Este relatório discute a questão da diversidade de gênero e étnico-racial na educação e sociedade brasileira. Apresenta os desafios de promover uma gestão escolar democrática e inclusiva que erradique preconceitos e garantam igualdade de direitos. Argumenta que a escola reproduz discriminações de gênero e étnico-raciais, e que é necessário problematizar esses discursos para uma educação transformadora.
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
Diversidade de Gênero na Gestão Escolar
1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
UNIDADE CAMPANHA
DIVERSIDADE DE GÊNERO NA GESTÃO ESCOLAR
Alan Lucas de Lima
Jaíne Aparecida da Silva
Campanha, Abril de 2017
2. 2
Alan Lucas de Lima e Jaíne Aparecida da Silva
DIVERSIDADE DE GÊNERO NA GESTÃO ESCOLAR
Este relatório foi feito em base ao
debate da mesa-redonda com o
tema “Diversidade de Gênero”,
realizado na Feira do Livro de
Campanha (FLIC), em Abril de
2017.
Campanha, Abril de 2017
3. 3
RESUMO
Este relatório aborda a complexa questão da diversidade no campo da
Educação e da Sociedade discutida no evento FLIC – Feira de Livro de
Campanha, MG. As discriminações de gênero, étnico-racial e por orientação
sexual, como também a violência homofóbica, são produzidas e reproduzidas
em todos os espaços da vida social brasileira. A escola, infelizmente, é um
deles. A educação, imersa nas contradições e conflitos que perpassam o
cenário político e cultural da sociedade contemporânea, necessita ser pensada
e discutida a partir de olhares que visem a problematizar os espaços de
construção dos discursos educacionais que vêm se tornando legítimos e
ocupando relevância na sociedade, sobretudo no que diz respeito à gestão
democrática escolar.
Palavras-chave: Étnico-Racial; Diversidade De Gênero; Gestão
Escolar; Gestão Democrática.
5. 5
Introdução
Nos dias atuais, face à pluralidade de indivíduos e situações, faz-se
cada vez mais necessária a presença de uma gestão escolar democrática e
inclusiva, garantindo não só a erradicação de preconceitos existentes, como
também a igualdade de direitos e oportunidades a todos.
A questão da diversidade humana ganhou mais espaço na década de
90, não só nos debates da mídia, mas também da Psicologia, da Sociologia, da
Antropologia, do Direito e da Educação. Diante dessa repercussão, houve
interesse por parte de diversas organizações em trabalhar essa temática.
A diversidade entre os indivíduos engloba vários aspectos de sua vida:
gênero, orientação sexual, etnia, religião, origem, habilidades mentais e físicas,
enfim. No presente relatório, daremos enfoque à diversidade de gênero e
diversidade étnica.
Diante das várias situações que englobam essa questão, não só as
manifestações de preconceito que se tornam públicas através da mídia, mas
também os índices cada vez mais altos de desigualdade social e exclusão de
minorias tornam-se praticamente impossível não abordar e refletir sobre esse
tema dentro do contexto escolar, em especial, no que toca uma gestão que dê
vez e voz a todos.
A sociedade em que vivemos possui uma visão de homem
padronizada que classifica as pessoas de acordo com essa visão. Elegemos
um padrão de normalidade e nos esquecemos de que a sociedade se compõe
de homens diversos, que ela se constitui na diversidade, assumindo, de outro
modo, as diferenças. Assim sendo, quando não há uma reflexão crítica sobre a
realidade que nos cerca e os valores vigentes na sociedade, é certo que
acabaremos por transmitir os preconceitos e estereótipos existentes,
contradizendo o papel da educação que é transformar, libertar.
No debate realizado na FLIC (Feira de Livros em Campanha, MG),
vimos à realidade da mulher negra, tendo sua identidade reprimida, seus
sonhos desacreditados, vivendo sempre à sombra de um padrão de beleza e
de sucesso que a sociedade impõe.
Para uma possibilidade de mudança dessa realidade é preciso dar voz
às pessoas, conhecer sua realidade a partir delas próprias, pois cada uma
sabe o peso e a alegria de ser o que é, e ninguém melhor do que elas para
saber o lugar que ocupam na sociedade atual e o lugar que deveriam ocupar
numa sociedade verdadeiramente democrática.
6. 6
Da Diversidade de Gênero
Durante todo o século XX e início do século XXI as lutas pela igualdade
de gênero, étnico-racial e também pelo respeito à diversidade têm sido
constantes. Todavia, o predomínio de atitudes e convenções sociais
discriminatórias, em todas as sociedades, ainda é uma realidade tão
persistente quanto naturalizada. O Brasil tem conquistado importantes
resultados na ampliação do acesso e no exercício dos direitos, por parte de
seus cidadãos. No entanto, há ainda imensos desafios a serem enfrentados e
vencidos, quer do ponto de vista objetivo, como a ampliação do acesso à
educação básica e de nível médio, quer do ponto de vista subjetivo, como o
respeito e a valorização da diversidade.
Sabe-se que o fenômeno da exclusão não é específico da mulher,
embora a exclusão deste tipo seja secular e diferenciada. As discriminações de
gênero, étnico-racial e por orientação sexual, como também a violência
homofóbica, são produzidas e reproduzidas em todos os espaços da vida
social brasileira. A escola, infelizmente, é um deles.
Sobre o escasso número de estudos sobre o tema e a pouca
divulgação desses trabalhos, Fúlvia Rosemberg declara que:
As pesquisas que abordam a questão de gênero estão
circunscritas à área da educação infantil; à análise dos
livros didáticos e conteúdos escolares; a pesquisas
sobre os significados masculinos e femininos das
identidades, da formação e do trabalho docentes; sobre
a reprodução de estereótipos sobre as crianças, jovens
e adultos nas relações e nas políticas escolares, entre
outros (ROSEMBERG, 2001, p. 56).
Nesta linha de reflexão, é importante tornar visível a problematização
das diferenças e desigualdades, presentes na reprodução de modelos e
crenças construídos sobre as relações de gênero em diferentes contextos.
O predomínio de atitudes e convenções sociais discriminatórias,
existente em todas as sociedades, ainda e uma realidade tão persistente
quanto naturalizada nas escolas.
Louro (1997, p. 57) observa que "é indispensável admitir que a escola,
como qualquer outra instância social, é, queiramos ou não, um espaço
sexualizado, generificado”, ou seja, o ambiente escolar e o processo que dele
resulta são atravessados pelas representações de gênero e, por consequência,
são constituintes dos gêneros. Para a autora:
7. 7
A escola entende muito bem do tema diferenças, pois
ela a reproduz o tempo todo; ela se incumbiu de
separar os sujeitos que tinham acesso a ela dos que
não tinham; dentro dela, dividiu os que lá estavam,
através de múltiplos mecanismos de classificação,
ordenamento, hierarquização. (LOURO, 1997, p. 57).
Dessa maneira, interesses e formas de comportamento para cada sexo
são estimulados no ambiente escolar. Por isso, é necessário perceber como
são formados e legitimados, fazendo com que alunos (as) se identifiquem ou
diferenciem-se de acordo com as características socialmente valorizadas e/ou
determinadas, não esquecendo que o processo educativo precisa ser
desenvolvido visando à desmistificação das diferenças a respeito do gênero.
Considerações Finais
Qualquer discriminação é imoral e lutar contra
ela é um dever por mais que se reconheça a
força dos condicionamentos a enfrentar
(FREIRE, P., 1996).
Vive-se um momento histórico em que as questões de reconhecimento,
justiça social, igualdade, diversidade e inclusão são colocadas na agenda
social, política e, também, na política educacional. Embora tais questões
sempre fizessem parte do desenvolvimento da própria educação brasileira,
nem sempre elas foram reconhecidas pelo poder público como merecedoras de
políticas, compreendidas como direito, ao qual se devem respostas públicas e
democráticas.
A educação, imersa nas contradições e conflitos que perpassam o
cenário político e cultural da sociedade contemporânea, necessita ser pensada
e discutida a partir de olhares que visem a problematizar os espaços de
construção dos discursos educacionais que vêm se tornando legítimos e
ocupando relevância na sociedade.
Melhor dizendo, a perspectiva de gênero tem demonstrado, ao largo de
sua tradição acadêmica, que são fundamentais tais estudos para aprofundar as
análises das estruturas sociais que reproduzem as dominações e
desigualdades sociais.
8. 8
Referências Bibliográficas
CONSTANTINO, Francisco de Lima. Diálogos e tensões: o olhar de
professoras negras e brancas sobre a constituição da identidade negra
no contexto escolar. São Carlos: UFSCar, 2014. 327f.
CRUZ, Maria Helena Santana. Refletindo sobre a diversidade de gênero no
campo da Educação. Saberes em Perspectiva, v. 2, n. 2, p. 13-32, 2012.
KREUTZ, Lúcio. Identidade étnica e processo escolar. Cadernos de
pesquisa, n. 107, p. 79-96, 2013.