4. Praticante de uma linguagem seca,
agressiva
Tendência para narrativas em 1.ª pessoa
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Levantei-me há cerca de trinta dias, mas julgo
que ainda não me restabeleci completamente. Das
visões que me perseguiam naquelas noites
compridas umas sombras permanecem, sombras
que se misturam à realidade e me produzem
calafrios.
Regionalismo
‒ técnica narrativa “in media res”
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Impossível trabalhar. Dão-me um ofício, um relatório,
para datilografar, na repartição. Até dez linhas vou bem. Daí
em diante a cara balofa de Julião Tavares aparece em cima do
original, e os meus dedos encontram no teclado uma
resistência mole de carne gorda. E lá vem o erro. Tento
vencer a obsessão, capricho em não usar a borracha.
Concluo o trabalho, mas a resma de papel fica muito
reduzida.
Vivo agitado, cheio
de terrores (...) mãos de
velho, fracas e inúteis. As
escoriações das palmas
cicatrizaram.
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Impossível trabalhar. Dão-me um ofício, um relatório,
para datilografar, na repartição. Até dez linhas vou bem. Daí
em diante a cara balofa de Julião Tavares aparece em cima do
original, e os meus dedos encontram no teclado uma
resistência mole de carne gorda. E lá vem o erro. Tento
vencer a obsessão, capricho em não usar a borracha.
Concluo o trabalho, mas a resma de papel fica muito
reduzida.
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Impossível trabalhar. Dão-me um ofício, um relatório,
para datilografar, na repartição. Até dez linhas vou bem. Daí
em diante a cara balofa de Julião Tavares aparece em cima do
original, e os meus dedos encontram no teclado uma
resistência mole de carne gorda. E lá vem o erro. Tento
vencer a obsessão, capricho em não usar a borracha.
Concluo o trabalho, mas a resma de papel fica muito
reduzida.
Narrador: em estado de
desequilíbrio emocional
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Vitória resmunga na cozinha, ratos famintos
remexem latas e embrulhos no guarda-comidas, automóveis
roncam na rua.
Em duas horas escrevo uma palavra: Marina. (...)
* * *
(...) Foi entre essas plantas que, no começo do ano passado,
avistei Marina pela primeira vez, suada, os cabelos pegando
fogo.
(...) Era uma sujeitinha vermelhaça, de olhos azuis e cabelos
tão amarelos que pareciam oxigenados. Cabelos pegando
fogo e a cara pintada.
13. Dr. Gouveia: proprietário da residência de Luís
Moisés: amigo judeu
Vitória: criada, cinquentenária, tem um papagaio
mudo, mania de enterrar moedas perto da cerca da
horta
Seu Ivo: amigo comensal
D. Adélia e seu Ramalho: vizinhos
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(...) Sou tímido. Sei que sou feio. Olhos baços e boca muito
grande, além de um nariz grosso. (...)
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Lavo as mãos uma infinidade de vezes por dia, lavo
as canetas antes de escrever, tenho horror às
apresentações, aos cumprimentos, em que é necessário
apertar a mão que não sei por onde andou...
Preciso muita água e muito sabão. (...)
Lembrei-me da fazenda de meu avô. As cobras se
arrastavam no pátio. Eu juntava punhados de seixos
miúdos que atirava nelas até matá-las (...) Certo dia uma
cascavel se tinha enrolado no pescoço do velho Trajano,
que dormia num banco do copiar. Eu olhava de longe
aquele enfeite esquisito. A cascavel chocalhava, Trajano
dançava no chão de terra batida e gritava: Tira, tira, tira.
20. Praticante de uma linguagem seca,
agressiva
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Tipos bestas. Ficam dias inteiros fuxicando
nos cafés e preguiçando, indecentes. Quando avisto
essa cambada, encolho-me, colo-me às paredes
como um rato assustado. Como um rato,
exatamente. Fazejo dos negociantes que soltam
gargalhadas enormes, discutem política e putaria.
22. Praticante de uma linguagem seca,
agressiva
Criou personagens em processo de
degradação –
reificação
(≈ “coisificação”)
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