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“Sarapalha”
João Guimarães Rosa
    Manoel Neves
GUIMARÃES ROSA
                        terceira geração do modernismo

                 linguagem altamente elaborada
            prosa poética [metáforas, aliterações, rimas, lirismo, neologismos etc]
Aviavam vir os periquitos, com o canto clim. Ali chovia? Chove – e não encharca poça, não rola
enxurrada, não produz lama. O chão endurecia cedo, esse rareamento de águas. O fevereiro
feito. Chapadão, chapadão, chapadão. [fragmento de Grande sertão: veredas]
Otacília – me alembrei da luzinha de meio mel, no demorar dos olhares dela. Aquelas mãos,
que ninguém tinha me contado que assim eram assim, para gozo e sentimento. [fragmento de
Grande sertão: veredas]

                          frases de caráter epigramático [filosófico]

Quem muito se evita, se convive. [GS:V]
Estrada real, estrada do mal. [GS:V]
Daí sendo a noite, aos gatos pardos. [GS:V]

              alteração da sintaxe tradicional e efeitos poéticos de linguagem
GUIMARÃES ROSA
                       terceira geração do modernismo

                             aspectos regionais
          tipos humanos [fazendeiros, jagunços, cabras, santos, loucos, sitiantes...]
Sua casa ficava para trás da serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar
chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana,
nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em
alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda,
cabeçudota e com olhos enormes. [fragmento de “A menina de lá”]
       a linguagem [Rosa mimetiza – recria – a linguagem do sertanejo no nível frasal]
Hem? Hem? Ah. Figuração minha, de pior pra trás, as certas lembranças. Mal haja-me! Sofro
pena de contar não... Melhor se arrepare: pois, num chão, e com igual formato de ramos e
folhas, não dá mandioca mansa, que se come comum, e a mandioca-brava, que mata? Agora, o
senhor já viu uma estranhez? A mandioca doce pode de repente virar azangada – motivos não
sei; às vezes se diz que é por replantada no terreno sempre, com mudas seguidas, de manaíbas
– vai em amargando, de tanto em tanto, de si mesma toma peçonhas. E, ora veja: a outra, a
mandioca-brava, também é que às vezes pode ficar mansa, a esmo, de se comer sem nenhum
mal. E que isso é?
             a ambientação [as Minas Gerais são o universo de Guimarães Rosa]
GUIMARÃES ROSA
            terceira geração do modernismo

                   caráter universal
a temática [a redenção, o lirismo, a poesia, a religiosidade, entre outros]
ENREDO
                                             Sarapalha
 a sezão [maleita, malária] avança por um povoado às margens do Rio Pará [perto de Itaguara, centro de MG]

 as pessoas abandonaram o povoado, deixando tudo para trás; as que ficaram vão morrer; deixaram para trás

casas, sobradinho, capela, três vendinhas, o chalé e o cemitério; morador, agora, só andando três quilômetros;

ficaram numa fazenda abandonada Primo Ribeiro, Primo Argemiro e uma preta velha que cozinha o feijão todos

 os dias; os homens não podem mais trabalhar [a malária não deixa]; em certo dia, ainda pela manhã, Ribeiro

começa a falar da morte; achava q seu dia havia chegado; por isso puxou a conversa q se referia a uma mulher;

se ela aparecesse, a febre sumia; Ribeiro confessa q considera Argemiro um irmão, por isso é q tem coragem de

     remexer no passado; estava casado [Luísa] há apenas três anos e a ingrata fugiu com outro; Argemiro

  quis ir atrás dos dois; queria matar o homem e trazer a mulher de Ribeiro de volta; agora Argemiro não tem

vergonha de confessar: não foi atrás dos dois pq se fosse a obrigação era matá-los, mas faltava-lhe a coragem;

Argemiro solta a imaginação: tinha ciúme dela com o marido; e veio o boiadeiro, ficou três dias na fazenda, com

desculpa de esperar outra ponta de gado: não era a primeira vez q se arranchava ali. Mas ninguém nunca tinha

         visto os dois conversarem sozinhos... Ele, Primo Argemiro, não tinha feito nenhuma má idéia.
ENREDO
                                              Sarapalha
ela fugiu c/ o boiadeiro, e o Primo Argemiro nunca tinha confessado o seu amor; arrependera-se disso; se tivesse

  Coragem, ela talvez até tivesse fugido com ele; no mínimo ela estava agora pensando q ele era um pamonha;

    o Primo Ribeiro não se cansa de dizer q considera Argemiro um irmão; nem um filho seria tão bom assim;

Primo Argemiro se sente mal e resolve confessar seu grande segredo; quando Ribeiro ouviu, ficou muito zangado

e insistiu q Argemiro fosse embora; Argemiro lhe explica q nunca disse nada a Luísa; nunca a desrespeitou; q ela

  foi-se embora sem saber de nada; Ribeiro negava-se a entender;só conseguiu repetir q o primo fosse embora;

Ribeiro sentia-se como se tivesse sido picado por cobra; Argemiro, não obtendo o perdão, vai-se embora; caminha

com dificuldade; passa pela rocinha de milho, assustando os pássaros pretos q o confundem com um espantalho;

  o cão Jiló permanece com Ribeiro; Argemiro segue adiante; os sintomas do sezão espelham-se na natureza:

Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-
anum crispa as folhas, longas, como folhas da mangueira. Trepidam , sacudindo as suas estrelinhas
alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, as folhas peludas, como o corsalete de um
cassununga, brilhando em verde-azul. A pitangueira se abala, do jarrete á grimpa. E o açoita-cavalos derruba
frutinhas fendilhas, entrando em convulsões. – Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’ra
gente deitar no chão e se acabar! É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
SARAPALHA
                                aspectos técnicos
            Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai.../ Não cantes for a de hora, ai, ai, ai…/ A barra do dia aí

           vem, ai, ai, ai.../ Coitado de quem namora!... [Trecho mais alegre de cantiga capiau ribeirinho]
epígrafe
           apesar do nome, a cantiga é triste [ai, ai, ai]; a cantiga antecipa o fim da personagem q dá

            com a língua nos dentes; ironias [mosquito canta bonito; personagem diz q a vida é boa]
SARAPALHA
                                   aspectos técnicos
                                   FOCO NARRATIVO
                          [terceira pessoa: narrador onisciente neutro]


                 O narrador de terceira pessoa apresenta a história distanciadamente;

                                            TEMPO
                                 [cronológico, linear, evolutivo]


[a maleita avançara lentamente; os moradores morreriam em um ano; Ribeiro ficara casado durante 3 anos]

                                           ESPAÇO
                                         [sertão mineiro]


   Uma tapera situada no Vau do Sarapalha, às margens do Rio Pará [perto de Itaguara, centro de MG]
SARAPALHA
                        aspectos técnicos
                      GÊNERO LITERÁRIO
                     [intertextualidade inter-gêneros]


caráter épico: história de amor envolvendo três homens e uma mulher [volúvel]

caráter lírico: linguagem altamente elaborada [figuras + lirismo = prosa poética]

   caráter dramático: a revelação, progressiva, de dois triângulos amorosos
SARAPALHA
                                 aspectos técnicos
                                GÊNERO LITERÁRIO
                               [intertextualidade inter-gêneros]


O leitor fica sabendo aos poucos do drama de Primo Ribeiro, que fora abandonado pela mulher.
E, quando pensávamos que havia um só triângulo amoroso [Ribeiro/Luísa/Boiadeiro], aos
poucos ficamos sabendo de outro triângulo amoroso [Ribeiro/Luísa/Argemiro], embora em
nenhum momento Luísa correspondesse ao primo, mesmo que desconfiasse de suas olhadas. O
que reforça a estrutura dramática da narrativa é a maneira como os fatos são apresentados ao
leitor, que não conhece de imediato o nome de Luísa, que é adiado mais para o fim do relato;
também o leitor inteira-se, mais tarde, da época em que Argemiro começou a gostar de Luísa,
num período anterior ao casamento. É preciso realçar que, em vários trechos do conto, são
marcantes as provas de amizade entre os primos, principalmente a grande estima que Ribeiro
tem por Argemiro. Daí o desfecho ser também uma surpresa, pois não há lugar para o perdão.
SARAPALHA
                                          personagens
                                              RIBEIRO
                                        [traição não se perdoa]


 marido de Luísa; abandonado apega-se à memória do vivido; seu nome se liga ao rio [acúmulo de água parada]

                        apesar do apreço que tem pelo primo não lhe perdoa a traição;

                                            ARGEMIRO
                                        [honestidade e traição]


o nome da personagem faz referência à coragem que reúne para contar que era apaixonado pela esposa do primo

                    esta mesma coragem tb será o motivo de sua expulsão de Sarapalha;

                                                LUÍSA
                      [mulher volúvel q abandona o marido por um boiadeiro]
SARAPALHA
                           aspectos técnicos: linguagem
personificação [malária]                      paradoxo                             figuras fonéticas

                           os passopretos, que fazem luto alegre no vassoural

                                           caráter cômico

            o primo, ao falar de sua admiração por Ribeiro, diz querer bem até mesmo à maleita

                                        elementos vegetais

    gameleiras          pitangueiras           beldroegas               ervas            capim fedegoso

                                               insetos

     vespas              pernilongos          borrachudos             mutucas               muriçocas

                                           personificação

 a maleita é personificada [mulher]; morcegos [artista de trapézio], cobras na água em nado de campeonato

                                           metalinguagem

Argemiro entoa uma cantiga q fala de uma moça q foi seduzida por um rapaz com uma viola enfeitada [diabo]

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Análise de sarapalha, de guimarães rosa

  • 2. GUIMARÃES ROSA terceira geração do modernismo linguagem altamente elaborada prosa poética [metáforas, aliterações, rimas, lirismo, neologismos etc] Aviavam vir os periquitos, com o canto clim. Ali chovia? Chove – e não encharca poça, não rola enxurrada, não produz lama. O chão endurecia cedo, esse rareamento de águas. O fevereiro feito. Chapadão, chapadão, chapadão. [fragmento de Grande sertão: veredas] Otacília – me alembrei da luzinha de meio mel, no demorar dos olhares dela. Aquelas mãos, que ninguém tinha me contado que assim eram assim, para gozo e sentimento. [fragmento de Grande sertão: veredas] frases de caráter epigramático [filosófico] Quem muito se evita, se convive. [GS:V] Estrada real, estrada do mal. [GS:V] Daí sendo a noite, aos gatos pardos. [GS:V] alteração da sintaxe tradicional e efeitos poéticos de linguagem
  • 3. GUIMARÃES ROSA terceira geração do modernismo aspectos regionais tipos humanos [fazendeiros, jagunços, cabras, santos, loucos, sitiantes...] Sua casa ficava para trás da serra do Mim, quase no meio de um brejo de água limpa, lugar chamado o Temor-de-Deus. O Pai, pequeno sitiante, lidava com vacas e arroz; a Mãe, urucuiana, nunca tirava o terço da mão, mesmo quando matando galinhas ou passando descompostura em alguém. E ela, menininha, por nome Maria, Nhinhinha dita, nascera já muito para miúda, cabeçudota e com olhos enormes. [fragmento de “A menina de lá”] a linguagem [Rosa mimetiza – recria – a linguagem do sertanejo no nível frasal] Hem? Hem? Ah. Figuração minha, de pior pra trás, as certas lembranças. Mal haja-me! Sofro pena de contar não... Melhor se arrepare: pois, num chão, e com igual formato de ramos e folhas, não dá mandioca mansa, que se come comum, e a mandioca-brava, que mata? Agora, o senhor já viu uma estranhez? A mandioca doce pode de repente virar azangada – motivos não sei; às vezes se diz que é por replantada no terreno sempre, com mudas seguidas, de manaíbas – vai em amargando, de tanto em tanto, de si mesma toma peçonhas. E, ora veja: a outra, a mandioca-brava, também é que às vezes pode ficar mansa, a esmo, de se comer sem nenhum mal. E que isso é? a ambientação [as Minas Gerais são o universo de Guimarães Rosa]
  • 4. GUIMARÃES ROSA terceira geração do modernismo caráter universal a temática [a redenção, o lirismo, a poesia, a religiosidade, entre outros]
  • 5. ENREDO Sarapalha a sezão [maleita, malária] avança por um povoado às margens do Rio Pará [perto de Itaguara, centro de MG] as pessoas abandonaram o povoado, deixando tudo para trás; as que ficaram vão morrer; deixaram para trás casas, sobradinho, capela, três vendinhas, o chalé e o cemitério; morador, agora, só andando três quilômetros; ficaram numa fazenda abandonada Primo Ribeiro, Primo Argemiro e uma preta velha que cozinha o feijão todos os dias; os homens não podem mais trabalhar [a malária não deixa]; em certo dia, ainda pela manhã, Ribeiro começa a falar da morte; achava q seu dia havia chegado; por isso puxou a conversa q se referia a uma mulher; se ela aparecesse, a febre sumia; Ribeiro confessa q considera Argemiro um irmão, por isso é q tem coragem de remexer no passado; estava casado [Luísa] há apenas três anos e a ingrata fugiu com outro; Argemiro quis ir atrás dos dois; queria matar o homem e trazer a mulher de Ribeiro de volta; agora Argemiro não tem vergonha de confessar: não foi atrás dos dois pq se fosse a obrigação era matá-los, mas faltava-lhe a coragem; Argemiro solta a imaginação: tinha ciúme dela com o marido; e veio o boiadeiro, ficou três dias na fazenda, com desculpa de esperar outra ponta de gado: não era a primeira vez q se arranchava ali. Mas ninguém nunca tinha visto os dois conversarem sozinhos... Ele, Primo Argemiro, não tinha feito nenhuma má idéia.
  • 6. ENREDO Sarapalha ela fugiu c/ o boiadeiro, e o Primo Argemiro nunca tinha confessado o seu amor; arrependera-se disso; se tivesse Coragem, ela talvez até tivesse fugido com ele; no mínimo ela estava agora pensando q ele era um pamonha; o Primo Ribeiro não se cansa de dizer q considera Argemiro um irmão; nem um filho seria tão bom assim; Primo Argemiro se sente mal e resolve confessar seu grande segredo; quando Ribeiro ouviu, ficou muito zangado e insistiu q Argemiro fosse embora; Argemiro lhe explica q nunca disse nada a Luísa; nunca a desrespeitou; q ela foi-se embora sem saber de nada; Ribeiro negava-se a entender;só conseguiu repetir q o primo fosse embora; Ribeiro sentia-se como se tivesse sido picado por cobra; Argemiro, não obtendo o perdão, vai-se embora; caminha com dificuldade; passa pela rocinha de milho, assustando os pássaros pretos q o confundem com um espantalho; o cão Jiló permanece com Ribeiro; Argemiro segue adiante; os sintomas do sezão espelham-se na natureza: Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de- anum crispa as folhas, longas, como folhas da mangueira. Trepidam , sacudindo as suas estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, as folhas peludas, como o corsalete de um cassununga, brilhando em verde-azul. A pitangueira se abala, do jarrete á grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhas, entrando em convulsões. – Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’ra gente deitar no chão e se acabar! É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
  • 7. SARAPALHA aspectos técnicos Canta, canta, canarinho, ai, ai, ai.../ Não cantes for a de hora, ai, ai, ai…/ A barra do dia aí vem, ai, ai, ai.../ Coitado de quem namora!... [Trecho mais alegre de cantiga capiau ribeirinho] epígrafe apesar do nome, a cantiga é triste [ai, ai, ai]; a cantiga antecipa o fim da personagem q dá com a língua nos dentes; ironias [mosquito canta bonito; personagem diz q a vida é boa]
  • 8. SARAPALHA aspectos técnicos FOCO NARRATIVO [terceira pessoa: narrador onisciente neutro] O narrador de terceira pessoa apresenta a história distanciadamente; TEMPO [cronológico, linear, evolutivo] [a maleita avançara lentamente; os moradores morreriam em um ano; Ribeiro ficara casado durante 3 anos] ESPAÇO [sertão mineiro] Uma tapera situada no Vau do Sarapalha, às margens do Rio Pará [perto de Itaguara, centro de MG]
  • 9. SARAPALHA aspectos técnicos GÊNERO LITERÁRIO [intertextualidade inter-gêneros] caráter épico: história de amor envolvendo três homens e uma mulher [volúvel] caráter lírico: linguagem altamente elaborada [figuras + lirismo = prosa poética] caráter dramático: a revelação, progressiva, de dois triângulos amorosos
  • 10. SARAPALHA aspectos técnicos GÊNERO LITERÁRIO [intertextualidade inter-gêneros] O leitor fica sabendo aos poucos do drama de Primo Ribeiro, que fora abandonado pela mulher. E, quando pensávamos que havia um só triângulo amoroso [Ribeiro/Luísa/Boiadeiro], aos poucos ficamos sabendo de outro triângulo amoroso [Ribeiro/Luísa/Argemiro], embora em nenhum momento Luísa correspondesse ao primo, mesmo que desconfiasse de suas olhadas. O que reforça a estrutura dramática da narrativa é a maneira como os fatos são apresentados ao leitor, que não conhece de imediato o nome de Luísa, que é adiado mais para o fim do relato; também o leitor inteira-se, mais tarde, da época em que Argemiro começou a gostar de Luísa, num período anterior ao casamento. É preciso realçar que, em vários trechos do conto, são marcantes as provas de amizade entre os primos, principalmente a grande estima que Ribeiro tem por Argemiro. Daí o desfecho ser também uma surpresa, pois não há lugar para o perdão.
  • 11. SARAPALHA personagens RIBEIRO [traição não se perdoa] marido de Luísa; abandonado apega-se à memória do vivido; seu nome se liga ao rio [acúmulo de água parada] apesar do apreço que tem pelo primo não lhe perdoa a traição; ARGEMIRO [honestidade e traição] o nome da personagem faz referência à coragem que reúne para contar que era apaixonado pela esposa do primo esta mesma coragem tb será o motivo de sua expulsão de Sarapalha; LUÍSA [mulher volúvel q abandona o marido por um boiadeiro]
  • 12. SARAPALHA aspectos técnicos: linguagem personificação [malária] paradoxo figuras fonéticas os passopretos, que fazem luto alegre no vassoural caráter cômico o primo, ao falar de sua admiração por Ribeiro, diz querer bem até mesmo à maleita elementos vegetais gameleiras pitangueiras beldroegas ervas capim fedegoso insetos vespas pernilongos borrachudos mutucas muriçocas personificação a maleita é personificada [mulher]; morcegos [artista de trapézio], cobras na água em nado de campeonato metalinguagem Argemiro entoa uma cantiga q fala de uma moça q foi seduzida por um rapaz com uma viola enfeitada [diabo]