RESUMO
O presente trabalho busca desenvolver a parte histórica da escrita, suas características, o seu funcionamento. Por volta de 3000 a.C. o Oriente Médio era tomado por dois sistemas: a escrita ideográfica suméria, já em transformação e a escrita emergente egípcia do tipo consonantal. A evolução da escrita suméria gerou o sistema silábico e os dois sistemas permaneceram. Mantinham ainda o caráter ideográfico para neutralizar as variações de pronúncia. Por outro lado, para uma maior facilidade da escrita e leitura o aspecto gráfico da escrita sofreu fortes mudanças tendendo à simplificação das mesmas.
Sendo assim a língua humana se organiza em dois planos: o do conteúdo (significado) e da expressão (significante). O primeiro plano está relacionado ao sentido das coisas e o segundo se relaciona ao som. As primeiras formas de escrita surgiram no plano do conteúdo, as escritas pictórica e ideográfica. Embora seja muito parecidas, o que difere a escrita ideográfica da pictórica é que a escrita ideográfica é conceitual, enquanto a pictórica é icônica.
A escrita ideográfica consiste em um sistema de escrita que se manifesta através de ideogramas como símbolos gráficos ou desenhos (signos pictóricos), formando caracteres separados e representando objetos, ideias ou palavras completas, associados aos sons com tais objetos ou ideias são nomeados no respectivo idioma.
Nos últimos anos, a escrita ideográfica invadiu o mundo moderno, não só na comunicação externa de avisos e de informações, como até mesmo nos jornais. Hoje, ao lado de uma sinopse de um filme, aparecem figuras de rostos alegres, tristes ou apenas sérios para mostrar uma avaliação sobre o valor do filme. Não poderia escrever apenas bom, regular, ruim? Por que a preferência pela escrita ideográfica? Certamente, isto tem a ver com facilidade e a rapidez de leitura que a escrita ideográfica proporciona.
Palavras-chave: História da Escrita, Ideografia, Letramento, e Alfabetização.
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
Fundamentos da Alfabetização e Letramento | A Escrita Ideográfica
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
UNIDADE CAMPANHA
A ESCRITA IDEOGRÁFICA
Alan Lucas, Daniela Nogueira,
Jaíne Silva, Michele Braz e Nara
Jerusa.
Prof.ª Dr.ª Carla Maria Nogueira
de Carvalho.
Campanha, março de 2017
2. 2
Alan Lucas, Daniela Nogueira, Jaíne Silva, Michele Braz e Nara Jerusa.
A ESCRITA IDEOGRÁFICA
Seminário apresentado pelos
acadêmicos: Alan Lucas, Daniela
Nogueira, Jaíne Silva, Michele Braz
e Nara Jerusa como exigência da
disciplina Fundamentos da
Alfabetização e Letramento do
curso de Licenciatura em
Pedagogia da Universidade do
Estado de Minas Gerais, Unidade
Campanha sob a orientação da
Prof.ª Dr.ª Carla Maria Nogueira de
Carvalho.
Campanha, março de 2017
3. 3
RESUMO
O presente trabalho busca desenvolver a parte histórica da escrita, suas
características, o seu funcionamento. Por volta de 3000 a.C. o Oriente Médio era
tomado por dois sistemas: a escrita ideográfica suméria, já em transformação e a
escrita emergente egípcia do tipo consonantal. A evolução da escrita suméria gerou o
sistema silábico e os dois sistemas permaneceram. Mantinham ainda o caráter
ideográfico para neutralizar as variações de pronúncia. Por outro lado, para uma maior
facilidade da escrita e leitura o aspecto gráfico da escrita sofreu fortes mudanças
tendendo à simplificação das mesmas.
Sendo assim a língua humana se organiza em dois planos: o do conteúdo
(significado) e da expressão (significante). O primeiro plano está relacionado ao
sentido das coisas e o segundo se relaciona ao som. As primeiras formas de escrita
surgiram no plano do conteúdo, as escritas pictórica e ideográfica. Embora seja muito
parecidas, o que difere a escrita ideográfica da pictórica é que a escrita ideográfica é
conceitual, enquanto a pictórica é icônica.
A escrita ideográfica consiste em um sistema de escrita que se manifesta
através de ideogramas como símbolos gráficos ou desenhos (signos pictóricos),
formando caracteres separados e representando objetos, ideias ou palavras
completas, associados aos sons com tais objetos ou ideias são nomeados no
respectivo idioma.
Nos últimos anos, a escrita ideográfica invadiu o mundo moderno, não só na
comunicação externa de avisos e de informações, como até mesmo nos jornais. Hoje,
ao lado de uma sinopse de um filme, aparecem figuras de rostos alegres, tristes ou
apenas sérios para mostrar uma avaliação sobre o valor do filme. Não poderia
escrever apenas bom, regular, ruim? Por que a preferência pela escrita ideográfica?
Certamente, isto tem a ver com facilidade e a rapidez de leitura que a escrita
ideográfica proporciona.
Palavras-chave: História da Escrita, Ideografia, Letramento, e Alfabetização.
4. 4
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 5
História da Escrita......................................................................................................... 6
A invenção da Escrita Cuneiforme – as escritas ideográficas ....................................... 6
O sistema de escrita ideográfico................................................................................. 10
A Escrita Ideográfica................................................................................................... 11
O Funcionamento da Escrita Ideográfica .................................................................... 12
Carecterísticas da Escrita Ideográfica........................................................................ 12
Considerações Finais ................................................................................................ 14
Referências Bibliográficas ......................................................................................... 15
5. 5
Introdução
A escrita, que surgiu nos últimos 30.000 dos 1.500.000 anos do homem na
terra não foi criada por uma só pessoa, mas sim uma atividade coletiva. Somente
depois, com os romanos é que surge a escrita. A língua oral veio muito antes da
escrita, que, marcando a formação das primeiras cidades, representa o início da
civilização. A escrita veio pela ideia de usar sinais gráficos para representar palavras e
não apenas objetos materiais do mundo.
Nesse ponto surge a distinção do desenho para com a escrita, sendo um a
referência aos seres do mundo e o outro as palavras, sons, ligados à linguagem oral.
Para representar os seres do mundo o desenho precisa ser figurativo, mas para
representar as palavras deve ser uma convenção que seja de conhecimento
compartilhado. A representação divide-se então em dois modos: o dos significados
das palavras e o dos sons das mesmas. São dois tipos básicos de escrita: a
ideográfica e a fonográfica, sendo que a segunda é representada pelas formas
convencionais, não figurativas e permite leitura fácil em diferentes línguas. Como os
sons das palavras variam de língua para língua, a escrita fonográfica só serve para
uma língua.
A língua humana se organiza em dois planos: o do conteúdo (também
chamado do significado) e da expressão (do significante). O plano do conteúdo está
relacionado ao sentido das coisas, enquanto o plano da expressão está ligado ao som.
Falar uma língua é precisamente esta capacidade de juntar o som e o sentido.
As primeiras formas de escrita surgiram no plano do conteúdo, as escritas
pictórica e ideográfica. Mais tarde, surgiram as escritas no plano da expressão, a
silábica e a alfabética. Embora sejam muito parecidas, o que difere a escrita
ideográfica da pictórica é que a escrita ideográfica é conceitual, enquanto a pictórica é
icônica. A escrita representada por desenhos evoluiu para escrita ideográfica, que
surgiu na Suméria entre 3.150 a.C. e 3.000 a.C.; esta escrita era representada por
sinais.
A escrita ideográfica caracteriza segunda fase do desenvolvimento da
linguagem escrita. Nesse tipo de grafia ocorria uma mistura entre desenhos e
símbolos. O desenho foi a forma que o homem primitivo encontrou para se comunicar,
e um desenho possuía vários significados. O sol poderia representar que o dia estava
ensolarado, mas também que estava dia ou ainda, brilhante.
O funcionamento da escrita ideográfica e dos outros sistemas de escrita se dá
no fato que a leitura é motivada, ou seja, “quem escreve, diferentemente, por exemplo,
de quem desenha, pede ao leitor que interprete o que está escrito, não pelo puro
prazer de fazê-lo, mas para realizar algo que a escrita indica” (CAGLIARI,1996, p.105).
Quando essa leitura não é motivada, ela passa a ser decifração dos símbolos
(ideogramas, palavras...).
Os ideogramas (símbolos gráficos utilizados no sistema de escrita ideográfico)
não devem ser apenas decifrados mecanicamente; o leitor deve chegar à motivação,
ou seja, interpretar o significado do que está escrito e enquadrar esses elementos no
seu mundo cultural e social.
Se esses símbolos não forem interpretados e relacionados à fala não serão
considerados uma forma de escrita. Por isso a importância da motivação. Motivação
essa que se originou no momento em que a escrita começou a ter como função
6. 6
informar o leitor a respeito de alguma coisa, mas essa não é sua única função e nem
sempre a principal.
Atualmente ainda existem países que utilizam a escrita ideográfica em seu cotidiano
como, por exemplo, a China e o Japão. Os caracteres dessa podem significar letras,
palavras e até mesmo expressões.
História da Escrita
Embora haja um estudo fragmentado da escrita, isto é, um estudo atrelado às
classificações que procuram agrupar diferentes sistemas de escritas, conforme sua
natureza e o grau de seu desenvolvimento obtido por cada uma delas é preciso
estabelecer que tais classificações – mesmo sendo verdadeiramente úteis – devem
ser vistas com cautela. Somente trata-se de uma conveniência didática e não uma
divisão que demarque, de modo rígido e inalterável, as categorias da escrita.
Ao referirmos à escrita ideográfica, mais desenvolvida em relação à escrita
figurativa, capaz de transmitir abstrações, ideias e conceitos vinculados aos seus
respectivos objetos. O símbolo individual é denominado ideograma, muito semelhante
à escrita figurativa. É considerada uma escrita pura, encontrada entre os habitantes da
América do Norte e Central, da África, da Polinésia e da Austrália e Sibéria.
A invenção da Escrita Cuneiforme – as escritas ideográficas
A descoberta da escrita modifica a história de ALGUNS povos. O uso da escrita
pictográfica é passa a dar lugar a uma variação mais complexa: a escrita Ideográfica.
Segundo Ricardo Sérgio (2007).
Consiste num sistema de escrita que se manifesta através de "ideogramas":
símbolo gráfico ou desenho (signos pictóricos) formando caracteres separados e
representando objetos, ideias ou palavras completas, associados aos sons com que
tais objetos ou ideias são nomeados no respectivo idioma. (SÉRGIO, 2007)
A escrita ideográfica utiliza-se de desenhos como signos, ideogramas, que
indicam cada um uma ideia que se quer expressar, assim se você que dizer: O sol
nasce depois do vale, haverá um signo (desenho) ou conjunto deles para sol
nascente, outro para “depois” e um outro para vale. Em chinês tradicional essa frase
seria escrito dessa forma (GOOGLE TRADUTOR, 2017):
太陽升起後,從山谷
Tradução: Depois que o sol se levantou do vale
Onde 太陽升起 significa o Sol nasce. 後 significa depois, e finalmente 從山谷
significa do vale.
O nome vale sozinho significaria 谷. Observe que se trata de um signo,
símbolo, desenho que um dia deve ter sido semelhante ao desenho de um vale, forma
geográfica muito comum no Japão e na China.
A primeira escrita ideográfica conhecida, porém foi a Cuneiforme surgida na
Mesopotâmia e criada pelo povo Sumério. O cuneiforme é um tipo de escrita gravada
em blocos de argila frescos através de um instrumento em forma de cunha e que
depois eram cozidos para endurecer. Ela surgiu à primeira vez em um sitio
arqueológico de uma antiga cidade mesopotâmica chamada Uruk. Ali os arqueólogos
encontraram uma pequena tabua contendo inscrições de pequenos desenhos, signos
7. 7
que transmitiam uma mensagem. Logo se descobriu outras tabuas com inscrições
semelhantes por todo o Iraque, pais onde se situa a antiga Mesopotâmia.
Figura 1: escrita cuneiforme em tabuleta de barro
Fonte: https://goo.gl/NKIstm
O Cuneiforme era uma forma ideográfica de escrita onde os sumérios criaram
uma serie de símbolos que se assemelhavam aos objetos que queriam representar,
assim o desenho de um sol representaria o próprio astro representado. Com o passar
do tempo e com o uso, os símbolos foram sofrendo modificações e se tornando cada
vez mais abstratos e simplificados. Como a os sumérios utilizavam a escrita
principalmente para transações comerciais às modificações podem sugerir a
necessidade de que a escrita torna-se mais rápida e prática. A figura a baixo mostra a
evolução de dois ideogramas cuneiformes ao longo do tempo.
Figura 2: Escrita pictográfica à cuneiforme evolução da escrita
Fonte: https://goo.gl/G7w0jS
Mas além de modificações na forma como era representada a ideia, começou a
surgir uma forma silábica da escrita onde símbolos eram agrupados para formar
nomes próprios devido ao som semelhantes a estes nomes. Assim dois ou mais
símbolos que tinham na pronúncia som semelhante ao nome de alguém poderiam ser
agrupados para representar a própria pessoa.
Outra modificação surgiu na forma como eram feitas as gravações no barro.
Os primeiros ideogramas eram gravados em tabuletas de argila, em
sequências verticais de escrita com um estilete feito de cana que gravava traços
verticais, horizontais e oblíquos. Até então duas novidades tornaram o processo mais
rápido e fácil: as pessoas começaram a escrever em sequências horizontais
(rotacionando os ideogramas no processo), e um novo estilete em cunha inclinada
passou a ser usado para empurrar o barro, enquanto produzia sinais em forma de
8. 8
cunha. Ajustando a posição relativa da tabuleta ao estilete, o escritor poderia usar uma
única ferramenta para fazer uma grande variedade de signos. (WIKIPÉDIA, 2017)
A pesa de ser uma criação suméria a escrita cuneiforme foi também utilizada
pelos povos “acadianos, babilônicos, elamitas, hititas e assírios e adaptada para
escrever em seus próprios idiomas” (idem, 2017).
Além das escritas Cuneiforme e Chinesa outras escritas surgiram e que
também apresentam a característica de serem ideográficas, entre eles os hieróglifos
egípcios e as escritas maia e asteca. Confira o quadro informativo baseado em dados
de a enciclopédia italiana.
Povo Escrita
Maias
Figura 3: Escrita Maia
“Quando os espanhóis aportaram na
península de Yucatán, descobriram
entre os maias inscrições que não
entenderam. (...) Seus sinais gráficos
tendiam para um completo e perfeito
sistema alfabético ou silábico. Sua
escrita era ideográfica (parecida com
a dos egípcios):os sinais
reproduziam ideias completas, não
apenas sons ou sílabas. Contudo,
junto aos ideogramas já começavam
a surgir os “determinativos”
(incluídos no próprio ideograma)”.
(ENCICLOPÉDIA CONHECER,
1972).
Astecas
Figura 4: escrita asteca
Possuíam “uma escrita parcialmente
fonética, embora predominantemente
ideográfica. Os astecas escreviam
sobre peles de cervo ou numa
espécie de papel fabricado com
fibras d agave; (...) Com a vinda dos
invasores espanhóis, porém, foi
destruída a maior parte desse
precioso acervo”.
“Os documentos são difíceis de
interpretar. Geralmente contem
desenhos de características próprias
e inconfundíveis, legendas e
comentários escritos pelo sistema
ideográfico, ideogramas que podem
ser lidos foneticamente. Além disso,
as cores representam papel de
grande importância: um desenho
reproduzindo um líquido escorrendo,
em vermelho, indica sangue, e em
azul, indica água. Para a
representação dos nomes próprios,
usavam o sistema fonético. O exame
9. 9
detalhado dos documentos
recolhidos (os quais são conhecidos
por “códices”) revela as impressões
de um sistema que ensaiava os
passos intermediários na direção de
uma escrita perfeita. A invasão
espanhola frustrou a tentativa dos
ameríndios nesse sentido.”
(ENCICLOPÉDIA CONHECER,
1972).
Chineses
Figura 5: escrita chinesa
“enquanto nas línguas ocidentais o
alfabeto é formado por letras, com as
quais se compõe palavras, o chinês
possui sinais gráficos chamados
ideogramas. Ou seja, cada sinal
exprime uma ideia ou até uma frase
inteira. Existem aproximadamente 60
mil ideograma comuns que podem
ser combinados de milhões de
maneiras”. (ENCICLOPÉDIA
CONHECER, 1972).
Egípcios
Figura 6: Hieróglifos egípcios
“os sinais inspiravam-se na flora e na
fauna do país, bem como em
instrumentos de trabalho. A princípio
essa escrita não passava de motivos
gráficos desenhados artisticamente,
reproduzindo o real. Com o tempo,
porém, o mesmo desenho adquiriu
outros sentidos: simbólico
(designando abstrações: ações
efetuadas pelo objeto ou ideias que
evocava); fonético (representando
palavras de que o mesmo som
participasse); silábico (usando-se
objetos expressos por palavras de
uma sílaba para formar as
polissilábicas); e, por fim, e muito
mais tarde – alfabético (vinte e
quatro sinais passando a representar
letras)”.
(...)
“Os Hieróglifos (do grego, hieros =
sagrado, e glyphein ou graphein =
escrita) somente forma decifrados
nos começos do século XIX.”
(...)
10. 10
O sistema de escrita ideográfico1
Caracterizado pela escrita em desenhos chamados ideogramas, que, ao longo
da história, foram perdendo alguns traços mais representativos das figuras retratadas
e tornaram-se, posteriormente, uma mera convenção da escrita.
Tal sistema é visto como o mais primitivo que o sistema de escrita fonográfico
por ser historicamente o primeiro a surgir, mas basta ver como exemplo, o caso da
língua chinesa que até os dias atuais utiliza esse sistema como forma escrita. É
possível vermos no dia-a-dia esse sistema de escrita em conjunto com o sistema
alfabético (as letras).
Por exemplo, quando observamos placas de trânsito, os números, os avisos
nas estações de metrô, nas rodoviárias, as indicações no banheiro. Tudo isso para
constatarmos que a ideia de escrita primitiva é errônea e preconceituosa. Ocorre que
em nossa cultura ocidental, a diferença entre a escrita ideográfica com a escrita com
as letras está no seu uso e na sua função.
Quanto aos avisos e placas de trânsito, é mais prático e funcional utilizar o
sistema ideográfico para tornar mais eficiente à percepção dos motoristas e também
dos pedestres.
Assim sendo, interpretação não precisa ser literal no sistema ideográfico, basta
a captação da ideia básica por parte do leitor daquilo que o escritor quer transmitir.
1
Sistema de escrita denominado por Diringer (1971, p. 24) como escrita analítica de transição,
incluindo as escritas as escritas analíticas do Médio Oriente antigo, como o cuneiforme dos
sumérios e o hieróglifo egípcio.
“Os hieróglifos escreviam-se vertical
e horizontalmente; neste último caso,
se os animais desenhados olhassem
à esquerda, a leitura deveria ser da
direita para a esquerda e vice-versa.
As palavras não eram separadas;
mas ao final de cada uma agregava-
se um sinal determinativo – como
síntese do termo”.
Figura 8: placa de trânsito
Fonte: https://goo.gl/zJLfFW
Figura 7: aviso
Fonte: https://goo.gl/j9Vpdh
11. 11
As escritas ideográficas mais importantes são a da mesopotâmia (suméria), a
egípcia (também chamada de hieroglífica), as escritas da região do mar Egeu (escrita
de Creta) e a chinesa (de onde provém a escrita japonesa).
A Escrita Ideográfica
Os primeiros registros de escrita surgiram há cerca de 6000 anos, no Oriente
Médio. Muitas das escritas antigas tinham caráter pictográfico, sendo alguns exemplos
às inscrições em cavernas e parte dos hieróglifos do Egito Antigo. Apesar de ser muito
útil, esse tipo de escrita tinha as suas limitações; havia coisas que não podiam ser
desenhadas, como por exemplo, dor, alegria, medo, azul, quente, norte, etc. Assim, a
escrita pictográfica acabou evoluindo para outro tipo de escrita: a ideográfica.
Embora sejam muito parecidas, as escritas pictórica e ideográfica (também
chamada logográfica) se diferenciam uma da outra por ser uma de caráter icônico e
outra de caráter conceitual. Ou seja, enquanto na escrita ideográfica é preciso fazer
um desenho da coisa que se quer representar, na escrita ideográfica basta um
símbolo signifique a ideia da coisa, sem necessariamente ser parecido ou ter a forma
dela.
Assim, enquanto na escrita pictórica se representava, por exemplo, o Sol desta
forma:
Figura 9: Sol
Na escrita ideográfica, poderia ser representado desta maneira, como mostra
esse ideograma chinês:
Figura 10: Ideograma chinês – representando o Sol
Além disso, na escrita ideográfica um ideograma pode significar muito mais que
a própria coisa que se pretende representar, dependendo da forma em que é colocado
numa sequência. Por exemplo, o ideograma de sol pode significar também luz,
claridade, calor, dia, quente, e vários outros conceitos relacionados ao sol, ou seja, ao
conceito original. O problema deste tipo de escrita é a infinidade de conceitos a serem
representados, tornando-a de difícil aprendizado.
12. 12
A escrita ideográfica é considerada uma escrita pura, encontrada entre
habitantes da América do Norte e Central, África, Polinésia, Austrália e Sibéria.
Embora se acredite que as escritas dos antigos mesopotâmicos, egípcios,
cretenses e hititas sejam ideográficas, na verdade se trata de uma escrita analítica de
transição, pois embora tenham começado ideográficas apresentavam também
elementos fonéticos, e ambos as formas conviviam de várias maneiras.
O Funcionamento da Escrita Ideográfica
A escrita ideográfica “Consiste num sistema de escrita que se manifesta
através de “ideogramas”: símbolo gráfico ou desenho (signos pictóricos) formando
caracteres separados e representando objetos, ideias ou palavras completas,
associados aos sons com que tais objetos ou ideias são nomeados no respectivo
idioma.” (SÉRGIO, 2007)
No início, a escrita traduzia somente ideias (imagens) e não sons. Entretanto,
para traduzir ideias abstratas, cuja transcrição gráfica era impossível, os chineses
recorreram aos símbolos (ideogramas) de objetos concretos, correspondente na língua
falada, a uma palavra com o mesmo som. Deste modo, introduziram elementos
fonéticos na escrita ideográfica. Os desenhos foram perdendo alguns traços da figura
retratada e tornaram uma simples convenção de escrita.
Os sistemas ideográficos em geral tiveram sua origem numa escrita pictórica,
cujas formas lembravam coisas do conhecimento do escritor e do leitor. Na própria
combinação de caracteres pictóricos surgiu a possibilidade de escrita motivada
foneticamente através desse mesmo processo, tornando a relação pictórica cada vez,
mais fraca, e a relação fonográfica cada vez mais forte. (CAGLIARI,1996)
Então, o caráter fonográfico da escrita ideográfica quando relacionado ao
nosso sistema de escrita, pode representar as sílabas. E quanto ao caráter semântico
que a escrita ideográfica tem, pode representar as palavras. A escrita ideográfica traz
significados mais abrangentes que os outros sistemas de escrita.
Figura 11: Ideogramas chineses – representando: Sonho, Tranquilidade e Vida.
Características escrita ideográfica
A escrita ideográfica é um sistema que se manifesta através de ideogramas,
símbolos gráficos ou desenhos (signos pictóricos) formando caracteres separados e
representando objetos, ideias ou palavras.
Alguns exemplos de escrita ideográfica, e uns dos primeiros sistemas de
escrita, são os caracteres chineses e japoneses. Os ideogramas são inscritos,
separadamente, num quadrado imaginário, dispostos em colunas e lidos de cima para
13. 13
baixo a partir da direita. Na forma tradicional, os caracteres eram traçados a pincel. O
emprego da pena de escrever deu aos signos um aspecto anguloso.
No início a escrita traduzia somente ideia (imagens) e não sons. Entretanto,
para traduzir ideias abstratas, cuja transcrição gráfica era impossível, os chineses
recorreram aos símbolos (ideogramas) de objetos concretos, correspondente na língua
falada, a uma palavra com o mesmo som. Deste modo, introduziram elementos
fonéticos na escrita ideográfica.
Fica claro, que na escrita ideográfica, existe a necessidade de um vasto
número de diferentes símbolos. No período Shang (1766-1122 a.C.) havia cerca de
2.500; hoje em dia há aproximadamente 50 mil. Isto torna a escrita muito difícil de ser
aprendida. No entanto, apresenta uma vantagem significativa: a escrita pode ser lida
independentemente da língua falada. Na China, com uma população falando
diferentes dialetos, este recurso mostrou-se de grande valia.
Devido à resistência prolongada da China e Japão a influências externas, as
escritas chinesa e japonesa alteram-se muito pouco na sua essência. Desde que
foram desenvolvidas nunca evoluíram para outra forma de escrita, permanecendo não
alfabéticas até hoje.
Em nossa escrita, usamos alguns símbolos ideográficos. O caso mais notável é
a nossa representação dos números: [0] lê-se zero, [1] lê se um, [2] lê-se dois e assim
por diante. Observe que com apenas um sinal gráfico representamos uma palavra
inteira que nos dá uma ideia completa.
As abreviaturas de nossa ortografia também podem ser consideradas
símbolos ideográficos: [a.C.] lê-se antes de Cristo. / [V.S.a] lê-se Vossa Senhoria –
[Adv.] lê-se advogado. Note que abreviatura pode representar uma palavra ou uma
locução. Nesse caso, o somatório de letras da abreviatura é que compõe o símbolo
ideográfico.
Figura 12: Escrita Ideográfica
Fonte: https://goo.gl/VPsnFQ
14. 14
Considerações Finais
O desenvolvimento do processo de comunicação surgiu em momentos
diferentes. A junção da escrita, da imagem e da fala ampliou a possibilidade de
comunicação social. A comunicação faz a sociedade circular com informações e ideias
a partir da língua falada e da escrita.
A imagem foi o primeiro manifesto de representação de um objeto pelo homem.
O desejo de obtenção em alguma coisa – objeto, alimento, conhecimento – fez com
que o desejo fosse revelado, no caso, a imagem representativa de algo. A
autenticidade da criação da imagem mostrava a revelação de um desejo exato de uma
pessoa representante de um grupo. Com o desenvolvimento de técnicas, passou a ser
a tradução de uma ideia.
A fala é uma extensão do corpo humano. A necessidade de tradução e troca de
experiência se fez necessária para a sobrevivência. Os sentidos do corpo humano
ajudam nesta tradução junto com a visão, o tato, o paladar, o olfato e a audição. Com
todos os sentidos, a necessidade de sobrevivência se sobressaiu e se tornou forte.
Juntamente com outros corpos humanos, a sobrevivência fez com a sociedade se
conhecesse, o meio onde a aquela “tribo” vive. Assim, cada “tribo” tem seu jeito de
agir, de expressar e sentir. Com o alfabeto fonético, a sociedade permite o bom
convívio entre si de acordo com leis escritas. O alfabeto foi inserido na civilização
como parte do tempo.
A escrita ideográfica nasceu na Mesopotâmia. Na fase inicial de
desenvolvimento, a imagem representava um objeto. O pictograma se tornou uma
representação de combinação de imagens para se referir a uma palavra. Com
estímulo social e comercial, a escrita se juntou com a fala.
Com a junção, o alfabeto grego formou uma ligação entre o cérebro com os
sons produzidos pela língua, de forma que o leitor entenda seu significado.
O sistema alfabético transformou a língua independente da escrita e obteve
influência política, social e técnica.
A primeira finalidade é a de manter informações, logo, era usada para contar
bens materiais e comerciais. Assim que usada para se comunicar, se tornou uma
técnica de troca e circulação de ideias e informações.
A comunicação foi desenvolvida em momentos diferentes. Com a sua junção,
permitiu a comunicação da sociedade em si junto com outras. Cada sociedade
desenvolveu sua forma de fala e escrita. Com permissão de comunicação tecnologia,
é possível a tradução de uma língua para outra.
Assim que a técnica foi dominada, surgiu o texto como forma de leitura. Como
meio de comunicação, ajudou a formar a caligrafia. As crianças usam o desenho como
forma de contar uma longa história ainda que não saibam escrever com letras. E
essas vivências devem ser aproveitadas pelo professor para observar as marcas
individuais de cada um e refletir com seus alunos as múltiplas possibilidades de
escrita, aproveitando para diferenciar a fala, a escrita e o desenho e esclarecer a
importância de cada um.
15. 15
Bibliografia
BATELLI, Flavia Macedo. Imagem, escrita e fala: primórdios da comunicação na
sociedade. 2011.
CAGLIARI, Luís Carlos. A escrita no século XXI (ou talvez, além disso). Disponível
em: <http://www.unicamp.br/iel/memoria/projetos/ensaios/ensaio28.html> acessos em
23 mar 2017.
___________________. A origem do alfabeto. Paulistana, São Paulo, 2009, 108.
___________________. Alfabetização & Linguística. Scipione, São Paulo, 1994.
CALENDÁRIOS dos mais e astecas. In: Enciclopédia Conhecer. Vol. II, pg. 314.
Editora Abril Cultural. São Paulo (1972).
DA SILVA, Marcelo. Da escrita ideográfica aos emoticons: um estudo à luz da
historiografia linguística. 2011.
DE CASTRO GOMES, Eduardo. A escrita na História da humanidade.
DE LIMA DANTAS, Márcio; DE AMORIM, Francisco Freire. Fenollosa: da exegese
do ideograma às vanguardas. Revista Texto Poético, 2013, 14.14.
DE OLIVEIRA, Marco Antônio. Conhecimento lingüístico e apropriação do sistema
de escrita. 2005.
DO CARMO XAVIER, Gláucia. Significante e significado no processo de
alfabetização e letramento: contribuições de Saussure. Cadernos CESPUC de
Pesquisa, 2015, 1.25: 87-102.
FÁTIMA, Alice. Aspectos culturais do uso do desenho reproduzido no processo
de alfabetização. 2012.
FERNANDES, Priscila Dantas; DE OLIVEIRA, Kecia Karine Santos. Reflexões Sobre
A Escrita A Partir De Textos Produzidos Por Crianças Em Fase De Alfabetização.
GOOGLE tradutor. Disponível em: <http://translate.google.com.br/.> acessos em 25
de mar 2017.
HAUTRIVE, Giovana Medianeira Fracari; DE SOUZA, Edna Márcia. A escrita da
língua de sinais como meio natural para a alfabetização de crianças surdas.
Revista Educação Especial, 2010, 23.37: 181-194.
LEAL, Pedro Germano. O espelho dos hieróglifos: da ruína das letras egípcias à
sua reinvenção quimérica entre os séc. XV e XVII, 2008. 206 f.
MARUYAMA, Monica Lie. A aprendizagem do desenho e da escrita: uma
experiência com ideogramas japoneses no ensino fundamental. 2015.
MEYER-MINNEMANN, Klaus. Formas de escritura ideográfica en Li-Toy otros
poemas de José Juan Tablad. Nueva revista de filología hispánica, 1988, 36.1: 433-
453.
MIGLIARI, Mirella De Menezes. Do iconograma ao símbolo arbitrário: a evolução
da escrita e a Matriz Visual. Arcos Design, 2011, 6: 2-13.
16. 16
SCLIAR-CABRAL, Leonor. Processos metonímicos na evolução do alfabeto.
Revista da ABRALIN, João Pessoa, 2007, 6.2: 23-39.
SÉRGIO, Ricardo. Os Sistemas de Escritas. Disponível em:
<http://www.recantodasletras.com.br/gramatica/370335>. acessos em 23 mar 2017.
SOUSA, Rogério. Os hieróglifos: a escrita da vida. E-fabulations: e-journal of
children's literature = E-fabulações: revista electrónica de literatura infantil, vol. 10, p.
19-24, 2013.