2. Machado de Ássis
Ao criar um narrador
que resolve contar sua
vida depois de morto,
Machado de Assis
muda radicalmente o
panorama da
literatura brasileira,
além de expor de
forma irônica os
privilégios da elite da
época.
3. Sobre o autor
Joaquim Maria Machado de
Assis nasceu em 21 de junho
de 1839 na cidade do Rio de
Janeiro. Neto de escravos
alforriados, foi criado em uma
família pobre e não pode
frequentar regularmente a
escola. Porém, devido a seu
enorme interesse por
literatura, conseguiu se
instruir por conta própria.
Entre os seis e os quatorze
anos, Machado de Assis
perdeu sua irmã, a mãe e o
pai.
4. Brás Cubas
A infância de Brás Cubas,
como a de todo membro da
sociedade patriarcal brasileira
da época, é marcada por
privilégios e caprichos
patrocinados pelos pais. O
garoto tinha como
“brinquedo” de estimação o
negrinho Prudêncio, que lhe
servia de montaria e para
maus-tratos em geral. Na
escola, Brás era amigo de
traquinagem de Quincas
Borbas, que aparecerá no
futuro defendendo o
humanitismo, misto da teoria
darwinista com o borbismo:
“Aos vencedores, as batatas”,
ou seja: só os mais fortes e
aptos devem sobreviver.
5. Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta
dos gastos com uma cortesã, ou prostituta de luxo, chamada
Marcela, a quem Brás dedica a célebre frase: “Marcela amou-
me durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa é uma
das marcas do estilo machadiano, a maneira como o autor
trabalha as figuras de linguagem. Marcela é prostituta de luxo,
mas na obra não há, em nenhum momento, a caracterização
nesses termos. Machado utiliza a ironia e o eufemismo para
que o leitor capte o significado. Brás Cubas não diz, por
exemplo, que Marcela só estava interessada nos caros
presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma
categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela
relação, amor e interesse financeiro estão intimamente
ligados.
6. Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da
família com festas, presentes e toda sorte de frivolidades. Seu
pai, para dar um basta à situação, toma a resolução mais comum
para as classes ricas da época: manda o filho para a Europa
estudar leis e garantir o título de bacharel em Coimbra.
7. Brás Cubas, no entanto, segue
contrariado para a universidade.
Marcela não vai, como combinara,
despedir-se dele, e a viagem começa
triste e lúgubre.
Em Coimbra, a vida não se altera
muito. Com o diploma nas mãos e
total inaptidão para o trabalho, Brás
Cubas retorna ao Brasil e segue sua
existência parasitária, gozando dos
privilégios dos bem-nascidos do país.
8. Em certo momento da narrativa, Brás
Cubas tem seu segundo e mais duradouro
amor. Enamora-se de Virgília, parente de
um ministro da corte, aconselhado pelo
pai, que via no casamento com ela um
futuro político. No entanto, ela acaba se
casando com Lobo Neves, que arrebata do
protagonista não apenas a noiva como
também a candidatura a deputado que o
pai preparava.
A família dos Cubas, apesar de rica, não
tinha tradição, pois construíra a fortuna
com a fabricação de cubas, tachos, à
maneira burguesa. Isso não era louvável
no mundo das aparências sociais. Assim, a
entrada na política era vista como
maneira de ascensão social, uma espécie
de título de nobreza que ainda faltava a
eles.
9. Brás Cubas: filho abastado da família Cubas, é o narrador do livro; conta suas
memórias, escritas após a morte, e nessa condição é o responsável pela
caracterização de todos os demais personagens.
Virgília: grande amor de Brás Cubas, sobrinha de ministro, e a quem o pai do
protagonista via como grande possibilidade de acesso, para o filho, ao mundo da
política nacional.
Marcela: amor da adolescência de Brás.
Eugênia: a “flor da moita”, nas palavras de Brás, já que era filha de um casal que ele
havia flagrado, quando criança, namorando atrás de uma moita; o protagonista se
interessa por ela, mas não se dispõe a levar adiante um romance, porque a garota
era coxa.
Nhã Lo Ló: última possibilidade de casamento para Brás Cubas, moça simples, que
morre de febre amarela aos 19 anos.
Lobo Neves: casa-se com Virgília e tem carreira política sólida, mas sofre o adultério
da esposa com o protagonista.
Quincas Borba: teórico do humanitismo, doutrina à qual Brás Cubas adere, morre
demente.
Dona Plácida: representante da classe média, tem uma vida de muito trabalho e
sofrimento.
Prudêncio: escravo da infância de Brás Cubas, ganha depois sua alforria.