a sua intenção. Uma recepcionista veio nos atender. Estranhou ver o sujeito de batina, mas este disse: - Bom dia. Não repare nas minhas vestes. Viemos de uma festa à fantasia e estou cansado demais para dirigir. Tem algum quarto disponível? A atendente suspirou, sorrindo. Entregou-lhe uma chave e indicou-lhe o caminho. Eu quis pedir ajuda, mas não consegui dar um piu. Uma força desconhecida me bloqueava a mente. Tentei me libertar mas acho que desmaiei do esfor- ço. Acordei sendo chupada pelo padre. Eu estava prestes a gozar. Tentei me mover, mas ainda não consegui. Forcei a fala e só saiu um murmúrio. Então, o padre parou o que estava fazendo para dizer: - Relaxe. A monotonia do velório me deu tesão. - Isso não está acontecendo: eu ser estuprada por um padre? - O padre não tem nada a ver com isso. Fui eu que quis te foder. Então, entendi tudo. O jovem estava, novamente, ativo. Controlava as ações do padre, como fez com o bêbado. Eu disse: - Não precisava me estuprar. Era só me pedir e eu tran- saria contigo. - Não. A sensação de estupro é mais gostosa. Afinal, você também transou comigo sem me perguntar se eu que- ria, lembra? Era verdade. Eu me aproveitara dele, quando acreditei que era alguém indefeso, para matar meu desejo de sexo. Mas agora, devido aos estranhos acontecimentos que se sucede- ram na residência dele, eu tinha dúvidas se ele não havia me
  • 25. EHROS TOMASINI 25 sugestionado a fodê-lo, e eu fizera o que ele quis. Aí, uma lambida dada pelo padre no meu grelinho me fez chegar ao primeiro orgasmo. O segundo não tardou a vir. Então, mais que depressa, eu quis retirar a sua batina, já que ele ainda a vestia. Para a minha surpresa, o padre estava nu por baixo. Nem usava uma cueca. O pau estava duríssimo, mas percebi um detalhe: a abertura do seu prepúcio era pequenina, e isso estrangulava a glande. Aí, a voz do padre foi incisiva: - Vire-se de costas. Quero foder-lhe a bunda de novo. - Não, por aí não. Ainda estou dolorida de ontem. - Mas eu quero. Me dê, senão faço a pulso. Te bloqueio a mente e você nem saberá se gozou comigo. - Não. Por favor. Prometo cedê-la depois, quando não estiver mais tão dolorida. Acho que desmaiei novamente. Perdi a noção do tem- po e, quando retornei à consciência, eu tinha o ânus dolorido e o padre sangrava pela pica, junto a mim. Estava incons- ciente, como eu estivera até então. Peguei o lençol da cama e limpei-lhe o pênis. Havia um corte no prepúcio, como se ele houvesse se rasgado. O jovem, sentado na cadeira de rodas, tinha o queixo encostado no peito e a calça esporrada. Havia ejaculado, e muito. Procurei num armário do quarto e achei um pacotinho de gazes. Improvisei um curativo na rola do padre. Depois, tirei a cueca do jovem e lavei. Torci-a bem, para retirar o máximo de água. Quando parecia quase seca, vesti-a no padre, para fixar o curativo. Também o vesti com a batina. Deitei-o com cuidado na cama. Eu estava com uma pequena bolsa, que havia levado para o cemitério, e conferi o dinheiro que reservara para o taxi. Liguei para a recepção e pedi a conta. Disse que meu namorado havia adormecido e eu não estava disposta a esperar. Precisava levar meu “irmão” deficiente para casa. A atendente foi bastante solícita, e não me fez nenhu-
  • 26. CRIATURA26 ma pergunta quando paguei a conta. No entanto, o dinheiro que que sobrou não dava para contratar um táxi. O jeito foi completar com o dinheiro pago ao padre pelo sermão no ce- mitério. Mexi em seus bolsos e retirei dali uma quantia sufi- ciente, inclusive para adiantar para a moça mais uma hora de motel. Pedi que o acordasse, quando terminasse o tempo, e lhe dissesse que eu precisei ir. Requisitei um táxi e logo o tive parado na frente do quarto. Carreguei, eu mesma, o jovem que parecia adormecido e fomos embora. Quando já estáva- mos a caminho de casa, o jovem despertou. Ouvi em minha mente: - Pronto, agora já posso parar o meu domínio sobre o padre. Neste momento, ele está acordando. Queria ver a sua cara de surpresa, ao se descobrir num motel. Eu não lhe dei atenção. Estava cansada do jovem, que levava as pessoas a fazerem o que ele bem queria. Já tinha minhas dúvidas de que continuaria cuidando dele. Percebi seu olhar triste em minha direção e tive a certeza de que ele podia ler pensamentos. **************** - Agora que você está bem alimentado, vou ter que ir em casa, pegar algumas roupas. Voltarei o quanto antes. Quando pensei que ele iria me impedir de ir, ouvi em minha mente: - Volte, por favor. Eu poderia forçá-la a isso, mas não quero que faça mais nada contra a tua vontade. Olhei para ele, acho que com pena. Eu gostava do ra- paz, tinha que confessar isso a mim mesma. É certo que fica- ra irritada ao ser forçada a fazer sexo, mas eu mesma já não o tinha forçado? Dei-lhe um beijinho na testa. Prometi voltar,
  • 27. EHROS TOMASINI 27 e não estava mentindo. Pouco tempo depois, eu abria uma conta no banco com uma enorme quantia. Tive tratamento vip por conta disso. Reservei uma grana para os gastos diários e, finalmente, fui para a minha casa. Encontrei minha vizinha e amiga indo ao supermercado. Tirei da bolsa um dinheiro e entreguei a ela. - Oi, Rosa. Tome, amiga. Agradeço por ter me empres- tado essa grana e por não ficar me cobrando. - Não vai precisar? Contei a ela que havia conseguido um bom emprego, mas omiti os detalhes sórdidos, claro. Ela ficou muito conten- te. Quis bebemorar. Eu não queria me demorar, pois deixara o jovem cadeirante sozinho, mas ela insistiu. Fazia questão de me pagar, ao menos, uma cerveja. Paramos no primeiro bar que encontramos e, a despeito do cedo da hora, o local estava lotado. Quando eu ia dizer que preferia que fôssemos para um outro, ela reconheceu um cara que bebia com mais dois. - Eita, Carlos está ali com uns amigos. Vamos para lá. Ele é boa companhia e beberemos de graça. Eu não sou de me aproveitar de homens para beber, mas queria me livrar logo dela para ir-me embora. Segui-a até a mesa sem reclamar. Ela me apresentou ao tal Carlos e aos seus dois companheiros de farra. Percebi que um deles ficou interessado em mim. Era um negrão bonito e de mãos enormes. Seus dedos grossos pareciam pequenos pênis. Cri- tiquei-me pelo pensamento libidinoso. Ele apertou forte- mente minha mão, olhando-me bem dentro dos olhos, e eu abaixei as vistas. Senti-me desnudada pelo seu olhar. O cara disse para Rosa: - Bonitinha e gostosa, a tua amiga. Ela fode?
  • 28. CRIATURA28 Rosa ficou empulhada e eu mais ainda. O negro era muito direto, pro meu gosto. Eu quis me levantar, mas um dos amigos dele, que estava à mesa, me aconselhou: - Valdo está já bêbado, fazendo besteira. Peço-lhe que o perdoe. Se conseguir fazer isso, prometo que irá se divertir conosco. E, virando-se para o negrão, cochichou algo em seu ouvido. Valdo pediu-me desculpa e se despediu dos outros, levantando-se da mesa. Meteu a mão do bolso e retirou de lá algum dinheiro. Chamou a garçonete e pagou a sua parte da conta. E foi embora sem nem olhar para trás. Percebi que ele cambaleava um pouco. Adolfo, o sujeito que havia falado com ele, disse: - Pronto, agora já estamos livre do inconveniente. O que as moças vão querer beber? Acho que bebemos umas dez cervejas, e eu não sou muito de beber. Logo, fiquei dominada pelo álcool. Quando quis ir embora, eis que me aparece um cara conhecido: o bê- bado que fazia ponto na frente da casa do meu novo patrão. Estranhei ele estar tão longe de lá. Os amigos de Rosa, no entanto, o chamaram para a mesa. Ele veio, contente. - Gente, hoje estou liso. Mas gostaria de beber algo, se pagarem para mim. - Senta aí e deixa de frescura. Você já pagou tantas pra gente – disse o que tinha enxotado o negrão da mesa. O cara não estava bêbado. Estava bem vestido e conti- nuava asseado, como no dia anterior. Pareceu não me reco- nhecer. Eu também não fiz alarde. Encheram seu copo e ele brindou a todos: - Por uma nova vida, livre daquela condenada! - A quem ele se refere? - Perguntei a Rosa.
  • 29. EHROS TOMASINI 29 - Sua filha desapareceu, depois de trabalhar como do- méstica numa casa de grã-finos. Ele cismava da patroa dela, uma coroa bonitona. Aí, soubemos que a tal tinha sumido do mapa, deixando em seu lugar uma velha gagá. Fiquei cismada. Será que ela se referia à minha fina- da patroa? Mas ela não era coroa, nem bonita. Decerto Rosa estava falando de outra pessoa. Não dei importância ao que disse e continuei bebendo. Estava empolgada, talvez já sob efeito do álcool. Disse para Rosa: - Fique aqui. Vou pegar umas roupas em casa e já volto. Antes que ela respondesse, o ex-bêbado disse: - Eu vou contigo. Quero falar com você… - Vá com ela. Assim, garante que ela volte – insistiu Rosa. Eu estava curiosa para saber o que o bêbado tinha a me dizer. Por isso, não recusei sua companhia. Quando nos di- rigíamos a minha casa, ele pareceu ter tomado coragem para me dizer: - Desculpe-me por tê-la seguido, mas eu precisava sa- ber onde mora. Eu fiquei surpresa. Percebi que quem me falava era o jovem tetraplégico. Ele havia assumido, novamente, o corpo do bêbado. Bateu-me um medo repentino. Eu já não queria mais ir para a minha casa. Temia que ele soubesse o meu en- dereço e nunca me deixasse em paz. A voz do bêbado afir- mou: - Está bem, eu errei. Não devia ter vindo. Agora, você não confia mais em mim. Mas garanto que não quero te fazer mal. É que fiquei apaixonado por você. Estive olhando para ele, tentando enxergar verdade na-
  • 30. CRIATURA30 quela declaração. Rebati: - Se você gosta mesmo de mim, prove-o abandonando agora mesmo esse corpo. - Infelizmente, não posso. Eu morreria, longe da minha matéria, pelo tempo de voltar para casa, para reassumir meu corpo. Estive pensativa. Perguntei: - Quem é você, Angelo? Como consegue fazer o que faz? - Nem eu mesmo sei. Já nasci assim. Agradeço a minha mãe por ter cuidado de mim, mas ela está cada dia pior. - Como assim? Ele esteve um tempo calado, depois disse: - Nada, nada. Estou divagando. Mas vou deixá-la em paz. Por favor, volte para mim. Eu te suplico. - Vou pensar. Mas confesso que estou com medo de você. - Eu sei. Eu sinto teu medo. Mas, se voltar, prometo nunca mais assumir a tua mente. Olhei demoradamente para o bêbado, desconfiada. Mas, não sei o porquê, eu acreditava no jovem. Talvez, na- quele momento, o cara forçasse minha mente a acreditar nis- so, mas já não me importava. Pela primeira vez, alguém, que não era a minha mãe, dizia me amar. - Está bem. Vamos lá em casa. Depois, voltamos para a sua. Nem imagino como conseguiu chegar aqui, de tão lon- ge… - Peguei um táxi, claro. Escolhi algumas roupas e objetos femininos e coloquei tudo em uma bolsa grande. Ele esperava por mim, sentado no sofá. Parecia descansar de algum grande esforço feito, tal-
  • 31. EHROS TOMASINI 31 vez o de estar de pé durante tanto tempo, usando o corpo do bêbado. Chamei um teletáxi e logo chegávamos à sua resi- dência. Paguei a corrida e ele me tomou a bolsa, carregando- -a para dentro de casa. Nem bem entramos, ele foi logo me agarrando. Estava de pau duro. Eu, também me sentia excita- da. Já havíamos tirado as nossas roupas, quando a campainha do portão tocou. FIM DA QUARTA PARTE.
  • 32. CRIATURA32 CRIATURA – Parte V Vesti-me depressa, apesar do olhar discordante de An- gelo, que assumira o corpo do bêbado. Ele não queria que eu fosse atender. Mas eu não sou de fugir de problemas, prefiro enfrentá-los. Abri o portão no mecanismo da cadeira de rodas, quando vi que era o detetive João de Sara quem aguardava na frente da residência. Ele entrou e eu fechei o portão às suas costas. O sujeito veio andando devagar, como se estivesse ainda pensando no que dizer. Quando o atendi à porta, ele simplesmente falou: - Vista-se e venha comigo. Precisamos conversar. - Se não percebeu, eu já estou vestida. - Não de maneira adequada para onde vou te levar. Pouco depois, ele parou seu carro defronte a um res- taurante chique. Estivera o tempo todo pensativo, durante todo o percurso até ali. Não havia respondido nenhuma das
  • 33. EHROS TOMASINI 33 minhas perguntas. Todas as vezes que eu queria matar a mi- nha curiosidade sobre aquele “encontro”, ele simplesmente dizia: tenha paciência e logo saberá. Sentamos em uma das mesas e o garçom nos trouxe o cardápio. Eu disse que não estava com fome. Ele desdenhou as minhas palavras. Fechou o menu e disse ao moço solícito que aguardava perto: - Traga-me aquele tira-gosto que sempre como aqui, mas capriche no prato que hoje vocês têm visita. O rapaz fez uma mesura, mais dirigida a mim do que a ele. E se afastou, indo em direção à cozinha. Só então, o detetive falou: - O que sabe sobre a família da casa onde trabalha? - Família? Com a morte da velha, sobrou só o rapaz. - Não, ainda há uma mulher coroa, bonita, que de vez em quando vem e depois some. Nunca mais soube dela. Eu me lembrei da história sobre o bêbado. Uma coroa bonitona… será que não era a mesma de quem o detetive falava? - Eu não sei de nada sobre a família de lá. Comecei a trabalhar ontem. Fui indicada pela agência. Não seria melhor perguntar lá, onde me indicaram? - Pois foi justamente a agência quem me contratou. Já desapareceram quatro mocinhas que trabalharam naquela casa, inclusive a filha do bêbado que fica lá na frente. - E você desconfia de quem? - De todos, principalmente do rapaz. Ele pode não ser o que aparenta. E não quero que você seja a quinta vítima. Por isso quis falar contigo. - Em troca, o que quer de mim? - Ousei perguntar. Ele esteve em silêncio por um tempo, depois falou:
  • 34. CRIATURA34 - Eu quero que fique de olho naquela família. Estou crente de que a coroa bonitona agora reaparecerá. Se me ver à espreita, pode fugir de novo. Ajude-me a desvendar o mis- tério daquela casa. Agora fui eu que estive pensativa. O jovem Angelo já ti- nha mostrado pra mim que sua deficiência não lhe impunha limites, já que ele podia se locomover sempre que quisesse usando o corpo de outra pessoa. Havia me surpreendido lá no bar, bem distante da sua residência. Eu também tinha in- teresse em desvendar esse quebra-cabeça. Por isso, concordei com o detetive em investigá-lo, e avisar a ele caso a tal coroa bonitona aparecesse. O garçom chegou com um prato deco- rado com frutas tropicais e uma carne escura. Perguntei-lhe o que seria a tal carne. Ele respondeu-me que era segredo da casa, mas que eu podia comer à vontade. Afirmou não ser no- civa à saúde, nem de nenhum animal que eu não conhecesse. Cortei um pedaço e experimentei. O sabor era maravilhoso. Mas não arrisquei comer mais. Sei lá que danado era aquilo? O detetive pareceu ter dado graças a Deus eu ter desis- tido de comer, para sobrar mais para ele. Pediu um cálice de vinho tinto e esteve saboreando a comida. Perguntei-lhe: - De que danado é essa carne? - Nunca soube. Faz anos que venho aqui e nunca des- cobri. Mas adoro esse prato. Quase sempre o peço. Um dia, descobrirei como é feito. Quer tomar um cálice de vinho? - Prefiro dispensar. Não quero deixar o rapaz sozinho muito tempo. Ele precisa de alguém para cuidar-lhe o tempo todo. - Conversa. Ele finge. Gosta dele? Aquela pergunta me pegou de surpresa. Analisei rapi- damente meus sentimentos. Sendo honesta comigo mesma, a resposta seria sim. Eu gostava de Angelo. Mas estava inco-
  • 35. EHROS TOMASINI 35 modada com a sua maneira invasiva de agir. Por isso, disse ao detetive: - Não, não gosto. Talvez um dia venha a gostar, já que o conheci há pouco. - Duvido do que me diz. Vejo em teus olhos que gosta dele, e muito. Sou bom em avaliar pessoas. A menos que es- teja disposta a me provar o contrário. - Como assim? Ele olhou-me fixamente, depois disse: - Transe comigo. Então, saberei que não sente nada por ele. - E você, o que sente por mim? - Um enorme tesão, pode crer. Estive te olhando. Você tem uma bunda deliciosa, e parece que gosta de usá-la. Eu fiquei indignada com as suas palavras. Talvez, se ele tivesse sido mais discreto em sua cantada, eu teria aceitado dar, ao menos, uma foda com ele, pois achava o detetive bo- nito. Mas ele me tratou como uma puta. Então, eu me levan- tei e por pouco não lhe dei um tapa no rosto. Fiz meia volta e fui embora. Ele não me seguiu. Ficou lá, saboreando tran- quilamente o seu prato. Fiquei frustrada e irada ao mesmo tempo. Esperava que, ao menos, ele viesse atrás de mim para me pedir desculpas. Voltei à mesa disposta a dizer-lhe poucas e boas. Aí, para a minha surpresa, vi o bêbado sentado em uma mesa próxima da que estávamos sentados. Sorriu para mim. Então, eu entendi tudo: o detetive estava possuído pelo jovem, que devia estar assumindo o corpo do bêbado. Não sei o quanto ele ouviu da nossa conversa mas, com certeza, havia sido ele quem me dera aquela cantada, e não o detetive. Este comia sua carne predileta sem me dar a mínima aten- ção. Parecia que eu não estava ali. Então, fingi que não havia visto o bêbado, vestido com roupas elegantes mas apertadas, e fui-me embora.
  • 36. CRIATURA36 Peguei o primeiro táxi que vi, querendo chegar à re- sidência do jovem primeiro que ele. Estava disposta a pegar minhas coisas e sumir. Não queria mais ficar perto de Ange- lo. Um táxi parou próximo a mim, antes que eu o chamasse. Estranhei, mas entrei nele mesmo assim. Aí, minha cabeça rodou e eu acho que perdi os sentidos. Despertei nua, ao lado do jovem. Ele também estava nu e olhava para mim, preocupado. Estava deitado de lado, apoiado sobre o cotovelo. Assustei-me: - O que houve? Onde estou? - Oi, amor -, ouvi na minha mente – você está aqui em casa, comigo. Não lembra? Olhei em volta e, claro, reconheci o quarto dele. Per- guntei mais uma vez o que tinha acontecido comigo. - Estávamos transando e você desmaiou. Fiquei preo- cupado – ele continuava falando em minha cabeça. Levantei-me de um pulo. Perguntei como ele conseguia ficar naquela posição, apoiado sobre o braço. Ele me respon- deu que às vezes ganhava novas forças e conseguia até ficar de pé, mas nunca tinha conseguido dar mais que dois passos. Naquele momento, se sentia muito bem. - Onde está o detetive? - Ué, eu não sei. Ele não voltou mais aqui, depois que falou contigo, logo após a morte de minha mãe. - Mentira tua. Ele voltou hoje à tarde e nós saímos jun- tos daqui… Ele me olhou como se estranhasse a minha afirmati- va. Disse-me que nem bem havíamos começado a transar, eu desmaiei. Mesmo invadindo a minha mente, ele não con- seguiu me despertar. Então, simplesmente aguardou que eu retomasse os sentidos. O cara parecia estar sendo sincero e eu comecei a desconfiar da minha sanidade mental. Voltei a me
  • 37. EHROS TOMASINI 37 deitar perto dele. Beijei-o ternamente. Falei: - Não sei o que está acontecendo comigo. Acho que es- tive sonhando. Desculpe-me. Ele moveu um braço com dificuldade e acariciou-me a cabeça. Pediu que eu voltasse a dormir. Já eram quase onze da noite. Depois, continuaríamos a foda interrompida. Virei-me para o outro lado e fechei os olhos, mas não pretendia dormir. Estive pensando. Cheguei à conclusão de que tudo estava muito nítido em minha mente, para ter sido um simples sonho. E o desmaio havia sido pra lá de estranho. Fiquei com medo do rapaz. O que ele estava fazendo comigo? Eu precisava descobrir. Então me lembrei que ele podia estar naquele momento invadindo a minha mente e sabendo o que eu estava pensando. Mas ouvi um ronco. Ele dormia. Ou fin- gia dormir. Logo, eu também adormeci. Enquanto isso, no bar, o garçom chamava o bêbado: - Moço? Moço, acorde. O senhor precisa pagar a conta. O bar já está fechando. O bêbado abriu os olhos e disse, ainda sonolento: - Que conta? Eu não consumi nada… - É verdade. Mas a mesa custa quarenta reais, com direito a quatro pessoas. E ainda tem meus dez por cento, mesmo sem consumo. Portanto, o senhor me deve quarenta e quatro reais. O bêbado botou a mão no bolso, disposto a pagar, mas não achou nada lá. Chiou: - Porra, acho que me roubaram todo o dinheiro. Não tenho como pagar… Alguém disse:
  • 38. CRIATURA38 - Deixe, Júlio. Eu pago a conta dele. Me traga mais uma taça de vinho. O bêbado agradeceu, depois levantou-se do seu lugar e sentou-se à mesa do detetive, sem pedir licença. - O senhor sabe como eu vim parar aqui? Eu não me lembro. Só me recordo que o senhor estava com uma jovem que eu conheço, mas não sei de onde. - Eu, com uma jovem? Que conversa é essa, meu ami- go? Estive o tempo todo sozinho. Aí, o garçom interviu na conversa. Disse: - Não, o senhor veio, realmente, com uma moça bonita, detetive. Ela não quis comer e foi embora. Achei que tivessem brigado. Ela saiu sozinha e pegou um táxi aí na frente do res- taurante. O detetive esteve perplexo, depois perguntou: - Vocês têm câmera de vigilância dentro do bar, não é mesmo? Pouco depois, o detetive via sua imagem num vídeo, acompanhado de uma jovem, no monitor da sala de vigilân- cia. Reconheceu a moça. Exclamou: - Puta que me pariu! Agora me lembro: eu a trouxe aqui, para falar com ela. Queria pedir sua ajuda para resolver o mistério que se esconde na casa onde ela agora trabalha. Preciso das imagens da frente do restaurante! O detetive não encontrou nada de anormal no resto da gravação. Viu a jovem pegar um táxi e ir-se embora, desapa- recendo das imagens gravadas. Mesmo assim, anotou o nú- mero da placa do taxi. Também lhe era estranho a presença do bêbado naquele restaurante. Lembrava-se dele insistindo para que a Polícia lhe achasse a filha desaparecida. Voltou aonde o bêbado estava sentado: na mesma mesa onde ele es-
  • 39. EHROS TOMASINI 39 tivera. O cara continuava lá. Ele lhe ofereceu uma cerveja. O sujeito aceitou e bebeu-a do gargalo. O detetive perguntou: - O que faz aqui, tão longe de onde costuma ficar? - E eu sei lá. Sempre tenho uns apagões. A última coisa que lembro é do rapaz se aproximando de mim, lá na casa onde costumo dormir na frente. Se eu não estava sonhando, ele estava de pé na minha frente. Mas isso é impossível. O cara mal anda de cadeira de rodas! O detetive deu um sorriso. Estava feliz em saber que suas suspeitas tinham algum fundamento. Arquitetou um plano. O botaria em prática, logo no dia seguinte. Pagou mais uma cerveja para o bêbado e foi embora. Deixou o sujeito lá, no bar. Quando chegou em casa, não encontrou a sua esposa. Fez uma cara impaciente. Voltou ao carro, retirou do porta- -mala uma valise contendo uns disfarces e trocou sua roupa por uma que estava dentro dela. Ajeitou uma peruca na ca- beça, além de colocar barba e bigodes postiços, e deu parti- da. Pouco depois, estava num inferninho no bairro de Boa Viagem, na zona sul do Recife. Foi preciso pagar para entrar. Viu uma loira boazuda bebendo sozinha e sentou-se numa mesa quase ao lado da dela. Ela o notou e ficou olhando em sua direção. Quando suas vistas se encontraram, ela deu um belo e convidativo sorriso. Ele fingiu que não a tinha visto. Ela levantou-se da mesa e veio para perto dele. Perguntou: - Me paga uma bebida? - Desculpe, mas eu estou esperando alguém – ele disse. - Ela é mais bonita e gostosa do que eu? - Falou a loira, passando as mãos nos quadris, enaltecendo as suas próprias formas. - Isso não te interessa. - Foi a resposta dele. Ela esteve olhando para o detetive. Parecia drogada. Perguntou: - Eu não te conheço de algum lugar?
  • 40. CRIATURA40 - Não creio. Eu me lembraria. - Posso fazer algo por você? - Não sei o que poderia fazer por mim. - Se tua eleita não vier, posso te dar uma chupada. O puto do meu marido merece umas galhas. E eu estou afim de chupar. - Você só chupa? - De graça, hoje sim. Mas faço tudo o que quiser, se me pagar. Só não beijo na boca. - Me daria o cuzinho? Ela demorou-se olhando para ele. Disse novamente: - Acho que te conheço de algum lugar. - Você já me disse isso. Responda a minha pergunta. - Você tem pau exagerado? - Não sei. Quer ver? Ela aproximou a boca do ouvido dele e disse: - Aqui, não. Não podemos flertar com os clientes, se eles não nos pagam bebidas. Você está de carro? Ele esteve indeciso, depois disse: - Sim, estou motorizado. Quer ir para algum lugar? - Quero. Me tira daqui. Eu não gosto daqui. - E por que vem? - Meu marido é um merda. Prefere trabalhar a estar comigo, aquele corno. Por isso, não fazemos outro filho. - Já têm quantos? De repente, ela começou a chorar. Disse, aos pran- tos, que teve uma bebezinha, mas ela morreu asfixiada com a própria mamadeira. Ela estava muito drogada, não viu a criança se debater. Quando o marido chegou, culpou-a pela morte da filha e nunca mais quis transar com ela. Temia que ela, drogada, matasse outra criança que nascesse.
  • 41. EHROS TOMASINI 41 - E por quê não para com o vício de se drogar? - Para aquele puto, seria uma vitória. Ele sempre me pede isso. Não faço. Minha vingança é que ele me veja defi- nhando até a morte! - Confessou ela, ainda choramingando. - Bem, eu vou te confessar uma coisa. - Disse ele – Eu não transo com pessoas drogadas. Vou te levar de volta ao inferninho. Não me interessa nem ser chupado por você. - Conheço esse carro, não sei de onde. - Foi a resposta dela. No entanto, quando ele parou para fazer a volta, ela pe- diu: - Leve-me para casa, por favor. Desisti de me embria- gar. Já estou muito doidona. - Está bem. Diga-me o caminho. Pouco depois, paravam defronte de uma casa modesta, mas ajeitadinha. Tinha uma arquitetura moderna e se desta- cava das outras da rua. Ela desceu, meteu a cabeça pela janela do veículo e disse: - Ainda está em tempo. Dou-te uma chupada e você vai embora. - E se teu marido chegar? - Eu queria que ele me visse te chupando. Quem sabe, assim, não sentiria tesão por mim? - Você já transou com outro, que não fosse ele? - Sei lá. Não me lembro. Acordo em minha cama e nem sei quem me trouxe de volta pra casa. Ele desceu do carro. Caminharam em direção ao por- tão da casa e ela o abriu com uma chave que tirou de entre os seios, pois ele estava fechado a cadeado. Ela disse: - Última chance. Vai querer? Ele esteve indeciso. Depois, olhou para os lados e abriu
  • 42. CRIATURA42 a braguilha da calça, botando para fora o seu enorme pau. Ela assobiou: - Uau, cara, que pau enorme. Não vou te dar o meu cuzinho, não. Mas posso te dar uma chupada bem gostosa… - Chupa. - Disse ele. Ela quase caiu ajoelhada entre suas pernas. Ajeitou o caralho dele na boca e começou a chupar. Fazia-o de forma desajeitada, mas ele não deu importância a isso. Ela parou a felação para dizer: - Conheço esse caralho, não sei de onde. - Deixa de conversa e chupa, cadela. Depois, vou que- rer foder tua bunda. - Aqui não. Vamos lá pra dentro… aí, eu deixo. Mas vai ter que ser bem carinhoso comigo. Quero foder lá na cama do meu marido, mas não aguento tomar no cu por muito tempo – ela disse já bastante afetada pelas drogas. Entraram, e ela foi logo tirando a roupa e empinando a bunda. Ele a guiou até o sofá e fez-lhe ficar ajoelhada nele. Sa- livou o enorme caralho e esfregou na regada da bunda dela. Ela abriu-se mais, usando as mãos. Ele enfiou só a cabecinha e começou os movimentos de cópula. Ela ficou pedindo mais. Lançava a bunda contra o pau avantajado dele, mas ele lhe negava pica. Fodia-lhe apenas a entrada do cuzinho. Então, ela começou a gozar, pedindo que ele enfiasse tudo. Ele me- teu-lhe só até a metade, depois continuou os movimentos. Ela urrava de prazer. Ele pressionou-lhe a boca com a mão e continuou metendo. Quando percebeu que ela relaxou o ânus, aí sim, empurrou toda a trolha. Ela deu um grito arras- tado e estremeceu-se toda. Entrou em frenesi. Gozou várias vezes, lançando uma demorado e entrecortado jato no encos- to do sofá. Depois, desfaleceu de tantos orgasmos contínuos. Ele continuou metendo, até que gozou também. Uma
  • 43. EHROS TOMASINI 43 gozada longa, como havia muito tempo não dava. Carregou- -a nos braços, vestiu-a com uma lingérie e deitou-a na cama. Cobriu-a com carinho, depois de dar-lhe um beijinho no ros- to. Depois, retirou o disfarce, guardou-o no carro e voltou para dentro da casa. Tomou um banho e deitou-se ao lado da esposa. Logo, dormia também. FIM DA QUINTA PARTE.
  • 44. CRIATURA44 CRIATURA – Parte VI Acordei com o chamado insistente do meu celular. Aten- di. Era a minha amiga Rosa: - O que foi que houve, mulher? Você me deixou lá, plantada no bar com aqueles meus amigos e não voltou. Não me diga que se engraçou daquele bêbado? - Do que você está falando, Rosa? - Endoidou, foi? Saiu dizendo que iria pegar umas rou- pas em casa e sumiu. Ontem, o bêbado disse que te havia visto com um cara que é da Polícia. Detetive, se não me en- gano… Quando Rosa falou do encontro com o detetive, suas palavras abriram minha mente. Lembrei-me de ter estado num restaurante com o sujeito e dele ter me dado uma canta- da agressiva. Depois, percebi que o bêbado que vive na frente da casa onde trabalho estava no bar e então me lembrei de
  • 45. EHROS TOMASINI 45 tudo: o jovem cadeirante estava dominando a mente do bê- bado e do detetive. Eu precisava falar com o policial, para que ele me contasse o que estava realmente havendo. Olhei para Angelo e ele ainda dormia. Resolvi aproveitar aquela oportu- nidade. Nem tomei banho, corri para a delegacia mais próxi- ma. Contava com encontrar o policial Sara lá. Ele não estava. Mas me disseram que estava na hora dele chegar, e eu resolvi esperá-lo. Não demorou meia hora, o cara chegou. Quando me viu, veio direto em minha direção. Perguntou-me o que eu fazia ali. Eu disse que precisava falar com ele. Fomos para a sua sala e ele me ofereceu um café. En- quanto eu saboreava o líquido, me inqueriu sobre o motivo da minha visita. - Eu estive pensando no que me disse lá no restaurante e me decidi a ajudá-lo. Mas, para isso, terei que saber de toda a história, tintim por tintim. - Não tenho muito a dizer. O fato é que estou inves- tigando o desaparecimento de quatro moças que, coinci- dentemente, trabalharam naquela casa. Andei fuçando uns documentos e descobri que aquela senhora que faleceu re- centemente não é nem parente do rapaz. Talvez a outra, a coroa bonitona, seja. Mas não consigo encontrá-la. Queria tua ajuda, mas pode ser perigoso. Por outro lado, achei um jeito de espionar aquela casa sem levantar suspeitas. Só pre- ciso da autorização do delegado para montar um aparato de vigilância. Portanto, não preciso mais de você. Eu fiquei frustrada na minha tentativa para saber mais sobre o jovem Angelo. Mas resolvi insistir: - Ontem, você me disse que sentia tesão por mim. Isso é verdade? O detetive olhou para mim como se eu tivesse dito uma
  • 46. CRIATURA46 blasfêmia. Estava irritado, quando falou: - Que conversa é essa, minha senhora? Todos nessa de- legacia sabem que amo minha mulher, e que não a trairia por nada deste mundo. - Desculpe, eu devo ter entendido mal. Despedi-me do detetive e fui embora, empulhada. Ago- ra, eu tinha mesmo a certeza de que ele estivera sob domínio do jovem, que eu passei a chamar de Criatura. Eu estava por minha conta e risco, mas queria ir até o fim daquela história. Iria descobrir o mistério que rondava aquela residência. Pen- sei em voltar para lá, mas não podia chegar de mãos abanan- do. A Criatura ficaria desconfiada da minha saída. Por isso, passei num supermercado e fiz umas compras. Fui para casa pensando num modo de bloquear a minha mente, quando estivesse próxima a Angelo. À caminho da residência, passei por uma farmácia. Comprei lá um sonífero poderoso, ale- gando que estava com uma insônia das brabas. De posse do remédio, segui para a casa da Criatura. Vi uns homens me- xendo nuns fios da rua, como se estivessem colocando uma câmera de vigilância naquele ponto. Será que era disso que o detetive falava, ao me dizer que não precisaria mais de mim? Para a minha surpresa, a Criatura continuava dormin- do. Aproveitei para fazer um suco de laranja e acrescentar uma grande dose de sonífero nele. Depois, fui acordar o ra- paz: - Acorde, amor. Já é tarde, e você não pode ficar sem se alimentar. Tome ao menos este suco… Ele abriu os olhos e sorriu, como se me dissesse bom dia. Dei-lhe um beijinho no rosto e suspendi seu corpo, dei- xando-o sentado na cama. Ele estava débil, como se tivesse perdido todas as suas forças. Com o tubo acoplado ao bojo, fiz com que tomasse todo o copo de suco. Me esforcei para
  • 47. EHROS TOMASINI 47 bloquear minha mente, para que ele não percebesse que eu o estava enganando. Mas eu não sabia como bloquear meus pensamentos. Meu coração estava aos pulos, enquanto ele ingeria o líquido. Fiquei segurando-o, até que ele revirou os olhos. Adormeceu em seguida. Eu estava exultante. Havia conseguido enganar a Cria- tura. Mas, e daí? Teria que fazer isso o tempo todo? Porém, eu não queria pensar naquilo agora. Quando cheguei da rua, notei que o bêbado não estava na frente de casa. Onde ele te- ria se metido? Contava com ele para solucionar o mistério da casa do fim da rua, como eu pensava em apelidar aquela re- sidência. Na minha solidão, eu assistia e curtia velhos filmes de terror. Ainda hoje, adoro-os. Aí, me lembrei do advogado. Tinha o telefone dele. Ligaria pro cara e conversaria com ele. Talvez ele pudesse me ajudar a solucionar aquele mistério, já que conhecia aquela família havia tempos. O advogado estranhou meu interesse em ter uma con- versa com ele, principalmente que eu não lhe expliquei o motivo. Disse-lhe apenas que queria algumas informações de como proceder com o acompanhamento ao jovem, mas que não queria falar por telefone. Ele marcou uma entrevista co- migo em seu escritório de advocacia. Impedi que ele adiasse o nosso encontro para outro dia. Eu contava ir e vir ao seu escritório enquanto a Criatura estivesse ainda dormindo. No início da tarde, estávamos um diante do outro. Fui sincera: - O detetive Sara de Menezes esteve lá na residência e me contou umas histórias sobre uns desaparecimentos de moças que trabalhavam lá. Fiquei apreensiva. Vim aqui que- rendo saber toda a verdade, senão serei obrigada a sair de lá. O advogado, um homem sisudo e reservado, esteve por um momento pensativo. Depois, perguntou: - O que você quer saber mesmo?
  • 48. CRIATURA48 - Primeiro, quem é aquele jovem. Ele mesmo me disse que não sabia quem eram seus pais. - Ah, isso é verdade. Vou te contar uma história antiga que talvez responda às tuas perguntas. O cara levantou-se e pegou dois copos de cima de um móvel. Ligou do interfone e pediu para a secretária suspen- der todos seus compromissos para aquela tarde. Colocou gelo nos copos, tirados de um frigobar do escritório, e me ofereceu uma dose de uísque. Aceitei. Ele voltou a se sentar, tilintando a sua dose no copo, e relaxou o corpo na poltro- na. Eu, ao contrário dele, estiquei-me mais para perto de si, apoiando-me no birô. Ele começou: - Quando eu era jovem, tinha uma namorada não mui- to fiel. Aliás, infiel toda. Certa vez, disse-me que iria acampar com umas amigas, jurando que não iria nenhum rapaz com elas. Claro que não acreditei. Ela tinha uma amiga, uma loira muito bonita, e eu me aproximei dela, fingindo estar apai- xonado. Sim, é verdade que ela sabia da minha namorada. Ambas eram amigas quase inseparáveis. Mas a minha fingida declaração de amor para a loira a deixou afim de mim. No en- tanto, ela exigiu que eu fosse consigo ao acampamento, para todos saberem – inclusive minha namorada – que estávamos juntos. - E você topou? - Sim. Eu mataria dois coelhos com uma só cajadada: flagraria minha namorada com outro e ainda lhe foderia a amiga, se me perdoa a expressão. - Tudo bem. Não me escandalizo com palavrões. - Ótimo. Eu tenho a boca suja, mas preciso me conter por conta da minha profissão. - Fique à vontade. - Eu disse. Ele deu uma pausa, depois continuou:
  • 49. EHROS TOMASINI 49 - Pois bem… acontece que daquela vez eu estava enga- nado. Minha namorada era muito mística, e participava de um grupo de pessoas que acreditavam na visita de extrater- restres. - Nossa, e isso existe? - Deixe-me continuar sem interrupções, por favor. O grupo estava certo de que uma nave pousaria naquela clarei- ra, no meio da mata da Guabiraba, naquela noite. Mas não fizeram alarde para a Imprensa, temendo estarem errados. A líder do grupo, uma mulher feia pra caralho, vetou a minha presença, dizendo que os visitantes só apareceriam para mu- lheres. Expulsaram-me de lá, temendo que os alienígenas não aparecessem por causa de mim. Fui embora frustrado, pois não vi, realmente, nenhum homem no grupo. Minha apari- ção, de mãos dadas com a amiga de minha namorada, só fez com que ela ficasse irada comigo. Mas eu ainda não estava convencido da sua inocência. Fingi ir embora de carro e vol- tei a pé. Procurei um lugarzinho escondido e fiquei à espreita. Havia escondido meu veículo entre as folhagens e fiquei à espera de aparecer rapazes. O advogado deu mais uma pausa em seu relato para tomar outro gole de uísque. Continuou: - Então, eu vi aquela luz ofuscante surgir do nada. Tive que fechar os olhos, cegos pela intensa claridade. Quando os abri, havia uma criatura estranha perto do grupo. A líder co- meçou a gritar umas frases em outra língua e todas a imita- ram. Eram cerca de vinte mulheres. Aí, a líder ajoelhou-se e todas fizeram o mesmo. A criatura de cerca de três metros, muito magra e branca, caminhou até as mulheres. Tocou com as pontas dos dedos justamente na testa da minha namorada. Ela tinha sido a escolhida. Então, as outras formaram um cír- culo no meio da clareira, em torno dos dois, e minha namo- rada se despiu. A criatura, que já parecia estar nua, deitou-se
  • 50. CRIATURA50 sobre ela. Agora o advogado ingeria goles atrás de goles da be- bida, como se estivesse nervoso. Lágrimas caíam dos seus olhos, quando disse: - Minha namorada gritava alto. Não estava gozando com a cópula do alienígena. Ela sofria e ninguém fazia nada. Então, saí do meu esconderijo e parti para cima da grotesca aparição. Mas não consegui fazer com que deixasse de co- pular com ela. Sua genitália era enorme, e ele me enfrentou de pé enquanto seu membro continuava inserido na parceira sexual. As mulheres me atacaram, defendendo o ser. Eram muitas, e eu sucumbi às suas pancadas. Desmaiei. Ele enxugou as lágrimas do rosto, depois continuou: - Quando acordei, já era de dia. Todas as mulheres ja- ziam mortas, menos a loira amiga de minha namorada. A es- tranha criatura tinha sumido. Mas havia uma coisa diferente: minha namorada estava com um barrigão enorme, como se estivesse com nove meses de gravidez. A loira, quando me viu acordar, chamou-me para acudi-la: - Depressa, precisamos fazer-lhe uma cirurgia, para salvar o feto. Ajude-me aqui. Precisamos de algo cortante. Corri até meu carro, escondido na mata, e trouxe de lá um canivete afiado. A loira me disse: - Tua namorada já está morta. Mas precisamos salvar o bebê. - Eu ainda estava meio leso com os acontecimentos. Ajudei-a sem nem pensar. Abrimos a barriga de minha na- morada sem esterilizar o canivete, e retiramos de lá o bebê completamente formado. Ele chorava muito, ao vir à luz. De- pois que limpamos o sangue, o bebê se revelou branquíssimo. Era magro e grande, como a criatura. A loira pegou os cantis das outras e deu um banho nele. Depois, enxugou-o com cui-
  • 51. EHROS TOMASINI 51 dado. Só então, me disse: - O extraterreste nos deixou uma missão: cuidar do bebê, eu e você. A mim, me prometeu a beleza eterna, que foi o que pedi para cuidar da criança. A você, que o atacou, a incumbência de me ajudar a criá-lo. - E o que eu ganho com isso? - O que gostaria de ganhar? - Dinheiro. Muito dinheiro. - Você terá quanto quiser. Mas tem que me ajudar a criar e proteger o bebê. - Como saberei se está me dizendo a verdade? Sobre o dinheiro, claro. - Hoje mesmo vá ao banco e abra uma conta. Amanhã, deposito nela a quantia que quiser. E ela fez isso? - Perguntei. - Sim. Fez. E faz isso até hoje, só não sei como. - Uma história inacreditável, o senhor me desculpe. E a velha que morreu, onde entra nessa história? - Passei uns tempos sem ver a loira. Anos, na verdade. Ela nunca falhou em depositar meu dinheiro, todos os meses, na minha conta. Em compensação, eu cuidava de tudo: edu- cação para o menino, com professores particulares que lhe davam aulas em casa; médicos e internamentos a domicílio, quando adoecia; e por aí vai. Um dia, a loira me procurou e disse que passaria uns tempos fora. Que iria deixar uma senhora para tomar de conta da criança, mas que eu continu- aria recebendo mensalmente minha grana. Eu exigi aumento da quantia e ela nem chiou. - E por que ainda trabalha? - Para driblar o Imposto de Renda e a Polícia. Como iria justificar tanta grana na conta, se não tivesse uma fonte de renda? - Entendo. Mas continuo incrédula. Não dá para loca- lizar a tal loira?
  • 52. CRIATURA52 - Estou tentando. Ela já deve saber da morte da velha. Mandou-me um e-mail. Eu saí do escritório do cara achando aquela história muito mirabolante para ser verdade. Ele me escondia algo. Mas a história da grana fazia sentido, já que eu não tive pro- blemas para ter dinheiro em minha conta. Porém, eu estava na mesma: não sabia nada sobre a Criatura, nem sobre sua fa- mília. Voltava pensativa para o trabalho, quando avistei o ne- grão que havia me destratado. Ele também me viu. Veio me pedir desculpas. Eu acreditava que ele estivera, na ocasião, sob domínio de Angelo. Aceitei as suas desculpas de bom grado. Aí, ele me chamou para tomar umas cervejas. Aceitei. Naquela tarde, fiquei encantada com o negrão. Ele era divertido, e contava histórias interessantes. Falamos sobre diversos assuntos. Não sei se foi por causa do álcool, mas logo estávamos nos beijando. Os beijos se transformaram em amassos. Os amassos nos levaram para um motel. Eu sentia uma grande necessidade de sexo. Desde que comecei a trabalhar naquela casa, estava o tempo todo exci- tada. O negrão me disse ser comprometido, que tinha uma namorada fixa havia uns cinco anos, mas eu não quis saber: queria porque queria transar com ele. Já entramos no quarto do motel nos beijando, no maior dos sarros. Seu caralho não era grande, mas era bem grosso. Fui afoita e o pedi no cu. Ele alertou de que eu não iria aguentar. Mas, em poucos minutos, eu o tinha dentro de mim. Eu sentia prazer em sofrer. Quanto mais doía, mais eu queria ser fodida. Era como se eu estivesse me punindo por deixar a Criatura lá, drogada. O primeiro orgasmo, no entanto, me fez esquecer de Angelo. FIM DA SEXTA PARTE.
  • 53. EHROS TOMASINI 53 CRIATURA - Parte VII Confesso que temia que a Criatura, como eu passei a cha- mar o rapaz cadeirante, tivesse abduzido o negrão. Mas não. Estivemos apenas nós dois, curtindo um ao outro, e o sexo foi maravilhoso. Mas eu precisava ir embora. Já era qua- se noite, e o rapaz já podia ter acordado, apesar da dose exa- gerada de sonífero que lhe fiz ingerir. inventei uma desculpa qualquer e me despedi do meu novo amante, que achou me- lhor ficar no motel mais um pouco. Disse estar esgotado, e eu acreditei. Foram várias gozadas seguidas, minhas e dele. Perguntei se nos encontraríamos de novo e ele foi reticente. Mas eu estava satisfeita. Havia sido a minha melhor foda. Quando cheguei em casa, o jovem ainda dormia. Fi- quei preocupada. Será que eu tinha exagerado na dose? Re- solvi esperar mais um pouco, para tentar acordá-lo. Enquan- to isso, preparei uma mistura pastosa de frutas e verduras,
  • 54. CRIATURA54 no liquidificador, e guardei na geladeira. Sentei-me no sofá da sala e liguei a tevê. Como detesto novelas, peguei no sono. ****************** O advogado olhou para o seu relógio de ouro, lhe en- volvendo o pulso. Faltava pouco para a meia-noite. Dera uma boa soma ao vigia do cemitério para que ele abrisse a cata- cumba da velha que falecera naquela semana, a tal que cui- dava do rapaz cadeirante. A história que contara à jovem que agora cuidava do rapaz fora mirabolante, mas a verdade era muito mais estapafúrdia. A tal Ieda jamais iria acreditar no que estava para acontecer dentro de algumas horas. - Posso abrir o ataúde, senhor? - Ainda não. Tem de ser à meia-noite em ponto. O vigia acatou a ordem do advogado e, pouco depois, estava abrindo o caixão. Não estava nervoso, como da pri- meira vez que fez aquilo. Já estava acostumado com o que ia encontrar ali dentro: um corpo disforme, ressequido como uma velha múmia. Dessa vez não foi diferente. Como sempre fazia de sete em sete anos, retirou o cadáver do esquife e dei- tou-o no chão coberto de grama verde, perto da catacumba. Despiu-o de todas as suas roupas e, como estava de luvas, começou a retirar umas cascas grossas e ressequidas do cor- po, descobrindo sob aquela camada uma pele lisa e macia. Quando se ocupou em puxar o couro cabeludo do cadáver feminino, descobriu os cabelos loiros e sedosos que estavam por baixo. Demorou quase uma hora retirando as crostas de carnes mortas, até que o corpo que agora se via era o de uma mulher de cerca de quarenta anos, belíssima. Ela parecia sor- rir, mas continuava morta. - Já faz mais de vinte anos que faço isso, a cada sete anos, e ainda não entendi para o que o senhor quer uma mu- lher morta, por mais bonita que ela seja, doutô. - Não é da sua conta. Continue de bico fechado sobre
  • 55. EHROS TOMASINI 55 isso e será um homem rico. Agora, me ajude a botá-la no meu carro. E sem deixa-la cair, entendido? O homem fez o que lhe era pedido. Achava que o gran- fino gostava de foder defuntas, mas isso realmente não era da sua conta. O que lhe importava era a grana graúda que ganhava a cada sete anos, com o macabro ritual. Despediu-se do sujeito e foi contar seu dinheiro, pois achava uma desfeita contá-lo na frente do cliente. No entanto, nunca faltara um centavo sequer do combinado. Quando chegou à sua residência, num bairro nobre do Recife, o advogado não contava com quem carregasse seu fardo macabro para dentro. Não tinha empregados na casa àquela hora. Também nunca se casara. Por isso, ninguém viu quando atravessou o portão da residência de muros altos transportando o corpo até a sala, deitando-o no sofá. Fechou todas as portas e voltou a carregar a defunta, desta vez para o banheiro. Acomodou-a numa banheira que encheu de água morna, até que o cadáver ficasse submerso. Misturou essên- cias à água, tornando-a muito cheirosa. Depois, tirou toda a roupa, sentou-se numa poltrona que havia dentro do amplo banheiro e encheu-se de paciência para esperar. De repente, o cadáver agitou-se dentro da banheira. Sentou-se rápido, com dificuldades para respirar. Passou a mão no rosto, incomodado com a água morna. Aí, viu o ad- vogado, que observava alerta. O ser macabro falou, com uma voz ainda esganiçada: - Fez tudo como devia? - Sim. Como sempre. Mas desta vez temos um pequeno problema... - Tudo a seu tempo - disse a ex-defunta. - Agora, dê-me o que mais preciso. - Venha até mim. Assim, testará as tuas forças.
  • 56. CRIATURA56 Ela esfregou o corpo demoradamente, passando tam- bém sabonete líquido e depois retirando a espuma, antes de se levantar da banheira. Depois, agachou-se entre as pernas do advogado e o chupou com gula, até que ele gozou em sua boca. Foi uma gozada cavalar, na qual ele quase não parou de verter porra. Ela elogiou: - Sim, vejo que cumpriu bem o acordo. Deve ter, mes- mo, passado esses sete anos sem foder ninguém, pois conse- gue verter uma quantidade de esperma digna de fazer inveja a qualquer homem. - Eu preferia gozar na tua boceta, ou no teu cu aperta- do. - Sabe que não podemos ter esse tipo de intimidades. Correríamos o risco de perder tudo. Agora, descanse um pouco, pois vou querer de novo. Dito isso, ela voltou para dentro da banheira e conti- nuou a passar essências no corpo. O advogado fechou os olhos. Aproveitou a pausa para relembrar o passado. Tinha contado apenas parte da verda- de à cuidadora do cadeirante. O fato é que quando acordou, todo dolorido, naquela noite dos anos 70, não reconheceu sua recente namorada loira. Esta, que antes era carinhosa e frágil, havia se transformado numa mulher calculista e man- dona. Não demorou muito a ele descobrir que a feiosa líder do grupo havia assumido o corpo da sua nova namorada. Por isso, não estranhou quando ela afirmou ter exigido do alienígena beleza eterna. Como a loira era a mais bonita e gostosona do grupo de mulheres, a feiosa deixou o próprio corpo e assumiu o da outra. Portanto, sua antiga namorada infiel tinha se fodido para gerar o feto alienígena, e pago com a própria vida por isso, para a líder gozar das vantagens em um pacto com o alienígena.
  • 57. EHROS TOMASINI 57 Nos primeiros anos que se passaram, a mulher foi en- velhecendo muito rápido, ficando cada vez mais com a pele enrugada. No sétimo ano, no entanto, ela disse-lhe ter recebi- do uma nova visita do extraterrestre, que lhe explicou como voltar à sua bela forma. Mas teria que seguir alguns procedi- mentos: sempre ter sexo com o mesmo macho, mas apenas para lhe beber todo o esperma. Não poderiam ter outro con- tato sexual senão a felação, sob pena de ambos perderem a vida. E o mais importante: a cada ano beber todo o sangue de uma mulher jovem, de preferência bela, se ela quisesse pre- servar sua própria beleza e juventude. Por isso, contratavam em agências de emprego as mais bonitas acompanhantes pro rapaz, que seria usado como bode expiatório, caso a Polícia descobrisse os assassinatos das moças. Mas Hermelinda, a feiosa caça-alienígenas, detestava cuidar do rapaz. Tentou assassiná-lo de todas as formas, des- de facada, tiro e inclusive envenenamento, mas o branquela não morreu. Então, planejou matá-lo por sede ou de fome. Não lhe dava o que comer nem o que beber. Por isso, ele foi ficando cada vez mais debilitado. Foi quando descobriu os poderes do jovem. Ele lhe falava diretamente à sua mente. Temeu que ele se queixasse ao pai extraterrestre, quando fi- nalmente o conhecesse. Por isso, negou-lhe saber quem era o pai. Escondeu-lhe a origem o quanto pode. Fez um acordo com ele: contrataria alguém para cuidar-lhe, em troca de ele não tentar se vingar dela ter-lhe tentado matar. No entan- to, orientava a cuidadora da vez para não alimentá-lo direi- to, deixando-o sempre com fome e fraco. Quando a caseira se rebelava, era morta pela ex-feiosa que lhe drenava todo o sangue, pois se alimentava de vidas. Vidas presentes contidas no sangue e vidas futuras, extraídas dos espermatozoides vi- vos. Desta última vez, no entanto, ela abstraiu-se do corpo hospedeiro sem ter tido tempo de orientar a tal Ieda de como ela deveria drenar as forças do rapaz.
  • 58. CRIATURA58 O advogado nunca soube como ela conseguia morrer e ressuscitar mais jovem, mas isso não lhe interessava. Era por demais ambicioso, e seu deus era o dinheiro. Enquanto a bela coroa o abastecesse dele, faria tudo o que ela pedisse. Desta vez, porém, percebeu que ela retornou bem mais jovem. Com certeza iria querer lhe drenar de mais porra que antes, para manter sua energia, já que agora era mais jovem e certamente mais fogosa. Ele acostumara-se a foder apenas com ela. Aliás, a ser chupado só por ela. Certa vez, tentou foder uma puta, quando a coroa loira havia morrido pela segunda vez, mas quase teve um infarto em pleno ato, quando a mulher de pro- grama apenas molhou de saliva sua pica. Depois disso, não mais arriscou. Guardou-se casto para Hermelinda. Até por- que ela chupava muito bem! ************************ O jovem acordou assustado. Debateu-se na cama, como se tivesse recuperado parte das forças. Sacudiu a cabeça. Eu senti medo de que soubesse que eu o havia drogado. Tive a certeza quando me perguntou: - O que me aconteceu? Você me drogou, amor? Por que fez isso? Tentei bloquear meus pensamentos, para que ele não cismasse de mim, mas não sabia como fazer isso. Percebi que ele estava confuso. Arrisquei: - Você não lê mentes? Por que não vasculha a minha e descobre a verdade? - Já tentei, mas estou zonzo. Não consigo coordenar meus pensamentos... Sorri, intimamente. Tive a certeza de que havia desco- berto uma forma de contê-lo. Ofereci-lhe a mistira de suco
  • 59. EHROS TOMASINI 59 de frutas combinada com verduras. Eu adorava. Mas não sabia se ele iria gostar. Ele adorou. Disse que nunca havia experimentado algo igual. Eu já havia adicionado sonífero à mistura, quando fui buscá-la na cozinha. Por isso não tomei nem um gole. Aí, ele ficou alerta, como se estivesse ouvindo alguma coisa. Disse: - Aquela desgraçada voltou. Logo, estará aqui. - Quem? - Perguntei-lhe. - Ela, a minha mãe Hermelinda. Voltou mais uma vez do túmulo! Primeiro, eu me espantei. Depois, achei que ele estava delirando por causa da droga inserida no seu suco. Mas ele estava, realmente, apavorado. Exigiu: - Depressa, leve-me para a tua casa. Ela não pode nos encontrar aqui. - Calma, bem. Você está agitado. Relaxe. Quer uma chupadinha? - Eu não podia ser mais dissimulada. Ele ficou indeciso, por um instante. Depois disse: - Está bem, estou mesmo querendo. Mas tem que ser uma foda rápida. Sinto que ela logo estará aqui. Foi uma foda demorada. Eu me esmerei em chupá-lo, temente de que ele quisesse foder-me o cu ou a boceta. Estava ainda dolorida da trepada demorada com o negrão. Ele fe- chou os olhos e acho que ficou prolongando o gozo. Não deu mais nem um piu, adorando o que eu lhe fazia com a boca. Fiquei molhadinha, mas fiz de tudo para que ele não perce- besse. No entanto, estranhei que ele não houvesse lido meus pensamentos. Estaria a Criatura perdendo os seus poderes? FIM DA SÉTIMA PARTE
  • 60. CRIATURA60 CRIATURA - Parte VIII Nem bem gozou, ele quis que eu o levasse para a minha casa. Tentei demovê-lo da ideia, mas não houve jeito. Aí, convenci-o a irmos para um motel qualquer, pois sua mãe poderia nos procurar lá em casa. Para isso, era só ela pegar o endereço com a agência de empregos. Ele concordou comi- go. Ainda bem, pois eu temia que ele soubesse que eu havia trepado com o negrão, que morava por perto da minha resi- dência. No entanto, quando pegamos um táxi na frente da casa dele, ele desmoronou. A vitamina de frutas com verduras, “batizada” com sonífero, fez efeito. Pedi para o motorista nos levar a um motel decente, já que eu tinha em meu poder bas- tante dinheiro, e logo estávamos num flat granfino. Infeliz- mente, escolhi logo um lugar nas redondezas de onde o ad- vogado morava. Mas, naquele momento, eu não sabia disso.
  • 61. EHROS TOMASINI 61 O taxista me ajudou a carregar o jovem para o apartamento, e estranhou ele ser tão leve. Não lhe dei nenhuma explicação. Paguei-lhe a corrida e ele foi embora. Eu havia pego umas bolsas com roupas nossas, mas deixei-o nu. Escondi suas roupas. É que eu pretendia sair de novo e deixa-lo sozinho. Sem roupas, ele não poderia fugir dali - eu pensava. Burrice minha. Fui de novo até a delegacia, procurar o detetive. Con- tei-lhe que havia fugido com o rapaz porque ele tinha cisma- do de que sua mãe voltaria do túmulo. Eu disse isso em tom de joça. Mas o detetive olhou para mim muito sério. Cha- mou-me a uma sala e pediu que um policial nos mostrasse as imagens capturadas pelas câmeras que haviam instalado perto da casa do rapaz. O detetive perguntou-me: - Conhece? Eu nunca tinha visto a coroa loira que aparecia na fita, mas não foi difícil imaginar que se tratava da mulher que acreditávamos ser a mãe do garoto. A que desaparecia de tempos em tempos. Confirmei isso com o detetive. Naquele momento, ela se aproximava da residência de onde saímos, eu e o jovem. O detetive apontou-a e afirmou: - Tá vendo? Então, o garoto sabe o que diz. Mas não acredito que seja telepata, muito menos adivinho, como você afirma. Acho que ele já sabia da vinda dela. Estava esperan- do-a, com certeza. Virou-se para um policial e pediu: - Me consiga uma viatura. Quero pegar essa desgraça- da hoje! E você - disse virando-se para mim - fica aqui. Fiquei. Mas, cerca de uma hora depois, o policial voltou de mãos abanando: a loira tinha fugido antes dele chegar lá. O detetive me liberou assim que eu dei o endereço do motel
  • 62. CRIATURA62 onde estávamos. Ele quis me levar lá, mas eu disse que tinha um compromisso antes. O cara insistiu em me acompanhar até em casa. Não arredaria o pé de perto de mim, até que eu voltasse para o flat. Então, desisti de tentar me encontrar com o negrão. Deixei que o detetive me levasse de volta aonde eu estava hospedada com o rapaz. Naquele momento, eu não mais o chamava de Criatura. O detetive entrou no aparta- mento e verificou se estava tudo bem. Não desconfiou que o jovem estivesse dopado por mim. Achou que ele apenas dor- mia. Fez de tudo para não acordá-lo. Saiu e disse que ficaria nos vigiando de dentro do carro, ali por perto do flat. Pediu que eu deixasse a porta apenas encostada. Fiz isso e entrei no banheiro para me banhar. Assustei-me, quando vi o detetive me olhando da porta do banheiro. - O que faz aqui? Você disse que tinha esposa e que a amava. Saia daqui. Quero tomar banho e não quero ninguém me olhando. - Deixe-o. Preciso dele para trepar contigo. - Ouvi o detetive dizer. Eu logo entendi o que estava se passando: o rapaz esta- va acordado e já dominava o corpo do policial. Voltei a ficar assustada com ele. Olhei para a cama e ele estava lá, resso- nando e de olhos fechados. Porra, o cara deveria ser sonâm- bulo! Iria trepar comigo, mesmo dormindo. O detetive foi tirando a roupa, enquanto se aproxima- va do banheiro. Tinha um pau enorme, e eu fiquei excitada. Ele abraçou-se comigo e começou a me beijar o corpo todo. Eu me tremia de tesão. Ele já não falava, só agia. Pegou-me com mãos firmes e me sentou na tampa da privada. Fez-me mamar seu enorme pau e eu achei foi bom! Lhe massageei os bagos, enquanto chupava a chapeleta. Ele gemia demora- damente. O jovem continuava imóvel, deitado na cama. Mas estava de pau ereto. Então, eu tive uma ideia: ao invés de con-
  • 63. EHROS TOMASINI 63 tinuar masturbando o detetive, levantei-me da privada e fui masturba-lo. Talvez ele não esperasse por aquilo. Gozou tão logo iniciei-lhe uma bronha. FIM DA OITAVA PARTE
  • 64. CRIATURA64 CRIATURA - Parte IX Depois da minha foda com o rapaz, o detetive nem to- mou banho: vestiu-se e voltou para o seu carro. Parecia sonâmbulo, quando andou até o veículo. O rapaz ressonava, afetado pelo forte calmante que eu lhe dei antes de sairmos da sua casa. Dessa vez eu quase não gozei. Fiquei carente de sexo. Pensei em impedir que o detetive voltasse ao seu posto de vigilância, mas achei melhor não. Tomei um banho demo- rado, para passar o tesão. Coloquei um short bem apertado e curto, desses quase entrando na bunda, e pensei em ir para perto do detetive João de Sara de Menezes. Quando me viu, ele abriu a porta do carro e me deixou entrar. Perguntou: - O que faz aqui? Melhor ter ficado lá dentro... Aí, vimos uma mulher loira e bonitona sair de uma casa grã fina, quase defronte ao flat. Na verdade, estávamos num condomínio de flats, só que uns maiores que outros. Ambos
  • 65. EHROS TOMASINI 65 a reconhecemos na mesma hora. - Puta que me pariu, que sorte da porra! - Exclamou ele. - Sim, é a mulher que você me mostrou no vídeo. Acho que saiu daquele flat maior. - Eu disse. - Ela tem pressa. Deve ter acontecido algo lá dentro. Dê um jeito de entrar na casa, eu vou atrás dela. Desta vez, ela não me foge! Fiz o que o detetive mandou. Saltei do carro e me enca- minhei para a residência. A mulher loira me viu. Pensei que ela era mais idosa, mas aparentava no máximo uns quarenta anos. Parou e ficou olhando para mim, como se quisesse se lembrar de onde me conhecia. Eu não lhe dei atenção e con- tinuei andando para a casa. Aí, ela viu o detetive. Deve tê-lo reconhecido no ato, pois correu. Ele desceu do carro, pois ela entrou numa rua muito estreita, e correu atrás. Eu apressei meus passos em direção ao flat. A porta de entrada estava apenas encostada. Reconheci o homem caído no chão. Era o advogado que tinha me contado a história escabrosa sobre a loira. O homem havia sido esfaqueado. Perdera muito san- gue. Pedi para ele: - Pressione o ferimento na barriga, assim. Segure bem até eu voltar com curativos. Estou hospedada bem aqui perto. Fui num pé e voltei no outro. O cara pressionava a feri- da do jeito que eu indiquei. Felizmente, apesar de profundo, o ferimento não lhe punha a vida em risco. Enquanto fazia o curativo, perguntei: - O que houve? - Ela esteve lá no apartamento e vocês tinham fugido. Ela notou a falta de algumas roupas dele. Achou que eu os tinha avisado. Esfaqueou-me. - Relaxe, não foi um ferimento grave. O detetive Sara foi atrás dela. Logo estará aqui.
  • 66. CRIATURA66 Naquele momento, ouvimos dois tiros. Fiquei apreen- siva, pois esperava que fosse o detetive atirando para cima, mandando-a parar de correr. Mas, se ele fez isso, era porque ela havia conseguido fugir. Saí da casa e corri para a rua. Vi o detetive caído lá longe. Não havia sinais da mulher. Corri até ele e vi que havia levado dois tiros. Um deles, fatal. Eu quis pegar seu carro para levá-lo a um hospital, mas eu não sabia dirigir. Nunca tive o mínimo interesse em aprender. Aí, ele me disse: - Estou morrendo... Um dos tiros foi fatal. Posso sentir isso. Mas quero um favor teu... - Não se esforce. Deixa eu ligar para uma ambulância. - Não, não... quero que me prometa cuidar da minha esposa. Ela não gira bem e precisa de ajuda. Porém, ninguém da delegacia sabe disso... - O que eu posso fazer? - Fale com o delegado. Ele é meu amigo. Diga-lhe que eu te autorizei a ficar responsável legalmente pela indeniza- ção que ela receberá por minha morte, contanto que você cuide dela até o fim dos seus dias... - Mas eu... Não adiantava eu dizer mais nada. Só iria cansá-lo. O cara estava prestes a morrer. Então, para minha surpresa, ele abriu os olhos e ficou como se estivesse absorto. Depois, ten- tou se levantar. Eu gritei: - Não, não faça nenhum esforço. Deixe-me ligar para uma ambulância... Ouvi a voz na minha mente: - Não há tempo. Deixe que ele entre no carro e vá com ele. Vou assumir seu corpo até chegarmos a um hospital. Eu não pensei duas vezes. Ajudei o detetive a caminhar penosamente, amparado em mim. Ele entrou no carro e logo
  • 67. EHROS TOMASINI 67 deu a partida. Saiu cantando pneus. Juntaram-se algumas pessoas que moravam nos flats. Gritei para uma senhora: - Tem mais um ferido naquele flat ali. - Apontei - Le- vem-no para um hospital também, por favor. Cerca de um quarto de hora depois, o advogado che- gou onde eu estava com o detetive, trazido por alguém. Con- tou o que tinha acontecido e elogiaram meu curativo em sua ferida. Tive que sair de perto do detetive, pois ele foi enca- minhado para a sala de cirurgia. Aproveitei para conversar com o advogado, pois ele estava deitado num leito, ainda em observação médica. O sujeito falou: - Ela disse que o ser do outro mundo está para vir de novo. Por isso, ela tem que matar o jovem, antes que o extra- terrestre chegue. O rapaz está em perigo. - Por que ela quer mata-lo? - Não é a primeira vez. Arrependeu-se de cuidar do ra- paz esses anos todos. Mas temia sofrer represálias, se o alie- nígena soubesse que o matou. Agora, resolveu-se a dar cabo da vida do extraterrestre também, já que recuperou grande parte da sua beleza. - Minha Nossa Senhora. Precisamos dizer isso para a Polícia. - Eu falei. - Não. Acho que sei onde a encontro. Precisamos ir atrás dela sem perda de tempo. Antes que o alienígena apa- reça. - Mas... você está ferido. - Não importa. Vamos. Teremos que fugir daqui. Não foi difícil. Com o caos que estava no hospital, logo conseguimos nos evadir. Quando chegamos ao carro do de- tetive, eu me lembrei de algo importantíssimo: - Puta merda, o rapaz! - O que está dizendo? - Ele não pode ficar muito tempo longe de si. Temos
  • 68. CRIATURA68 que passar em casa. - Do que está falando? - Nada, nada. Não há tempo para explicar. Antes de ir atrás da loira, tenho que voltar ao flat! Por sorte, quando chegamos lá, o rapaz ainda estava vivo. Seu corpo sofria convulsões. Aí, o advogado estremeceu e ficou se estrebuchando no chão, também. Mas não demo- rou muito a ele dizer: - Obrigado, meu amor. Você acaba de salvar minha vida. Mas um pouco e eu já era! - O advogado falou, mas eu sabia que quem dominava suas palavras era o jovem. Ele passou a mão no cabelo e continuou: - Agora, temos que ir atrás de minha mãe. - Você nos ouviu conversando? - Por pouco tempo. Era como se meu espírito estivesse vagando pelo hospital. - Você não está se sentindo zonzo e fraco? - Eu quis saber. - Não tomei o suco que me deu. Quando você me deu as costas, eu o regurgitei debaixo da cama, não percebeu? - Nossa, mais uma das suas. Realmente, senti um cheiro estranho no quarto, mas jamais pensei que seria isso. Achei que fosse o cheiro da sujeira daquela casa - Suspirei. - Não temos tempo. Deixe-me vasculhar a mente do coroa, para saber onde ele queria te levar. - Está bem. Mas antes, deixa eu carregar teu corpo para o carro, para não corrermos o risco de você ficar muito tem- po separado dele - Eu disse. Peguei também a sua cadeira de rodas e coloquei no porta-malas. Pouco depois, parávamos o carro do detetive na en- trada da mata de Guabiraba, uma localidade do subúrbio de Casa Amarela, o bairro mais popular do Recife. O advogado sangrava pelo ferimento, talvez devido ao esforço feito por
  • 69. EHROS TOMASINI 69 seu corpo, assumido pela Criatura. Estava anoitecendo. Ele procurou no porta-luvas e achou uma pistola. Disse baixi- nho: - O detetive tinha outra arma guardada. Minha mãe tomou a dele e atirou no cara, não me pergunte como. - O que faremos, agora? - Você fica aqui. Eu vou entrar na mata atrás de minha mãe, aquela puta. - Tome cuidado. Fiquei apreensiva, enquanto o advogado entrava na mata. O rapaz parecia dormir, no banco de trás, com o quei- xo encostado no peito. Aí, ouvi três tiros seguidos. Também um grito masculino de dor. Não foi difícil imaginar o que havia acontecido: o rapaz havia sido surpreendido pela loira. Para confirmar minha suspeita, o corpo do jovem estreme- ceu, no banco trasieiro. Ele abriu os olhos e ergueu a cabeça, olhando em minha direção. Falou: - Ela estava escondida, de tocaia, e atirou assim que viu o advogado. Infelizmente, ele está morto. Ainda bem que você trouxe a cadeira de rodas. Tenho que voltar lá e você vai me empurrando. - Tá doido? Não quero levar um tiro. Agora estamos desarmados, e ela também tem a arma que você levou até lá. - Não tem perigo. Depois que vi onde ela está, posso dominá-la. Mas preciso estar perto dela. - Isso é suicídio. Não vou fazer o que me pede. - Então, terei que ir sozinho. Arme a minha cadeira de rodas, por favor - continuei ouvindo sua voz dentro da mi- nha mente. Ele estava tão decidido que resolvi ir junto. Fui empur- rando sua cadeira em direção à mata. No meio do caminho, no entanto, fez-se uma claridade muito forte. Mais uma vez escutei na minha mente:
  • 70. CRIATURA70 - O meu pai chegou. Sinto-o. Temos que nos apressar. Quase que corri, empurrando a cadeiras de rodas. A claridade continuava cada vez mais crescente. Então vislum- brei, à contra-luz, a loira sair do seu esconderijo, com duas armas na mão. A claridade sumiu de repente e a escuridão voltou a dominar a mata. Foi quando vi o enorme ser, de mais de três metros, de pé perante a mulher. Para o meu azar, o ra- paz vergou-se para frente e caiu da cadeira com todo o corpo no chão. O barulho da sua queda fez a loira voltar-se e apon- tar as armas para mim. Gelei. Mas aí a mulher estremeceu e soltou ambas as pistolas. Levou as duas mãos à cabeça e deu um alto e demorado grito. Caiu ajoelhada no solo. Ouvi uma voz feminina falar arrastado, como um silvo de serpente: - Eu sei que você andou tramando a morte do meu fi- lho, e a minha também. Pude ler a tua mente ao chegar aqui. - É verdade. Ele tentou me matar por várias vezes. Mas agora, não é mais perigosa, minha mãe. Naquele momento, quem falava era a loira, levantan- do-se. Pelo jeito, o rapaz a tinha dominado. Ele continuava caído, perto de mim, como se tivesse abandonado o seu cor- po para assumir o da mulher. Mãe? - Pensei eu - Eu achava que o extraterrestre era macho. Mas o alienígena passou pela loira e caminhou em di- reção a mim. Aliás, ao corpo inerte do rapaz caído. Abra- çou-se a ele, sem dar a mínima para mim. Depois, olhou-o fixamente e disse: - Você quase tem a forma humana, meu adorado filho, apesar de se parecer conosco. E acredito que não vai crescer mais do que isso. É uma pena. Não sei como farei para levá- -lo para casa. Com essa compleição, logo se destacará dos da