O documento resume a narrativa e personagens principais de Memórias Póstumas de Brás Cubas. A narrativa é feita em primeira pessoa por Brás Cubas, o protagonista, que narra suas memórias após a morte. A história acompanha a vida de luxo e privilégios de Brás Cubas durante a infância e juventude no Rio de Janeiro do século XIX.
2. A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal brasileira da
época, é marcada por privilégios e caprichos patrocinados pelos pais. O garoto tinha
como “brinquedo” de estimação o negrinho Prudêncio, que lhe servia de montaria e para
maus-tratos em geral
Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta dos gastos com uma
cortesã, ou prostituta de luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica a célebre frase:
“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa é uma das marcas
do estilo machadiano, a maneira como o autor trabalha as figuras de linguagem
Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da família com festas,
presentes e toda sorte de frivolidades. Seu pai, para dar um basta à situação, toma a
resolução mais comum para as classes ricas da época: manda o filho para a Europa
estudar leis e garantir o título de bacharel em Coimbra. Brás Cubas, no entanto, segue
contrariado para a universidade. Marcela não vai, como combinara, despedir-se dele, e a
viagem começa triste e lúgubre.
Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o diploma nas mãos e total inaptidão para
o trabalho, Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua existência parasitária, gozando dos
privilégios dos bem-nascidos do país.
3. Brás Cubas – Sarcástico, sem escrúpulo, preconceituoso, bom vivant, personagem principal. Escreveu o
romance depois de morto, por isso, póstumo. Viveu sozinho e morreu só. Pensava que amava Virgilia, mas
gostava apenas do sabor da aventura. Traía a todos e a tudo, por seus ideais. Ambicioso, brigou com a irmã na
divisão da herança.
Virgilia – linda, casada, mãe de um filho, ambiciosa, mantinha um relacionamento com Brás.
Lobo Neves – casado com Virgilia, homem sério, fechava os olhos para a traição da esposa e queria sempre o
mais alto cargo para que a própria não o abandonasse.
Quincas Borba – companheiro de colégio de Brás e mentor na fase adulta. Sábio, filósofo, terminou louco.
D. Eusébia - viúva, rica, mãe de Eugênia
Eugênia - dezesseis anos, linda, coxa e cheia de complexos.
Marcela – espanhola, interesseira, usava a beleza para conseguir vantagens
Sabina - irmã, casada com Cotrim.
Cotrim - Bom rapaz, gentil, inteligente e sagaz.
Nhã-loló – Simples, nível social inferior a Brás Cubas, tinha complexo de inferioridade.
Capitão – poeta, casado com uma tísica e ficara viúvo a caminho da Europa.irmã de Brás Cubas, casada com
Cotrim.
Cotrim, cunhado de Brás Cubas.]
4. A obra é apoiada em dois tempos. Um é o tempo psicológico, do autor
além-túmulo, que, desse modo, pode contar sua vida de maneira
arbitrária, com digressões e manipulando os fatos à revelia, sem seguir
uma ordem temporal linear. A morte, por exemplo, é contada antes do
nascimento e dos fatos da vida.
No tempo cronológico, os acontecimentos obedecem a uma ordem
lógica: infância, adolescência, ida para Coimbra, volta ao Brasil e morte.
A estranheza da obra começa pelo título, que sugere as memórias
narradas por um defunto. O próprio narrador, no início do livro, ressalta
sua condição: trata-se de um defunto-autor, e não de um autor defunto.
Isso consiste em afirmar seus méritos não como os de um grande
escritor que morreu, mas de um morto que é capaz de escrever.
O pacto de verossimilhança sofre um choque aqui, pois os leitores da
época, acostumados com a linearidade das obras (início, meio e fim),
veem-se obrigados a situar-se nessa incomum situação.
5. Narrador
A narração é feita em primeira pessoa e postumamente, ou seja,
o narrador se autointitula um defunto-autor – um morto que
resolveu escrever suas memórias. Assim, temos toda uma vida
contada por alguém que não pertence mais ao mundo terrestre.
Com esse procedimento, o narrador consegue ficar além de
nosso julgamento terreno e, desse modo, pode contar as
memórias da forma como melhor lhe convém.
Foco Narrativo
Com a narração em primeira pessoa, a história é contada
partindo de um relato do narrador-observador e protagonista,
que conduz o leitor tendo em vista sua visão de mundo, seus
sentimentos e o que pensa da vida. Dessa maneira, as memórias
de Brás Cubas nos permitirão ter acesso aos bastidores da
sociedade carioca do século XIX.