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texto de Iuri 
Lótman 
Semiótica russa 
SOBRE O PROBLEMA DA 
TIPOLOGIA DA CULTURA
• Texto discute estudo de fenômenos culturais com recursos da Semiótica. 
• Primeira providência teórica: definir os termos “cultura” e “semiótica”. A 
que o autor se refere quando usa esses termos? 
• Cultura: conjunto de informações não-hereditárias que as diversas 
coletividades da sociedade humana acumulam, conservam e transmitem.
• Cultura associada à informação. 
• Mesmo os objetos destinados a fins práticos carregam informação. 
• Monumentos de cultura têm finalidades práticas, mas carregam 
informações de suas experiências de trabalho. 
• Pirâmide interessava ao Egito Antigo como um templo, e para o 
historiador, como um objeto revelador da cultura daquele tempo.
• Instrumentos da cultura material pertencem à cultura na medida em que 
estão impregnados de informações sobre a sociedade que os empregou. 
• Concepção de cultura permite duas atitudes possíveis: 
• - exame de etapas isoladas da cultura; 
• - exame da cultura como um todo, constituindo um texto aberto unitário.
• Lótman recupera contribuições de Jakobson, estabelecendo sua 
aplicabilidade em outros fenômenos de comunicação e outras 
possibilidades além da língua natural. 
• Autor reaproveita as noções de código e mensagem, pensadas para a 
língua natural. Código: estrutura e material da língua utilizado para a 
comunicação. Mensagem: conteúdo de informação numa ação de 
comunicação.
Nas estruturas de comunicação, o código é a moldura 
estrutural que fornece as condições para que se efetue 
a mensagem. Na língua portuguesa, seria a estrutura 
gramatical que permite que uma frase qualquer faça 
sentido. 
Nos textos culturais, segundo Lótman, também haveria 
uma estrutura equivalente: haveria códigos culturais 
(conjuntos de determinações específicas de uma 
determinada cultura) e “mensagens culturais” (textos de 
cultura, realização das informações culturais em forma 
definida).
Lótman distingue estrutura dos conteúdos culturais da 
estrutura da língua natural na qual são enunciados. 
Distingue também o sistema teoricamente reconstruído da 
cultura da realização desse sistema nas mais diversas 
manifestações (analogamente à distinção entre língua e 
fala). 
Informações culturais envolvem, portanto, informações de 
conteúdo e códigos sociais, que permitem expressar essas 
informações por meio de determinados signos, tornados 
patrimônios das comunidades humanas.
TEXTOS DE COMUNICAÇÃO EM GERAL
TEXTOS CULTURAIS
PROCESSO SEMIÓTICO
Noção de modelização: modo como um texto reproduz um determinado 
modelo de mundo por meio de recursos semióticos. 
Uma informação de conteúdo em línguas distintas recebe soluções 
distintas de modelização. 
Modelização primária: língua natural. 
Modelização secundária: sistemas de cultura.
• A Lótman interessa a cultura como hierarquia de códigos historicamente 
formada: “Cada tipo de codificação da informação histórico-cultural está 
ligado às formas radicais da autoconsciência social, da organização das 
coletividades e da auto-organização da personalidade”. 
• Interesse de Lótman: descrição dos tipos de códigos culturais. Seria como 
a “gramática da língua da cultura”.
• Caminho teórico da proposta de Lótman: 
• - descrição dos códigos culturais (a partir dos quais se formam as línguas 
naturais); 
• - descrição das características comparativas dos códigos culturais; 
• - determinação dos universais das culturas humanas; 
• - construção do sistema da cultura da humanidade.
• Códigos culturais são de grande complexidade, mais complexos que as 
línguas naturais. 
• Textos culturais podem ser examinados: 
• - como textos únicos, com códigos únicos; 
• - como conjuntos de textos, com códigos múltiplos. 
• Códigos múltiplos podem se apresentar de duas formas: 
• - totalmente decifráveis por meio de um código geral; 
• - decifráveis por códigos diversos em um nível, mas por um único sistema 
de signos em outro nível.
Se dois códigos culturais diferentes são decifráveis, em algum nível, por 
algum sistema de signos, são variantes de um sistema invariante. 
Monges e cavaleiros têm normas ideais de comportamento diferentes, 
até opostas. Mas ambos fazem parte do sistema cultural medieval 
(sistema codificador invariante).
Fatores complicadores da hierarquia de códigos 
culturais: 
- um mesmo tipo cultural pode ser interpretado de 
formas diferentes por diferentes setores da cultura; 
- textos culturais possuem grande mobilidade 
semântica, pois a estrutura de códigos de uma 
cultura sempre pode ser interpretada pela estrutura 
de códigos de outra cultura similar ou 
completamente alheia.
- todo texto cultural, no nível da realização, consiste na unificação de 
vários sistemas. Portanto, nenhum código pode decifrar com absoluta 
precisão o momento da realização. 
- código da época é predominante, mas há outros, que devem ser 
compatíveis com ele. Pesquisador deve determinar dominância e 
compatibilidade.
Edificação da cultura sobre língua natural é 
parâmetro essencial para sua compreensão. 
Lótman compara dois tipos culturais, o medieval e o 
renascentista. 
Tipo medieval: tudo é significativo. Cada pequeno 
objeto material (hóstia, por exemplo) pode refletir o 
todo (a Divindade). Daí o princípio da interpretação 
dos textos sempre como alegóricos ou simbólicos, e 
a importância da exegese.
Para o tipo medieval, um objeto só tem valor social 
quando tem valor enquanto signo cultural no 
sistema de códigos estabelecido, com fortes 
vínculos religiosos. 
Objetos recebiam adoração de segundo grau, isto é, 
eram adorados como parte da divindade e na 
medida em que seus conteúdos enquanto signos 
eram sagrados. A divindade, por sua vez, recebia 
adoração de primeiro grau.
Tipo renascentista é construído com características 
opostas enquanto código cultural. 
Organização da cultura estabelecia oposição entre o 
natural e o não natural, com maior valorização do 
primeiro. 
As coisas em si, realidades imediatas (felicidade física, 
trabalho, alimento), são valorizadas, e as 
representações sígnicas são vistas como ficções, 
inferiores (dinheiro, tradições, honrarias).
Palavras são consideradas mentiras, por sua 
característica prototípica de signos. Assim, os signos 
culturais e sociais de linguagem são desvalorizados, 
considerados distanciamentos da realidade. Mundo 
social é visto como hipócrita. 
Dualidade da visão renascentista estabelece, para a 
“língua” da cultura, a noção de norma e infração 
(acidente, “fala”). Para o tipo medieval, não haveria, 
culturalmente, ocasião da infração. Não haveria, 
portanto, “fala” da cultura.
História da cultura pode ser vista como série paradigmática. 
“Cada tipo estrutural de cultura dará sua relação com o signo, a 
semioticidade e outros problemas da organização linguística”. 
Semiótica pode ser resultado do código cultural de nossa época.
LÓTMAN, I. Sobre o problema da tipologia da cultura. In: SCHNAIDERMAN, 
B. (org.) Semiótica russa. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.

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Sobre o problema da tipologia da cultura

  • 1. Baseado em texto de Iuri Lótman Semiótica russa SOBRE O PROBLEMA DA TIPOLOGIA DA CULTURA
  • 2. • Texto discute estudo de fenômenos culturais com recursos da Semiótica. • Primeira providência teórica: definir os termos “cultura” e “semiótica”. A que o autor se refere quando usa esses termos? • Cultura: conjunto de informações não-hereditárias que as diversas coletividades da sociedade humana acumulam, conservam e transmitem.
  • 3. • Cultura associada à informação. • Mesmo os objetos destinados a fins práticos carregam informação. • Monumentos de cultura têm finalidades práticas, mas carregam informações de suas experiências de trabalho. • Pirâmide interessava ao Egito Antigo como um templo, e para o historiador, como um objeto revelador da cultura daquele tempo.
  • 4. • Instrumentos da cultura material pertencem à cultura na medida em que estão impregnados de informações sobre a sociedade que os empregou. • Concepção de cultura permite duas atitudes possíveis: • - exame de etapas isoladas da cultura; • - exame da cultura como um todo, constituindo um texto aberto unitário.
  • 5. • Lótman recupera contribuições de Jakobson, estabelecendo sua aplicabilidade em outros fenômenos de comunicação e outras possibilidades além da língua natural. • Autor reaproveita as noções de código e mensagem, pensadas para a língua natural. Código: estrutura e material da língua utilizado para a comunicação. Mensagem: conteúdo de informação numa ação de comunicação.
  • 6. Nas estruturas de comunicação, o código é a moldura estrutural que fornece as condições para que se efetue a mensagem. Na língua portuguesa, seria a estrutura gramatical que permite que uma frase qualquer faça sentido. Nos textos culturais, segundo Lótman, também haveria uma estrutura equivalente: haveria códigos culturais (conjuntos de determinações específicas de uma determinada cultura) e “mensagens culturais” (textos de cultura, realização das informações culturais em forma definida).
  • 7. Lótman distingue estrutura dos conteúdos culturais da estrutura da língua natural na qual são enunciados. Distingue também o sistema teoricamente reconstruído da cultura da realização desse sistema nas mais diversas manifestações (analogamente à distinção entre língua e fala). Informações culturais envolvem, portanto, informações de conteúdo e códigos sociais, que permitem expressar essas informações por meio de determinados signos, tornados patrimônios das comunidades humanas.
  • 11. Noção de modelização: modo como um texto reproduz um determinado modelo de mundo por meio de recursos semióticos. Uma informação de conteúdo em línguas distintas recebe soluções distintas de modelização. Modelização primária: língua natural. Modelização secundária: sistemas de cultura.
  • 12. • A Lótman interessa a cultura como hierarquia de códigos historicamente formada: “Cada tipo de codificação da informação histórico-cultural está ligado às formas radicais da autoconsciência social, da organização das coletividades e da auto-organização da personalidade”. • Interesse de Lótman: descrição dos tipos de códigos culturais. Seria como a “gramática da língua da cultura”.
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  • 17. • Caminho teórico da proposta de Lótman: • - descrição dos códigos culturais (a partir dos quais se formam as línguas naturais); • - descrição das características comparativas dos códigos culturais; • - determinação dos universais das culturas humanas; • - construção do sistema da cultura da humanidade.
  • 18. • Códigos culturais são de grande complexidade, mais complexos que as línguas naturais. • Textos culturais podem ser examinados: • - como textos únicos, com códigos únicos; • - como conjuntos de textos, com códigos múltiplos. • Códigos múltiplos podem se apresentar de duas formas: • - totalmente decifráveis por meio de um código geral; • - decifráveis por códigos diversos em um nível, mas por um único sistema de signos em outro nível.
  • 19. Se dois códigos culturais diferentes são decifráveis, em algum nível, por algum sistema de signos, são variantes de um sistema invariante. Monges e cavaleiros têm normas ideais de comportamento diferentes, até opostas. Mas ambos fazem parte do sistema cultural medieval (sistema codificador invariante).
  • 20. Fatores complicadores da hierarquia de códigos culturais: - um mesmo tipo cultural pode ser interpretado de formas diferentes por diferentes setores da cultura; - textos culturais possuem grande mobilidade semântica, pois a estrutura de códigos de uma cultura sempre pode ser interpretada pela estrutura de códigos de outra cultura similar ou completamente alheia.
  • 21. - todo texto cultural, no nível da realização, consiste na unificação de vários sistemas. Portanto, nenhum código pode decifrar com absoluta precisão o momento da realização. - código da época é predominante, mas há outros, que devem ser compatíveis com ele. Pesquisador deve determinar dominância e compatibilidade.
  • 22. Edificação da cultura sobre língua natural é parâmetro essencial para sua compreensão. Lótman compara dois tipos culturais, o medieval e o renascentista. Tipo medieval: tudo é significativo. Cada pequeno objeto material (hóstia, por exemplo) pode refletir o todo (a Divindade). Daí o princípio da interpretação dos textos sempre como alegóricos ou simbólicos, e a importância da exegese.
  • 23. Para o tipo medieval, um objeto só tem valor social quando tem valor enquanto signo cultural no sistema de códigos estabelecido, com fortes vínculos religiosos. Objetos recebiam adoração de segundo grau, isto é, eram adorados como parte da divindade e na medida em que seus conteúdos enquanto signos eram sagrados. A divindade, por sua vez, recebia adoração de primeiro grau.
  • 24. Tipo renascentista é construído com características opostas enquanto código cultural. Organização da cultura estabelecia oposição entre o natural e o não natural, com maior valorização do primeiro. As coisas em si, realidades imediatas (felicidade física, trabalho, alimento), são valorizadas, e as representações sígnicas são vistas como ficções, inferiores (dinheiro, tradições, honrarias).
  • 25. Palavras são consideradas mentiras, por sua característica prototípica de signos. Assim, os signos culturais e sociais de linguagem são desvalorizados, considerados distanciamentos da realidade. Mundo social é visto como hipócrita. Dualidade da visão renascentista estabelece, para a “língua” da cultura, a noção de norma e infração (acidente, “fala”). Para o tipo medieval, não haveria, culturalmente, ocasião da infração. Não haveria, portanto, “fala” da cultura.
  • 26. História da cultura pode ser vista como série paradigmática. “Cada tipo estrutural de cultura dará sua relação com o signo, a semioticidade e outros problemas da organização linguística”. Semiótica pode ser resultado do código cultural de nossa época.
  • 27. LÓTMAN, I. Sobre o problema da tipologia da cultura. In: SCHNAIDERMAN, B. (org.) Semiótica russa. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.