1. O que é vida?
Rodrigo Thiago Passos Silva
Natureza da Informação, Bacharelado em Ciência e Tecnologia
Universidade Federal do ABC, Santo André, São Paulo
A vida talvez seja a definição científica mais complexa e cheia de controvérsias. Existem
diferentes hipóteses, umas já completamente descartadas no meio científico e outras ainda vigentes,
apesar das divergências de opiniões.
Fisiologicamente a vida é definida como m ser capaz de realizar algumas funções básicas, como
comer, metabolizar, excretar, respirar, mover, crescer, reproduzir e reagir a estímulos externos. É uma
definição, popular por muitos anos, simplista e generalista de forma demasiada, sendo, quase totalmente
descartada hoje.[1]
Para a bioquímica, seres vivos contêm informação hereditária reproduzível codificada em
moléculas de ácidos nucleicos e que controlam a velocidade de reações de metabolização pelo uso de
catálise com as enzimas. Esta é considerada uma definição adequada para vida, apesar de haver um
contraexemplo, os vírus, que possuem informação genética, porém necessitam do ácido nucleico do
hospedeiro para se reproduzir.[1]
Para a termodinâmica, sistemas vivos são uma organização especial e localizada da matéria, onde
se produz um contínuo incremento de ordem se intervenção externa.[2]
Para a religião católica, a vida humana é um dom que Deus Criador e Pai confiou ao homem e
exige que este tome consciência e assuma a responsabilidade do mesmo. A morte é o fim da peregrinação
terrestre do homem, do tempo da graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida
terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu desino ultimo. O cristão, unindo sua morte à de
Cristo, caminha para a vida eterna.[3][4]
Filosoficamente a vida é conceituada de diversas formas, a depender da época. Platão identificava
alma e vida, porque considerava própria da alma a capacidade de “mover-se por si”. Aristóteles entendia
por vida “a nutrição, o crescimento e a destruição que se originam por si mesmos”. São Thomas afirmava
que a vida significa “a substância a qual convém por natureza mover-se ou conduzir-se espontaneamente
e de qualquer modo à ação”. Descartes e Hobbes sugeriram o conceito mecaniscista da vida, na qual o
organismo é uma máquina bem montada e negava a identidade entre alma e vida, pois considerava-se
possível que a mesma matéria corpórea, em certas formas de organização, teria condições de mover-se ou
desenvolver-se por si. Leibniz objetava ao mecanismo e ao vitalismo, pois ambos contradizem o princípio
físico “um corpo só se move se impelido por um corpo vizinho em movimento”, considerava que a única
teoria da vida compatível com esse princípio é a da harmonia preestabelecida, que consiste na
concordância ação das substâncias, preestabelecida por Deus. Kant afirmava que “a vida é a capacidade
de atuar segundo a faculdade de desejar”.[5]
Por fim, multidisciplinarmente, em termos biológicos, físicos e informacionais, a vida é definida
como sendo um complexo e dinâmico estado de interações bioquímicas e biofísicas. São, portanto, duas
propriedades básicas dos seres vivos: são capazes de produzir e utilizar energia química para a síntese de
macromoléculas por meio de uma gama de proteínas disponíveis e possuem pelo menos um ácido
nucleico que carrega em sua estrutura os mecanismos essenciais a codificação e decodificação das
informações necessárias para a produção das macromoléculas citadas anteriormente.[6]
1
UFSC. Revista eletrônica do Departamento de Química. Disponível em: < http://www.qmc.ufsc.br/qmcweb/
artigos/vida.html>. Acesso em: 27 nov. 2010
2
VIDA. Wikilingue, a Wikipédia multilíngue. Disponível em: < http://pt.wikilingue.com/es/Vida>. Acesso em 27 nov.
2010.
3
RATZINGER, JOSEPH. Instrução sobre o respeito à vida humana nascente e a dignidade da procriação. Disponível em:
< http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/
rc_con_cfaith_doc_19870222_respect-for-human-life_po.html> Acesso em: 28 nov. 2010.
4
Catecismo da Igreja Católica. Edição Típica Vaticana. ed. Loyola. §1013, §1020
5
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 1000-1001.
6
VIRUS. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Virus>. Acesso em: 27 nov.
2010