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Classificação da obra: prosa (“romance”) histórica. Machado de Assis chamou de
“poema em prosa”.
33 capítulos.
Ação principal: Um português perdido é interceptado por uma índia tabajara, cria-se
um vínculo amoroso proibido. Ao deixarem a tribo da nativa, o lusitano vai arrefecendo
a relação, o que faz a tabajara definhar e morrer após dar à luz o rebento mestiço.
Narrador: Onisciente
Personagens Principais: Iracema, Martim, Araquém, Irapuã, Poti
Personagens Secundárias: Caubi, Andira, Jacaúna
Tempo Histórico: início do século XVII
Espaço: Ceará, sertão e litoral
Linguagem: subjetiva, mescla da língua portuguesa com a gramática tupi
Comentário
Um dos mais belos romances da nossa literatura romântica, Iracema é considerado
por muitos “um poema em prosa”. A trágica história da bela índia apaixonada pelo
guerreiro branco é contada por José de Alencar com o ritmo e a força de imagens
próprios da poesia.
Em Iracema, José de Alencar construiu uma alegoria perfeita do processo de
colonização do Brasil e de toda a América pelos invasores portugueses e europeus em
geral. O nome Iracema é uma anagrama da palavra América. O nome de seu amado
Martim remete ao deus greco-romano Marte, o deus da guerra e da destruição.
O autor demonstra, já a partir do título, um evidente trabalho de construção de uma
linguagem e de um estilo que possam melhor representar, para o leitor, “a singeleza
primitiva da língua bárbara”, com “termos e frases que pareçam naturais na boca do
selvagem”.
O livro foi publicado em 1865 e, em pouco tempo, agradou tanto aos leitores quanto
aos críticos literários, a começar pelo jovem Machado de Assis, então com 27 anos, que
escreveu sobre Iracema no Diário do Rio de Janeiro, em 1866:
“Tal é o livro do Sr. José de Alencar, fruto do estudo e da meditação, escrito com
sentimento e consciência… Há de viver este livro, tem em si as forças que resistem ao
tempo, e dão plena fiança do futuro…Espera-se dele outros poemas em prosa. Poema
lhe chamamos a este, sem curar de saber se é antes uma lenda, se um romance: o futuro
chamar-lhe-á obra-prima.”
O livro, subtitulado Lenda do Ceará, conta a triste história de amor entre a índia
tabajara Iracema, a virgem dos lábios de mel e Martim, primeiro colonizador português
do Ceará. Além disso, como resume Machado de Assis, o assunto do livro é também a
história da fundação do Ceará e o ódio de duas nações inimigas (tabajaras e pitiguaras).
Os pitiguaras habitavam o litoral cearense e eram amigos dos portugueses. Os tabajaras
viviam no interior e eram aliados dos franceses.
José de Alencar recorreu a circunstâncias históricas, como a rixa entre os índios
tabajaras e pitiguaras e utilizou personagens reais, como Martim Soares Moreno e o
índio Poti, que depois viria a adotar o nome cristão de Antônio Felipe Camarão. Mas
cercou-os de uma fértil imaginação e de um lirismo próprios da poesia romântica.
Resumo
Iracema é filha de Araquém, pajé da tribo tabajara, e deve manter-se virgem porque
“guarda o segredo da jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o Pajé a
bebida de Tupã”. Um dia, Iracema encontra, na floresta, Martim, que se perdera de
Poti, amigo e guerreiro pitiguara com quem havia saído para caçar e agora andava
errante pelo território dos inimigos tabajaras. Iracema leva Martim para a cabana de
Araquém, que abriga o estrangeiro: para os indígenas, o hóspede é sagrado.
O momento em que Martim encontra Iracema revela a idealização romântica em seu
grau mais elevado:
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da
graúna e mais longos que seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque
como seu hálito perfumado.
Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu,
onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal
roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo
a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia
silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os
pássaros ameigavam o canto.
Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que
corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas
de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto
agreste.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos
ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha
matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá , as agulhas da
juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão.
Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol
não deslumbra; sua vista perturba-se.
Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não
algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar;
nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe
o corpo.
Note-se que o narrador seguidas vezes compara Iracema à natureza exuberante do
Brasil. E a virgem leva sempre vantagem. Seus cabelos são mais negros e mais
longos, seu sorriso mais doce, seu hálito mais perfumado, seus pés mais rápidos.
Iracema é apresentada por um narrador que, embora se apresente na terceira pessoa, é
claramente emotivo e apaixonado. Retrata-a, portanto, como a síntese perfeita das
maravilhas da natureza cearense, brasileira e americana. Iracema é muito mais do que
uma mulher. Não anda, flutua. Toda a natureza rende-lhe homenagem: da acácia
silvestre aos pássaros, como o sabiá e a ará. A heroína é o próprio espírito harmonioso
da floresta virgem.
O narrador deixa clara a ruptura dessa harmoniosa relação de Iracema com o seu
meio ao apresentar o surgimento de Martim: Rumor suspeito quebra a doce harmonia
da sesta. A vista de Iracema perturba-se, impossibilitada de decodificar essa estranha
aparição de uma etnia que lhe é desconhecida.
José de Alencar retrata, assim, o processo de estranhamento e fascínio mútuo que
dominou o encontro dos dois povos. Começavam a se conhecer, sem sequer suspeitar as
trágicas consequências do encontro para os indígenas.
Enquanto esperam a volta de Caubi, o irmão de Iracema que reconduziria o guerreiro
branco às terras pitiguaras, Iracema se apaixona por Martim, mas não pode se entregar a
ele, porque, como afirma o Pajé, se a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor de
seu corpo, ela morrerá… Uma noite, Martim pede à Iracema o vinho de Tupã, já que
não está conseguindo resistir aos encantos da virgem. O vinho, que provoca
alucinações, permitiria que ele, em sua imaginação, possuísse a jovem índia como se
fosse realidade. Iracema lhe dá a bebida e, enquanto ele imagina estar sonhando,
Iracema torna-se sua esposa.
A filha de Araquém escondeu no coração a sua ventura. Ficou tímida e inquieta,
como a ave que pressente a borrasca no horizonte. Afastou-se rápida, e partiu.
As águas do rio banharam o corpo casto da recente esposa.
Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras.
É muito importante notar o valor alegórico dessa passagem. Ao “possuir” Iracema,
Martim está inconsciente, completamente seduzido e inebriado. Esse gesto há de
provocar a destruição da virgem, assim como a invasão do Brasil pelos portugueses há
de provocar a destruição da floresta virgem americana. No entanto, assim como Martim
não tinha qualquer intenção de provocar a morte de sua amada – o faz por paixão – os
destruidores da natureza brasileira o fizeram de forma inconsciente e inconsequente. A
consciência ecológica de Alencar vai muito além da ingênua defesa das nossas matas:
percebe com clareza o seu processo de destruição.
Martim é ameaçado pelo enciumado chefe guerreiro Irapuã, que quer invadir a
cabana de Araquém e matá-lo. Apesar da advertência de Araquém de que Tupã puniria
quem machucasse seu hóspede, os guerreiros de Irapuã cercam a cabana, que é
protegida por Caubi.
Iracema encontra Poti, que está próximo à aldeia dos tabajaras e deseja salvar o
amigo. Planejam, então, a fuga de Martim. Durante a preparação dos guerreiros
tabajaras para a guerra com os pitiguaras, Iracema lhes serve o vinho da jurema e,
enquanto os guerreiros deliram, ela leva Martim e Poti para longe da aldeia. Quando já
estão em terras pitiguaras, Iracema revela a Martim que ela agora é sua esposa e deve
acompanhá-lo. Entretanto, os tabajaras descobrem que Iracema traíra “o segredo da
jurema” e perseguem os fugitivos. Os pitiguaras, avisados da invasão dos tabajaras,
juntam-se aos fugitivos e é travado um sangrento combate. Iracema luta ao lado de
Martim contra a sua tribo. Os pitiguaras ganham a luta e Iracema se entristece pela
morte dos seus irmãos tabajaras.
Iracema acompanha Martim e Poti e passa a morar com eles no litoral. Durante algum
tempo, eles são muito felizes, e a alegria se completa com a gravidez de Iracema.
Porém, Martim acaba por saturar-se de felicidade e seu interesse pela esposa e pela vida
ao seu lado começa a esfriar. Iracema se ressente da frieza do marido e sofre. Martim se
ausenta com frequência em caçadas e batalhas contra os inimigos dos pitiguaras.
Enquanto guerreia, nasce seu filho, que Iracema chama de Moacir, que significa nascido
do meu sofrimento, da minha dor.
Iracema dá ao filho o nome indígena correspondente ao nome hebraico Benoni, que
também significa filho de minha dor. Este é o nome dado por Raquel, mulher do
patriarca bíblico Jacó, ao seu último filho. Raquel morre depois de dar à luz. Mas Jacó
muda o nome do menino para Benjamim. Os filhos de Jacó dão origem às tribos que
formarão a nação Israel, assim como o filho de Iracema representa o início de uma
nação.
Solitária e saudosa, Iracema tem dificuldade para amamentar o filho e quase não
come. Desfalece de tristeza. Martim fica longe de Iracema durante oito luas (oito
meses) e, quando volta, encontra Iracema à beira da morte. Ela entrega o filho a Martim,
deita-se na rede e morre, consumida pela dor. Poti e Martim enterram-na ao pé do
coqueiro, à beira do rio. Segundo Poti: quando o vento do mar soprar nas folhas,
Iracema pensará que é tua voz que fala entre seus cabelos.
O lugar onde viveram e o rio em que nascera o coqueiro vieram a ser chamados, um
dia, pelo nome de Ceará.
Martim partiu das praias do Ceará levando o filho. Alencar comenta: O primeiro
cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de
uma raça?
O guerreiro branco volta alguns anos depois, acompanhado de outros europeus,
inclusive um sacerdote para plantar a cruz na terra selvagem. Começa a colonização e
a narrativa termina: Tudo passa sobre a terra.
O romance é narrado na terceira pessoa, mas o narrador está longe de se manter
neutro e mero observador. Abundam os adjetivos reveladores de admiração,
principalmente em referência à natureza brasileira e à Iracema. Em alguns momentos o
narrador arrebatado chega a revelar-se na primeira pessoa: O sentimento que ele pôs nos
olhos e no rosto, não o sei eu.
Tais arroubos justificam-se pela colocação, no início da obra, de que essa é uma
história que me contaram nas lindas vargem onde nasci. Assim, Alencar justifica a
intromissão da voz na primeira pessoa em uma obra narrada na terceira.
Questões
1 (PUC-SP).
Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da
carnaúba;
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente,
perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros;
Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco
aventureiro manso resvale à flor das águas.
Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é
possível afirmar que:
a) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das
raças indígenas da América.
b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os
Tabajaras e os Pitiguaras.
c) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar
mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira.
d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a
obra como um romance histórico.
e) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e
significa "lábios de fel".
2 (ESPM). Assinale a opção que apresenta uma característica não praticada por José de
Alencar no texto que segue.
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a
asa da graúna, e mais longos que o seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado.
a) o ser humano apresentado com elementos da natureza.
b) a presença de elementos indígenas.
c) a linguagem adjetivada e poética.
d) a mulher idealizada.
e) a linguagem pedante e artificial.
3 (UFU). Identifique duas atitudes românticas no fragmento abaixo:
Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema.
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a
asa da graúna, e mais longos que o seu talhe de palmeira.
O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no
bosque como seu hálito perfumado.
José de Alencar
4 (UFU). Sobre Iracema, de José de Alencar, podemos dizer que
1) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o
leitor as percebe com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita.
2) em Iracema temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema
e Martim e as manifestações de ódio das tribos tabajara e potiguara.
3) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele
representa o homem brasileiro, fruto do índio e do branco.
4) a linguagem do romance Iracema é altamente poética, embora o texto esteja em
prosa. Alencar consegue belos efeitos linguísticos ao abusar de imagens sobre imagens,
comparações sobre comparações.
Assinale:
a) se apenas 2 e 4 estiverem corretas.
b) se apenas 2 e 3 estiverem corretas.
c) se 2, 3 e 4 estiverem corretas.
d) se 1, 3 e 4 estiverem corretas.
5 (UFF). Quando José de Alencar publicou Iracema, recebeu uma série de críticas de
que se defende, notadamente, em posfácio à segunda edição. Pinheiro Chagas foi um
crítico romântico que atacou José de Alencar e os escritores brasileiros da época, como
se lê no fragmento que se segue:
"o defeito que eu vejo em todos os livros brasileiros e contra o qual não cessarei de bradar intrepidamente
é a falta de correção na linguagem portuguesa,ou antes a mania de tornar o brasileiro uma língua
diferente do velho português pormeio de neologismos arrojados e injustificáveis e de insubordinações
gramaticais..."
(CHAGAS, Pinheiro. APUD "José de Alencar". Rio de Janeiro: Aguilar, 1964,
v.III, p.1129.)
Assinale a opção que corresponde à posição de Pinheiro Chagas no fragmento anterior.
a) Desde a primeira ocupação que os povoadores do Brasil, e após eles seus
descendentes, estão criando por todo este vasto império um vocabulário novo, à
proporção das necessidades de sua vida americana, tão outra da vida europeia.
b) A língua portuguesa é original de Portugal. Por isso cabe aos gramáticos portugueses
dizerem o que é certo ou errado em relação àquela língua: os brasileiros, assim como os
outros povos colonizados, devem obedecer à orientação gramatical de Portugal.
c) Os operários da transformação de nossas línguas são esses representantes de tantas
raças, desde a saxônia até a africana, que fazem neste solo exuberante amálgama do
sangue, das tradições e das línguas.
d) Sempre direi que seria uma aberração de todas as leis morais que a pujante
civilização brasileira, com todos os elementos de força e grandeza, não aperfeiçoasse o
instrumento das ideias, a língua.
e) Não fazemos senão repetir que disse e provou um sábio filólogo, N. Webster: "Logo
depois que duas raças de homens de estirpe comum separam-se e se colocam em regiões
distantes, a linguagem de cada um começa a divergir por vários modos."
6 (UEL). No romance Iracema, José de Alencar
a) desenvolve, na linha mesma do enredo, valores éticos e estéticos próprios da
sociedade burguesa europeia.
b) busca fundir num mesmo código as imagens de um lirismo romântico e alguns
modos de nomeação e construção da língua tupi.
c) defende a superioridade da cultura indígena sobre a europeia, tal como o demonstra o
desfecho desse romance idealizante.
d) faz confluírem o plano lendário e o plano histórico, o primeiro representado por
Martim, e o segundo, por Iracema.
e) dispõe-se a desenvolver a história de uma virgem que, resistindo ao colonizador,
representa o poder da natureza indomável.
Respostas
1.c; 2.e; 3.Linguagem adjetivada e conotativa, idealização da mulher, elementos da
natureza nacional. 4.c; 5.b; 6.b.

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Iracema material

  • 1. Classificação da obra: prosa (“romance”) histórica. Machado de Assis chamou de “poema em prosa”. 33 capítulos. Ação principal: Um português perdido é interceptado por uma índia tabajara, cria-se um vínculo amoroso proibido. Ao deixarem a tribo da nativa, o lusitano vai arrefecendo a relação, o que faz a tabajara definhar e morrer após dar à luz o rebento mestiço. Narrador: Onisciente Personagens Principais: Iracema, Martim, Araquém, Irapuã, Poti Personagens Secundárias: Caubi, Andira, Jacaúna Tempo Histórico: início do século XVII Espaço: Ceará, sertão e litoral Linguagem: subjetiva, mescla da língua portuguesa com a gramática tupi Comentário Um dos mais belos romances da nossa literatura romântica, Iracema é considerado por muitos “um poema em prosa”. A trágica história da bela índia apaixonada pelo guerreiro branco é contada por José de Alencar com o ritmo e a força de imagens próprios da poesia. Em Iracema, José de Alencar construiu uma alegoria perfeita do processo de colonização do Brasil e de toda a América pelos invasores portugueses e europeus em geral. O nome Iracema é uma anagrama da palavra América. O nome de seu amado Martim remete ao deus greco-romano Marte, o deus da guerra e da destruição. O autor demonstra, já a partir do título, um evidente trabalho de construção de uma linguagem e de um estilo que possam melhor representar, para o leitor, “a singeleza primitiva da língua bárbara”, com “termos e frases que pareçam naturais na boca do selvagem”. O livro foi publicado em 1865 e, em pouco tempo, agradou tanto aos leitores quanto aos críticos literários, a começar pelo jovem Machado de Assis, então com 27 anos, que escreveu sobre Iracema no Diário do Rio de Janeiro, em 1866: “Tal é o livro do Sr. José de Alencar, fruto do estudo e da meditação, escrito com sentimento e consciência… Há de viver este livro, tem em si as forças que resistem ao tempo, e dão plena fiança do futuro…Espera-se dele outros poemas em prosa. Poema lhe chamamos a este, sem curar de saber se é antes uma lenda, se um romance: o futuro chamar-lhe-á obra-prima.” O livro, subtitulado Lenda do Ceará, conta a triste história de amor entre a índia tabajara Iracema, a virgem dos lábios de mel e Martim, primeiro colonizador português do Ceará. Além disso, como resume Machado de Assis, o assunto do livro é também a história da fundação do Ceará e o ódio de duas nações inimigas (tabajaras e pitiguaras). Os pitiguaras habitavam o litoral cearense e eram amigos dos portugueses. Os tabajaras viviam no interior e eram aliados dos franceses.
  • 2. José de Alencar recorreu a circunstâncias históricas, como a rixa entre os índios tabajaras e pitiguaras e utilizou personagens reais, como Martim Soares Moreno e o índio Poti, que depois viria a adotar o nome cristão de Antônio Felipe Camarão. Mas cercou-os de uma fértil imaginação e de um lirismo próprios da poesia romântica. Resumo Iracema é filha de Araquém, pajé da tribo tabajara, e deve manter-se virgem porque “guarda o segredo da jurema e o mistério do sonho. Sua mão fabrica para o Pajé a bebida de Tupã”. Um dia, Iracema encontra, na floresta, Martim, que se perdera de Poti, amigo e guerreiro pitiguara com quem havia saído para caçar e agora andava errante pelo território dos inimigos tabajaras. Iracema leva Martim para a cabana de Araquém, que abriga o estrangeiro: para os indígenas, o hóspede é sagrado. O momento em que Martim encontra Iracema revela a idealização romântica em seu grau mais elevado: Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava-lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. Iracema saiu do banho; o aljôfar d'água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome; outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá , as agulhas da juçara com que tece a renda, e as tintas de que matiza o algodão. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Note-se que o narrador seguidas vezes compara Iracema à natureza exuberante do Brasil. E a virgem leva sempre vantagem. Seus cabelos são mais negros e mais longos, seu sorriso mais doce, seu hálito mais perfumado, seus pés mais rápidos. Iracema é apresentada por um narrador que, embora se apresente na terceira pessoa, é claramente emotivo e apaixonado. Retrata-a, portanto, como a síntese perfeita das maravilhas da natureza cearense, brasileira e americana. Iracema é muito mais do que uma mulher. Não anda, flutua. Toda a natureza rende-lhe homenagem: da acácia silvestre aos pássaros, como o sabiá e a ará. A heroína é o próprio espírito harmonioso da floresta virgem.
  • 3. O narrador deixa clara a ruptura dessa harmoniosa relação de Iracema com o seu meio ao apresentar o surgimento de Martim: Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. A vista de Iracema perturba-se, impossibilitada de decodificar essa estranha aparição de uma etnia que lhe é desconhecida. José de Alencar retrata, assim, o processo de estranhamento e fascínio mútuo que dominou o encontro dos dois povos. Começavam a se conhecer, sem sequer suspeitar as trágicas consequências do encontro para os indígenas. Enquanto esperam a volta de Caubi, o irmão de Iracema que reconduziria o guerreiro branco às terras pitiguaras, Iracema se apaixona por Martim, mas não pode se entregar a ele, porque, como afirma o Pajé, se a virgem abandonou ao guerreiro branco a flor de seu corpo, ela morrerá… Uma noite, Martim pede à Iracema o vinho de Tupã, já que não está conseguindo resistir aos encantos da virgem. O vinho, que provoca alucinações, permitiria que ele, em sua imaginação, possuísse a jovem índia como se fosse realidade. Iracema lhe dá a bebida e, enquanto ele imagina estar sonhando, Iracema torna-se sua esposa. A filha de Araquém escondeu no coração a sua ventura. Ficou tímida e inquieta, como a ave que pressente a borrasca no horizonte. Afastou-se rápida, e partiu. As águas do rio banharam o corpo casto da recente esposa. Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras. É muito importante notar o valor alegórico dessa passagem. Ao “possuir” Iracema, Martim está inconsciente, completamente seduzido e inebriado. Esse gesto há de provocar a destruição da virgem, assim como a invasão do Brasil pelos portugueses há de provocar a destruição da floresta virgem americana. No entanto, assim como Martim não tinha qualquer intenção de provocar a morte de sua amada – o faz por paixão – os destruidores da natureza brasileira o fizeram de forma inconsciente e inconsequente. A consciência ecológica de Alencar vai muito além da ingênua defesa das nossas matas: percebe com clareza o seu processo de destruição. Martim é ameaçado pelo enciumado chefe guerreiro Irapuã, que quer invadir a cabana de Araquém e matá-lo. Apesar da advertência de Araquém de que Tupã puniria quem machucasse seu hóspede, os guerreiros de Irapuã cercam a cabana, que é protegida por Caubi. Iracema encontra Poti, que está próximo à aldeia dos tabajaras e deseja salvar o amigo. Planejam, então, a fuga de Martim. Durante a preparação dos guerreiros tabajaras para a guerra com os pitiguaras, Iracema lhes serve o vinho da jurema e, enquanto os guerreiros deliram, ela leva Martim e Poti para longe da aldeia. Quando já estão em terras pitiguaras, Iracema revela a Martim que ela agora é sua esposa e deve acompanhá-lo. Entretanto, os tabajaras descobrem que Iracema traíra “o segredo da jurema” e perseguem os fugitivos. Os pitiguaras, avisados da invasão dos tabajaras, juntam-se aos fugitivos e é travado um sangrento combate. Iracema luta ao lado de Martim contra a sua tribo. Os pitiguaras ganham a luta e Iracema se entristece pela morte dos seus irmãos tabajaras. Iracema acompanha Martim e Poti e passa a morar com eles no litoral. Durante algum tempo, eles são muito felizes, e a alegria se completa com a gravidez de Iracema. Porém, Martim acaba por saturar-se de felicidade e seu interesse pela esposa e pela vida ao seu lado começa a esfriar. Iracema se ressente da frieza do marido e sofre. Martim se ausenta com frequência em caçadas e batalhas contra os inimigos dos pitiguaras. Enquanto guerreia, nasce seu filho, que Iracema chama de Moacir, que significa nascido do meu sofrimento, da minha dor. Iracema dá ao filho o nome indígena correspondente ao nome hebraico Benoni, que também significa filho de minha dor. Este é o nome dado por Raquel, mulher do
  • 4. patriarca bíblico Jacó, ao seu último filho. Raquel morre depois de dar à luz. Mas Jacó muda o nome do menino para Benjamim. Os filhos de Jacó dão origem às tribos que formarão a nação Israel, assim como o filho de Iracema representa o início de uma nação. Solitária e saudosa, Iracema tem dificuldade para amamentar o filho e quase não come. Desfalece de tristeza. Martim fica longe de Iracema durante oito luas (oito meses) e, quando volta, encontra Iracema à beira da morte. Ela entrega o filho a Martim, deita-se na rede e morre, consumida pela dor. Poti e Martim enterram-na ao pé do coqueiro, à beira do rio. Segundo Poti: quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é tua voz que fala entre seus cabelos. O lugar onde viveram e o rio em que nascera o coqueiro vieram a ser chamados, um dia, pelo nome de Ceará. Martim partiu das praias do Ceará levando o filho. Alencar comenta: O primeiro cearense, ainda no berço, emigrava da terra da pátria. Havia aí a predestinação de uma raça? O guerreiro branco volta alguns anos depois, acompanhado de outros europeus, inclusive um sacerdote para plantar a cruz na terra selvagem. Começa a colonização e a narrativa termina: Tudo passa sobre a terra. O romance é narrado na terceira pessoa, mas o narrador está longe de se manter neutro e mero observador. Abundam os adjetivos reveladores de admiração, principalmente em referência à natureza brasileira e à Iracema. Em alguns momentos o narrador arrebatado chega a revelar-se na primeira pessoa: O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Tais arroubos justificam-se pela colocação, no início da obra, de que essa é uma história que me contaram nas lindas vargem onde nasci. Assim, Alencar justifica a intromissão da voz na primeira pessoa em uma obra narrada na terceira. Questões 1 (PUC-SP). Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba; Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; Serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas. Esse trecho é o início do romance Iracema, de José de Alencar. Dele, como um todo, é possível afirmar que: a) Iracema é uma lenda criada por Alencar para explicar poeticamente as origens das raças indígenas da América. b) as personagens Iracema, Martim e Moacir participam da luta fratricida entre os Tabajaras e os Pitiguaras. c) o romance, elaborado com recursos de linguagem figurada, é considerado o exemplar mais perfeito da prosa poética na ficção romântica brasileira. d) o nome da personagem-título é anagrama de América e essa relação caracteriza a obra como um romance histórico. e) a palavra Iracema é o resultado da aglutinação de duas outras da língua guarani e significa "lábios de fel".
  • 5. 2 (ESPM). Assinale a opção que apresenta uma característica não praticada por José de Alencar no texto que segue. Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que o seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. a) o ser humano apresentado com elementos da natureza. b) a presença de elementos indígenas. c) a linguagem adjetivada e poética. d) a mulher idealizada. e) a linguagem pedante e artificial. 3 (UFU). Identifique duas atitudes românticas no fragmento abaixo: Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que o seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. José de Alencar 4 (UFU). Sobre Iracema, de José de Alencar, podemos dizer que 1) as cenas de amor carnal entre Iracema e Martim são de tal forma construídas que o leitor as percebe com vivacidade, porque tudo é narrado de forma explícita. 2) em Iracema temos o nascimento lendário do Ceará, a história de amor entre Iracema e Martim e as manifestações de ódio das tribos tabajara e potiguara. 3) Moacir é o filho nascido da união de Iracema e Martim. De maneira simbólica ele representa o homem brasileiro, fruto do índio e do branco. 4) a linguagem do romance Iracema é altamente poética, embora o texto esteja em prosa. Alencar consegue belos efeitos linguísticos ao abusar de imagens sobre imagens, comparações sobre comparações. Assinale: a) se apenas 2 e 4 estiverem corretas. b) se apenas 2 e 3 estiverem corretas. c) se 2, 3 e 4 estiverem corretas. d) se 1, 3 e 4 estiverem corretas.
  • 6. 5 (UFF). Quando José de Alencar publicou Iracema, recebeu uma série de críticas de que se defende, notadamente, em posfácio à segunda edição. Pinheiro Chagas foi um crítico romântico que atacou José de Alencar e os escritores brasileiros da época, como se lê no fragmento que se segue: "o defeito que eu vejo em todos os livros brasileiros e contra o qual não cessarei de bradar intrepidamente é a falta de correção na linguagem portuguesa,ou antes a mania de tornar o brasileiro uma língua diferente do velho português pormeio de neologismos arrojados e injustificáveis e de insubordinações gramaticais..." (CHAGAS, Pinheiro. APUD "José de Alencar". Rio de Janeiro: Aguilar, 1964, v.III, p.1129.) Assinale a opção que corresponde à posição de Pinheiro Chagas no fragmento anterior. a) Desde a primeira ocupação que os povoadores do Brasil, e após eles seus descendentes, estão criando por todo este vasto império um vocabulário novo, à proporção das necessidades de sua vida americana, tão outra da vida europeia. b) A língua portuguesa é original de Portugal. Por isso cabe aos gramáticos portugueses dizerem o que é certo ou errado em relação àquela língua: os brasileiros, assim como os outros povos colonizados, devem obedecer à orientação gramatical de Portugal. c) Os operários da transformação de nossas línguas são esses representantes de tantas raças, desde a saxônia até a africana, que fazem neste solo exuberante amálgama do sangue, das tradições e das línguas. d) Sempre direi que seria uma aberração de todas as leis morais que a pujante civilização brasileira, com todos os elementos de força e grandeza, não aperfeiçoasse o instrumento das ideias, a língua. e) Não fazemos senão repetir que disse e provou um sábio filólogo, N. Webster: "Logo depois que duas raças de homens de estirpe comum separam-se e se colocam em regiões distantes, a linguagem de cada um começa a divergir por vários modos." 6 (UEL). No romance Iracema, José de Alencar a) desenvolve, na linha mesma do enredo, valores éticos e estéticos próprios da sociedade burguesa europeia. b) busca fundir num mesmo código as imagens de um lirismo romântico e alguns modos de nomeação e construção da língua tupi. c) defende a superioridade da cultura indígena sobre a europeia, tal como o demonstra o desfecho desse romance idealizante. d) faz confluírem o plano lendário e o plano histórico, o primeiro representado por Martim, e o segundo, por Iracema. e) dispõe-se a desenvolver a história de uma virgem que, resistindo ao colonizador, representa o poder da natureza indomável. Respostas 1.c; 2.e; 3.Linguagem adjetivada e conotativa, idealização da mulher, elementos da natureza nacional. 4.c; 5.b; 6.b.