2. Tudo se reduz ao diálogo, à contraposição
dialógica enquanto centro.
Tudo é meio, o diálogo é o fim.
Uma só voz nada termina, nada resolve.
Duas vozes são o mínimo de vida.
(Mikhail Bakhtin).
3. “Por muito tempo, esses três tipos de texto reinaram absolutos nas
propostas de escrita. Consenso entre professores, essa maneira de ensinar
a escrever foi uma das principais responsáveis pela falta de proficiência
entre os estudantes.”
fonte nova escola - fevereiro/2009
4. 4
O QUE É UM GÊNERO?
GÊNERO = TIPO DE TEXTO?
PARA INICIAR A REFLEXÃO
DUAS PERGUNTAS FUNDAMENTAIS
5. O que são gêneros???
Qual das figuras abaixo representa melhor o que são
gêneros? Justifique.
6. Leia a definição de nebulosa e faça um
paralelo com o gênero
Nebulosa: falta de nitidez ou
clareza; confusão, nebulosidade
http://michaelis.uol.com.br
8. No nosso dia a dia, à medida que nos comunicamos, fazemos uso de
gêneros, pois tudo o que falamos e escrevemos, todos os nossos
discursos têm a forma de textos que materializam, concretizam
gêneros diversos.
Basta sairmos de casa, encontrar um vizinho e cumprimentá-lo, para
estarmos engajados em uma interação que constitui o gênero
"cumprimento". Em seguida, quando buscamos informações sobre o
itinerário de um ônibus, estamos, novamente, envolvidos com um
gênero (cartaz), que informa e instrui.
Enfim, se pararmos para pensar, os gêneros estão, o tempo todo,
modelando nossas práticas comunicativas.
9. O Ensino de gêneros nas escolas ...
“passou a ecoar com mais força nos
programas e propostas curriculares oficiais
brasileiras a partir de 1997/1998, com sua
incorporação nos PCNs de língua
portuguesa”.
Rojo (2004, p. 11)
10. O conceito de gênero não é novidade no campo dos estudos da
linguagem. Na verdade, remonta, no mínimo, à antiguidade
clássica, com a distinção de três gêneros proposta por
Aristóteles no Livro I da Retórica:
• lírico -> poemas
• épico -> narrativas
• dramático -> teatro
11. A partir deste texto seminal de Aristóteles, a distinção de gêneros
atravessa a história dos estudos da linguagem, relacionada,
sobretudo, com o ensino de disciplinas como Retórica, Literatura,
Filosofia e Filologia, chegando a impactar até hoje disciplinas
relacionadas ao ensino de língua(s), como a Linguística Aplicada e a
Linguística.
No campo dos estudos linguísticos, semióticos e gramaticais, o estudo
dos gêneros de discurso ou textuais é mais recente, tendo acontecido
principalmente a partir da década de sessenta do século XX, com o
auge do estruturalismo, por um lado, e dos avanços teóricos da
Gramática de Texto e da Linguística Textual na década de setenta,
por outro
12. Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1895-1975) foi um filósofo russo e
estudioso da linguagem
Nascido em Orel, localidade a sul de Moscovo, de família aristocrática
em decadência, cresceu entre Vínius e Odessa, cidades fronteiriças com
grande variedade de línguas e culturas. Mais tarde, estudou Filosofia e
Letras na Universidade de São Petersburgo, abordando em
profundidade a formação em filosofia alemã.
Um dos primeiros a
teorizar sobre o
conceito de gêneros
13. Uma das formulações mais conhecidas é a
de Mikhail Bakhtin (e todos os outros
autores partem dessa formulação), que
define os gêneros do discurso como tipos
relativamente estáveis de enunciados
que emergem, que são produzidos e
que circulam em uma determinada
esfera ou campo de atividades.
14. Bakhtin na sua obra Estética da criação verbal
(2003[1952-53/1979], p. 262) afirma:
“cada campo de utilização da língua elabora
seus tipos relativamente
estáveis de enunciados, os quais
denominamos gêneros do discurso”.
16. Na esfera de ação jurídica circulam textos como:
petição, sentença, acordão, despacho, etc.
Na esfera de ação religiosa, há a oração, a fórmula
sacramental, o sermão e assim por diante
18. Esferas de circulação de discursos na
escola
Publicitária
Anúncios
Campanhas...
Política
Leis
Discursos...
Artística
Músicas
Pinturas
Poemas
Contos...
Cotidiana
Cartas
Emails
Blogs
Discussões...
Científica
Artigos
Verbetes
Definições...
Jornalística
Notícias
Artigos
Editoriais...
Escolar
Instruções
Questões
Explicações...
19. GÊNEROS DO DISCURSO NA VIDA
“...cada esfera de utilização da língua
elabora seus tipos relativamente
estáveis de enunciados, sendo isso que
denominamos gêneros do discurso.”
(p. 279)
20. Atividade:
Pensando nas Esferas Sociais apresentadas, procure
lembrar-se de gêneros textuais presentes em cada uma
delas. Em seguida compartilhe suas conclusões.
a) Imprensa
b) Produção e Consumo
c) Publicidade
d) Política
e) Jurídica
f) Literatura
g) Ciência
21. Káti
a
Lom
ba
Bräk
ling
(2008
)
21
notícia (de jornal impresso, on line, de
TV, de rádio etc.), reportagem, carta de
leitor, fórum de leitor, editorial, artigo de
opinião, charge (web charge), crônica
jornalística, resenha crítica, tirinha,
entrevista, classificados, anúncio,
propaganda...
IMPRENSA
EXEMPLOS DE GÊNEROS
ORAIS E ESCRITOS
ESFERAS
SOCIAIS
22. Kátia Lomba Bräkling
(2008)
22
PRODUÇÃO
E
CONSUMO
rótulos, gêneros que
circulam em embalagens,
instruções de uso,
instruções de montagem,
regulamento, regras de
jogo, bula...
PUBLICIDADE
anúncio (tv, radio,
internet etc.),
propaganda (em várias
mídias), cartazes,
gêneros que circulam em
campanhas ...PCNP Jeanny Silva
23. ESCOLA
instrução/consigna,
tomada de notas,
seminário, verbete de
enciclopédia diálogo ou
discussão argumentativa,
relatório, resenha,
fichamento, relato de
experiências (científicas),
ensaio escolar, relato
histórico, teorema
PCNP Jeanny Silva
24. POLÍTICA
carta de reclamação,carta de
solicitação, carta
aberta,abaixo-assinado,
panfleto, discurso político (de
palanque),debate
JURÍDICA
discurso de defesa
(advocacia), discurso de
acusação (advocacia),
boletim de ocorrência,
depoimento,
procuração, leis, constituição,
declaração de direitos etc.
PCNP Jeanny Silva
25. LITERATURA
poema, conto popular,
conto maravilhoso, conto de
fadas, lenda, fábula,
narrativa de aventura,
narrativa de ficção
científica, narrativa de
enigma, romance noir,
crônica literária...
CIÊNCIA
artigo científico, projeto de
pesquisa, relatório de
pesquisa, conferência,
palestra, relato histórico,
debate...
PCNP Jeanny Silva
26. Assim, chegamos as primeiras conclusões
com respeito a gêneros:
• Cada esfera de troca social elabora tipos
relativamente estáveis de enunciados: os
gêneros.
•A escolha de um gênero se determina pela
ESFERA, as necessidades da temática, o
conjunto dos participantes e a vontade
enunciativa ou intenção do locutor.
27. Esfera e sua relação com o
contexto de produção
Contexto de produção – local, momento de
produção, emissor, receptor, instituição onde
se dá a interação, o papel social representado
pelos interlocutores, objetivos que se quer
atingir.
28. Mesmo que alguém domine bem uma língua, sentirá dificuldade de
participar de determinada esfera da comunicação se não tiver controle do
contexto de produção.
“Problemas musculares, tendência a inflamações e torsões,
enxaquecas e propensão a acidentes devido à impaciência
são os problemas a evitar. O melhor será se deixar levar
pela emoção, quase que se deixando levar pelos aspectos da
vida que têm mais a ver com imprecisão, com o caos, do
que com o racional e o lógico. Mais importante ainda: ao
invés de ações intempestivas, sentir, captar e receber serão
os caminhos mais curtos e certeiros nessa onda forte. ”
Que texto é
esse? É fácil
identificá-lo?
29. “Problemas musculares, tendência a inflamações e torsões,
enxaquecas e propensão a acidentes devido à impaciência são
os problemas a evitar. O melhor será se deixar levar pela
emoção, quase que se deixando levar pelos aspectos da vida
que têm mais a ver com imprecisão, com o caos, do que com
o racional e o lógico. Mais importante ainda: ao invés de
ações intempestivas, sentir, captar e receber serão os
caminhos mais curtos e certeiros nessa onda forte. ”
Sagitário - 22/11 a 21/12
30. Por seu absoluto conforto, por ser
também inteiramente
imperceptível. E isso é importante
para ela ...
Que texto é
esse? É fácil
identificá-lo?
31.
32. ENFIM ....
Segundo a teoria bakhtiniana, produzir linguagem significa
produzir discursos: dizer alguma coisa a alguém, de
determinada forma, em determinado contexto histórico, em
determinada circunstância de interlocução. Assim, em cada
esfera (espaço de circulação de discurso ou situação) de
atividade social, utilizamos um tipo de linguagem de acordo
de acordo com o gênero de discurso específico, com regras
construídas socialmente ao longo da história e que foram
incorporadas por nós.
34. Atividade:
Se a história da Chapeuzinho
fosse verdade, como seria
contada na imprensa brasileira?
Dinâmica:
diferentes maneiras de contar
uma mesma história.
37. Na dinâmica percebemos
• Dependendo do contexto de produção
(programa da Hebe, Fantástico, revista globo
rural) surgem algumas mudanças no texto, tais
como:
• a) sentido das palavras (literal/figurado)
• b) entonação
• c) linguagem formal / informal
• d) etc
Essas características são definidas
pelo contexto de produção.
38. Esfera da
IMPRENSA
Reportagem →
Esfera da
PUBLICIDADE • Anúncio – Revista G Magazine, Caras
…
• Cartaz - Playboy
Entrevista - Hebe
Reportagem – Jornal Nacional, Revistas
Cláudia, Nova …
Notícias - Datena, Jornal Agora, O Globo
39. De acordo com Marcuschi (2003), suporte é
um locus físico ou virtual com formato
específico que serve de base ou ambiente de
fixação do gênero materializado como texto.
40. 40
ENTÃO, O QUE É UM GÊNERO?
Tipos relativamente estáveis de enunciado,
presentes em cada esfera da atividade
humana e sociohistoricamente construídos
(Bakhtin, 1992, p. 279)
41. De acordo com o Círculo Bakhtiniano, todo gênero está
ligado a uma campo ou esfera de atividade humana, a
partir da qual se constitui historicamente pela
estabilização de determinados enunciados. Esta
ligação com a esfera na qual são produzidos e na qual
circulam os enunciados aparece materializada no
gênero, que pode ser descrito pelas diferentes
dimensões que o constituem, todas relacionadas entre
si:
42. “O enunciado reflete as condições
específicas e as finalidades de cada uma
dessas esferas, não só por seu conteúdo
temático e por seu estilo verbal, ou seja pela
seleção operada nos recursos da língua –
recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais
– mas também, e sobretudo, por sua construção
composicional”
(Bakhtin, 1992, p. 279)
45. 45
FORMA ou Construção Composicional
Forma(s) de organização geral dos
textos pertencentes àquele gênero
Partes típicas dos textos
pertencentes àquele gênero e suas
relações
46. Observe:
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47. Et toi, et toi,
Comme ça tu vas me tuer,
Ai si je te prends, ai ai si je te prends
Délicieuse, délicieux
Comme ça tu vas me tuer,
Ai si je te prends, ai ai si je te prends
Samedi soir en disco,
Le "people" à commencer à danser,
J'ai vu passer à la plus jolie fille,
J'ai pris courage,
Et j'étais lui parler
Et toi, oui toi,
Comme ça tu vas me tuer,
Ai si je te prends, ai ai si je te prends
Délicieuse, délicieux
Comme ça tu vas me tuer,
Ai si je te prends, ai ai si je te prends
48. En français
AI SE EU TE PEGO (FRANCÊS) - Michel Teló (letra e vídeo).wmv
49.
50. ASSIM, A ORGANIZAÇÃO COMPOSICIONAL
É o modo de organizar o texto, de estruturá-lo.
Por exemplo: a carta trazem indicação do local e da
data em que foram escritos e o nome de quem escreve
e da pessoa para quem escreve
54. 54
O CONTEÚDO TEMÁTICO
O QUE PODE SER DIZÍVEL POR MEIO DE UM
GÊNERO
ASSUNTOS TÍPICOS DAQUELE GÊNERO
55. Conteúdo temático
O conteúdo temático não é o assunto específico de
um texto, refere-se a abordagem dos temas
(maneira pela qual o assunto é tratado no texto),
considerando o gênero.
56. A problemática gravidez precoce
De acordo com dados fornecidos pelo IBGE, desde 1980 o número de adolescentes entre
15 e 19 anos grávidas aumentou 15%. Significa que cerca de 700 mil meninas se tornam
mãe a cada ano no Brasil.
Acredita-se que este problema sócio-econômico esteja vinculado à falta de informação,
principalmente nas camadas mais desfavorecidas da sociedade, que são as que
apresentam maio índice de gravidez precoce. Porém, o governo promove campanhas
preventivas anualmente, comprovando que o problema não é a falta, mas o não uso da
informação. Os jovens atuais não têm perspectivas de um futuro melhor, pois suas vidas
são miseráveis. As pílulas anticoncepcionais[...]
A gravidez precoce gera efeitos negativos no país, devido a diversos fatores. Por causa
da gestação, jovens são obrigadas a deixar a escola para se dedicar ao mais novo filho.
No período que deveriam estar se qualificando para ingressar no mercado de trabalho,
trocam os livros pelas fraldas. Também é comum que haja a expulsão da menina de sua
casa, por falta de aceitação da família. Desta maneira, o problema passa para o governo,
que de certa forma irá sustentar a adolescente.
Na contramão do aumento do número de jovens grávidas […]
Portanto, o principal motivo da gravidez na adolescência é o não uso das informações,
devido a motivos econômicos e sociais. È importante destacar que […] os esportes e a
música, por exemplo. Outra solução é a melhora na distribuição dos
métodos anticoncepcionais nos postos de saúde, para que eles se tornem
acessíveis às camadas baixas da sociedade.
http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/redacao/ult4657u213.jhtm
Estru-
tura
compo-
sicional:
Texto
dividid
o em
pará-
grafos
...
Conteúdo
temático
Estilo: utilização de conjunções, verbo em 3ª etc
Gênero:
Artigo de
opinião
57. GRAVIDEZ PRECOCE
Ter filho na adolescência
pode ser projeto de vida
da Folha Online, em Campinas
A falta de perspectiva dos adolescentes, principalmente os de classe média baixa, motiva o que a
médica chefe da Unidade de Adolescentes do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP
(Universidade de São Paulo), Maria Ignes Saito, identificada como projeto de vida, de realização
pessoal nos filhos.
"É como a escolaridade. Aqui mesmo na unidade conheço muitos adolescentes que têm a intenção
de estudar, mas como não existe meios de acesso, principalmente financeiros, o filho é
praticamente um diploma", explica.
A independência também pode ser um fator que leve o adolescente a ignorar os métodos
anticoncepcionais. "Uma menina que vive em um barraco com outros sete irmãos, por exemplo,
prefere engravidar e montar um barraco ao lado do de sua família e se tornar independente", diz
Maria Ignes.
A médica também critica a banalização da sexualidade na mídia e a ausência da família na
formação do adolescente. "Hoje vemos a televisão e a Internet educarem as crianças sem nenhum
contraponto que coloque uma orientação."
Para ela, faltam ainda políticas para a juventude. "Aqui na unidade temos uma política ampla
voltada para todos os aspectos do adolescente. Tratamos sobre atividade sexual, mas nossos índices
de gravidez são baixos."
A unidade tem hoje aproximadamente 500 adolescentes (52% de meninas) em idades que variam
de 12 a 19 anos, todos de classe média baixa.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/gravidez_precoce-usp.shtml
Gênero:
Reportagem
Conteúdo temático
Estilo:
citação de pesquisas,
Comentários de
autoridades ..
Estrutura composicional: texto e imagem
58. Mal pude acreditar quando abri o exame
… estava grávida, a notícia caiu em mim
como uma porrada! Como iria contar aos
meus pais? Eu grávida com quinze anos!!?
E agora? Que foda!!!
Espero que o Marcelo fique feliz.
Juliana
12/08/09
Gênero:
Diário
Estilo:
verbos em 1ª pessoa, tom coloquial etc
Conteúdo temático:
Gravidez precoce
Estru-
tura
compos
icional:
Sem
preocu-
pação
com
paragr
a-fação,
texto
curto,
um
narrad
or etc
59. Perceba que para Bakhtin a utilização de
determinados recursos linguísticos na
composição dos enunciados de um dado gênero
se dá pela relação desse gênero com uma
determinada esfera das práticas sociais. Nesse
sentido, a forma composicional e o estilo se
articulam intimamente com o conteúdo
temático dos gêneros e todos os três são os
efeitos de seu vínculo historicamente
sedimentado com uma determinada esfera de
atividade ou prática social.
60. Conteúdo temático
Assunto do texto,
mensagem transmitida
Plano de composição
Estrutura formal do texto
Estilo
Vocabulário, estruturas frasais
e preferências gramaticais
61. Das considerações realizadas até agora, é
importante que você atente para este fato:
dentro de uma mesma esfera de atividade e de
um mesmo gênero de discurso, não somente
podemos encontrar processos de textualização
diferentes (diferentes formulações ou formas
composicionais dos textos enquadrados nesse
gênero), mas também diferentes posições
ideológicas, representadas nos textos, a partir
das quais os interlocutores enunciam, dando
lugar à produção de diferentes efeitos de
sentido.
62. 62
ENTÃO, O QUE É UM
GÊNERO?
Os gêneros são produtos da cultura de
determinada sociedade. Constituídos
por certos conteúdos, além de estilo e
forma próprios, apresentam funções
sociais específicas. Tornam-se, desse
modo, modelos comunicativos que
permitem a interação social.
63. Exemplos de gêneros orais e escritos:
Conto maravilhoso
Fábula / Lenda
Narrativa de aventura
Narrativa de ficção científica
Biografia romanceada
Conto
Crônica Literária
Piada
Notícia
Etc
→ Atenção: Bakhtin não faz catálogos de gêneros.
64. Bakhtin insiste no fato de que os gêneros são
tipos relativamente estáveis de enunciados.
Sabe-se que os gêneros vão sofrendo modificações em
consequência do momento histórico em que estão
inseridos. Cada situação social dá origem a um gênero
com suas características peculiares. Levando-se em
consideração a infinidade de situações comunicativas
e que essas só são possíveis graças à utilização da
língua, pode-se perceber que infinitos também serão
os gêneros.
65. Esta imensa heterogeneidade fez com que Bakhtin
propusesse uma primeira grande “classificação”, dividindo os
gêneros do discurso em dois grupos: primários e secundários.
Os primários relacionam-se às situações comunicativas
cotidianas, espontâneas, informais e imediatas, como a carta,
o bilhete, o diálogo cotidiano. Os gêneros secundários,
geralmente mediados pela escrita, aparecem em situações
comunicativas mais complexas e elaboradas, como o teatro, o
romance, as teses científicas, etc. Tanto os gêneros primários
quanto os secundários possuem a mesma essência, em outras
palavras, ambos são compostos por fenômenos da mesma
natureza, os enunciados verbais. O que os diferencia é o nível
de complexidade em que se apresentam.
Bilhete é um
gênero primário
Romance é um gênero
secundário
67. Ao fazer a transposição didática do
ensino de gêneros, alguns autores
(Marcuschi, Schneuwly,
Dolz)agruparam os gêneros conforme
suas características comuns em
tipologias textuais.
68. CAPACIDADES DE
LINGUAGEM DOMINANTE
(domínios sociais de comunicação)
AGRUPAMENTOS
(aspectos tipológicos) GÊNEROS TEXTUAIS (orais e escritos)
Refere-se à discussão de questões
sociais controversas, exige
sustentação, refutação e negociação
nas tomadas de posição
ARGUMENTAR
Debate; carta de leitor; carta de reclamação; carta de
solicitação; requerimento; mesa-redonda; editorial;
resenha crítica; abaixo-assinado; editorial; ensaio;
discurso de defesa ou acusação; dialogo
argumentativo; debate regrado público; anúncio
publicitário etc
Apresentação textual de diferentes
formas de saberes. Voltado à
construção e transmissão de saberes,
exige apresentação textual para
organização das ideias e dos
conceitos.
EXPOR
Conferências, palestras; resumo de texto expositivo;
seminário; verbete de enciclopédia; exposição oral;
relatório científico; texto expositivo em livro
didático; tomada de notas; textos “explicativos” etc
Refere-se as instruções e prescrições
de ações voltadas à regulação mútua
de comportamento. (Alguns autores
também classificam como injuntivo)
INSTRUIR
Instruções de montagem; receita; regulamentos; regras de
jogo; instruções de uso; comandos diversos; regimento;
mandamentos; cartazes (alguns tipos); bula; livros de
auto-ajuda; sermão religioso (alguns); tabelas; guia de
viagens; mapas etc
Voltado à cultura literária ficcional e a
recriação da realidade, caracteriza-se
pela intriga no campo do verossímil NARRAR
Lenda; romance; fábula; novela; contos (aventura, fadas,
terror, suspense …) cronica literária; adivinha, piada,
HQ; ficção científica; biografia romanceada; epopeia;
texto teatral, música etc
Representação pelo discurso de de
experiências vividas, situadas no
tempo e no espaço. Documentação
RELATAR
Notícia, reportagem; caso; diário íntimo; testemunho;
currículo; relato histórico; relatos (de viagem, de
aventura; policial etc); autobiografias; biografia; crônica
70. Para o 2º encontro:
Ler o texto de Schneulwy e
Dolz
71. Referências:
Dionisio, Angela Paiva; Machado, Anna Rachel; Bezerra,
Maria Auxiliadora; Gêneros Textuais e Ensino, 4ª Edição,
Editora Lucerna, Rio de Janeiro, 2005.
Schneuwly, Bernard e Dolz, Joaquim – Gêneros Orais e
Escritos na Escola, Editora Mercado de Letras, Campinas-
SP, 2004.
Revista Nova Escola, Como trabalhar com gêneros –
Editora Abril, Agosto de 2009.
Currículo do Estado de São Paulo – Linguagens, Códigos e
suas Tecnologias – Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino
Médio.