O documento discute a sífilis congênita, incluindo sua epidemiologia, transmissão, manifestações clínicas, diagnóstico e tratamento. Ele enfatiza a importância da atenção primária na prevenção e manejo da doença, especialmente durante a gravidez e no período pós-natal.
2. Epidemiologia
Notificação compulsória
Maiores taxas de transmissão
Prevalência em gestantes de 1,6% da
infecção em 2004
Dentre as mulheres sem tto precoce 40% das
gestações resultam em aborto espontâneo.
Incidência estimada de 1:1000 nascidos vivos
3. Definição e Etiologia
Disseminação hematogênica do
Treponema pallidum, da gestante infectada
não tratada ou inadequadamente tratada
para o seu concepto por via
transplacentária.
4. Transmissão
A espécie humana é a única hospedeira natural do
T. pallidum
Por via transplacentária
Por contaminação através do canal de parto
Fase 1ª ou 2ª - risco de transmissão 70 a 100%
Fase latente e 3ª - risco 30%
OBS!!! 50% sem sintoma logo após nascimento
5. Aumenta quanto mais cedo a gestante tiver
adquirido a doença
As chances são menores até o 4 mês
Acomete inicialmente fígado → pele, mucosas,
esqueleto, pulmões e SNC
Pode ocorrer em qualquer idade gestacional ou
estágio clínico da doença.
6. Manifestações Clínicas
Sífilis Congênita Precoce
Surge até o 2º ano de vida
Quanto mais precoce os sinais clínicos, maior a gravidade.
Todas as secreções mucosas são ricas em treponemas e
altamente infectantes.
Prematuridade Periostite Petéquia
Baixo peso ao nascer Osteíte Púrpura
Hepatomegalia Osteocondrite Anemia
Esplenomegalia Pseudoparalisia dos
membros
Rinite sero-
sanguinolenta
Sofrimento respiratório Lesões cutâneas Icterícia
Edema Convulsão Hidrópsia
7.
8. Sífilis Congênita Tardia
Sd. Clínica surge após 2º ano de vida
Diag. Diferencial com abuso infantil
Tíbia em lâmina de sabre Articulações de Clutton Dentes de
Hutchinson
Fronte Olímpica Molares em Amora Arco palatino
elevado
Nariz em sela Mandíbula curta Surdez
neurológica
Rágades periorais Ceratite intersticial Dificuldade no
aprendizado
9.
10. Diagnóstico
Testes Sorológicos para Sífilis
Principal estratégia diagnóstica
Testes não Treponêmicos
Baixa especificidade
Wasserman e Kolmer / VDRL / RPR (S – 86 a 100%)
Usados para triagem
11. VDRL (S – 78 a 100%)
Reatividade tanto para IgM quanto IgG
Falso-positivo X Falso-negativo
Teste qualitativo e quantitativo
Diagnóstico e seguimento terapêutico
RN não reagente + suspeita epidemiológica =
repetir sorologia após 3º mês
12. Testes Treponêmicos
TPHA, FTA-Abs (S – 70 a 100% E – 94 a 100%), ELISA
Uso do treponema ou fragmentos como antígenos.
Úteis para confirmação diagnóstica
Não úteis para monitoramento
Após 6 meses e VDRL reagente deve ser investigada
Sorologia reagente após 18 meses, define o
diagnóstico.
Para < 6 meses → História clínica/epidemiológica da
mãe + Exames complementares (laboratoriais e
imagem)
13. Teste Rápido
A detecção da sífilis com teste rápido
treponêmico deverá ser realizada nas
seguintes situações especiais:
Localidades e serviços de saúde sem infraestrutura
laboratorial ou regiões de difícil acesso;
CTA - Centro de Testagem e Aconselhamento;
Segmentos populacionais mais vulneráveis às DST, de
acordo com situação epidemiológica local;
População indígena;
Gestantes e seus parceiros em unidades básicas de saúde,
particularmente no âmbito da Rede Cegonha;
14.
15. Pesquisa Direta do Treponema
Material colhido de lesões cutâneas e
mucosas, coto umbilical, fossas nasais.
Técnica de campo escuro
Negativa-se após primeiro dia de tto.
16. Segundo MS, rastreamento gestante - VDRL:
1º Trimestre
Início 3º trimestre
Repetir na admissão para trabalho de parto ou aborto
Se VDRL reagente, realização de teste treponêmico
confirmatório
Na impossibilidade, considerar caso de risco para sífilis
congênita.
Ainda,
VDRL deve ser colhido do sangue periférico de todos
os RN, caso o da mãe seja reagente.
17.
18.
19. Avaliação Complementar neonato suspeito
VDRL periférico
RX ossos longos
LCR (VDRL, celularidade, proteinorraquia)
Hemograma
De acordo com clínica: função renal, hepática, Rx tórax
OBS!!! Recomenda-se realização de punção LCR em todo
RN que se enquadre no perfil de sífilis congênita.
20. Tratamento
Droga de escolha:
RN
Penicilina cristalina 50.000U/Kg/dose IV 10 dias, 12/12h na 1ª
semana e 8/8h após
Penicilina procaína 50.000 U/kg/dose IM dose única diária por 10
dias
Sífilis tardia – Penicilina cristalina 50.000 U/kg/dose IV 4/4h
Penicilina procaína 50.000U/kg/dose IM 12/12h
21.
22. Tratamento Inadequado
Qualquer terapia não penicilínica ou
penicilínico incompleta
Ausência de documentação do tto
Tto dentro de 30 dias antes do parto
Não queda da titulação de VDRL
Parceiro não tratado, tto inadequado ou não
documentado
23. Importância da Atenção Primária
Prevenção da Sífilis entre a população geral
Uso de preservativos
Diagnóstico precoce nas mulheres e seus
parceiros
Realização de VDRL em mulheres com
intenção de engravidar
Tto precoce
24. Importância da Atenção Primária
Durante a Gravidez
Realização do VDRL em 1º e 3º trimestre
Acompanhamento atencioso em pré-natal
Lembrar sempre de tratar o parceiro
Orientar que se evite relações sexuais até
que o tto esteja completo.
25. Importância da Atenção Primária
Período Pós neonatal (a partir do 28º dia)
Avaliações mensais até o sexto mês e bimensal
do 6 ao 12
VDRL com 1, 3, 6, 12 e 18 meses. Interromper
quando 2 negativações seguidas
Idealmente, encaminhar para acompanhamento
por especialidades (oftalmo, neuro, audiologico)
semestralmente por 2 anos.
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27. Referências
• Diretrizes para o controle da sífilis congênita – Manual de bolso –
Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Programa
Nacional de DST e Aids; Brasília – DF 2006.
• Ruth Guinsburg; Amélia Miyashiro Nunes dos Santos. CRITÉRIOS
DIAGNÓSTICOS E TRATAMENTO DA SÍFILIS CONGÊNITA Documento
Científico – Departamento de Neonatologia Sociedade Brasileira de
Pediatria; São Paulo, 20 de dezembro de 2010.
• Sífilis congênita e sífilis na gestação. Rev. Saúde Pública, São Paulo
, v. 42, n. 4, p. 768-772, Aug. 2008 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
89102008000400026&lng=en&nrm=iso>. access on 10 Sept. 2015.
• Simon R Dobson, MD, FRCP(C) Congenital syphilis: Evaluation,
management, and prevention Up To Date
• Portaria nº 3.242, de 30 de dezembro de 2011; Pesquisa de Sífilis
Utilizando Teste Rápido Treponêmico
É um significante problema de saúde pública
A maioria dos casos se desenvolve por não receber cuidado pre-natal ou insuficiente, antes ou durante a gravidez
Das várias doenças que podem ser transmitidas durante o ciclo grávido puerperal, a sífilis é a que tem as maiores taxas de transmissão.
Fase 1e 2 parasitemia maior
OBS por isso a importância a triagem sorológica da mãe na maternidade.
No início da sífilis congénita, T. pallidum é libertado directamente para a circulação do feto, resultando em espiroquetemia com uma ampla difusão para quase todos os órgãos. As manifestações clínicas resultam da resposta inflamatória. Os ossos, fígado, pâncreas, intestino, rim e baço são os mais freqüentemente e severamente os envolvidos. A gravidade das manifestações é variável e pode variar de laboratório isolado ou alterações radiográficas para envolvimento fulminante de múltiplos sistemas de órgãos.
Não avaliam anticorpo contra o treponema, mas contra o complexo lipídico q ele libera quando é lesado
Resultado normal é a negatividade do teste
Um teste não treponêmico positivo não indica necessariamente infecção congênita
IgG materno ultrapassa a placenta(IgM não atravessa) Isso deve ser suspeitado sempre que o título fetal for igual ou inferior ao da mae.
Quando maior, provavel infecção congenita
Resultados Falso-positivos: LES, mononucleose, hepatite, febre reumática – por isso fazer teste treponemico
Falso-negativo se adquirido no final da gestação. Mãe e filho podem estar infectados c testes negativos.
Teste quantitativo, mede a atividade da doença
Começa a declinar a partir dos 3 meses, negativando-se aos 6 meses.
Não usado para monitoramento – persistência anticorpos positivos o resto da vida. Não diferencia infecção recente de passada)
teste imunocromatográfico, treponêmico
Dentro da proposta de ampliação do acesso ao diagnóstico, o teste rápido para sífilis é utilizado em situações especiais e como triagem.