O documento resume a história "Iracema" de José de Alencar, que narra o romance entre o guerreiro português Martim e a índia Iracema. A união dos dois representa a miscigenação entre os povos nativo e colonizador que deu origem ao povo brasileiro. A morte de Iracema cumpre a profecia de que ela não poderia pertencer a ninguém exceto sua tribo e cultura.
1. Iracema - lenda do Ceará
ROMANCE INDIANISTA
Profa. Vera Garcia
2. Lenda
Romance baseado numa lenda do
período de formação do Ceará,
O nativo brasileiro - no caso a índia -
aparece em seu primeiro contato com o
branco colonizador.
3. Iracema
Em Guarani significa “lábios de mel”;
Anagrama de América.
Publicado em 1865, constitui um dos
mais belos exemplos da literatura
indianista do Brasil romântico.
4. Ingredientes:
Força heroica a provar seus domínios em
incessantes lutas;
O caráter íntegro dos protagonistas na defesa de
seus nobre ideais;
Os ritos sobrenaturais;
Ódios e rivalidades na tessitura da trama;
Eterna luta do bem contra o mal, do amor contra o
ódio; e, sobretudo, o estranho “acreditar” em guerras
para a conquista da paz.
5. Argumento histórico
Inicialmente, Alencar parte de um argumento
histórico para tecer a trama: - incidentes que
marcam a colonização do Brasil - e associa
ao mito ou lenda da fundação do Estado do
Ceará.
Em outras palavras, o escritor acomoda
informações obtidas de fontes documentadas
e acrescenta, ao sabor de sua imaginação,
fatos fictícios.
6. Martim e Iracema
Martim Soares Moreno, guerreiro
português (componente histórico),
apaixona-se pela índia tabajara Iracema
(componente principal da lenda)
7. Enredo
No pequeno enredo exposto, existe uma das
teses fundamentais do Romantismo: a
origem do povo brasileiro, cuja bravura e
honra derivam da miscigenação do indígena
com o branco. É através do encontro dessas
duas raças igualmente nobres que se ergue
a altiva nação brasileira (aos olhos do
idealismo romântico).
8. A Virgem dos lábios de mel
É tão idealizada quanto o primeiro ser
que dela nasce. A mulher, que tinha os
cabelos negros como as asas da
graúna, mantém seu porte altivo e
digno desde as primeiras linhas em que
é apresentada até sua morte.
9. Profecia
Iracema não podia pertencer a ninguém,
posto que era uma sacerdotisa: a
guardiã do segredo da jurema.
10. Grandes mulheres
Iracema não hesita em seguir os passos de
seu coração, mesmo sabendo o que
representava para sua tribo, para sua cultura
e para seus familiares.
É símbolo da coragem de seguir suas
próprias ambições.
É o prenúncio de grandes mulheres que
viriam a ser talhadas pela literatura de
Alencar.
11. O casal
O casal formado por Martim e Iracema
representa uma união, cujos alicerces estão
no sofrimento, no despojamento e no
sacrifício; português e índia formam uma
aliança marcada por lutas, rivalidades entre
tribos e povos, e que sucumbe à força do
destino, da fatalidade, pois é do sacrifício de
Iracema que nasce Moacir, o filho da dor, da
união dos dois povos: o nativo e o
colonizador.
12. 1º Processo construtivo:
Adjetivação abundante, que poderá causar
certo distanciamento ao leitor, uma vez que
as construções adjetivadas foram
praticamente abandonadas pelo Modernismo.
O adjetivo é empregado por Alencar para
colorir a linguagem, enfeitar a frase, trabalhar
a melodia, enriquecida pela escolha do termo
mais sonoro, mais casado com o nível
poético que o escritor pretende alcançar.
13. 2º Processo Construtivo
É o da comparação. Alencar se utiliza da
comparação, mais do que da metáfora, primando
pelo levantamento de elementos da natureza
brasileira, adocicando-os com a prosopopeia (ou
personificação), a que o escritor recorre com
frequência. Assim, os pássaros, os rios, as praias, as
árvores tornam-se cúmplices dos sofrimentos e das
alegrias por que passam as personagens e,
inversamente, a natureza reflete as sensações e
sentimentos humanos.
14. 3º Processo Construtivo:
A pontuação excessiva, a coordenação
abundante, como se o autor estivesse a
imitar o processo primitivo de pensar
por associações simples, tal como faria
um indígena.
15. Processo Narrativo:
A técnica de Alencar mantém-se uniforme no
transcorrer dos trinta e três capítulos de
Iracema.
Uma trama simples com soluções ao correr
da pena, e, no final, o embrião de uma nova
problemática, como se estivesse a tecer as
redes, para configurar a lenda/trama
metamorfoseada na formação/nascimento do
Ceará.
16. O Cenário
O cenário é sempre esplêndido,
correspondendo ao deslumbramento do
português diante da paisagem brasileira.
Alencar procurou fixar os costumes indígenas
conforme lhe pareceram mais fiéis, apoiado
em longos e contínuos estudos sobre a vida
primitiva do selvagem brasileiro.
17. O contraste
Martim é um homem de hábitos cristãos
e carrega consigo um sentimento de
culpa por um amor não consagrado.
A índia, ao contrário, entrega-se
integralmente, consciente de seus atos
e de seus sentimentos.
18. A morte
A morte significa a realização das
premunições do Pajé - a sacerdotisa não
poderia pertencer ao estrangeiro.
A morte também é bem-vinda porque livra da
culpa o cristão, que não pode legalizar sua
união perante a Igreja, pois seu amor,
possível nas terras virgens, não resistiria à
censura da civilização.