O documento discute o equilíbrio hidro-eletrolítico no corpo humano, abordando tópicos como:
1) A distribuição da água e dos principais eletrólitos (sódio, potássio, cloreto) entre os compartimentos intra e extracelular;
2) Os mecanismos fisiológicos envolvidos na regulação da osmolaridade, volume e concentração desses eletrólitos, principalmente a função renal;
3) As causas, manifestações clínicas e abordagem da hip
2. Água
Mulheres = 50% do peso corporal
Homens = 60% do peso corporal
Intracelular = 55-75%
Extracelular = 25-45%
Intravascular (plasma): Extravascular (interstício)
(relação 1:3)
O que é osmolaridade (mosmol/Kg)
Osmolaridade intracelular = extracelular como?
3. Extracelular – Na+, Cl-, HCO3-
Intracelular – K+, ésteres fosfatos orgânicos
(ATP, creatino fosfato, fosfolipídios)
Osmolaridade efetiva (ou tonicidade) –
determinado somente por solutos restritos
ao intra ou extravascular
Adaptação osmótica
Osmóis efetivos
E o movimento líquido entre intravascular e
interstício? E o retorno para intravascular?
4. Osmolaridade plasmática = 275-290 mosm/Kg
Mecanismos de correção osmolar –
sensibilidade para alterações de 1-2%
Entrada de água deve ser = saída senão...
Perdas
Perdas insensíveis
Perdas renais
▪ 600 mosmols devem ser excretados por dia
▪ Osmolaridade urinária máxima 1200 mosmol/Kg (a mínima
é 50 mosmol/Kg)
▪ Logo débito urinário mínimo = 500 ml/dia
5. Ingestão hídrica
Sede (estímulo primário)
↑Osmol efetiva (>295 mosmol/Kg)
↓volume de líquido extracelular ou ↓PA
Qual é então mais sensível?
A ingestão habitual é maior que a necessária
Excreção da água
Arginina vasopressina (AVP) – principal determinante da
excreção renal.
Estímulo principal é a hipertonicidade (280-290)
Fatores não osmóticos que regulam a secreção de AVP incluem:
volume circulante efetivo (arterial), náusea, dor, stress, hipoglicemia,
gravidez, drogas, etc...
Sensibilidade da resposta mediada por barorreceptores no seio
carotídeo é muito menos sensível que alterações na osmolaridade
6. Principal cátion extracelular
85-90% de todo sódio é extracelular (Bomba de
Na+-K+-ATPase)
Volume ECF é reflexo do Na+ total global
Atenção – desordens da osmorregulação ≠
desordens da regulação volêmica (regulados
independentemente)
Isso é Alterações da concentração do sódio
geralmente reflete distúrbios da homeostasia da
água, enquanto que alterações no conteúdo do
sódio são manifestados como contração ou
expansão do volume ECF e implicam em balanço
anormal de sódio.
7. Ingestão de sódio
Dieta típica ocidental – 150 mmol de NaCl/dia, o que
excede as necessidades basais
Excreção de sódio – é o principal determinante
do balanço de sódio
Multifatorial
Déficit ou excesso de sódio ↓↑volume circulante
efetivo respectivamente
Alterações do VCE paralelamente alteram a TFG
Porém , a reabsorção tubular de Na+ (e não a TFG) é o
mecanismo regulatório principal da excreção de Na+
8. 2/3 Na+ filtrado é reabsorvido no túbulo
contorcido proximal
25-30% da reabsorção restante – alça de
Henle (ramo espesso ascendente) via Na+-
K+-2Cl- contransporte
5% reabsorção no túbulo contorcido distal –
mediado por Na+-Cl- contransporte tiazídico
sensível
Reabsorção restante final – ductos coletores
corticais e medulares
9. Água livre ingerida livre de solutos = água
livre de eletrólitos excretada
Quantidade de Na+ ingerida = quantidade
excretada de sódio por dia
10. Na < 135 mmol/l
Manifestações clínicas:
Sintomas são principalmente neurológicos e a sua
gravidade é dependente da velocidade de instalação e
redução absoluta da concentração do sódio plasmático
11. Não pé doença. É manifestação comum a
várias doenças
Avaliação da história minuciosa
Avaliação da volemia
Osmolaridade plasmática (aferida) e urinária
Na+ urinário
K+ urinário
Ácido úrico e uricosúria
12. Causas de hiponatremia
I – Pseudohiponatremia
A. Osmolaridade plasmática normal
• Hiperlipidemia
• Hiperproteinemia
• Pós ressecção transuretral prostática ou tumor de bexiga
B. Osmolaridade plasmática elevada
• Hiperglicemia (Redução de 1,4 mmol/l de Na+ para cada 100mg/dl acima do valor normal de glicemia)
• Manitol
II – Hiponatremia hipoosmolar
A. Perda primária de Na+ (ganho secundário de água)
• Perda cutânea: sudorese, queimadura
• Perda TGI: vômitos, CNG, fístula, obstrução intestinal, diarréia
• Perda renal: diuréticos, diurese osmótica, hipoaldosteronismo, nefropatia perdedora de sal, diurese pós
obstrutiva, NTA não oligúrica
B. Ganho primário de água (perda secundária de Na+)
•Polidipsia primária
•Redução de ingestão de soluto (p.ex. beer potomania)
•Liberação de AVP por dor, drogas e náusea
•SIADH
•Deficiência de glicocorticóides
•Hipotireoidismo
•Insuficiência renal crônica
•C. Ganho primário de Na+ (ganho de água que excede o ganho hídrico)
•Insuficiência cardíaca
•Cirrose hepática
•Síndrome nefrótica
13. Alta Osmolaridade plasmática Baixa
Normal
Hiperglicemia Máximo volume urinário
Manitol Hiperproteinemia maximamente diluída
Hiperlipidemia (<100 mosmol/Kg)
Irrigação vesical Não Sim
Polidipsia primária
Volume extracelular
Reset osmolar
Elevada Normal Reduzida
ICC SIADH
Cirrose Sódio urinário
Hipotireoidismo?
Síndrome Nefrótica Insuficiência adrenal?
Insuf. renal > 20 mmol/l
< 10 mmol/l
Nefropatia perdedora de sal
Perda de sódio extra-renal Hipoaldosteronismo
Uso remoto de diurético Diuréticos
Passado de vômitos Vômitos
14. Alvo aumentar a concentração de sódio
plasmático basicamente restringindo
ingestão de água e promovendo perda de
água
Correção da causa base
15. Assintomática (hipoNa+ leve a moderada)
Se ↓Na+ e ↓ECF salina isotônica (a
euvolemia aborta o estímulo da liberação da
AVP)
Se edema restringir Na+ na dieta
Restringir água da dieta (< débito urinário)
Corrigir hipoK+
Perda de água deve ser > perda Na+ (diurético de
alça)
Polidipsia, SIADH, IR restrição hídrica
16. Depende da ausência ou presença de sintomas
neurológicos
Relacionado a magnitude da hiponatremia e a velocidade
de sua instalação
Assintomático: elevar Na+ 0,5-1 mmol/l/h (< 10-12
mmol/l/24 horas)
Aguda grave (Na+ < 110-115 mmol/l): correção pode ser
mais rápida. Salina hipertônica. 1-2 mmol/l nas 3-4
primeiras horas ou até cessar convulsão
(Na+ alvo – Na+ atual) x peso x 0,5 (ou 0,6)
Síndrome de desmielinação osmótica (mielinólise pontina)
Maior risco: hiponatremia crônica, desnutrição por etilismo,
hipoK+, encefalopatia anóxica.
17. Concentração de Na+ plasmático > 145 mmol/
Estado de hiperosmolaridade
Ganho de Na+ primário ou déficit de água
Excreção da pouca urina e muito concentrada
Na prática a maioria resulta da perda de água
ICF: ECF 2:1
Exemplos 1, 2 e 3
Em geral a hipertonicidade é leve! Por que?
Pacientes de maior risco?
18. Renal (mais comum)
Extra-renal
Pele
Respiratória
TGI
Manifestações clínicas
Também relacionado ao nível e velocidade de instalação
Maioria neurológicos
Maior risco de HSA e HIC
Poliúria
Sede
Polidipsia
19. Volume ECF Não elevado
Mínimo volume urinário
Elevado Não maximamente concentrada
Sim
Administração de Osmol urinária
NaCl hipertônico >750mosmol/d Perda insensível de água
ou NaHCO3 Perda TGI
Sim Perda de água renal remota
Não
Resposta renal a Diurético
desmopressina Diurese osmótica
Osmolaridade Osmolaridade
urinária se eleva urinária não se altera
Diabetes Insipidus central Diabetes Insipidus nefrogênico
20. Alvo cessar perda continuada de “água livre”
Em caso de hipovolemia euvolemia
Déficit de água = [(Na+ plasmático – 140)/140] x
“água corporal total”
Velocidade de correção = hiponatremia
Via mais segura para administração
DI
Vasopressina (desmopressina)
Reduzir ingestão de sódio (tiazídico em baixa dose)
Clorpropramida, clofibrato, carbamazepina, AINES
21. Equilíbrio do potássio
Maior cátion intracelular
Potássio sérico normal = 3,5-5,5 mmol/l (cerca de 2%
do potássio corporal total)
Intracelular sua concentração é de cerca de 150
mmol/l
Relação 38:1 mantém potencial de ação
Crucial para função neuromuscular
Bomba Na+ -K+- ATPase (2:3)
90% do K+ ingerido é absorvido
Equilíbrio ingestão = excreção (TGI:Rim)
22. Principal rota renal
Carga de K+ filtrada/dia é cerca de 10-20 x > do que K+ ECF
90% K+ filtrado é reabsorvido no túbulo contorcido
proximal (passivamente com Na+ e H20) e alça de Henle
(Na+K+Cl- cotransporte)
Portanto K+ em túbulos distais e coletoras corticais = K+
ingerido
Secreção ou reabsorção distal caso excesso ou depleção
Virtualmente toda regulação da excreção renal de K+ e o
balanço do K+ total corporal é regulada no néfron distal
Secreção de K+ regulada por
Aldosterona
HiperK+
23. Potássio plasmático < 3,5 mmol/l
Basicamente por uma ou mais causas:
Redução da ingestão (rara) - Pica
Transferência intracelular
Aumento nas perdas
▪ Não renais
▪ Renais (causa mais comum)
29. Corrigir déficit
Reduzir perdas
Depleção do K corporal não se correlaciona bem com
dosagem sérica?
Monitorizar reposição. Sempre que possível por via
enteral.
KCL 10% vs. Citrato de K?
Concentração da reposição venosa
Acesso periférico até 40 mmol/l
Acesso central até 60 mmol/l
Velocidade de até 20 mmol/h (exceto se arritmias
ventricular maligna ou paralisia muscular)
Diluir em salina
30. Potássio plasmático > 5,0 mmol/l
Basicamente por uma ou mais causas:
Liberação celular de K
▪ Hemólise
▪ Lise tumoral
▪ Rabdomiólise
▪ Acidose metabólica
▪ Deficiência insulina e hiperglicemia
▪ Exercício induzido
Redução da perda renal
Aumento da ingestão? (adaptação do potássio)
HiperK iatrogênica
PseudohiperK