O documento discute a discalculia, um transtorno de aprendizagem matemática. Apresenta definições de discalculia, suas possíveis causas, sintomas e características. Também descreve abordagens para diagnosticar e tratar discalculia, enfatizando a importância do papel dos professores, pais e outros profissionais para auxiliar crianças com o transtorno.
2. Discalculia é uma dificuldade de
aprendizagem ou um transtorno
de aprendizagem?
3. “O transtorno de aprendizagem
compreende uma inabilidade específica
como de leitura, escrita matemática
entre outros fatores, em indivíduos que
apresentam resultados abaixo do
esperado para o seu nível de
desenvolvimento” (PORTO, 2007, p.63)
4. As dificuldades de aprendizagem
nada tem a ver com o
desenvolvimento neurológico do
sujeito, mas sim com questões de
natureza externa, adquiridas ao longo
do processo educacional.
6. Garcia (1998, p.213) nos explica que
Discalculia ou Discalculia do
desenvolvimento trata-se de um transtorno
estrutural da maturação das habilidades
matemáticas, se manifesta pela
quantidade de erros variados na
compreensão de números, habilidades de
contagem, habilidades computacionais e
solução de problemas verbais.
7. A palavra discalculia
vem do grego (dis,
mal) e do Latin
(calculare, contar)
formando: contando
mal.
Aproximadamente de 3
à 6% das crianças
apresentam discalculia
do desenvolvimento.
8. Mecanismos envolvidos no desenvolvimento
de uma operação aritmética
Processamento de informação;
Percepção;
Reconhecimento e produção de números;
Representação número/símbolo;
Discriminação viso espacial;
Memória de curto e longo prazo;
Raciocínio sintático;
Atenção.
9. Características de crianças
Discalcúlicas
Erro na formação de números (posicionamento);
Falta de domínio para cálculos simples;
Inabilidade para reconhecer sinais operacionais;
Dificuldade na leitura de números com muitos dígitos;
Memória fraca para fatos numéricos básicos;
Dificuldade para transportar números para local adequado
na realização de cálculos.
10. Áreas do cérebro envolvidas no
raciocínio matemático
Lobo frontal: concentração, planejamento,
iniciativa e aos cálculos mentais rápidos,
conceitualização abstrata, habilidades de
solução de problemas, execução oral e
escrita.
Lobo parietal esquerdo: habilidades de
sequenciação. Processa informações
relacionadas às noções de espaço e volume.
Lobo occipital: é o centro da visão, onde
acontece a discriminação visual de símbolos
matemáticos escritos. Possibilita a
diferenciação de objetos de cores e texturas
semelhantes.
Lobo temporal: é responsável pela
percepção auditiva, memória verbal em longo
prazo, memória de série, realizações
matemáticas básicas.
11. Causas de Dificuldades em Matemática
Neurológica Não-neurologica
Primária Secundária
Fatores Escolares
Fatores Sociais
Ansiedade para matemática
Discalculia do
Desenvolvimento
•Deficiência mental;
•Epilepsia;
•Dislexia;
•Baixo Peso;
•Disfasia;
•Síndrome fetal alcoólica.
12. A discalculia é um impedimento da matemática
que caminha junto com um número de outras
limitações, tais como a introspecção espacial, confusão
de noções de tempo, a memória pobre, e os
problemas de ortografia. Há indicações de que é
um impedimento congênito ou hereditário, com um
contexto neurológico e atinge tanto crianças como
adultos.
13. Um diagnóstico acerca do transtorno
ocorre de maneira tardia, pela frequente
condição de espera que, tanto a família
como a escola se propõem, supondo que
se trate apenas de uma fase que o sujeito
está vivenciando e acreditando que irá
“passar”.
14. O problema principal está em compreender
que o problema não é a matemática e sim, a
maneira que é ensinada às crianças.
O modo que a discalculia pode ser tratada
modifica totalmente a aproximação entre o
professor e o aluno que encontram, juntos,
uma nova e diferente maneira de ensinar e
aprender.
Entretanto, a discalculia é a menos
conhecida destes tipos de desordem de
aprendizagem e assim não é reconhecida
freqüentemente.
15. Alguns sintomas potenciais da
discalculia podem tornar mais
fáceis a sua investigação e
diagnóstico. Podemos observar:
16. Dificuldades freqüentes com os números,
confundindo os sinais: +, -, ÷ e x;
Problemas para diferenciar o esquerdo e o direito
(lateralidade);
Falta de senso de direção (norte, sul, leste, e
oeste) e pode também ter dificuldade com um
compasso.
A inabilidade de dizer qual de dois números é o maior.
17. Dificuldade com tabelas de tempo, com tempo
conceitual, elaboração da passagem do tempo,
verificação de mudança nos dias da semana e
aritmética mental, etc.
Melhor nos assuntos que requerem a lógica, do
que nas fórmulas de nível elevado que requerem
cálculos mais elaborados;
Dificuldade em ler horas em relógios analógicos;
18. A inabilidade de compreender o planejamento
financeiro ou incluí-lo no orçamento estimando, por
exemplo, o custo dos artigos em uma cesta de
compras;
Dificuldade mental de estimar a medida de um objeto
ou de uma distância (por exemplo, se algo está afastado
10 ou 20 metros);
Inabilidade de apreender e recordar conceitos
matemáticos, regras, fórmulas, e seqüências
matemáticas;
Dificuldade de manter a contagem durante jogos;
19. Dificuldade nas atividades que requerem
processamento de seqüências, tal como etapas de
dança ou leitura, escrita e coisas que sinalizem listas;
Pode ter o problema mesmo com uma calculadora
devido às dificuldades no processo da alimentação nas
variáveis.
A circunstância pode conduzir, em casos extremos, a
uma fobia da matemática e de quaisquer dispositivos
matemáticos, como as relações com os números.
21. Os diferentes graus da
discalculia
Dependendo do grau de imaturidade neurológica da
criança, a discalculia pode ser considerada em distintos
graus:
1. Leve - o discalcúlico reage favoravelmente à
intervenção.
2. Médio - configura o quadro da maioria dos que
apresentam dificuldades específicas em matemáticas.
3. Limite - quando apresenta lesão neurológica, gerando
algum déficit intelectual.
22. 1 - Falhas no pensamento operatório
necessidade absoluta de concretizar as operações;
impossibilidade de realizar cálculo mental;
falta da compreensão dos conceitos das operações
fundamentais da matemática;
dificuldade no manejo da reversibilidade das operações;
dificuldade para estabelecer as operações para
resolução de problemas.
As crianças que apresentam discalculia
geralmente têm os seguintes problemas:
23. 2 - Dificuldades espaço – temporais
inversão na escrita dos numerais
inversão na posição dos algarismos: 37 / 73
falha na ordenação de colunas para montar o
algoritmo:
85
6 +
──
145
operar em ordem inversa (da esquerda para a direita):
542
78+
──
114
dificuldades para reconhecer e discriminar figuras
geométricas.
24. 3 - Déficit de atenção
pular passos de uma operação:
34
x12
──
68
errar sinais das operações:
30 - 10 = 40
repetir um ou mais números numa série numérica
1, 2, 4, 4, 5, 6, 7, 7, 8, 9, 10
intercalar um ou mais números não pertencente à série
(ruptura da escala)
2, 4, 5, 6, 8, 9, 10
25. 4 - Transtornos das estruturas operacionais
falhas no procedimento do "levar" e "pedir", demonstrando não ter a noção do valor
posicional do algarismo e a compreensão dos agrupamentos na base decimal.
432
279-
──
747
na multiplicação, mal encolunamento dos subprodutos
24
x15
──
120
24+
──
144
começar a operação multiplicando o primeiro número da esquerda do multiplicador
351
x32
──
1053
702+
──
8073
falhas no algoritmo da divisão
26. 5- Dificuldades na Resolução de
problemas
A.quanto ao enunciado do problema:
dificuldades de leitura;
linguagem empregada, não pertence ao seu
vocabulário;
não entende a relação do enunciado com a pergunta
do problema.
27. B. quanto ao raciocínio:
dificuldade de representação mental não
permitindo estabelecer as relações necessárias para
a resolução do problema.
C. quanto ao mecanismo operacional:
falhas nas técnicas operatórias;
dificuldade de resolver a equação, ou sistema de
equações montado para resolver o problema.
Essas dificuldades são comuns ao discalcúlico e a falta
da percepção lógica faz com que cometam os mesmos
erros constantemente.
28. KOCS (apud García, 1998) classificou a discalculia em seis
subtipos, podendo ocorrer em combinações diferentes e com
outros transtornos:
1. Discalculia Verbal– dificuldade para nomear as quantidades
matemáticas, os números, os termos, os símbolos e as relações.
2. Discalculia Practognóstica – dificuldade para enumerar,
comparar e manipular objetos reais ou em imagens
matematicamente.
3. Discalculia Léxica– Dificuldades na leitura de símbolos
matemáticos.
4. Discalculia Gráfica– Dificuldades na escrita de símbolos
matemáticos.
5. Discalculia Ideognóstica – Dificuldades em fazer
operações mentais e na compreensão de conceitos
matemáticos.
6. Discalculia Operacional – Dificuldades na execução de
operações e cálculos numéricos.
30. Todos estes fatores levam a criança ao
confronto direto com a dificuldade de
calcular e a necessidade de
compreender a matemática como um
todo.
31. O trabalho de pais e professores
Nem sempre conseguimos perceber como a
discalculia prejudica o relacionamento da
criança com o mundo a sua volta. Não só os
cálculos são dificuldades para eles mas, toda a
relação existente entre o indivíduo e o espaço que
ele ocupa.
32. O professor representa um papel
fundamental nesta etapa do
desenvolvimento, pois é ele quem
vai auxiliar o aluno nas conquistas
e descobertas do conceito que
envolve a matemática.
33.
34. Dentro de uma perspectiva
inclusiva e tendo como
objetivo principal minimizar
a disparidade entre idade
cronológica e série que o
aprendente se encontra, é
necessário rever os
seguintes aspectos:
Exigências curriculares
que a escola possui;
Ritmo do aprendente;
Métodos de ensino
aplicados;
Modelos de avaliação.
35. O discalcúlico pode ser auxiliado
no seu dia-a-dia por uma
calculadora, uma tabuada, um
caderno quadriculado, com
questões diretas e se ainda tiver
muita dificuldade, o professor ou
colega de trabalho pode fazer
seus questionamentos oralmente
para que o problema seja resolvido.
Ele necessita da compreensão de
todas as pessoas que convivem
próximas a ele, pois encontra
grandes dificuldades nas coisas que
parecem óbvias.
36. Importância dos profissionais
Além do professor, outros profissionais podem atuar
junto ao aluno. Um psicopedagogo pode ajudar a elevar
sua auto-estima valorizando suas atividades,
descobrindo qual o seu processo de aprendizagem
através de instrumentos que ajudarão em seu
entendimento.
O neurologista irá confirmar, através de exames
apropriados, a dificuldade específica e encaminhar para
tratamento. Um neuropsicologista também é importante
para detectar as áreas do cérebro afetadas.
O psicopedagogo, se procurado antes, pode solicitar os
exames e avaliação neurológica ou neuropsicológica.
37. Todas estas atenções especiais e precoces
podem evitar:
• Comprometimento do desenvolvimento escolar de
forma global;
• O aluno ficar inseguro e com medo de novas
situações;
• Baixar a auto-estima devido a críticas e punições
de pais e colegas;
• Ao crescer, o adolescente / adulto com discalculia,
apresentar dificuldade em utilizar a matemática no
seu cotidiano.
38. O incentivo por parte dos pais e profissionais
envolvidos é a melhor maneira de auxiliar alguém
com discalculia. A parte emocional é um impulso
para vencer as dificuldades.
Melhorar o modo de vida deste indivíduo e tratá-lo de
maneira igual, é a meta de todos os profissionais
envolvidos neste estudo. Para isso, é necessário o
interesse e a participação dos educadores que estão,
intimamente ligados ao processo de
desenvolvimento de todas as pessoas que, de uma
forma ou de outra, freqüentam instituições escolares.
39. “Talvez não tenhamos conseguido fazer
o melhor, mas lutamos para que o melhor
fosse feito. Não somos o que deveríamos ser,
não somos o que iremos ser.. Mas Graças a
Deus, não somos o que éramos”.
Martin Luther King
40. Referências Bibliográficas
ARANTES, V. A. Inclusão escolar: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus,
2006.
GARCIA. J. N. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura,
escrita e matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
PORTO, O. Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos
problemas de aprendizagem. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2007.
www.crda.com.br/tccdoc/13.pdf