1. Ano Lectivo:
AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE PIAS 2009/2010
Escola Básica Integrada com Jardim de Infância de Pias
9º Ano
Língua Portuguesa
4ª Ficha de Avaliação Sumativa (Versão A)
12 Março 2010
Professora: Susana Banha …………………………………………..………………… Duração: 90 minutos
Nome: ______________________________________________________________ Turma: _____ N.º: _____
Não é permitido o uso de corrector.
Todas as questões devem ser respondidas na folha de respostas (folha de teste), com caneta azul
ou preta. As questões cuja resposta for dada no enunciado não serão alvo de correcção.
GRUPO I
A. Lê o texto A. Em caso de necessidade, consulta o glossário apresentado a seguir ao texto. De seguida,
responde aos itens que se lhe seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
TEXTO A
Na China, na África do Sul ou na Namíbia e, pasme-se, aqui mesmo ao lado, em
Espanha, o português está em expansão. Ao ponto de Carlos Reis, filólogo1, afirmar que, se
tivesse de fazer sugestões sobre onde criar uma escola portuguesa de excelência, apontaria
Madrid como uma «séria candidata». Só depois Paris e São Paulo.
5 Em Espanha, em 20 anos, passou-se de 100 para mais de 10 mil alunos. Destes, 72 por
cento são espanhóis. «Há um refrescamento da imagem de Portugal. Figo tem alguma coisa a
ver com isso», diz o Professor.
Os dados constam de um estudo sobre a internacionalização da língua portuguesa,
coordenado por este Professor de Coimbra e reitor da Universidade Aberta.
10 Os números do português, na verdade, já impressionam: 244 milhões de falantes em todo
o mundo, entre os habitantes dos oito países que têm este idioma como língua oficial e os
membros da diáspora2. O Brasil conta com uma percentagem esmagadora, mas, em África, o
português já é a terceira língua mais falada. Aí contam, sobretudo, Angola e Moçambique e a
sua cada vez maior influência na parte sul do continente: 35 milhões têm hoje o português
15 como língua de referência e, dentro de 20 anos, deverão ser 55 milhões. Quanto a China, o
português já se tornou indispensável – para os negócios em África, claro.
Carlos Reis, todavia, põe algumas reticências nesta «retórica triunfalista»3, como lhe
chama: «Estes são falantes de povos e países que, infelizmente, contam pouco no concerto
internacional». O Professor não tem dúvidas de que este é um bom momento para se fazer a
20 promoção do português, mas também sabe que «uma língua tem escassas possibilidades de
se internacionalizar enquanto os países não se afirmarem noutras instâncias, sejam elas
políticas, económicas ou científicas».
Fonte: Expresso, 5 de Julho de 2008 (texto adaptado)
GLOSSÁRIO:
1
filólogo – pessoa que se dedica ao estudo critico de textos.
2
diáspora – dispersao de uma comunidade pelo mundo.
3
retórica triunfalista – discurso excessivamente optimista.
Versão A ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. 1
2. 1. Associa cada um dos elementos da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de
acordo com o sentido do texto. Escreve o número de cada um dos elementos da Coluna A e a letra
relativa ao elemento da Coluna B que lhe corresponde. Utiliza cada número e cada letra apenas uma
vez.
Coluna A Coluna B
(a) Número de alunos que, há vinte anos, estudavam (1) 6
português em Espanha.
(2) 8
(b) Número aproximado de pessoas que, em países de (3) 20
língua oficial portuguesa e na comunidade portuguesa
(4) 100
no mundo, falam português.
(5) 10 mil
(c) Número de países cuja língua oficial é o português.
(6) 35 milhões
(d) Número de pessoas que, em Angola e em Moçambique, (7) 55 milhões
tem, actualmente, o português como língua de
(8) 244 milhões
referência.
2. Indica a expressão do texto a que se refere a palavra:
2.1. «isso» (linha 7)
2.2. «Aí» (linha 13).
3. Selecciona, para responderes a cada item (3.1. a 3.4.), a opção que permite obter a afirmação
adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada opção que
escolheres.
3.1. A informação de que o português está em expansão em Espanha é apresentada como sendo um
facto
(A) preocupante.
(B) tranquilizador.
(C) previsível.
(D) surpreendente.
3.2. De acordo com o texto, o interesse crescente pela língua portuguesa, na China, deve-se à vontade
de
(A) conhecer o futebol português.
(B) fazer turismo em Portugal.
(C) estabelecer negócios em África.
(D) investir na economia brasileira.
3.3. Na linha 17, a palavra «todavia» pode ser substituída pela expressão
(A) por isso.
(B) além disso.
(C) por conseguinte.
(D) contudo.
3.4. Segundo as informações contidas no último parágrafo do texto, a internacionalização de uma
língua depende, em grande medida,
(A) do papel que os países onde se fala essa língua assumirem a nível internacional, nos planos
político, económico ou científico.
(B) do valor que os países onde se fala essa língua atribuírem a política, a economia e a ciência.
(C) da consagração a nível internacional de alguns falantes dessa língua, nos planos político,
económico ou científico.
(D) da ajuda que os países onde se fala essa língua receberem da comunidade internacional.
4. Atribui um título ao texto.
Versão A ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. 2
3. B. Lê, com atenção, o texto B, extraído de O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente. Podes consultar
alguma informação e significados de algumas palavras, apresentados em notas a seguir ao texto
Posteriormente, responde aos itens que se lhe seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
TEXTO B
Vem um Frade com ua Moça pela mão, e um broquel e ua espada na outra, e um casco debaixo
do capelo; e, ele mesmo fazendo a baixa1, começou de dançar, dizendo:
FRADE Tai-rai-rai-ra-rão; ta-ri-rirão, DIABO Não curês de mais detença4.
ta-rai-rai-rai-rão; tai-ri-rirão, Embarcai e partiremos:
tao-tão; ta-ri-rim-rim-rão. Huha! tomarês um par de remos.
DIABO Que e isso, padre? Que vai lá? FRADE Nom ficou isso n'avença5.
FRADE Deo Gratias! Som cortesão. DIABO Pois dada está já a sentença!
DIABO Sabês também o tordião2? FRADE Par Deos! Essa seri’ela!
FRADE Porque não? Como ora sei! Não vai em tal caravela
DIABO Pois, entrai! Eu tangerei minha senhora Florença.
e faremos um serão.
Como? Por ser namorado
Essa dama, é ela vossa? e folgar com ũa mulher
FRADE Por minha la tenho eu, se há um frade de perder,
E sempre a tive de meu. com tanto salmo rezado?
DIABO Fezeste bem, que é fermosa! DIABO Ora estás bem aviado!
E não vos punham lá grosa3 FRADE Mais estás bem corregido!6
no vosso convento santo? DIABO Devoto padre marido,
FRADE E eles fazem outro tanto! havês de ser cá pingado7…
DIABO Que cousa tão preciosa!
Descobrio o Frade a cabeça,
Entrai, padre reverendo tirando o capelo, e apareceo o
FRADE Pera onde levais gente? casco8, e diz o Frade:
DIABO Pera aquele fogo ardente
que nom temestes vivendo. FRADE Mantenha Deos esta coroa
FRADE Juro a Deos que nom t’entendo! DIABO Ó padre Frei Capacete!
E est’hábito no me val? Cuidei que tínheis barrete!
DIABO Gentil padre mundanal, FRADE Sabê que fui da pessoa!9
a Berzabu vos encomendo! Esta espada é roloa10
e este broquel rolão10
FRADE Ah, Corpo de Deos consagrado! DIABO De Vossa Reverência lição
pela fé de Jesu Cristo, d’esgrima, que é cousa boa!
que eu nom posso entender isto!
Eu hei-de ser condenado? NOTAS:
1
Um padre tão namorado O Frade assobia ou trauteia a música de uma
e tanto dado a virtude? dança.
2
Assi Deos me dê saúde, Dança de uma ária a três tempos.
que eu estou maravilhado! 3
Reparo.
4
Demora.
5
Contrato; acordo.
6
“Mais bem aviado estás tu!”
7
castigado com pingos de gordura fervente.
8
capacete
9
Fui pessoa importante.
10
Célebre
Versão A ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. 3
4. 1. Selecciona, em cada item (1.1. a 1.5.), a alternativa que permite obter a afirmação mais adequada ao
sentido do texto. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada alternativa que
escolheres.
1.1. Esta personagem, quanto à concepção, é uma personagem tipo, porque
A. vem carregada com adereços.
B. representa a sociedade da altura.
C. apresenta características atribuíveis a um grupo social.
D. é um tipo de pessoa sem escrúpulos.
1.2. O Frade entra a dançar, porque
A. está contente por ter morrido.
B. vai fazer um serão com o Diabo.
C. acha que se vai salvar e fazer o mesmo que em vida.
D. quer divertir os ocupantes da Barca do Inferno.
1.3. O Diabo diz “Que é isso Padre? Que vai lá?”, pois
A. fica surpreendido ao ver o Frade dançar.
B. quer divertir-se, provocar o Frade, ver as suas reacções.
C. também quer dançar.
D. fica irritado com o Frade.
1.4. A Moça é
A. uma simples vítima do Frade.
B. uma companhia para o Frade não ir sozinho para o Inferno.
C. Florença, uma rapariga contratada por Brísida Vaz.
D. cúmplice e, portanto, culpada de falta contra a castidade.
1.5. O verso “Juro a Deus que não te entendo!” é
A. uma manifestação hipócrita de surpresa por parte do Frade, ao saber o seu destino.
B. uma fórmula de juramento comum entre os frades.
C. uma exclamação de surpresa do condenado, perante a revelação do seu destino.
D. uma prova de que a personagem em julgamento é inocente.
2. Responde de forma completa e estruturada às questões que te são colocadas. Salvo indicação em
contrário, utiliza as tuas próprias palavras.
2.1. Indica os símbolos cénicos que o Frade transporta.
2.1.1. Explicita o significado desses símbolos cénicos.
2.2. Transcreve do texto duas expressões que comprovem que o Diabo se dirige ao Frade num tom
irónico.
2.3. Explicita a característica do Frade presente nos versos «E não vos punham lá grosa / no vosso
convento santo? / E eles fazem outro tanto!».
2.3.1. Refere a intenção do autor ao escrever essas palavras.
2.4. À semelhança das restantes personagens, o Frade tenta defender-se das acusações do Diabo.
Indica os seus argumentos, ilustrando-os com excertos do texto.
2.5. Florença, a moça que acompanha o Frade, será condenada a entrar na barca do Inferno, ao
contrário do que aconteceu ao Pajem, que acompanhava o Fidalgo. Explica porquê.
Versão A ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. 4
5. C. Redige um texto expositivo, bem estruturado, com um mínimo de 70 palavras e um máximo de 100
palavras, sobre a História da Língua Portuguesa. Desenvolve os seguintes tópicos:
Origem da Língua Portuguesa;
Importância da Romanização no surgimento do português;
Estrato, substrato e superstrato da Língua Portuguesa;
Evolução até ao surgimento oficial do Português (localização temporal).
GRUPO II
1. Atenta na seguinte frase sobre o Auto da Barca do Inferno:
O ridendo castigat mores, máxima de origem latina, é importante nesta obra de crítica social.
Indica a função sintáctica dos segmentos transcritos:
1.1. “O ridendo castigat mores”;
1.2. “máxima de origem latina”;
1.3. “importante”;
1.4. “nesta obra de crítica social”.
2. Classifica as palavras sublinhadas, tendo em conta a sua evolução. Justifica a tua resposta.
Actum > acto
Actum > auto
3. Identifica os processos fonéticos assinalados nas seguintes palavras:
3.1. amore > amor
3.2. humile > humilde
3.3. fine > fim
3.4. octo > oito
3.5. ipse > esse
4. Classifica a oração sublinhada na frase seguinte.
Todos declararam, que a adaptação do Auto da Barca do Inferno lhe tinha agradado.
GRUPO III
No Auto da Barca do Inferno, o Enforcado foi condenado à pena de morte. Esta pena foi abolida em quase
todos os países (em Portugal, em 1867).
Redige um texto, com o máximo de 240 e o mínimo de 180 palavras, em que defendas a abolição da pena
de morte em todos os países do Mundo por razões que se prendem com o valor da vida, de que ninguém é
dono.
Bom Trabalho!
Versão A ………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………………. 5