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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
UNIDADE CAMPANHA
SUPERDOTADOS
A História e Exclusão, os Conceitos, Características e Intervenções Pedagógicas
Alan Lucas, Aline Souza, Jaíne Silva e Marlucia Olinto
Campanha, MG
2017
2
Alan Lucas, Aline Souza, Jaíne Silva e Marlucia Olinto
SUPERDOTADOS
A História e Exclusão, os Conceitos, Características e Intervenções Pedagógicas
Seminário apresentado pelos acadêmicos: Alan
Lucas, Aline Souza, Jaíne Silva e Marlucia Olinto
como exigência da disciplina de Recursos
Metodológicos para Portados de Necessidades
Especiais do curso de Licenciatura em Pedagogia da
Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade
Campanha sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Carla
Maria Nogueira de Carvalho.
Campanha, MG
2017
3
RESUMO
O presente trabalho buscou enfatizar a História dos Superdotados ou os considerados com
Altas Habilidades, à luz de relatos históricos. Pretendeu mostrar um pouco da Exclusão que
ainda essa categoria de Educação Especial enfrenta nos atuais dias, mesmo sendo
amparado através de Leis que abordam a Inclusão. Abordam as características dos
Superdotados/Altas Habilidades, mostrando assim, a Intervenção Pedagógica/podem ser
utilizadas no dia-a-dia na sala de aula, após a identificação de algum indivíduo com este tipo
de característica.
Palavras-chave: Educação Especial; História da Educação; Superdotados; Altas
Habilidades; Exclusão; Intervenção Pedagógica; Inclusão; e Legislação.
4
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................................... 3
INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 5
1. OS PRIMEIROS REGISTROS........................................................................................... 6
1.1. A exclusão .................................................................................. 9
2. SUPERDOTAÇÃO: Mitos em torno da superdotação/altas habilidades .................... 10
2.1 Panorama recente ...................................................................... 13
2.2 O que é a superdotação? ........................................................... 15
3. CARACTERÍSTICAS DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO ............................... 16
3.1 Como identificar as altas habilidades/superdotação? ................... 18
4. 4. AÇÕES PEDAGOGICAS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES
/SUPERDOTADOS ............................................................................................................. 20
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................. 23
5
INTRODUÇÃO
Escrever sobre a educação dos superdotados no Brasil é expor iniciativas
particulares isoladas, polêmicas, mitos, desconhecimento e exclusão.
Pretende-se discorrer sobre a história da educação, a exclusão, os conceitos, as
características e intervenções pedagógicas dessa parcela de educandos apresentando
intervenções de personalidades e especialistas em desencadear o interesse e ações em
prol dos superdotados desde o início do século XX.
No Brasil, a superdotação ainda é vista como um fenômeno raro, e por conta da falta
de informação e preconceitos há muitas ideias errôneas a respeito destes indivíduos, como:
superdotados não precisam de atendimento especial, destacam-se em todas as áreas do
currículo escolar, têm sempre QI elevado, etc. No entanto, quando se pesquisa mais
profundamente o assunto, percebe-se que muitas dessas ideias difundidas são falsas e que
superdotados podem ser extremamente habilidosos em uma área e ter dificuldades de
aprendizagem em outras, por exemplo.
No que diz respeito ao conceito, não há ainda uma definição exata e consensual
entre os estudiosos, mas aponta-se para uma definição que engloba as várias dimensões do
indivíduo, como a inteligência, a criatividade, as habilidades sociais, entre outras. Renzulli,
em sua concepção dos três anéis, destaca três fatores importantes no que diz respeito à
superdotação: habilidades acima da média, criatividade e envolvimento com a tarefa.
Segundo ele, estes três fatores não precisam coexistir ao mesmo tempo ou na mesma
intensidade, mas precisam interagir em algum grau para que se manifeste a superdotação.
A Política Nacional de Educação Especial (1994) classifica as altas habilidades ou
superdotação como uma característica de pessoas que apresentam extraordinário
desempenho e enorme potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, podendo ser
estes isolados ou combinados: a capacidade intelectual geral; a aptidão acadêmica
específica; o pensamento criativo ou o produtivo; a capacidade de liderança; o talento
especial para artes e a capacidade psicomotora. Para que seja possível identificar os alunos
com superdotação, é fundamental entender a princípio são estes sujeitos, quais suas
características diferenciadoras, para que mais acertado o diagnóstico.
Com isso, a identificação destes sujeitos tem em vista oferecer-lhe propostas
pedagógicas que venham ao encontro de seus interesses educacionais. Para a realização
deste processo de identificação, são sugeridas várias etapas por pesquisadores da área. No
projeto de pesquisa citado são utilizadas a maioria destas, considerando que desta maneira
se dá mais consistência ao processo realizado. É importante salientar que o processo de
identificação exige informações de diferentes fontes, em diferentes momentos e situações,
tendo em vista acompanhar a frequência e a duração destas características.
É preciso considerar então a abertura da escola em aceitar a realização da pesquisa
pelos responsáveis, assim como a participação tanto dos professores das séries atuais
como das séries anteriores, dos familiares e dos colegas, além do próprio aluno. As
informações de cada etapa confirmarão ou não os dados já obtidos em etapas anteriores,
resultando em um conjunto de informações a respeito do aluno.
6
A abordagem teórica neste contexto é apresentar as características, os conceitos
de altas habilidades/ superdotados e os processos pedagógicos que devem ser utilizados
em uma escola inclusiva para alunos com altas habilidades e superdotados que precisam de
especialização em seus estudos para o seu desenvolvimento.
Mostrar que trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo
saber que esses estudantes não são gênios com capacidades raras em tudo, só
apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas e que o fato deles
terem raciocínio rápido não diminui o trabalho do professor, ao contrário eles precisam de
mais estímulo para manter o interesse pela escola e desenvolver seu talento, os professores
devem sempre oferecer a eles desafios em um ambiente de aprendizagem criativo, que
encorajem a explorar seus talentos, a exercitar sua capacidade de aprender e de entender
suas habilidades especiais.
No que diz respeito ao conceito, não há ainda uma definição exata e consensual
entre os estudiosos, mas aponta-se para uma definição que engloba as várias dimensões do
indivíduo, como a inteligência, a criatividade, as habilidades sociais, entre outras. Renzulli,
em sua concepção dos três anéis, destaca três fatores importantes no que diz respeito à
superdotação: habilidades acima da média, criatividade e envolvimento com a tarefa.
Segundo ele, estes três fatores não precisam coexistir ao mesmo tempo ou na mesma
intensidade, mas precisam interagir em algum grau para que se manifeste a superdotação.
1. OS PRIMEIROS REGISTROS
As pessoas mais capazes sempre atraíram o imaginário, às vezes com admiração,
outras vezes mitificados em crenças populares.
Os registros sobre essas pessoas que se destacavam não são recentes. Datam do
período antes de Cristo em Roma, Grécia, Egito onde eram recrutadas para desenvolverem
suas aptidões de acordo com interesse de suas culturas. Na Grécia, os meninos, aos sete
anos, eram selecionados e separados de suas famílias para obterem educação voltada para
as questões bélicas, assim como em Roma, sua educação era orientada para a arquitetura,
o direito, a engenharia e a administração.
Entretanto, a educação superior era direito apenas dos homens, assinala Gama
(2006). Na Grécia antiga, Homero, antigo escritor grego, reconhecia a inteligência como
entidade diferente de outras habilidades humanas.
Os estudos mais aprofundados sobre a capacidade superior estiveram sempre
atrelados à evolução das pesquisas acerca da inteligência. Assim, como não há uma
definição precisa sobre o que é inteligência, a superdotação percorre o mesmo caminho.
Gama (2006) pontua que um grande marco nas pesquisas acerca da inteligência
ocorre na virada do século passado com o britânico Francis Galton e o francês Alfred Binet
que se basearam nas pesquisas da Origem das Espécies de Charles Darwin (primo de
Galton) sobre o desenvolvimento da inteligência humana. Galton criou um laboratório em
Londres onde aplicava testes psicológicos. Consta que em 1904, o governo francês
7
solicitou a Binet que criasse um instrumento que pudesse prever se crianças teriam sucesso
nas escolas francesas. O instrumento testava as habilidades nas áreas verbal e lógica. O
instrumento criado deu origem ao primeiro teste de coeficiente intelectual (QI) desenvolvido
por Lewis Terman, na Universidade de Standford, na Califórnia chamado Standford-Binet
Intelligence Scale. Assinala Gama (2006, p. 28) que “assim surgiu o conceito de inteligência
como capacidade inata, geral e única, passível de ser testada, que permite aos indivíduos
um desempenho maior ou menor, em qualquer área da atuação humana”.
Essa vertente persistiu até metade do século XX. Os testes de inteligência, apesar
de contribuição da Psicologia, são objetos de críticas, de acordo com Alencar e Fleith
(2001), devido às possíveis repercussões para o indivíduo que, por uma razão ou por outra,
apresente baixos resultados nesses instrumentos.
Com a evolução dos estudos acerca da inteligência, o conceito de
unidimensionalidade provido pelos testes padronizados substituiu-se para um conceito de
multidimensionalidade.
Estudos como de Gardner vieram desobstruir a ideia de que a inteligência era
apenas mensurada em testes e em áreas limitadas e mostrou, em sua Teoria das
Inteligências Múltiplas que se constitui nas diversas áreas humanas como: linguística,
lógico-matemática, cinestésica, musical, espacial, interpessoal, intrapessoal e naturalística.
Sob a perspectiva da multidimensionalidade da inteligência, a definição de
superdotação segue a mesma tendência. Em 1972, o Relatório Marland, do Departamento
de Saúde, Educação e Bem-Estar dos Estados Unidos definiu e categorizou a superdotação
em seis áreas:
São consideradas crianças portadoras de alta habilidade as
que apresentam notável desempenho e/ou elevada
potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados
ou combinados: capacidade intelectual, aptidão acadêmica ou
específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de
liderança, talento especial para artes visuais, artes dramáticas
e música e capacidade psicomotora (ALENCAR e FLEITH,
2001, p. 56).
Essas seis áreas se mantêm contempladas nas novas Políticas Nacionais de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) que traz a
seguinte definição para altas habilidades/superdotação, termo utilizado pelo Ministério da
Educação e Cultura (MEC):
Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram
potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas,
isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança,
psicomotricidade e artes, além de apresentar grande
criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de
tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008. p. 9).
8
No Brasil, as primeiras ideias começaram a germinar sobre esse grupo de pessoas
em 1929 com Ulysses Pernambuco que lembrava a conveniência da seleção e educação
dos sujeitos com capacidade superior e fazia distinção entre os superdotados e os precoces
pontuando que: “estes dizem respeito ao tempo, enquanto os primeiros indicam habilidades
mais fundamentais e permanentes. As crianças mais vivas podem dar uma falsa impressão
de supernormalidades por apresentarem comportamentos precoces” (NOVAES, 1979, p.
78).
Experiência pioneira foi realizada pelo Instituto de Psicologia do Recife, em 1929,
assinala Novaes (op. cit.) em que foram aplicados testes Army Alpha1
em 203 alunos de
cursos secundários, em ambos os sexos, pertencentes ao Ginásio Pernambuco, à Escola
Normal de Pernambuco e à Escola Normal Pinto Junior.
A partir de 1940, a Sociedade Pestalozzi2
, sob a liderança de Helena Antipoff,
inaugura a Escola da Fazenda do Rosário, em Ibirité, MG, com a finalidade de educar e
reeducar crianças excepcionais6 ou abandonadas. Ela liderou extensa obra educativa, nas
áreas de educação especial, educação rural, criatividade e superdotação.
Helena Antipoff já tinha convicção acerca das características e presença do talento
em crianças mais capazes do meio rural o que contrariava aos recentes estudos de Terman,
nos Estados Unidos, nas décadas de 30 e 40 que constatavam que a dotação existia em
maior proporção nas classes médias e altas. Antipoff se preocupava com educandos que
estavam nos extremos, os que necessitavam mais por terem menos e os que tinham mais e
necessitavam mais. Para ela, a Educação Especial destinava-se a atender os excepcionais
que representavam esses dois extremos. Helena Antipoff, em 1945, reuniu no Instituto
Pestalozzi do Brasil, no Rio de Janeiro grupos pequenos de alunos com potencial superior
para realizar estudos sobre literatura, teatro e música.
Até o início dos anos 70 poucas iniciativas e ações marcaram a educação dos
superdotados. Julieta Ormastroni iniciou um programa extraescolar com o Concurso
Cientista do Amanhã, em São Paulo, que tinha como meta descobrir vocações científicas na
juventude estudantil (NOVAES, 1979, GAMA, 2006).
Em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases na Educação Básica 5.692 (BRASIL, 1971) foi
legislação marcante para a história da superdotação no Brasil, cuja inserção dos
superdotados se dá pela primeira vez, em seu artigo 9º que apontava:
“Os alunos que apresentarem deficiências físicas ou mentais,
os que se encontrarem em atraso considerável quanto à
idade regular de matrícula e os superdotados, deverão
1
Teste Alpha Army foi utilizado por aproximadamente dois milhões de recrutas na I Guerra Mundial.
2
Primeira entidade civil, criada nos anos 30, seus estatutos mencionavam a necessidade de se
atender a população escolar situada no extremo superior das capacidades humanas. Foi uma das
primeiras pessoas a chamar a atenção para o talento como excepcionalidade no quadro geral da
Educação Especial.
9
receber tratamento especial, de acordo com as normas
fixadas pelos competentes Conselhos de Educação”.
1.1. A exclusão
Vê-se, pelo breve relato histórico, que os educandos com sinais de talentos são
atendidos em suas necessidades especiais pelas poucas ações ao longo do tempo. Apesar
de inserido no aporte legal educacional brasileiro, desde 1971, essa parcela de educandos,
ainda encontra barreiras nos serviços de educação especial e inclusiva. A Educação
Especial prefere priorizar as pessoas com deficiências, possivelmente por comiseração
como aponta Pérez (2006) esquecendo-se que as altas habilidades/superdotação, termo
oficial adotado pelo MEC, desde 2001 nas Diretrizes Nacionais para Educação Especial na
Educação Básica (BRASIL, 2001), deve receber a mesma atenção dada às outras
necessidades especiais.
A formação de professores e profissionais da educação acerca da temática, ainda
pouco demarcada, falta de cursos, em universidades que direcionem para a área e mitos
são barreiras que impedem os educandos de receberem o atendimento nas escolas.
Os mitos que povoam o imaginário popular acerca dessa parcela de pessoas se
configuram como grande obstáculo educacional. Rech e Freitas (2006, p. 61 a 87) fizeram
um estudo dos mitos segundo o olhar de alguns autores e do Ministério da Educação
(MEC). “As autoras mencionam Russ (1994) de que “os mitos podem ser entendidos como
uma” representação coletiva muito simplista e muito estereotipada, comum a um grupo de
indivíduos”. Acrescentam que “os mitos surgem do imaginário popular como forma de tentar
compreender os mistérios de natureza física, sobrenatural, e também como produtos de
determinadas circunstâncias históricas e sociais” (p. 62). Os mitos e estereótipos que mais
abrangem esse imaginário são de que: caminham por si sós; não precisam de serviços
educacionais especiais; é nota 10 em tudo; são nerds; são indisciplinados; são gênios; são
malucos e outros entendimentos errôneos, possivelmente, pela falta de conhecimento dos
educadores e da sociedade.
Alencar e Fleith (2001) citam Rutter (1976) que considera que temos o hábito de
examinar criticamente os fatos a respeito de determinadas questões, antes de se chegar a
conclusões a respeito e que o nosso fracasso em reconhecer a nossa ignorância,
propriamente dita, é prejudicial ao conhecimento. Dessa forma, acredita-se que há falta de
conhecimento do universo dos sujeitos dotados de capacidade acima da média,
especialmente pelos educadores, e, o sistema escolar está acostumado a padronizar,
provavelmente, seja essas a maior barreira ao atendimento.
A formação de educadores é conclama da por documentos legais e especialistas na
área dos superdotados. Após a Declaração de Salamanca (BRASIL, 2010) que orienta que
todos deverão receber educação adequada às suas diferenças e singularidades e que as
escolas devem se ajustar para acolhimento aos educandos. Percebe-se que há um
movimento intenso de alunos com necessidades especiais rumo às escolas regulares,
10
entretanto, os mais capazes já estão dentro das escolas, porém, invisíveis aos olhos dos
educadores (GUENTHER, 2006; PÉREZ, 2006).
Nesse contexto, há necessidade de se formalizar, massificando, a capacitação dos
professores e educadores em serviço e oferecimento de cursos, seja em nível de
especialização, ou inseridas disciplinas dentro das grades curriculares dos cursos de
licenciatura para que o futuro educador tenha, pelo menos, prévios conhecimentos acerca
da superdotação.
2. SUPERDOTAÇÃO: Mitos em torno da superdotação/altas habilidades
No Brasil, a superdotação ainda é vista como um fenômeno raro, e por conta da
falta de informação e preconceitos há muitas ideias errôneas a respeito destes indivíduos.
Entre elas:
“Superdotado” e “gênio” como sinônimos
É comum acreditar que um superdotado deve apresentar desde cedo um
desempenho excepcional ou dar contribuições originais nas áreas científicas ou artísticas de
inestimável valor para a sociedade. Diante disso, muitos pais tendem a questionar e mesmo
negar quando se propõe que seus filhos sejam incluídos em programas de atendimento
especializado para alunos com altas habilidades.
Assim, recomenda-se que o termo “gênio”, seja utilizado para indivíduos que
deixaram um legado para a humanidade. Além deste, há outros grupos de indivíduos que se
destacam pelas habilidades excepcionais e que, por características especiais, recebem uma
terminologia própria:
 Crianças prodígios: se caracterizam por um desempenho extraordinário desde
cedo, tendo antes dos 10 anos, um desempenho similar ao de um adulto
altamente qualificado em alguma área.
 Savants: apresentam uma habilidade muito superior em uma área específica, ao
mesmo tempo que um atraso mental pronunciado.
A superdotação é inata ou é produto do ambiente social
Segundo a primeira ideia, a superdotação nasce com o sujeito e se desenvolverá
independente de haver estímulo ou não. De acordo com a segunda ideia, é o ambiente e os
estímulos que fazem a superdotação acontecer; sendo assim, qualquer criança que receba
os estímulos adequados num ambiente propiciador pode se tornar superdotada.
Na verdade, nem a superdotação nasce pronta no indivíduo, nem somente o
ambiente e os estímulos gerará isso nele. A concepção mais aceita é a de que a habilidade
e o talento devem existir em algum grau no indivíduo, mas para serem manifestados é
necessário muito treino, esforço e motivação.
A pessoa com altas habilidades destaca-se em todas as áreas do currículo escolar
11
A superdotação numa determinada área, como a matemática, não significa
superdotação em outras áreas, como português ou ciências. Na verdade, é até comum
encontrar superdotados em uma área que tem dificuldades ou até distúrbios de
aprendizagem em outras áreas.
Todo superdotado tem um QI elevado
Essa ideia é descartada quando se considera os savants, definidos por Winner
(apud Antipoff e Campos) como “indivíduos frequentemente autistas, com QIs na extensão
de retardo e habilidades excepcionais em domínios específicos”. (p. 16). Além disso, há
crianças extremamente superdotadas em alguma área sem apresentarem QI
excepcionalmente elevado.
As crianças superdotadas se tornam adultos eminentes
Segundo Winner (1998), muitas crianças superdotadas, especialmente as crianças
prodígios, não obtêm êxito quando adultas ou migram para outras áreas de interesse. Além
disso, há muitos adultos bem sucedidos que não foram superdotados na infância. O
potencial para a superdotação precisa ser estimulado para que se desenvolva.
As pessoas com altas habilidades provêm de classes socioeconômicas privilegiadas
Nas camadas menos privilegiadas é possível e frequente encontrar indivíduos com
potencial para a superdotação. O que pode ser decisivo para um futuro brilhante ou não é a
quantidade de estímulos e orientação.
As pessoas com altas habilidades não precisam de atendimento educacional especial
Consiste na ideia de que tudo é muito fácil para os alunos superdotados, e,
portanto, é desnecessário que haja para eles atendimento especial. Contra essa ideia,
muitos pesquisadores afirmam que o atendimento especializado para altas habilidades não
só é importante para o pleno desenvolvimento das altas habilidades e talentos, mas também
para o pleno desenvolvimento emocional e psicológico desses indivíduos (Alencar, 2007;
Antipoff, 1992; Freeman & Guenther, 2000; Guenther & Freeman, 2000; Maia-Pinto & Fleith,
2002; Rech & Freitas, 2005).
O superdotado tem recursos intelectuais suficientes para desenvolver por conta própria seu
potencial superior
Segundo essa ideia, o superdotado não precisa de um ambiente estimulador,
instrução diferenciada, nem apoio ou oportunidades oferecidos por profissionais
qualificados, em vista de sua alta capacidade.
Na verdade, nem todos os alunos com superdotação se tornam adultos produtivos.
Alguns apresentam apenas baixo desempenho ou até mesmo, abaixo da média. Por isso a
importância de promover um ambiente estimulador, que propicie situações de aprendizagem
e oferecer uma ampla variedade de experiências enriquecedoras que satisfaçam as
necessidades educacionais do aluno.
12
No atual sistema educacional brasileiro, voltado para o aluno médio e abaixo da
média, o superdotado não só fica excluído, mas também é visto pela maioria dos
professores como um problema, por se sentirem intimidados diante da falta de preparo para
atender a estes alunos. Daí a importância de programas complementares fora da sala de
aula.
O superdotado se caracteriza por um excelente rendimento acadêmico
Nessa visão, o superdotado sempre se destacará como o melhor aluno da classe.
Na verdade, o que se observa é que muitas vezes a uma diferença muito grande entre o
potencial do aluno (o quanto é capaz de aprender e fazer) e seu desempenho (aquilo que
demonstra conhecer). Alguns fatores podem contribuir com esse baixo rendimento, entre
eles:
A participação em programas especiais fortalece uma atitude de arrogância e vaidade no
aluno superdotado
Embora haja a crença de que o encaminhamento a programas especiais gera no
aluno superdotado uma atitude de arrogância, a prática tem provado que, na verdade, o
atendimento especial e de boa qualidade gera alunos mais satisfeitos academicamente,
mais empolgados com o currículo e mais ajustados emocional e socialmente (Reis e
Renzulli, 2004 apud Alencar).
Estereótipo do superdotado como um aluno franzino, do sexo masculino, de classe média,
com interesses restritos especialmente à leitura
Por conta deste estereótipo, superdotados de baixa renda ou do sexo feminino são
menos percebidos e valorizados. Além disso, há uma tradição cultural de maior cobrança
13
com relação ao sucesso e realização masculina, e dessa forma, as alunas são menos
incentivadas a se destacar em desempenho e liderança. Talvez por isso, seja maior o
número de meninos do que de meninas em programas de atendimento especial.
Valores culturais a favor de um atendimento especial apenas a alunos com distúrbios de
conduta e deficiência
É frequente, inclusive entre professores e gestores de instituições educacionais, a
ideia de que não se deve investir em programas de atendimento especial a alunos com altas
habilidades quando há um grande número de alunos com deficiência e distúrbios de conduta
sem atendimento especializado. É necessário sim investir em programas de atendimento
para alunos portadores de deficiência, mas igualmente é preciso investir em programas para
alunos com habilidades superiores.
A aceleração do aluno superdotado causa mais malefícios do que benefícios
Os preconceitos em torno de programas de aceleração são de que o aluno que
aprende os conteúdos do currículo em um ritmo mais rápido se sentiria solitários e
desajustados ou ainda, teriam um decréscimo em seu rendimento acadêmico. No entanto,
resultados de pesquisas tem mostrado que os processos de aceleração, quando bem
conduzidos e com profissionais bem capacitados, só têm a oferecer benefícios para o aluno.
O superdotado tem maior predisposição a apresentar problemas sociais e emocionais
Na verdade, alunos superdotados caracterizam-se não só por suas habilidades superiores,
mas também por serem mais bem ajustados social e emocionalmente. O que ocorre, é que
eles tendem a enfrentar um maior número de situações que podem ter um impacto negativo
no seu ajustamento. Isso pode acontecer por não se sentirem estimulados pelo programa
levado a efeito pela escola, pela falta de interação com indivíduos com características
similares, pela falta de possibilidade de participar de programas de atendimento especial e
pela falta de apoio no meio familiar e social.
2.1 Panorama recente
Entre as questões que são objeto de discussão sobre superdotação, umas delas diz
respeito ao termo superdotado, rejeitado por vários especialistas.
Segundo Julian Stanley, professor na Universidade Johns Hopkins, os termos
superdotação e superdotado tendem a gerar uma resistência com relação os esforços para
melhorar as condições de aprendizagem destes indivíduos. Além disso, geram uma
bipolaridade – superdotado versus não-superdotado – e em razão disso prefere outros
termos como raciocínio excepcional ou altas habilidades. No caso do Brasil, o prefixo
“super” fortalece a ideia de que o indivíduo já nasce com esse dote e que esse potencial se
desenvolverá por si mesmo, independente das condições ambientais.
Outra importante questão é deixar claro que os superdotados não constituem um
grupo homogêneo, há variações de habilidades cognitivas, de atributos de personalidade e
nível de desempenho. Dessa forma, alguns podem ser excepcionais em várias áreas e
outros apenas em uma área específica. Há um contínuo entre competência e habilidades,
não sendo necessário estar no extremo desse contínuo para ser identificado como
14
superdotado ou encaminhado para um programa de atendimento especial. Sobre os
atributos de personalidade há alguns muito populares e outros não, além de variarem
quanto ao grau de introversão/extroversão e senso de humor.
Sobre a inteligência, aspecto central nas discussões a respeito de superdotação, é
importante lembrar que ela já não é vista mais de uma forma unidimensional, mas que
engloba múltiplos componentes ou dimensões, e podendo um indivíduo desenvolver
algumas dimensões e outros indivíduos, outras dimensões.
A teoria de inteligência mais influente nas discussões relativas à superdotação é a
teoria das inteligências múltiplas, proposta por Gardner (1983). Em sua formulação original,
ela inclui sete tipos de inteligência:
Segundo essa teoria, um alto nível de habilidade em uma inteligência não significa
elevado nível em outra. Para Gardner, os indivíduos diferem entre si não só pela genética
mas também por razões culturais nas inteligências. Por isso, a escola deve buscar meios de
estimular e desenvolver as diversas inteligências.
Segundo Gallagher (2002) as concepções multifatoriais da inteligência tiveram um
impacto direto nos processos de identificação do aluno superdotado. Se antes, por exemplo,
lançava-se mão de testes de inteligência, hoje é levado em conta desempenho em tarefas
que exigem experiência e background cultural.
A respeito do desenvolvimento de talentos, a superdotação deixou de ser vista
como uma característica imutável, mas fortemente influenciada pelo ambiente. Assim,
Clarke (citado em Alencar, 2007) ressalta:
Nenhuma criança nasce superdotado – somente com o
potencial para a superdotação. Embora todas as crianças
tenham um potencial surpreendente, apenas aquelas que
15
tiverem a sorte de terem oportunidades para desenvolver
seus talentos e singularidades em um ambiente que responda
a seus padrões particulares e necessidades, serão capazes
de atualizar de forma mais plena suas habilidades. (p. 298)
Além dos fatores ambientais, auxiliam muito na motivação pessoal e
desenvolvimento a energia, traços de personalidade, como persistência e autoconfiança, e a
criatividade.
2.2 O que é a superdotação?
Não há ainda, entre os especialistas, uma definição consensual do que seja a
superdotação, mas aponta-se para uma definição que possa englobar as várias dimensões
do indivíduo, bem como suas habilidades sociais, sua criatividade, sua personalidade, e não
só a inteligência abstrata ou seu rendimento escolar. No entanto, apesar do termo abordar
várias categorias, a identificação se dá principalmente no aspecto intelectual/ cognitivo.
No Brasil e em outros países que adotam a visão multicategorial na definição de
superdotados, é comum selecionar alunos para programas especiais baseando-se apenas
em resultados de testes de inteligência (ou na combinação desses resultados) com alto
rendimento acadêmico. Isto se dá pela dificuldade de avaliar e medir com precisão algumas
categorias e pela valorização da inteligência, em seu sentido tradicional.
Renzulli (1986, 2002), que tem sido um dos estudiosos mais reconhecidos por suas
contribuições teóricas, práticas de identificação e programas, destaca de início dois tipos de
superdotação, uma no contexto educacional e outra a que chama criativa-produtiva.
Segundo o mesmo autor, esses dois tipos mantém inter-relações entre si e são ambas muito
importantes, devendo ser igualmente encorajadas.
A superdotação no contexto educacional se refere àqueles indivíduos que
aprendem rapidamente, têm um nível de compreensão mais alto e são tradicionalmente
selecionados para programas especiais para superdotados. A superdotação criativa-
produtiva diz respeito àqueles aspectos da atividade humana na qual é valorizado o
desenvolvimento de produtos originais.
No primeiro tipo de superdotação as situações planejadas de aprendizagem
enfatizam a aprendizagem dedutiva, o treino estruturado no desenvolvimento de processos
de pensamento, aquisição, armazenagem e reprodução da informação. No segundo tipo,
são enfatizados o uso e aplicação da informação e processos de pensamento de uma
maneira integrada, indutiva e orientada para problemas reais.
Interessado especialmente pelo segundo tipo, Renzulli propôs uma nova concepção
de superdotação, incluindo três componentes:
 Habilidades acima da média: diz respeito tanto a habilidades gerais
quanto específicas. As habilidades gerais consistem na capacidade de processar
informações, integrar experiências para responder adequadamente a situações
novas e gerar o pensamento abstrato. As habilidades específicas incluem a
16
capacidade de adquirir conhecimento e a habilidade para realizar tarefas de uma
área especializada.
 Envolvimento com a tarefa: a energia que o indivíduo canaliza para
resolver uma tarefa. Inclui atributos pessoas, como persistência, dedicação, esforço
e autoconfiança.
 Criatividade: Renzulli sugere uma análise dos produtos criativos em
vez da aplicação de testes de criatividade, por estes serem limitados.
Nesta concepção, denominada “concepção dos três anéis”, não é necessário que
estes três componentes estejam presentes ao mesmo tempo ou que se manifestem com a
mesma intensidade. Basta que haja algum nível de interação entre eles para gerar uma alta
produtividade criativa.
3. CARACTERÍSTICAS DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO
Um dos grandes desafios da educação é oferecer aos alunos oportunidades para o
desenvolvimento pessoal e para a aprendizagem, em um contexto sociocultural. Ao
analisarmos a diversidade que constitui um grupo de pessoas, podemos ter. Uma visão do
quanto é interessante à espécie humana. Não há uma só pessoa que não seja única no
universo.
Pois as características variam mesmo, cada um apresenta um perfil
diferenciado de pensar, de aprender, de agir e de desenvolver seus potenciais. Entende-se
por superdotação o desempenho superior que uma pessoa possa apresentar, quando
comparada a grupo de igual faixa etária e contexto social. Em geral, apresenta em conjunto
com esse desempenho, algumas características especialmente definidas e observáveis, que
podem ser notadas e acompanhadas em várias faixas etárias, e que apresentam
necessidades educacionais especiais, determinando procedimentos pedagógicos
diferenciados para essa pessoa. Em geral, na escola, os alunos com superdotação
apresentam um comportamento caracterizado pela curiosidade, fluência de ideais,
desempenhos superiores em uma ou mais áreas, grande motivação pela aprendizagem,
facilidade para a abstração, percepção, relacionamento de um tema específico a um
contexto amplo, estilos particulares para a aprendizagem e uma busca constante para
atingir alvos e metas mais distantes.
Muitos educadores ainda imaginam que a superdotação pode ser identificada
quando um aluno se destaca em uma ou várias áreas, e tem desempenho muito elevado em
atividades curriculares; quando apresenta adequação e ajustamento socioemocional,
habilidade psicomotora especialmente desenvolvida e um estilo de grande realizador. Esse
perfil, embora possa ser encontrado, não representa todo o universo da superdotação.
A primeira identificação deve partir da família que contribui com o processo de
identificação, ao apresentar algumas características particulares de seu / sua filho (a),
observado (a) durante o processo de desenvolvimento.
17
Há que se observarem algumas questões em relação ao desempenho que é
exigido por alguns pais, que estimulam excessivamente seu filho para que este possa
apresentar indicadores de superdotação. Quando alguns sinais começam a ser percebido
pela família, a escola e/ou Professor devem observar a criança atentamente e realizar um
acompanhamento permanente. Se for precoce, a criança deve ser estimulada
adequadamente para desenvolver seu potencial e continuar a apresentar comportamentos
de superdotação.
Segundo Winner (1998), a maioria dos pais percebe, antes que a criança atinja
cinco anos, pelo menos alguns destes sinais:
 Atenção e memória de reconhecimento: reconhecem seus cuidadores,
desde cedo, apresentam sinais de vigilância e duração de atenção longa;
 Desenvolvimento físico precoce: sentar, engatinhar e caminhar vários
meses antes que o esperado;
 Linguagem oral: falar cedo, apresentar grande vocabulário e estoque de
conhecimento verbal;
 Super-reatividade: reações intensas a ruído, dor e frustração.
Os tipos de alunos com altas habilidades/superdotação:
Tipo Intelectual – apresenta flexibilidade, fluência de pensamento, capacidade de
pensamento abstrato para fazer associações, produção ideativa, rapidez do pensamento,
compreensão e memória elevadas, capacidade de resolver e lidar com problemas.
Tipo Acadêmico – evidencia aptidão acadêmica específica, de atenção, de
concentração; rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas
acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento;
capacidade de produção acadêmica.
Tipo Criativo – relaciona-se às seguintes características: originalidade,
imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora,
sensibilidade para as situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente, e até
de modo extravagante; sentimento de desafio diante da desordem de fatos; facilidade de
auto-expressão, fluência e flexibilidade.
Tipo Social – revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar
sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade de trato
com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, percepção acurada das
situações de grupo, capacidade para resolver situações sociais complexas, alta poder de
persuasão e de influência no grupo.
Tipo Talento Especial – pode-se destacar tanto na área das artes plásticas,
musicais, como dramáticas, literárias ou técnicas, evidenciando habilidades especiais para
essas atividades e alto desempenho.
Tipo Psicomotor – destacam-se por apresentar habilidade e interesse pelas
atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do comum em velocidade,
agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora.
18
Dentre os que mais se destacam nas são desse modo considerados nas classificações
internacionais, podendo haver várias combinações entre eles e, inclusive, o aparecimento
de outros tipos, ligados a talentos de mais habilidades (MEC,SEESP, 2002).
As características mais comuns do alunado que apresenta altas
habilidades/superdotação:
 Alto desempenho em uma ou várias áreas;
 Fluência verbal e/ ou vocabulário extenso;
 Envolvimento ou foco de atenção direcionado a alguma atividade em
especial;
 Desempenho elevado qualitativamente nas atividades escolares;
 Qualidade das relações sociais do aluno, em diversas situações;
 Curiosidade acentuada;
 Facilidade para a aprendizagem;
 Originalidade na resolução de problemas ou na formulação de respostas;
 Atitudes comportamentais de excesso para a produção ou planejamento;
 Habilidades específicas de destaque (áreas: artes plásticas, musicais, artes,
cênicas e psicomotora, de liderança, etc.)
 Senso de humor;
 Baixo limiar de frustração;
 Senso crítico;
 Defesa de suas ideais e ponto de vista;
 Impaciência com atividades rotineiras e repetitivas;
 Perfeccionismo;
 Dispersão ou desatenção;
 Resistência em seguir regras;
 Desenvolvimento superior atípico em relação a pessoas de igual faixa etária;
 Originalidade e ideias inusitadas e diferentes.
As características apresentadas podem ser observadas em várias situações e em
diferentes amplitudes. Alguns alunos apresentam de forma mais consistente algumas destas
características enquanto outros podem apresentar muitas delas.
3.1 Como identificar as altas habilidades/superdotação?
Atualmente é possível chegar a estes alunos, por meio de uma visão
multidimensional da inteligência, podendo ser utilizados diferentes instrumentos. Para
Virgolim (2007) o mais recomendado é a inclusão de múltiplas formas de avaliação colhendo
dados tanto em testes formais quanto em procedimentos informais e de observação.
Pesquisadores como Renzulli (2004), Guenther (2000), Gardner (1995), Virgolim (2007),
concordam que a identificação deve ser realizada através de inúmeros instrumentos que
permitam uma visão integral do ser. Algumas alternativas que esses autores sugerem:
 Nomeação por professores: os professores normalmente possuem maior
facilidade na indicação de alunos com características de altas habilidades, uma vez que
19
convivem por um grande tempo com os alunos em suas turmas e podem observar traços
importantes que salientam em relação ao grupo de colegas (VIRGOLIM, 2007).
 Indicadores de criatividade: alguns indicadores de criatividade do aluno,
assim como testes formais, podem auxiliar o professor a identifica-lo com criatividade
aparente como também àqueles que possuem talentos únicos, mas que em sala de aula
passam despercebidos ao olhar desatento. É necessário salientar que a identificação deste
aluno altamente criativo é importante para evitar um possível fracasso escolar, em função do
seu pensamento divergente (VIRGOLIM, 2007).
 Nomeação por pais: os pais são personagens que tendem a contribuir para
a identificação dos alunos com altas habilidades, uma vez que a maioria deles acompanha o
desenvolvimento dos seus filhos com grande atenção. Estes podem informar todas as
etapas do desenvolvimento vivenciadas pelo filho, salientando seus maiores interesses,
realizações, criações, etc. Porém é necessário cuidado, pois alguns pais supervalorizam as
habilidades dos filhos e podem confundir algumas das características das altas habilidades
(VIRGOLIM, 2007).
 Nomeação por colegas: muitas vezes, os colegas reconhecem
características importantes de um aluno, que o professor pode ainda não ter observado.
Este processo pode ser desenvolvido de diferentes formas (abordagem direta, abordagem
disfarçada, abordagem no formato de jogos) a fim de tornar mais fácil a identificação de
talentos (VIRGOLIM,2007).
 Autonomeação: pode ser um instrumento útil para a indicação de crianças
que não tiveram seus talentos notados nem pelo professor, nem pelos colegas, mas que
possuem habilidades em determinada área do conhecimento. Através da auto nomeação,
podem ser percebidas áreas específicas de interesse, assim como liderança, esportes, etc.
(VIRGOLIM, 2007).
 Nomeações especiais: esta forma de nomeação permite que sejam
indicados alunos que tenham se destacado em anos anteriores, mas que por problemas
emocionais, pessoais, possam estar apresentando um baixo rendimento escolar. Por isso, é
interessante que se busquem informações, sempre que possível, com os professores das
séries anteriores dos alunos (VIRGOLIM, 2007).
 Avaliação dos produtos: a observação da qualidade de uma produção do
aluno pode permitir que sejam identificadas características de talento. Os produtos podem
demonstrar criatividade, pensamento criador, habilidades específicas ou outros aspectos
relacionados a temáticas especiais (VIRGOLIM, 2007).
 Escalas de características e listas de observação: as escalas e listas são
utilizadas de forma conjunta entre o professor, os pais, o próprio aluno e a avaliação do
produto. Existem algumas propostas de Escalas e Listas, sendo algumas delas a Escala de
Características proposta por Renzulli, e uma lista de indicadores para observação do
professor proposta por Guenther. Estas podem auxiliar na observação e na indicação de
alguns alunos (VIRGOLIM, 2007). .
 Nomeação por motivação do aluno: alunos motivados e que demonstram
um interesse incomum em determinada área durante o ano escolar também podem ser
indicados para um atendimento especializado. Estes alunos geralmente demonstram
comportamentos inesperados e diferenciados e se o professor estiver atento pode detectar
seu envolvimento com a área, levando-o a desenvolver sua criatividade e habilidades
específicas (VIRGOLIM, 2007).
20
O propósito principal da identificação, jamais deve ser o de rotular, mas sim motivo
para estabelecer uma ação pedagógica adequada, que venha ao encontro das
necessidades educacionais, sociais e emocionais dos alunos e esteja expressa no projeto
político pedagógico da escola.
4. AÇÕES PEDAGOGICAS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES
/SUPERDOTADOS
Os objetivos da ação pedagógica junto aos alunos com altas
habilidades/superdotação devem preparar para a autonomia e independência, desenvolver
habilidades, estimular atividades de planejamento, implementar diferentes formas de
pensamento e oferecer estratégias que estimulem o posicionamento crítico e avaliativo.
Muitas vezes, o aluno com altas habilidades/superdotado pode ficar desmotivado
com as atividades implementadas em sala de aula, com o currículo ou métodos de ensino
utilizados, a excessiva repetição do conteúdo, aulas monótonas e pouco estimuladoras e
ritmo mais lento da classe. Assim, da mesma forma que uma boa semente necessita de
condições adequadas de solo, luz e umidade para desenvolver-se, também o aluno com
altas habilidades/superdotado necessita de um ambiente adequado estimulador e rico em
experiências, um ambiente de aprendizagem criativo, que encoraje o aluno a explorar seus
talentos, a exercitar sua capacidade de aprender e de entender suas habilidades especiais.
É fundamental oferecer desafios suplementares aos alunos de altas
habilidades/superdotados. Para isso é importante a definição de um projeto pedagógico que
inclua a modalidade de ensino educação especial no cotidiano escolar, oferecendo aos
alunos de altas habilidades/ superdotados alternativas motivadoras e criativas de
aprendizagem que possam garantir o seu sucesso escolar.
Conforme as Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica
(Brasil 2001) devem ser oferecidos serviços de apoio pedagógico especializado aos alunos
com necessidades educacionais especiais. No caso do superdotado, sugere-se o
atendimento suplementar para aprofundar e/ou enriquecer o currículo escolar. Este
atendimento é realizado em salas de recursos, localizadas em escolas da rede regular de
ensino, em horário contrário ao da sala de aula comum.
Expectativas de aprendizagem Crianças com altas habilidades/superdotadas em
idade pré-escolar devem vivenciar diversas situações de aprendizagem de forma a
desenvolver suas habilidades e talentos. Isso significa programar atividades que envolvam o
pensamento criativo, produção de ideias originais, variadas e crítico, e que levem a criança
a fazer conexões entre ideias, resolver problemas e levantar questionamentos. É importante,
ainda, proporcionar à criança oportunidades para explorar mais amplamente um tema de
seu interesse. Sob uma perspectiva efetiva, espera-se que a criança com altas
habilidades/superdotada desenvolva suas habilidades interpessoais e de comunicação,
autonomia, iniciativa, um autoconceito positivo, e uma compreensão do outro e seu ponto de
vista.
21
Material pedagógico e recursos tecnológicos, embora estejamos conscientes dos
recursos limitados em muitas escolas, em termos ideais um ambiente estimulador deve
incluir material de consulta diversificado impresso ou eletrônico, por exemplo, livros,
revistas, jornais, enciclopédias, dicionário, programas de computador, materiais para
manipulação e exploração como brinquedos, bolas, blocos, jogos pedagógicos, objetos com
sons e formatos diferentes, lupas e lentes de aumento, equipamentos como vídeo, globo
terrestre, aparelho de som, computador. Além disso, seria altamente desejável que o aluno
tivesse oportunidade de conhecer e frequentar bibliotecas, de participar de atividades na
escola ou em outros locais da comunidade, conforme seu interesse e área de habilidade. Na
área artística, materiais de consumo como tintas, lápis, pincéis, canetas, massinha, argila,
telas e instrumentos musicais também devem ser disponibilizados aos alunos. É relevante
ressaltar a necessidade não apenas de recursos materiais, como também de recursos
humanos diversos como bibliotecário, professores bem qualificados de música, educação
física, educação artística etc.
Um projeto pedagógico inclusivo para alunos de altas habilidades na pré-escola não
pode deixar de considerar as atividades que favoreçam o saber-aprender, o saber- fazer e o
saber ser, favorecendo aprendizagens para toda a vida. Seeley (1998) sugere o
desenvolvimento de atividades que envolvam o uso da linguagem, a representação de
experiências e ideias, o raciocínio lógico e criativo, a compreensão de tempo e espaço e
uma aprendizagem ativa por parte do aluno com altas habilidades/superdotado.
Exemplos de atividades são:
 Descrição de objetos, eventos e relações;
 Conversa com colegas acerca de experiências importantes;
 Expressão de sentimentos em palavras;
 Ouvir e criar ou completar histórias;
 Ouvir, criar ou recriar canções;
 Imitações ou criações de sons;
 Sonorizar poemas (por meio de sons do corpo, objetos ou instrumentos
musicais);
 Dramatizações;
 Reconhecimento de objetos pelo som, cheiro e formato;
 Identificação de diferenças e semelhanças entre objetos;
 Descrição de objetos de várias maneiras;
 Comparação de tamanho, peso, texturas, comprimento etc.;
 Observação de objetos sob diferentes perspectivas;
 Representação de seu corpo;
 Descrição de relações espaciais presentes em desenhos e figuras.
Alencar & Fleith (2001) sugerem também outras atividades de grande importância
para serem aplicadas em alunos superdotados:
 Atividades que levem o aluno a produzir muitas ideias;
 Atividades que levem o aluno a brincar com ideias, situações e objetos (ex.:
brincadeiras de faz-de- conta: casinha, supermercado etc.);
22
 Atividades que envolvam análise crítica de um acontecimento;
 Atividades que estimulem o aluno a levantar questões;
 Atividades que levem o aluno gerar múltiplas hipóteses;
 Atividades que desenvolvam no aluno a habilidade de explorar consequências
para acontecimentos que poderão ocorrer no futuro;
 Atividades que envolvam a discussão de problemas do mundo real;
 Atividades que estimulem o aluno a definir e solucionar problemas;
 Atividades de pesquisa sobre tópicos do interesse do aluno;
 Atividades que estimulem a imaginação dos alunos;
 Atividades que possibilitem ao aluno explorar e conhecer diferentes áreas do
conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerada densa e de pouco domínio entre os educadores e, por que não, a
sociedade em geral, a área de superdotação tem sido alvo de discussões e debates nos
encontros nacionais promovidos pelo Conselho Brasileiro para Superdotação (CONBRASD)
e seminários em Educação Especial e Inclusiva que tem recebido, possivelmente por força
de lei, especialistas da área, que antes, essa presença era difícil de ocorrer por conta da
priorização, sempre mais aguda, das áreas das deficiências e síndromes.
A intensificação do movimento da Educação Inclusiva, desde 1994, mais
enfaticamente após 2001, no Brasil, vem, comedidamente, se discutir a inclusão dos
educandos superdotados pelo sistema educacional o que gera conflitos aos sistemas que,
ainda, resistem, em incluir em seus programas de atendimento os educandos com mais
capacidade da média estabelecida.
Assim sendo, o número ínfimo de matrículas de alunos superdotados em todo
sistema escolar brasileiro, contrariando cifras pontuadas pela OMS e por estudiosos da área
demonstra que o Brasil deixa à margem e desperdiça os talentos de suas crianças, jovens e
adultos tão valorizados, em sociedades mais adiantadas.
Como se pode perceber o processo de identificação de alunos com características
de altas habilidades/superdotação envolve várias etapas de realização, sendo que grande
parte delas exige a disponibilidade da escola e a participação dos professores, o que
demonstra o quanto seu envolvimento é de fundamental importância para a realização
deste. Tampouco este envolvimento é imprescindível para o acompanhamento e a oferta de
atendimento educacional diferenciado para estes alunos, visto que o contexto escolar é o
espaço onde passam grande parte do seu tempo.
Há fundamentalmente duas linhas direcionais para fazer o diagnóstico da
superdotação, uma primeira mais padronizada e fixa, e a segunda mais de observação
minuciosa do aluno e sua relação com o mundo que o circunda. De acordo com a pesquisa
bibliográfica, conclui-se que o ideal seria fazer uma junção de ambas as práticas, e assim
criar um método mais abrangente e seguro. Deste modo, pode-se fazer a observação do
aluno, seu comportamento, criatividade e capacidade de resolução de questões do dia-a-dia
23
como também a aplicação de testes para efeitos de comparação com a média de outros
alunos.
A verdade é que determinar definitivamente a dotação de um aluno leva tempo e
deve ser feito com cautela, amparo não por apenas uma pessoa, mas por várias, de
diferentes segmentos: pedagógico, social, médico e do próprio núcleo familiar e de amigos.
Há grande dificuldade em afirmar a superdotação ou não de um indivíduo, pois há
delimitação de uma ou outra situação é complexa: afinal, o perfil de uma pessoa muito
inteligente e dedicada pode ser confundido com o de pessoa pessoas superdotado.
Os estudantes diagnosticados com algum tipo de deficiência ou/os que têm altas
habilidades/superdotados também precisam de atenção especial na aula para que suas
necessidades particulares sejam atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem
de ser incluído na rede regular de ensino.
E que ao contrário do que se fala que estes alunos são gênios, eles só apresentam
mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas, está que deve ser estimulada e
incentivada por professores e familiares para exercitar sua capacidade de aprender e de
entender suas habilidades especiais, para assim explorarem seus talentos.
Uma vez que ninguém nasce superdotado, apenas com o potencial para a
superdotação, cabe à escola oferecer os estímulos e recursos necessários para que ela
aconteça. Para tanto, deve abandonar os preconceitos e investir na capacitação de
professores, na organização escolar, procurando todas as formas possíveis de fazer uma
prática pedagógica significativa e fazer a inclusão acontecerem, de fato. Incluir a família e a
sociedade neste processo também se faz se fundamental importância, pois quanto mais
estímulos à criança receber, mais chance terá de desenvolver excepcionalmente seu
intelecto e se tornar um adulto eminente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Escolar e Educacional, v. 14, n. 2, p. 301-309, 2010.
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SUPERDOTADOS: A História e Exclusão, os Conceitos, Características e Intervenções Pedagógicas

  • 1. 1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS UNIDADE CAMPANHA SUPERDOTADOS A História e Exclusão, os Conceitos, Características e Intervenções Pedagógicas Alan Lucas, Aline Souza, Jaíne Silva e Marlucia Olinto Campanha, MG 2017
  • 2. 2 Alan Lucas, Aline Souza, Jaíne Silva e Marlucia Olinto SUPERDOTADOS A História e Exclusão, os Conceitos, Características e Intervenções Pedagógicas Seminário apresentado pelos acadêmicos: Alan Lucas, Aline Souza, Jaíne Silva e Marlucia Olinto como exigência da disciplina de Recursos Metodológicos para Portados de Necessidades Especiais do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Campanha sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Carla Maria Nogueira de Carvalho. Campanha, MG 2017
  • 3. 3 RESUMO O presente trabalho buscou enfatizar a História dos Superdotados ou os considerados com Altas Habilidades, à luz de relatos históricos. Pretendeu mostrar um pouco da Exclusão que ainda essa categoria de Educação Especial enfrenta nos atuais dias, mesmo sendo amparado através de Leis que abordam a Inclusão. Abordam as características dos Superdotados/Altas Habilidades, mostrando assim, a Intervenção Pedagógica/podem ser utilizadas no dia-a-dia na sala de aula, após a identificação de algum indivíduo com este tipo de característica. Palavras-chave: Educação Especial; História da Educação; Superdotados; Altas Habilidades; Exclusão; Intervenção Pedagógica; Inclusão; e Legislação.
  • 4. 4 SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................................... 3 INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 5 1. OS PRIMEIROS REGISTROS........................................................................................... 6 1.1. A exclusão .................................................................................. 9 2. SUPERDOTAÇÃO: Mitos em torno da superdotação/altas habilidades .................... 10 2.1 Panorama recente ...................................................................... 13 2.2 O que é a superdotação? ........................................................... 15 3. CARACTERÍSTICAS DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO ............................... 16 3.1 Como identificar as altas habilidades/superdotação? ................... 18 4. 4. AÇÕES PEDAGOGICAS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES /SUPERDOTADOS ............................................................................................................. 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................................. 23
  • 5. 5 INTRODUÇÃO Escrever sobre a educação dos superdotados no Brasil é expor iniciativas particulares isoladas, polêmicas, mitos, desconhecimento e exclusão. Pretende-se discorrer sobre a história da educação, a exclusão, os conceitos, as características e intervenções pedagógicas dessa parcela de educandos apresentando intervenções de personalidades e especialistas em desencadear o interesse e ações em prol dos superdotados desde o início do século XX. No Brasil, a superdotação ainda é vista como um fenômeno raro, e por conta da falta de informação e preconceitos há muitas ideias errôneas a respeito destes indivíduos, como: superdotados não precisam de atendimento especial, destacam-se em todas as áreas do currículo escolar, têm sempre QI elevado, etc. No entanto, quando se pesquisa mais profundamente o assunto, percebe-se que muitas dessas ideias difundidas são falsas e que superdotados podem ser extremamente habilidosos em uma área e ter dificuldades de aprendizagem em outras, por exemplo. No que diz respeito ao conceito, não há ainda uma definição exata e consensual entre os estudiosos, mas aponta-se para uma definição que engloba as várias dimensões do indivíduo, como a inteligência, a criatividade, as habilidades sociais, entre outras. Renzulli, em sua concepção dos três anéis, destaca três fatores importantes no que diz respeito à superdotação: habilidades acima da média, criatividade e envolvimento com a tarefa. Segundo ele, estes três fatores não precisam coexistir ao mesmo tempo ou na mesma intensidade, mas precisam interagir em algum grau para que se manifeste a superdotação. A Política Nacional de Educação Especial (1994) classifica as altas habilidades ou superdotação como uma característica de pessoas que apresentam extraordinário desempenho e enorme potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, podendo ser estes isolados ou combinados: a capacidade intelectual geral; a aptidão acadêmica específica; o pensamento criativo ou o produtivo; a capacidade de liderança; o talento especial para artes e a capacidade psicomotora. Para que seja possível identificar os alunos com superdotação, é fundamental entender a princípio são estes sujeitos, quais suas características diferenciadoras, para que mais acertado o diagnóstico. Com isso, a identificação destes sujeitos tem em vista oferecer-lhe propostas pedagógicas que venham ao encontro de seus interesses educacionais. Para a realização deste processo de identificação, são sugeridas várias etapas por pesquisadores da área. No projeto de pesquisa citado são utilizadas a maioria destas, considerando que desta maneira se dá mais consistência ao processo realizado. É importante salientar que o processo de identificação exige informações de diferentes fontes, em diferentes momentos e situações, tendo em vista acompanhar a frequência e a duração destas características. É preciso considerar então a abertura da escola em aceitar a realização da pesquisa pelos responsáveis, assim como a participação tanto dos professores das séries atuais como das séries anteriores, dos familiares e dos colegas, além do próprio aluno. As informações de cada etapa confirmarão ou não os dados já obtidos em etapas anteriores, resultando em um conjunto de informações a respeito do aluno.
  • 6. 6 A abordagem teórica neste contexto é apresentar as características, os conceitos de altas habilidades/ superdotados e os processos pedagógicos que devem ser utilizados em uma escola inclusiva para alunos com altas habilidades e superdotados que precisam de especialização em seus estudos para o seu desenvolvimento. Mostrar que trabalhar com alunos com altas habilidades requer, antes de tudo saber que esses estudantes não são gênios com capacidades raras em tudo, só apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas e que o fato deles terem raciocínio rápido não diminui o trabalho do professor, ao contrário eles precisam de mais estímulo para manter o interesse pela escola e desenvolver seu talento, os professores devem sempre oferecer a eles desafios em um ambiente de aprendizagem criativo, que encorajem a explorar seus talentos, a exercitar sua capacidade de aprender e de entender suas habilidades especiais. No que diz respeito ao conceito, não há ainda uma definição exata e consensual entre os estudiosos, mas aponta-se para uma definição que engloba as várias dimensões do indivíduo, como a inteligência, a criatividade, as habilidades sociais, entre outras. Renzulli, em sua concepção dos três anéis, destaca três fatores importantes no que diz respeito à superdotação: habilidades acima da média, criatividade e envolvimento com a tarefa. Segundo ele, estes três fatores não precisam coexistir ao mesmo tempo ou na mesma intensidade, mas precisam interagir em algum grau para que se manifeste a superdotação. 1. OS PRIMEIROS REGISTROS As pessoas mais capazes sempre atraíram o imaginário, às vezes com admiração, outras vezes mitificados em crenças populares. Os registros sobre essas pessoas que se destacavam não são recentes. Datam do período antes de Cristo em Roma, Grécia, Egito onde eram recrutadas para desenvolverem suas aptidões de acordo com interesse de suas culturas. Na Grécia, os meninos, aos sete anos, eram selecionados e separados de suas famílias para obterem educação voltada para as questões bélicas, assim como em Roma, sua educação era orientada para a arquitetura, o direito, a engenharia e a administração. Entretanto, a educação superior era direito apenas dos homens, assinala Gama (2006). Na Grécia antiga, Homero, antigo escritor grego, reconhecia a inteligência como entidade diferente de outras habilidades humanas. Os estudos mais aprofundados sobre a capacidade superior estiveram sempre atrelados à evolução das pesquisas acerca da inteligência. Assim, como não há uma definição precisa sobre o que é inteligência, a superdotação percorre o mesmo caminho. Gama (2006) pontua que um grande marco nas pesquisas acerca da inteligência ocorre na virada do século passado com o britânico Francis Galton e o francês Alfred Binet que se basearam nas pesquisas da Origem das Espécies de Charles Darwin (primo de Galton) sobre o desenvolvimento da inteligência humana. Galton criou um laboratório em Londres onde aplicava testes psicológicos. Consta que em 1904, o governo francês
  • 7. 7 solicitou a Binet que criasse um instrumento que pudesse prever se crianças teriam sucesso nas escolas francesas. O instrumento testava as habilidades nas áreas verbal e lógica. O instrumento criado deu origem ao primeiro teste de coeficiente intelectual (QI) desenvolvido por Lewis Terman, na Universidade de Standford, na Califórnia chamado Standford-Binet Intelligence Scale. Assinala Gama (2006, p. 28) que “assim surgiu o conceito de inteligência como capacidade inata, geral e única, passível de ser testada, que permite aos indivíduos um desempenho maior ou menor, em qualquer área da atuação humana”. Essa vertente persistiu até metade do século XX. Os testes de inteligência, apesar de contribuição da Psicologia, são objetos de críticas, de acordo com Alencar e Fleith (2001), devido às possíveis repercussões para o indivíduo que, por uma razão ou por outra, apresente baixos resultados nesses instrumentos. Com a evolução dos estudos acerca da inteligência, o conceito de unidimensionalidade provido pelos testes padronizados substituiu-se para um conceito de multidimensionalidade. Estudos como de Gardner vieram desobstruir a ideia de que a inteligência era apenas mensurada em testes e em áreas limitadas e mostrou, em sua Teoria das Inteligências Múltiplas que se constitui nas diversas áreas humanas como: linguística, lógico-matemática, cinestésica, musical, espacial, interpessoal, intrapessoal e naturalística. Sob a perspectiva da multidimensionalidade da inteligência, a definição de superdotação segue a mesma tendência. Em 1972, o Relatório Marland, do Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar dos Estados Unidos definiu e categorizou a superdotação em seis áreas: São consideradas crianças portadoras de alta habilidade as que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual, aptidão acadêmica ou específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes visuais, artes dramáticas e música e capacidade psicomotora (ALENCAR e FLEITH, 2001, p. 56). Essas seis áreas se mantêm contempladas nas novas Políticas Nacionais de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) que traz a seguinte definição para altas habilidades/superdotação, termo utilizado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC): Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (BRASIL, 2008. p. 9).
  • 8. 8 No Brasil, as primeiras ideias começaram a germinar sobre esse grupo de pessoas em 1929 com Ulysses Pernambuco que lembrava a conveniência da seleção e educação dos sujeitos com capacidade superior e fazia distinção entre os superdotados e os precoces pontuando que: “estes dizem respeito ao tempo, enquanto os primeiros indicam habilidades mais fundamentais e permanentes. As crianças mais vivas podem dar uma falsa impressão de supernormalidades por apresentarem comportamentos precoces” (NOVAES, 1979, p. 78). Experiência pioneira foi realizada pelo Instituto de Psicologia do Recife, em 1929, assinala Novaes (op. cit.) em que foram aplicados testes Army Alpha1 em 203 alunos de cursos secundários, em ambos os sexos, pertencentes ao Ginásio Pernambuco, à Escola Normal de Pernambuco e à Escola Normal Pinto Junior. A partir de 1940, a Sociedade Pestalozzi2 , sob a liderança de Helena Antipoff, inaugura a Escola da Fazenda do Rosário, em Ibirité, MG, com a finalidade de educar e reeducar crianças excepcionais6 ou abandonadas. Ela liderou extensa obra educativa, nas áreas de educação especial, educação rural, criatividade e superdotação. Helena Antipoff já tinha convicção acerca das características e presença do talento em crianças mais capazes do meio rural o que contrariava aos recentes estudos de Terman, nos Estados Unidos, nas décadas de 30 e 40 que constatavam que a dotação existia em maior proporção nas classes médias e altas. Antipoff se preocupava com educandos que estavam nos extremos, os que necessitavam mais por terem menos e os que tinham mais e necessitavam mais. Para ela, a Educação Especial destinava-se a atender os excepcionais que representavam esses dois extremos. Helena Antipoff, em 1945, reuniu no Instituto Pestalozzi do Brasil, no Rio de Janeiro grupos pequenos de alunos com potencial superior para realizar estudos sobre literatura, teatro e música. Até o início dos anos 70 poucas iniciativas e ações marcaram a educação dos superdotados. Julieta Ormastroni iniciou um programa extraescolar com o Concurso Cientista do Amanhã, em São Paulo, que tinha como meta descobrir vocações científicas na juventude estudantil (NOVAES, 1979, GAMA, 2006). Em 1971, a Lei de Diretrizes e Bases na Educação Básica 5.692 (BRASIL, 1971) foi legislação marcante para a história da superdotação no Brasil, cuja inserção dos superdotados se dá pela primeira vez, em seu artigo 9º que apontava: “Os alunos que apresentarem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrarem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados, deverão 1 Teste Alpha Army foi utilizado por aproximadamente dois milhões de recrutas na I Guerra Mundial. 2 Primeira entidade civil, criada nos anos 30, seus estatutos mencionavam a necessidade de se atender a população escolar situada no extremo superior das capacidades humanas. Foi uma das primeiras pessoas a chamar a atenção para o talento como excepcionalidade no quadro geral da Educação Especial.
  • 9. 9 receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação”. 1.1. A exclusão Vê-se, pelo breve relato histórico, que os educandos com sinais de talentos são atendidos em suas necessidades especiais pelas poucas ações ao longo do tempo. Apesar de inserido no aporte legal educacional brasileiro, desde 1971, essa parcela de educandos, ainda encontra barreiras nos serviços de educação especial e inclusiva. A Educação Especial prefere priorizar as pessoas com deficiências, possivelmente por comiseração como aponta Pérez (2006) esquecendo-se que as altas habilidades/superdotação, termo oficial adotado pelo MEC, desde 2001 nas Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001), deve receber a mesma atenção dada às outras necessidades especiais. A formação de professores e profissionais da educação acerca da temática, ainda pouco demarcada, falta de cursos, em universidades que direcionem para a área e mitos são barreiras que impedem os educandos de receberem o atendimento nas escolas. Os mitos que povoam o imaginário popular acerca dessa parcela de pessoas se configuram como grande obstáculo educacional. Rech e Freitas (2006, p. 61 a 87) fizeram um estudo dos mitos segundo o olhar de alguns autores e do Ministério da Educação (MEC). “As autoras mencionam Russ (1994) de que “os mitos podem ser entendidos como uma” representação coletiva muito simplista e muito estereotipada, comum a um grupo de indivíduos”. Acrescentam que “os mitos surgem do imaginário popular como forma de tentar compreender os mistérios de natureza física, sobrenatural, e também como produtos de determinadas circunstâncias históricas e sociais” (p. 62). Os mitos e estereótipos que mais abrangem esse imaginário são de que: caminham por si sós; não precisam de serviços educacionais especiais; é nota 10 em tudo; são nerds; são indisciplinados; são gênios; são malucos e outros entendimentos errôneos, possivelmente, pela falta de conhecimento dos educadores e da sociedade. Alencar e Fleith (2001) citam Rutter (1976) que considera que temos o hábito de examinar criticamente os fatos a respeito de determinadas questões, antes de se chegar a conclusões a respeito e que o nosso fracasso em reconhecer a nossa ignorância, propriamente dita, é prejudicial ao conhecimento. Dessa forma, acredita-se que há falta de conhecimento do universo dos sujeitos dotados de capacidade acima da média, especialmente pelos educadores, e, o sistema escolar está acostumado a padronizar, provavelmente, seja essas a maior barreira ao atendimento. A formação de educadores é conclama da por documentos legais e especialistas na área dos superdotados. Após a Declaração de Salamanca (BRASIL, 2010) que orienta que todos deverão receber educação adequada às suas diferenças e singularidades e que as escolas devem se ajustar para acolhimento aos educandos. Percebe-se que há um movimento intenso de alunos com necessidades especiais rumo às escolas regulares,
  • 10. 10 entretanto, os mais capazes já estão dentro das escolas, porém, invisíveis aos olhos dos educadores (GUENTHER, 2006; PÉREZ, 2006). Nesse contexto, há necessidade de se formalizar, massificando, a capacitação dos professores e educadores em serviço e oferecimento de cursos, seja em nível de especialização, ou inseridas disciplinas dentro das grades curriculares dos cursos de licenciatura para que o futuro educador tenha, pelo menos, prévios conhecimentos acerca da superdotação. 2. SUPERDOTAÇÃO: Mitos em torno da superdotação/altas habilidades No Brasil, a superdotação ainda é vista como um fenômeno raro, e por conta da falta de informação e preconceitos há muitas ideias errôneas a respeito destes indivíduos. Entre elas: “Superdotado” e “gênio” como sinônimos É comum acreditar que um superdotado deve apresentar desde cedo um desempenho excepcional ou dar contribuições originais nas áreas científicas ou artísticas de inestimável valor para a sociedade. Diante disso, muitos pais tendem a questionar e mesmo negar quando se propõe que seus filhos sejam incluídos em programas de atendimento especializado para alunos com altas habilidades. Assim, recomenda-se que o termo “gênio”, seja utilizado para indivíduos que deixaram um legado para a humanidade. Além deste, há outros grupos de indivíduos que se destacam pelas habilidades excepcionais e que, por características especiais, recebem uma terminologia própria:  Crianças prodígios: se caracterizam por um desempenho extraordinário desde cedo, tendo antes dos 10 anos, um desempenho similar ao de um adulto altamente qualificado em alguma área.  Savants: apresentam uma habilidade muito superior em uma área específica, ao mesmo tempo que um atraso mental pronunciado. A superdotação é inata ou é produto do ambiente social Segundo a primeira ideia, a superdotação nasce com o sujeito e se desenvolverá independente de haver estímulo ou não. De acordo com a segunda ideia, é o ambiente e os estímulos que fazem a superdotação acontecer; sendo assim, qualquer criança que receba os estímulos adequados num ambiente propiciador pode se tornar superdotada. Na verdade, nem a superdotação nasce pronta no indivíduo, nem somente o ambiente e os estímulos gerará isso nele. A concepção mais aceita é a de que a habilidade e o talento devem existir em algum grau no indivíduo, mas para serem manifestados é necessário muito treino, esforço e motivação. A pessoa com altas habilidades destaca-se em todas as áreas do currículo escolar
  • 11. 11 A superdotação numa determinada área, como a matemática, não significa superdotação em outras áreas, como português ou ciências. Na verdade, é até comum encontrar superdotados em uma área que tem dificuldades ou até distúrbios de aprendizagem em outras áreas. Todo superdotado tem um QI elevado Essa ideia é descartada quando se considera os savants, definidos por Winner (apud Antipoff e Campos) como “indivíduos frequentemente autistas, com QIs na extensão de retardo e habilidades excepcionais em domínios específicos”. (p. 16). Além disso, há crianças extremamente superdotadas em alguma área sem apresentarem QI excepcionalmente elevado. As crianças superdotadas se tornam adultos eminentes Segundo Winner (1998), muitas crianças superdotadas, especialmente as crianças prodígios, não obtêm êxito quando adultas ou migram para outras áreas de interesse. Além disso, há muitos adultos bem sucedidos que não foram superdotados na infância. O potencial para a superdotação precisa ser estimulado para que se desenvolva. As pessoas com altas habilidades provêm de classes socioeconômicas privilegiadas Nas camadas menos privilegiadas é possível e frequente encontrar indivíduos com potencial para a superdotação. O que pode ser decisivo para um futuro brilhante ou não é a quantidade de estímulos e orientação. As pessoas com altas habilidades não precisam de atendimento educacional especial Consiste na ideia de que tudo é muito fácil para os alunos superdotados, e, portanto, é desnecessário que haja para eles atendimento especial. Contra essa ideia, muitos pesquisadores afirmam que o atendimento especializado para altas habilidades não só é importante para o pleno desenvolvimento das altas habilidades e talentos, mas também para o pleno desenvolvimento emocional e psicológico desses indivíduos (Alencar, 2007; Antipoff, 1992; Freeman & Guenther, 2000; Guenther & Freeman, 2000; Maia-Pinto & Fleith, 2002; Rech & Freitas, 2005). O superdotado tem recursos intelectuais suficientes para desenvolver por conta própria seu potencial superior Segundo essa ideia, o superdotado não precisa de um ambiente estimulador, instrução diferenciada, nem apoio ou oportunidades oferecidos por profissionais qualificados, em vista de sua alta capacidade. Na verdade, nem todos os alunos com superdotação se tornam adultos produtivos. Alguns apresentam apenas baixo desempenho ou até mesmo, abaixo da média. Por isso a importância de promover um ambiente estimulador, que propicie situações de aprendizagem e oferecer uma ampla variedade de experiências enriquecedoras que satisfaçam as necessidades educacionais do aluno.
  • 12. 12 No atual sistema educacional brasileiro, voltado para o aluno médio e abaixo da média, o superdotado não só fica excluído, mas também é visto pela maioria dos professores como um problema, por se sentirem intimidados diante da falta de preparo para atender a estes alunos. Daí a importância de programas complementares fora da sala de aula. O superdotado se caracteriza por um excelente rendimento acadêmico Nessa visão, o superdotado sempre se destacará como o melhor aluno da classe. Na verdade, o que se observa é que muitas vezes a uma diferença muito grande entre o potencial do aluno (o quanto é capaz de aprender e fazer) e seu desempenho (aquilo que demonstra conhecer). Alguns fatores podem contribuir com esse baixo rendimento, entre eles: A participação em programas especiais fortalece uma atitude de arrogância e vaidade no aluno superdotado Embora haja a crença de que o encaminhamento a programas especiais gera no aluno superdotado uma atitude de arrogância, a prática tem provado que, na verdade, o atendimento especial e de boa qualidade gera alunos mais satisfeitos academicamente, mais empolgados com o currículo e mais ajustados emocional e socialmente (Reis e Renzulli, 2004 apud Alencar). Estereótipo do superdotado como um aluno franzino, do sexo masculino, de classe média, com interesses restritos especialmente à leitura Por conta deste estereótipo, superdotados de baixa renda ou do sexo feminino são menos percebidos e valorizados. Além disso, há uma tradição cultural de maior cobrança
  • 13. 13 com relação ao sucesso e realização masculina, e dessa forma, as alunas são menos incentivadas a se destacar em desempenho e liderança. Talvez por isso, seja maior o número de meninos do que de meninas em programas de atendimento especial. Valores culturais a favor de um atendimento especial apenas a alunos com distúrbios de conduta e deficiência É frequente, inclusive entre professores e gestores de instituições educacionais, a ideia de que não se deve investir em programas de atendimento especial a alunos com altas habilidades quando há um grande número de alunos com deficiência e distúrbios de conduta sem atendimento especializado. É necessário sim investir em programas de atendimento para alunos portadores de deficiência, mas igualmente é preciso investir em programas para alunos com habilidades superiores. A aceleração do aluno superdotado causa mais malefícios do que benefícios Os preconceitos em torno de programas de aceleração são de que o aluno que aprende os conteúdos do currículo em um ritmo mais rápido se sentiria solitários e desajustados ou ainda, teriam um decréscimo em seu rendimento acadêmico. No entanto, resultados de pesquisas tem mostrado que os processos de aceleração, quando bem conduzidos e com profissionais bem capacitados, só têm a oferecer benefícios para o aluno. O superdotado tem maior predisposição a apresentar problemas sociais e emocionais Na verdade, alunos superdotados caracterizam-se não só por suas habilidades superiores, mas também por serem mais bem ajustados social e emocionalmente. O que ocorre, é que eles tendem a enfrentar um maior número de situações que podem ter um impacto negativo no seu ajustamento. Isso pode acontecer por não se sentirem estimulados pelo programa levado a efeito pela escola, pela falta de interação com indivíduos com características similares, pela falta de possibilidade de participar de programas de atendimento especial e pela falta de apoio no meio familiar e social. 2.1 Panorama recente Entre as questões que são objeto de discussão sobre superdotação, umas delas diz respeito ao termo superdotado, rejeitado por vários especialistas. Segundo Julian Stanley, professor na Universidade Johns Hopkins, os termos superdotação e superdotado tendem a gerar uma resistência com relação os esforços para melhorar as condições de aprendizagem destes indivíduos. Além disso, geram uma bipolaridade – superdotado versus não-superdotado – e em razão disso prefere outros termos como raciocínio excepcional ou altas habilidades. No caso do Brasil, o prefixo “super” fortalece a ideia de que o indivíduo já nasce com esse dote e que esse potencial se desenvolverá por si mesmo, independente das condições ambientais. Outra importante questão é deixar claro que os superdotados não constituem um grupo homogêneo, há variações de habilidades cognitivas, de atributos de personalidade e nível de desempenho. Dessa forma, alguns podem ser excepcionais em várias áreas e outros apenas em uma área específica. Há um contínuo entre competência e habilidades, não sendo necessário estar no extremo desse contínuo para ser identificado como
  • 14. 14 superdotado ou encaminhado para um programa de atendimento especial. Sobre os atributos de personalidade há alguns muito populares e outros não, além de variarem quanto ao grau de introversão/extroversão e senso de humor. Sobre a inteligência, aspecto central nas discussões a respeito de superdotação, é importante lembrar que ela já não é vista mais de uma forma unidimensional, mas que engloba múltiplos componentes ou dimensões, e podendo um indivíduo desenvolver algumas dimensões e outros indivíduos, outras dimensões. A teoria de inteligência mais influente nas discussões relativas à superdotação é a teoria das inteligências múltiplas, proposta por Gardner (1983). Em sua formulação original, ela inclui sete tipos de inteligência: Segundo essa teoria, um alto nível de habilidade em uma inteligência não significa elevado nível em outra. Para Gardner, os indivíduos diferem entre si não só pela genética mas também por razões culturais nas inteligências. Por isso, a escola deve buscar meios de estimular e desenvolver as diversas inteligências. Segundo Gallagher (2002) as concepções multifatoriais da inteligência tiveram um impacto direto nos processos de identificação do aluno superdotado. Se antes, por exemplo, lançava-se mão de testes de inteligência, hoje é levado em conta desempenho em tarefas que exigem experiência e background cultural. A respeito do desenvolvimento de talentos, a superdotação deixou de ser vista como uma característica imutável, mas fortemente influenciada pelo ambiente. Assim, Clarke (citado em Alencar, 2007) ressalta: Nenhuma criança nasce superdotado – somente com o potencial para a superdotação. Embora todas as crianças tenham um potencial surpreendente, apenas aquelas que
  • 15. 15 tiverem a sorte de terem oportunidades para desenvolver seus talentos e singularidades em um ambiente que responda a seus padrões particulares e necessidades, serão capazes de atualizar de forma mais plena suas habilidades. (p. 298) Além dos fatores ambientais, auxiliam muito na motivação pessoal e desenvolvimento a energia, traços de personalidade, como persistência e autoconfiança, e a criatividade. 2.2 O que é a superdotação? Não há ainda, entre os especialistas, uma definição consensual do que seja a superdotação, mas aponta-se para uma definição que possa englobar as várias dimensões do indivíduo, bem como suas habilidades sociais, sua criatividade, sua personalidade, e não só a inteligência abstrata ou seu rendimento escolar. No entanto, apesar do termo abordar várias categorias, a identificação se dá principalmente no aspecto intelectual/ cognitivo. No Brasil e em outros países que adotam a visão multicategorial na definição de superdotados, é comum selecionar alunos para programas especiais baseando-se apenas em resultados de testes de inteligência (ou na combinação desses resultados) com alto rendimento acadêmico. Isto se dá pela dificuldade de avaliar e medir com precisão algumas categorias e pela valorização da inteligência, em seu sentido tradicional. Renzulli (1986, 2002), que tem sido um dos estudiosos mais reconhecidos por suas contribuições teóricas, práticas de identificação e programas, destaca de início dois tipos de superdotação, uma no contexto educacional e outra a que chama criativa-produtiva. Segundo o mesmo autor, esses dois tipos mantém inter-relações entre si e são ambas muito importantes, devendo ser igualmente encorajadas. A superdotação no contexto educacional se refere àqueles indivíduos que aprendem rapidamente, têm um nível de compreensão mais alto e são tradicionalmente selecionados para programas especiais para superdotados. A superdotação criativa- produtiva diz respeito àqueles aspectos da atividade humana na qual é valorizado o desenvolvimento de produtos originais. No primeiro tipo de superdotação as situações planejadas de aprendizagem enfatizam a aprendizagem dedutiva, o treino estruturado no desenvolvimento de processos de pensamento, aquisição, armazenagem e reprodução da informação. No segundo tipo, são enfatizados o uso e aplicação da informação e processos de pensamento de uma maneira integrada, indutiva e orientada para problemas reais. Interessado especialmente pelo segundo tipo, Renzulli propôs uma nova concepção de superdotação, incluindo três componentes:  Habilidades acima da média: diz respeito tanto a habilidades gerais quanto específicas. As habilidades gerais consistem na capacidade de processar informações, integrar experiências para responder adequadamente a situações novas e gerar o pensamento abstrato. As habilidades específicas incluem a
  • 16. 16 capacidade de adquirir conhecimento e a habilidade para realizar tarefas de uma área especializada.  Envolvimento com a tarefa: a energia que o indivíduo canaliza para resolver uma tarefa. Inclui atributos pessoas, como persistência, dedicação, esforço e autoconfiança.  Criatividade: Renzulli sugere uma análise dos produtos criativos em vez da aplicação de testes de criatividade, por estes serem limitados. Nesta concepção, denominada “concepção dos três anéis”, não é necessário que estes três componentes estejam presentes ao mesmo tempo ou que se manifestem com a mesma intensidade. Basta que haja algum nível de interação entre eles para gerar uma alta produtividade criativa. 3. CARACTERÍSTICAS DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Um dos grandes desafios da educação é oferecer aos alunos oportunidades para o desenvolvimento pessoal e para a aprendizagem, em um contexto sociocultural. Ao analisarmos a diversidade que constitui um grupo de pessoas, podemos ter. Uma visão do quanto é interessante à espécie humana. Não há uma só pessoa que não seja única no universo. Pois as características variam mesmo, cada um apresenta um perfil diferenciado de pensar, de aprender, de agir e de desenvolver seus potenciais. Entende-se por superdotação o desempenho superior que uma pessoa possa apresentar, quando comparada a grupo de igual faixa etária e contexto social. Em geral, apresenta em conjunto com esse desempenho, algumas características especialmente definidas e observáveis, que podem ser notadas e acompanhadas em várias faixas etárias, e que apresentam necessidades educacionais especiais, determinando procedimentos pedagógicos diferenciados para essa pessoa. Em geral, na escola, os alunos com superdotação apresentam um comportamento caracterizado pela curiosidade, fluência de ideais, desempenhos superiores em uma ou mais áreas, grande motivação pela aprendizagem, facilidade para a abstração, percepção, relacionamento de um tema específico a um contexto amplo, estilos particulares para a aprendizagem e uma busca constante para atingir alvos e metas mais distantes. Muitos educadores ainda imaginam que a superdotação pode ser identificada quando um aluno se destaca em uma ou várias áreas, e tem desempenho muito elevado em atividades curriculares; quando apresenta adequação e ajustamento socioemocional, habilidade psicomotora especialmente desenvolvida e um estilo de grande realizador. Esse perfil, embora possa ser encontrado, não representa todo o universo da superdotação. A primeira identificação deve partir da família que contribui com o processo de identificação, ao apresentar algumas características particulares de seu / sua filho (a), observado (a) durante o processo de desenvolvimento.
  • 17. 17 Há que se observarem algumas questões em relação ao desempenho que é exigido por alguns pais, que estimulam excessivamente seu filho para que este possa apresentar indicadores de superdotação. Quando alguns sinais começam a ser percebido pela família, a escola e/ou Professor devem observar a criança atentamente e realizar um acompanhamento permanente. Se for precoce, a criança deve ser estimulada adequadamente para desenvolver seu potencial e continuar a apresentar comportamentos de superdotação. Segundo Winner (1998), a maioria dos pais percebe, antes que a criança atinja cinco anos, pelo menos alguns destes sinais:  Atenção e memória de reconhecimento: reconhecem seus cuidadores, desde cedo, apresentam sinais de vigilância e duração de atenção longa;  Desenvolvimento físico precoce: sentar, engatinhar e caminhar vários meses antes que o esperado;  Linguagem oral: falar cedo, apresentar grande vocabulário e estoque de conhecimento verbal;  Super-reatividade: reações intensas a ruído, dor e frustração. Os tipos de alunos com altas habilidades/superdotação: Tipo Intelectual – apresenta flexibilidade, fluência de pensamento, capacidade de pensamento abstrato para fazer associações, produção ideativa, rapidez do pensamento, compreensão e memória elevadas, capacidade de resolver e lidar com problemas. Tipo Acadêmico – evidencia aptidão acadêmica específica, de atenção, de concentração; rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse; habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento; capacidade de produção acadêmica. Tipo Criativo – relaciona-se às seguintes características: originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para as situações ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente, e até de modo extravagante; sentimento de desafio diante da desordem de fatos; facilidade de auto-expressão, fluência e flexibilidade. Tipo Social – revela capacidade de liderança e caracteriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, habilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, percepção acurada das situações de grupo, capacidade para resolver situações sociais complexas, alta poder de persuasão e de influência no grupo. Tipo Talento Especial – pode-se destacar tanto na área das artes plásticas, musicais, como dramáticas, literárias ou técnicas, evidenciando habilidades especiais para essas atividades e alto desempenho. Tipo Psicomotor – destacam-se por apresentar habilidade e interesse pelas atividades psicomotoras, evidenciando desempenho fora do comum em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora.
  • 18. 18 Dentre os que mais se destacam nas são desse modo considerados nas classificações internacionais, podendo haver várias combinações entre eles e, inclusive, o aparecimento de outros tipos, ligados a talentos de mais habilidades (MEC,SEESP, 2002). As características mais comuns do alunado que apresenta altas habilidades/superdotação:  Alto desempenho em uma ou várias áreas;  Fluência verbal e/ ou vocabulário extenso;  Envolvimento ou foco de atenção direcionado a alguma atividade em especial;  Desempenho elevado qualitativamente nas atividades escolares;  Qualidade das relações sociais do aluno, em diversas situações;  Curiosidade acentuada;  Facilidade para a aprendizagem;  Originalidade na resolução de problemas ou na formulação de respostas;  Atitudes comportamentais de excesso para a produção ou planejamento;  Habilidades específicas de destaque (áreas: artes plásticas, musicais, artes, cênicas e psicomotora, de liderança, etc.)  Senso de humor;  Baixo limiar de frustração;  Senso crítico;  Defesa de suas ideais e ponto de vista;  Impaciência com atividades rotineiras e repetitivas;  Perfeccionismo;  Dispersão ou desatenção;  Resistência em seguir regras;  Desenvolvimento superior atípico em relação a pessoas de igual faixa etária;  Originalidade e ideias inusitadas e diferentes. As características apresentadas podem ser observadas em várias situações e em diferentes amplitudes. Alguns alunos apresentam de forma mais consistente algumas destas características enquanto outros podem apresentar muitas delas. 3.1 Como identificar as altas habilidades/superdotação? Atualmente é possível chegar a estes alunos, por meio de uma visão multidimensional da inteligência, podendo ser utilizados diferentes instrumentos. Para Virgolim (2007) o mais recomendado é a inclusão de múltiplas formas de avaliação colhendo dados tanto em testes formais quanto em procedimentos informais e de observação. Pesquisadores como Renzulli (2004), Guenther (2000), Gardner (1995), Virgolim (2007), concordam que a identificação deve ser realizada através de inúmeros instrumentos que permitam uma visão integral do ser. Algumas alternativas que esses autores sugerem:  Nomeação por professores: os professores normalmente possuem maior facilidade na indicação de alunos com características de altas habilidades, uma vez que
  • 19. 19 convivem por um grande tempo com os alunos em suas turmas e podem observar traços importantes que salientam em relação ao grupo de colegas (VIRGOLIM, 2007).  Indicadores de criatividade: alguns indicadores de criatividade do aluno, assim como testes formais, podem auxiliar o professor a identifica-lo com criatividade aparente como também àqueles que possuem talentos únicos, mas que em sala de aula passam despercebidos ao olhar desatento. É necessário salientar que a identificação deste aluno altamente criativo é importante para evitar um possível fracasso escolar, em função do seu pensamento divergente (VIRGOLIM, 2007).  Nomeação por pais: os pais são personagens que tendem a contribuir para a identificação dos alunos com altas habilidades, uma vez que a maioria deles acompanha o desenvolvimento dos seus filhos com grande atenção. Estes podem informar todas as etapas do desenvolvimento vivenciadas pelo filho, salientando seus maiores interesses, realizações, criações, etc. Porém é necessário cuidado, pois alguns pais supervalorizam as habilidades dos filhos e podem confundir algumas das características das altas habilidades (VIRGOLIM, 2007).  Nomeação por colegas: muitas vezes, os colegas reconhecem características importantes de um aluno, que o professor pode ainda não ter observado. Este processo pode ser desenvolvido de diferentes formas (abordagem direta, abordagem disfarçada, abordagem no formato de jogos) a fim de tornar mais fácil a identificação de talentos (VIRGOLIM,2007).  Autonomeação: pode ser um instrumento útil para a indicação de crianças que não tiveram seus talentos notados nem pelo professor, nem pelos colegas, mas que possuem habilidades em determinada área do conhecimento. Através da auto nomeação, podem ser percebidas áreas específicas de interesse, assim como liderança, esportes, etc. (VIRGOLIM, 2007).  Nomeações especiais: esta forma de nomeação permite que sejam indicados alunos que tenham se destacado em anos anteriores, mas que por problemas emocionais, pessoais, possam estar apresentando um baixo rendimento escolar. Por isso, é interessante que se busquem informações, sempre que possível, com os professores das séries anteriores dos alunos (VIRGOLIM, 2007).  Avaliação dos produtos: a observação da qualidade de uma produção do aluno pode permitir que sejam identificadas características de talento. Os produtos podem demonstrar criatividade, pensamento criador, habilidades específicas ou outros aspectos relacionados a temáticas especiais (VIRGOLIM, 2007).  Escalas de características e listas de observação: as escalas e listas são utilizadas de forma conjunta entre o professor, os pais, o próprio aluno e a avaliação do produto. Existem algumas propostas de Escalas e Listas, sendo algumas delas a Escala de Características proposta por Renzulli, e uma lista de indicadores para observação do professor proposta por Guenther. Estas podem auxiliar na observação e na indicação de alguns alunos (VIRGOLIM, 2007). .  Nomeação por motivação do aluno: alunos motivados e que demonstram um interesse incomum em determinada área durante o ano escolar também podem ser indicados para um atendimento especializado. Estes alunos geralmente demonstram comportamentos inesperados e diferenciados e se o professor estiver atento pode detectar seu envolvimento com a área, levando-o a desenvolver sua criatividade e habilidades específicas (VIRGOLIM, 2007).
  • 20. 20 O propósito principal da identificação, jamais deve ser o de rotular, mas sim motivo para estabelecer uma ação pedagógica adequada, que venha ao encontro das necessidades educacionais, sociais e emocionais dos alunos e esteja expressa no projeto político pedagógico da escola. 4. AÇÕES PEDAGOGICAS PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES /SUPERDOTADOS Os objetivos da ação pedagógica junto aos alunos com altas habilidades/superdotação devem preparar para a autonomia e independência, desenvolver habilidades, estimular atividades de planejamento, implementar diferentes formas de pensamento e oferecer estratégias que estimulem o posicionamento crítico e avaliativo. Muitas vezes, o aluno com altas habilidades/superdotado pode ficar desmotivado com as atividades implementadas em sala de aula, com o currículo ou métodos de ensino utilizados, a excessiva repetição do conteúdo, aulas monótonas e pouco estimuladoras e ritmo mais lento da classe. Assim, da mesma forma que uma boa semente necessita de condições adequadas de solo, luz e umidade para desenvolver-se, também o aluno com altas habilidades/superdotado necessita de um ambiente adequado estimulador e rico em experiências, um ambiente de aprendizagem criativo, que encoraje o aluno a explorar seus talentos, a exercitar sua capacidade de aprender e de entender suas habilidades especiais. É fundamental oferecer desafios suplementares aos alunos de altas habilidades/superdotados. Para isso é importante a definição de um projeto pedagógico que inclua a modalidade de ensino educação especial no cotidiano escolar, oferecendo aos alunos de altas habilidades/ superdotados alternativas motivadoras e criativas de aprendizagem que possam garantir o seu sucesso escolar. Conforme as Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica (Brasil 2001) devem ser oferecidos serviços de apoio pedagógico especializado aos alunos com necessidades educacionais especiais. No caso do superdotado, sugere-se o atendimento suplementar para aprofundar e/ou enriquecer o currículo escolar. Este atendimento é realizado em salas de recursos, localizadas em escolas da rede regular de ensino, em horário contrário ao da sala de aula comum. Expectativas de aprendizagem Crianças com altas habilidades/superdotadas em idade pré-escolar devem vivenciar diversas situações de aprendizagem de forma a desenvolver suas habilidades e talentos. Isso significa programar atividades que envolvam o pensamento criativo, produção de ideias originais, variadas e crítico, e que levem a criança a fazer conexões entre ideias, resolver problemas e levantar questionamentos. É importante, ainda, proporcionar à criança oportunidades para explorar mais amplamente um tema de seu interesse. Sob uma perspectiva efetiva, espera-se que a criança com altas habilidades/superdotada desenvolva suas habilidades interpessoais e de comunicação, autonomia, iniciativa, um autoconceito positivo, e uma compreensão do outro e seu ponto de vista.
  • 21. 21 Material pedagógico e recursos tecnológicos, embora estejamos conscientes dos recursos limitados em muitas escolas, em termos ideais um ambiente estimulador deve incluir material de consulta diversificado impresso ou eletrônico, por exemplo, livros, revistas, jornais, enciclopédias, dicionário, programas de computador, materiais para manipulação e exploração como brinquedos, bolas, blocos, jogos pedagógicos, objetos com sons e formatos diferentes, lupas e lentes de aumento, equipamentos como vídeo, globo terrestre, aparelho de som, computador. Além disso, seria altamente desejável que o aluno tivesse oportunidade de conhecer e frequentar bibliotecas, de participar de atividades na escola ou em outros locais da comunidade, conforme seu interesse e área de habilidade. Na área artística, materiais de consumo como tintas, lápis, pincéis, canetas, massinha, argila, telas e instrumentos musicais também devem ser disponibilizados aos alunos. É relevante ressaltar a necessidade não apenas de recursos materiais, como também de recursos humanos diversos como bibliotecário, professores bem qualificados de música, educação física, educação artística etc. Um projeto pedagógico inclusivo para alunos de altas habilidades na pré-escola não pode deixar de considerar as atividades que favoreçam o saber-aprender, o saber- fazer e o saber ser, favorecendo aprendizagens para toda a vida. Seeley (1998) sugere o desenvolvimento de atividades que envolvam o uso da linguagem, a representação de experiências e ideias, o raciocínio lógico e criativo, a compreensão de tempo e espaço e uma aprendizagem ativa por parte do aluno com altas habilidades/superdotado. Exemplos de atividades são:  Descrição de objetos, eventos e relações;  Conversa com colegas acerca de experiências importantes;  Expressão de sentimentos em palavras;  Ouvir e criar ou completar histórias;  Ouvir, criar ou recriar canções;  Imitações ou criações de sons;  Sonorizar poemas (por meio de sons do corpo, objetos ou instrumentos musicais);  Dramatizações;  Reconhecimento de objetos pelo som, cheiro e formato;  Identificação de diferenças e semelhanças entre objetos;  Descrição de objetos de várias maneiras;  Comparação de tamanho, peso, texturas, comprimento etc.;  Observação de objetos sob diferentes perspectivas;  Representação de seu corpo;  Descrição de relações espaciais presentes em desenhos e figuras. Alencar & Fleith (2001) sugerem também outras atividades de grande importância para serem aplicadas em alunos superdotados:  Atividades que levem o aluno a produzir muitas ideias;  Atividades que levem o aluno a brincar com ideias, situações e objetos (ex.: brincadeiras de faz-de- conta: casinha, supermercado etc.);
  • 22. 22  Atividades que envolvam análise crítica de um acontecimento;  Atividades que estimulem o aluno a levantar questões;  Atividades que levem o aluno gerar múltiplas hipóteses;  Atividades que desenvolvam no aluno a habilidade de explorar consequências para acontecimentos que poderão ocorrer no futuro;  Atividades que envolvam a discussão de problemas do mundo real;  Atividades que estimulem o aluno a definir e solucionar problemas;  Atividades de pesquisa sobre tópicos do interesse do aluno;  Atividades que estimulem a imaginação dos alunos;  Atividades que possibilitem ao aluno explorar e conhecer diferentes áreas do conhecimento. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerada densa e de pouco domínio entre os educadores e, por que não, a sociedade em geral, a área de superdotação tem sido alvo de discussões e debates nos encontros nacionais promovidos pelo Conselho Brasileiro para Superdotação (CONBRASD) e seminários em Educação Especial e Inclusiva que tem recebido, possivelmente por força de lei, especialistas da área, que antes, essa presença era difícil de ocorrer por conta da priorização, sempre mais aguda, das áreas das deficiências e síndromes. A intensificação do movimento da Educação Inclusiva, desde 1994, mais enfaticamente após 2001, no Brasil, vem, comedidamente, se discutir a inclusão dos educandos superdotados pelo sistema educacional o que gera conflitos aos sistemas que, ainda, resistem, em incluir em seus programas de atendimento os educandos com mais capacidade da média estabelecida. Assim sendo, o número ínfimo de matrículas de alunos superdotados em todo sistema escolar brasileiro, contrariando cifras pontuadas pela OMS e por estudiosos da área demonstra que o Brasil deixa à margem e desperdiça os talentos de suas crianças, jovens e adultos tão valorizados, em sociedades mais adiantadas. Como se pode perceber o processo de identificação de alunos com características de altas habilidades/superdotação envolve várias etapas de realização, sendo que grande parte delas exige a disponibilidade da escola e a participação dos professores, o que demonstra o quanto seu envolvimento é de fundamental importância para a realização deste. Tampouco este envolvimento é imprescindível para o acompanhamento e a oferta de atendimento educacional diferenciado para estes alunos, visto que o contexto escolar é o espaço onde passam grande parte do seu tempo. Há fundamentalmente duas linhas direcionais para fazer o diagnóstico da superdotação, uma primeira mais padronizada e fixa, e a segunda mais de observação minuciosa do aluno e sua relação com o mundo que o circunda. De acordo com a pesquisa bibliográfica, conclui-se que o ideal seria fazer uma junção de ambas as práticas, e assim criar um método mais abrangente e seguro. Deste modo, pode-se fazer a observação do aluno, seu comportamento, criatividade e capacidade de resolução de questões do dia-a-dia
  • 23. 23 como também a aplicação de testes para efeitos de comparação com a média de outros alunos. A verdade é que determinar definitivamente a dotação de um aluno leva tempo e deve ser feito com cautela, amparo não por apenas uma pessoa, mas por várias, de diferentes segmentos: pedagógico, social, médico e do próprio núcleo familiar e de amigos. Há grande dificuldade em afirmar a superdotação ou não de um indivíduo, pois há delimitação de uma ou outra situação é complexa: afinal, o perfil de uma pessoa muito inteligente e dedicada pode ser confundido com o de pessoa pessoas superdotado. Os estudantes diagnosticados com algum tipo de deficiência ou/os que têm altas habilidades/superdotados também precisam de atenção especial na aula para que suas necessidades particulares sejam atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem de ser incluído na rede regular de ensino. E que ao contrário do que se fala que estes alunos são gênios, eles só apresentam mais facilidade do que a maioria em determinadas áreas, está que deve ser estimulada e incentivada por professores e familiares para exercitar sua capacidade de aprender e de entender suas habilidades especiais, para assim explorarem seus talentos. Uma vez que ninguém nasce superdotado, apenas com o potencial para a superdotação, cabe à escola oferecer os estímulos e recursos necessários para que ela aconteça. Para tanto, deve abandonar os preconceitos e investir na capacitação de professores, na organização escolar, procurando todas as formas possíveis de fazer uma prática pedagógica significativa e fazer a inclusão acontecerem, de fato. Incluir a família e a sociedade neste processo também se faz se fundamental importância, pois quanto mais estímulos à criança receber, mais chance terá de desenvolver excepcionalmente seu intelecto e se tornar um adulto eminente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTIPOFF, Cecília Andrade; CAMPOS, RH de F. Superdotação e seus mitos. Psicologia Escolar e Educacional, v. 14, n. 2, p. 301-309, 2010. ALENCAR, E. S. & FLEITH, D. de S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2. ed. São Paulo: EPU, 2001. ALENCAR, Eunice ML. A identificação e o atendimento ao superdotado. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 12, n. 1, p. 22-27, 1992. ALENCAR, E. M. L. S.; FLEITH, D. S. Superdotados: determinantes, educação e ajustamento. 2. Ed. rev. amp. São Paulo: EPU, 2001. ALMEIDA, Maria Amélia; CAPELLINI, Vera Lúcia. Alunos talentosos: possíveis superdotados não notados. Educação, v. 28, n. 1, 2005.
  • 24. 24 BULKOOL METTRAU, Marsyl; MARINO DE SANT’ANNA REIS, Haydéa Maria. Políticas Públicas: altas habilidades/superdotação e a literatura especializada no contexto da educação especial/inclusiva. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 15, n. 57, 2007. BRASIL. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial. Diretrizes gerais para o atendimento educacional dos alunos portadores de altas habilidades/superdotação e talentos. Brasília: MEC/SEESP, 1995. _______. Diretrizes e Bases para o Ensino de 1º e 2º graus. Poder Executivo. Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1.971. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 12 de agosto 1971 (Revogada pela Lei nº 9.394, de 20.12.1996). Disponível em: <http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/Leis/L5692.htm>. Acesso em: 08 set. 2017. _______. Declaração de Salamanca. Local: Ministério da Educação, ano. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf.>. Acesso em: 08 set. 2017. _______. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB nº 02 de 11 de Setembro de 2001. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Local: Diário Oficial da União, 2001. _______. MEC/SEESP. Políticas Nacionais de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf>. Acesso em: 08 set. 2017. CAMPOS, Regina Helena de Freitas. Helena Antipoff: razão e sensibilidade na psicologia e na educação. Estud. av., São Paulo, v. 17, n. 49, p. 209-231, Dec. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 40142003000300013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 08 set. 2017. CARVALHO SILVA, Paulo Vinícius; DE SOUZA FLEITH, Denise. A influência da família no desenvolvimento da superdotação. Psicologia escolar e educacional, v. 12, n. 2, 2008. CEDET: CENTRO PARA O DESENVOLVIMENTO DO POTENCIAL E TALENTO. Local: Poços de Caldas, Minas Gerais. Disponível em: < http://www.cedetpocos.com.br/>. Acesso em: 08 set. 2017 DE ALENCAR, Eunice ML Soriano. Perspectivas e desafios da educação do superdotado. Em Aberto, v. 13, n. 60, 2008. DE ARAÚJO RANGNI, Rosemeire; DA COSTA, Maria da Piedade Resende. A educação dos superdotados: história e exclusão. Revista Educação-UNG, 2011, 6.2: 16-24. DE OUROFINO, Vanessa Terezinha Alves Tentes. Características intelectuais, emocionais e sociais do aluno com altas habilidades/superdotação. Ministério da Educação Secretaria de Educação Especial, p. 41, 2007.
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