2. CÉLIA MARIA CAROLINO PIRES
Professora Titular do Departamento de
Matemática da PUC/ SP.
Mestra em Matemática. Doutora em Educação.
Coordenadora dos PCN do Ensino Fundamental
e da equipe de elaboração dos PCN de
Matemática.
Assessora da SME de São José dos Campos
Orientadora desta apresentaçao
2
3. EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
A formação na área de Educação Matemática
tem como objetivos:
Avançar na construção de propostas para os anos
iniciais do ensino fundamental em que a Matemática
possa ser usada pelos alunos como instrumento da
construção de sua cidadania, fazendo largo uso da
resolução de investigações e resolução de problemas.
Contribuir para que o professor produza
conhecimentos sobre sua prática e constitua em sua
escola grupos colaborativos de estudo, formação e
trabalho, com condições de se apropriar de aportes
teóricos que sustentem a construção de novas práticas
pedagógicas.
3
6. 6
Para ensinar Matemática, é fundamental que,
além de outros conhecimentos profissionais,
o professor tenha
• conhecimento dos conteúdos matemáticos
que vai trabalhar;
• conhecimento didático dos conteúdos
(ensinar e aprender matemática,
transposição didática, contrato didático,
hipóteses das crianças etc);
•o conhecimento curricular (formas de
seleção e organização dos conteúdos,
aspectos metodológicos, formas de avaliação.
9. DENTRE OS PRINCIPAIS
PROBLEMAS, OS MAIS QUE MAIS
SE DESTACAM SÃO...
Em geral a matemática assusta as pessoas
e isso faz com que as crianças cheguem à
escola com muito medo da matemática ...
Os métodos de ensino são bastante
inadequados; a mera repetição de regras,
fatos e fórmulas ainda predominam no
ensino...
A matemática não é vista pelos alunos
como um jogo interessante nem como algo
que faz parte de seu cotidiano... 9
12. AS PERSPECTIVAS POSITIVAS
SÃO...
O tema vem sendo debatido com intensidade e hoje
dispomos de muitas pesquisas sobre ensinar e aprender
matemática, que podem nos ajudar muito.
Essas pesquisas constituem uma nova área de
conhecimentos denominada “Educação Matemática”...
12
14. 14
O que vem a ser Educação Matemática?
As chamadas dificuldades de aprendizagem em
Matemática foram registradas pela literatura,
desde as mais antigas experiências educacionais
mundiais.
No Brasil, em particular, Anais de Congressos de
Ensino de Matemática das décadas de 50 e 60,
já revelam as preocupações com a qualidade do
desempenho dos estudantes nessa disciplina,
embora o número de alunos fosse restrito e a
competência Matemática dos professores, tida
como inquestionável.
16. NAS ÚLTIMAS DÉCADAS...
... ampliaram-se os estudos sobre o ensinar e o
aprender matemática;
...foram propostas inovações curriculares no
mundo inteiro e, particularmente, no Brasil;
...multiplicaram-se as pesquisas sobre o aluno, o
professor e o saber.
16
17. ANOS 60 E70
Influência do Movimento Matemática
Moderna
ênfase na linguagem matemática, no rigor;
ênfase na teoria dos conjuntos como eixo
articulador;
ênfase na abordagem algébrica;
abandono do ensino da Geometria;
descuido com as questões de natureza
prática: medidas, proporcionalidade etc;
avanços: pesquisa de materiais didáticos.
17
18. ANOS 80
ênfase na aprendizagem com compreensão,
na aprendizagem significativa;
investimento nas explicações dos “porques”
e na busca de procedimentos que pudessem
ser justificados para o aluno;
investimento na proposição de aulas por meio
de atividades, experiências, descobertas
pelos alunos: o fazer Matemática na sala de
aula;
menor preocupação com a linguagem formal
e diminuição da ênfase anteriormente dada à
Teoria dos Conjuntos e tentativa de recuperar
o ensino de geometria e de outros temas de
caráter aplicativo 18
19. ANOS 90
ênfase na problematização como ponto de
partida da atividade matemática: o recurso à
resolução de problemas;
ênfase na contextualização dos temas
matemáticos: cotidiano, realidade,
interdisciplinaridade, modelagem,
etnomatemática;
investimento no estabelecimento de conexões
entre temas matemáticos;
investimento no uso das novas tecnologias
como ferramentas importantes para o ensino
de matemática e na comunicação matemática;
19
20. ANOS 2000
Maior atenção aos conhecimentos prévios e
hipóteses que as crianças formulam.
Maior atenção à discussão de expectativas de
aprendizagem.
Retomada e re-significação dos conteúdos
matemáticos.
20
22. Numa visão mais tradicional, o “ensinar
matemática” baseava-se na
apresentação, pelo professor, de
definições, de conceitos e da explicação
de procedimentos e técnicas que o
aluno deveria reproduzir, fazendo como
mostrava o modelo. A atividade
matemática escolar resumia-se em
“olhar para coisas prontas e
definitivas”.
22
23. Era considerado bom professor, aquele
que conseguia “transmitir com clareza”
uma série de tópicos, sem grandes
preocupações com justificativas sobre o
“ por que” se fazia desta ou daquela
maneira.
Era considerado bom aluno, aquele que
conseguia memorizar as diferentes
etapas de uma técnica. 23
24. Ensinar Matemática hoje significa
apresentar boas situações de
aprendizagem para que os alunos,
orientados e desafiados pelo professor
construam seus conhecimentos de
forma a que compreendam o significado
de conceitos e de procedimentos
matemáticos.
24
25. O significado da Matemática para o aluno
resulta das relações que ele estabelece
entre ela e o seu cotidiano, entre ela e
outras áreas de conhecimentos e entre
diferentes temas matemáticos (números,
operações, geometria, medidas, noções
estatísticas etc).
25
26. O ensino de Matemática deve preocupar-
se não apenas com a memorização de
técnicas e regras, mas com o
desenvolvimento de capacidades de
observar, relacionar, comunicar,
argumentar e com o estímulo permanente
a diferentes formas de raciocínio.
26
27. Em resumo: o ensino-aprendizagem de
Matemática tem como ponto de partida a
resolução de problemas.
Nesse processo, a comunicação tem
grande importância e deve ser
estimulada, levando-se o aluno a “falar”
e a “escrever” sobre Matemática, a
trabalhar com representações gráficas,
desenhos, construções, a aprender como
organizar e tratar dados.
27
28. QUINTA REFLEXÃO
Essas novas concepções
apresentadas têm algo a ver
com o trabalho que cada
professor(a) faz em sala de
aula ou são meras
teorizações?
28
30. Uma reflexão sobre as
contribuições da pesquisa e sua
dinâmica...
30
Jean Piaget
e
Bárbara Inhelder
31. SEXTA REFLEXÃO
O que você conhece sobre
pesquisas relativas à
construção do conceito de
número pelas crianças?
Que autores você já leu a
respeito ou ouvir falar de suas
contribuições?
31
33. 33
Jean Piaget
A construção de conhecimentos se dá por interação entre as estruturas
mentais já existentes na criança, inclusive as inatas, e o ambiente,
mediante a ação.
As etapas do desenvolvimento mental e as aquisições de estruturas que
correspondam a cada etapa ocorrem em uma seqüência onde cada
aquisição da criança se apóia em outras anteriores e serve de apoio às
posteriores.
Por análise e síntese a criança constrói o novo (assimilação), obtendo
informações que conflitam com as já existentes e ficam aumentadas
quantitativamente (desequilíbrio), ocorrendo realinhamentos e
compreensões (acomodação) mudando a qualidade das aplicações
(novos esquemas).
O número é uma síntese de dois tipos de relações que a criança elabora
entre os objetos (por abstração reflexiva), sendo uma a ordem e a
outra a inclusão hierárquica.
34. 34
Constance Kamii
O número/conceito numérico é criado mentalmente pela
criança. Para ela a estrutura lógico matemática do número
não pode ser ensinada mas sim construída pela criança e
que, a noção de número só pode emergir a partir da atividade
de estabelecer todos os tipos de relações.
O jogo como um tipo de atividade poderosa para o
ensino/aprendizagem do conceito numérico e destaca os
jogos em grupo. Posiciona-se contra as intermináveis folhas
de exercícios, que geralmente são propostas para a criança.
As crianças não aprendem conceitos numéricos com
desenhos nem pela manipulação de objetos, elas os
constroem pela abstração reflexiva. Ela sugere que o
professor propicie um ambiente de aprendizagem onde haja
números falados e escritos.
A criança não constrói o número fora do contexto geral do
pensamento no dia-a-dia. Portanto, o professor deve
encorajar a criança a colocar todos os tipos de coisas, idéias
e eventos em relações todo o tempo, em vez de focalizar
apenas a quantificação.
35. 35
Michel Fayol
Destaca o componente lingüístico, que permite a denominação de
número. Defende que aquisição da seqüência verbal depende da
diversidade de estímulos fornecidos pelo ambiente. Avalia que a
criança não constrói regras lingüísticas da produção das
denominações verbais, mas sim, ela os memoriza.
Em relação à conservação, ele concorda com Piaget e enfatiza que
a criança dá respostas errôneas por não compreender o que foi
solicitado verbalmente, o que mostra a influência da linguagem nos
resultados. Para ele os fracassos das crianças são devidos a
incompreensão das instruções dadas.
Mesmo sem compreender as funções do número, as crianças
parecem perceber muito cedo a sua diversidade.
A compreensão e o emprego dos sinais de operações: +, -, =, etc, é
o setor no qual os obstáculos são mais difíceis de serem eliminados.
O fato de a criança saber ler os símbolos matemáticos não garante
a pertinência de sua interpretação.
36. 36
Delia Lerner e Patrícia Sadovsky
O conceito de números pelas crianças é construído com base tanto
no desenvolvimento cognitivo quanto na interação com o ambiente
social em que convivem. Destacam que a criança entende o número
a partir de experiências significativas.
As crianças elaboram suposições em relação à notação numérica
muito antes de ingressar na escola. As dificuldades da criança estão
na relação do agrupamento com a escrita numérica e em relacionar
unidades, dezenas e centenas com o “vai um” ou “pede
emprestado”.
As crianças elaboram critérios de comparação numéricos muito antes
de conhecer o número na forma convencional. Elas já fazem a
relação entre a posição e o valor dos algarismos quando interagem
com a escrita numérica. Assim percebem a regularidade e procuram
representar os números pela escrita. Isso ocorre quando a criança
interage dentro de um contexto, com o seu mundo real.
As crianças supõem que a numeração escrita se vincula estritamente
a numeração falada e sabem que em nosso sistema de numeração a
quantidade de algarismos está relacionada à magnitude do número
representado.
37. E COMO ESTÃO SENDO
CONSTRUÍDAS AS
APRENDIZAGENS NUMÉRICAS
DAS CRIANÇAS DE SJC?
37