Este documento descreve as características de imagem de lesões ósseas benignas e malignas dos dedos das mãos. Lesões benignas como encondromas, osteocondromas e cistos ósseos são mais comuns. Tumores malignos como condrossarcomas são raros. Radiografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética são úteis para caracterizar a lesão e guiar o diagnóstico e tratamento.
Terapia Celular: Legislação, Evidências e Aplicabilidades
Diagnostic Imaging of Bone Tumors in Fingers
1. Diagnostic Imaging of Benign and
Malignant Osseous Tumors of the
Fingers
Acadêmico: Luiz Alfredo Zappe Fiori
Dezembro/2014
2. Introdução
• Lesões ósseas dos dedos das mãos não são
incomuns, sendo a vasta maioria lesões
benignas
• Tumores ósseos da mão representam cerca de
2 a 5% de todos os tumores esqueléticos
• Frequentemente descobertas incidentalmente
3. • Lesões malignas são raras, necessitando de um
estudo incluindo diversas modalidades de
imagem, como Raio X, TC e RM para elucidar
devidamente a lesão
• O US exerce um papel limitado na avaliação de
lesões ósseas, embora seja bastante útil na
avaliação de lesões de partes moles da mão
• O artigo descreve características das imagens de
lesões benignas e malignas, assim como
vantagens e desvantagens dos diversos métodos
4. Modalidades de Imagem e Técnicas
• Radiografia
– Exame inicial
– Incidências anteroposterior, lateral e oblíqua
– Caracterizar o tamanho, o número e a localização
precisa da lesão, assim como as margens, zona de
transição, reação periosteal, mineralização da
matriz e acometimento de partes moles
– Se todo o diâmetro ósseo estiver acometido pela
lesão, torna-se difícil determinar a origem da
lesão (cortical, medular ou justacortical)
5. Modalidades de Imagem e Técnicas
• Tomografia Computadorizada
– Tem como vantagem auxiliar na avaliação de
continuidade cortical da lesão, assim como
ruptura dessa camada, definindo a agressividade
da lesão
– Boa acurácia na avaliação de fraturas patológicas e
da mineralização óssea
– Superior a radiografia para avaliação de qualquer
acometimento de partes moles
6. Modalidades de Imagem e Técnicas
• US
– Utilidade limitada na avaliação de lesões ósseas
– Bastante útil na avaliação de partes moles da mão
– Tumores glômicos, que podem mimetizar lesões
ósseas primárias podem ser identificados ao US
7. Modalidades de Imagem e Técnicas
• Ressonância Magnética
– Auxilia na avaliação da extensão da lesão para
partes moles e acometimento da medula óssea
dos dedos
– Pode levar a uma superestimação da
agressividade das lesões, pois lesões benignas
podem cursar com edema ósseo e de partes
moles
– Portanto, deve-se fazer uma correlação com
Radiografia e/ou TC
8. Abordagem em tumores ósseos de
dedos das mãos
• Devemos saber a idade do paciente, a localização exata
da lesão para restringirmos o diagnóstico referencial
• A definição das margens da lesão e da zona de
transição entre a região da lesão e o tecido ósseo
adjacente são fatores chave para a definição da
agressividade da lesão
• Lesão com uma margem bem delimitada na radiografia
ou na TC é considerada uma lesão não agressiva
• Uma lesão com uma zona de transição ampla e
margens mal definidas sugerem um processo ósseo
infiltrativo, como um tumor agressivo ou um processo
infeccioso ou metabólico agressivo
9. Abordagem em tumores ósseos de
dedos das mãos
• Reação periosteal também pode elucidar a
natureza da lesão, dependendo da sua
característica
– Lesão sólida, bem delimitada, denota um processo
lento, pouco agressivo
– Lesão com ruptura ou aparência de ‘’explosão solar’’
sugere um processo agressivo
• Identificação de lesões com aparência de ‘’rings-and-
arcs’’ indicam lesão com origem condral,
como encondroma ou condrosarcoma
10. Lesões Benignas
• Encondromas
– Tumor benigno mais comum da mão
– Frequentemente assintomático, sendo um achado
ocasional
– Se doloroso (sintomático), deve-se levantar
suspeita de fratura patológica, bem caracterizada
pela TC ou Radiografia
11. Endocondroma em
uma paciente
feminino, 49 anos,
com início súbito de
dor em 5º
quirodactilo. A
radiografia demonstra
uma fratura patológica
através de um
endocondroma da 5ª
falange proximal
(seta).
12. Lesões Benignas
• Encondromas
– Apresenta-se à radiografia e à TC como uma lesão clara,
bem delimitada, surgindo da cavidade medular, podendo
causar expansão ou desgaste ósseo, predispondo a
fraturas patológicas
– Apresentação em ‘’rings-and-arcs’’ pode ser vista
– Quando ocorre o surgimento de uma dor importante,
crescimento no exame de imagem de seguimento, perda
da definição das margens, rompimento da cortical ou
reação periosteal local é motivo de preocupação para
degeneração maligna, embora essa condição seja rara
– Tratamento: Se assintomático, seguimento radiológico. Se
sintomático ou fratura patológica, curetagem com ou sem
enxerto ósseo
13. • Encondroma em um homem de 49 anos com dor no 4º quirodáctilo. a) radiografia
demonstra uma lesão bem delimitada, moderadamente expansiva, com matriz
condróide (seta), um achado consistente com encondroma. b) radiografia obtida
após 3 meses da realização de curetagem e aplicação de enxerto ósseo.
14. Lesões Benignas
• Encondromatose Múltipla (Doença de Ollier)
– Rara, acometendo 1/100.000, com a maioria dos
diagnósticos realizados em torno de 13 anos
– Apresenta-se como múltiplos endocondromas, com
distribuição assimétrica, preferindo metacarpos a falanges,
resultando em deformidades ósseas dos dedos das mãos
– Chance para degeneração para malignidade
(condrosarcoma) entre 5 – 50%, e em torno de 33 anos de
idade
– Tratamento cirúrgico somente se: deformidades
incapacitantes, fraturas patológicas ou degeneração
maligna
15. • Encondromatose múltipla (doença de Ollier) num menino de 3 anos de idade
com deformidades na mão. Radiografia demonstra múltiplas lesões expansivas
envolvendo o metacarpo e falanges proximal e média, resultados que são
consistentes com encondromas múltiplos (Encondromatose Múltipla)
16. Lesões Benignas
• Condroma Periosteal
– Tumores benignos da cartilagem hialina
– Semelhantes ao encondroma, porém surgem do
periósteo, na superfície óssea
– Raros nos dedos da mão
– Na radiografia e TC apresenta-se como uma lesão
erosiva e escavada da região cortical do osso
adjacente, podendo ser confundida com
osteossarcoma periosteal
17. • Condroma justacortical numa mulher de 66 anos com edema nodular de tecidos moles do 3ª
quirodáctilo. As radiografias demonstram uma calcificação grosseira na zona da terceira
articulação distal. A lesão foi devinida como um condroma justacortical através de analises
patológicas
18. Lesões Benignas
• Osteocondromas
– Tumor ósseo benigno mais comum
– 1 em 10 osteocondroma ocorre em pequenos ossos
da mão ou do pé
– São compostos de uma região óssea cortical e
medular cobertos com uma ‘’capa’’ hialina,
apresentando uma continuidade com a região cortical
do osso de origem e uma cavidade na região medular
– Pode ocorrer comprometimento vascular e sequelas
neurológicas devido a compressão do feixe vasculo-nervoso,
e também pode ocorrer degeneração
maligna
19. Lesões Benignas
• Osteocondromas
– Podem ser sésseis ou pedunculados
– A TC pode ajudar na definição da continuidade
cortical e medular entre a lesão e o osso de
origem e a matriz hialina também pode ser
melhor caracterizada pela TC, podendo ser
determinada a sua espessura
– A RM mostra com maior acurácia a continuidade
medular e cortical entre a lesão e o osso de
origem da lesão
20. • Osteocondroma
(exostose). a) mão de um
homem de 37 anos de
idade demonstra uma
exostose com base ampla
(seta). Radiografia e foto
clínica obtido em um
paciente diferente, com
uma exostose de uma
falange distal, com
deformidade associada. Na
figura d, mostra uma
fotografia com uma ‘’capa’’
de cartilagem
condromatosa com a
aparência perolada típica.
21. Lesões Benignas
• Osteocondromas
– Crescimento progressivo de um osteocondroma na idade
adulta pode indicar uma transformação maligna para um
condrosarcoma, embora isso ocorra em menos de 1% dos
casos
– Na imagem, uma ‘’capa’’ hialina maior do que 1,5-2 cm
tem uma probabilidade aumentada para transformação
maligna
– Outras características de uma transformação malignas:
crescimento da lesão, perda da distinção das margens
corticais ou lesão erosiva do osso adjacente, e
acometimento de partes moles
– Tratamento é cirúrgico somente quando sintomático.
Recorrência em torno de 2%
22. Lesões Benignas
• Exostose Múltipla Hereditária
– Caracterizado pela presença de múltiplos
osteocondromas
– Padrão de hereditariedade autossômico dominante
– São tipicamente sésseis
– Leve propensão para transformação maligna (3 a 5%)
– Necessitam de acompanhamento clínico e radiológico
para avaliação de uma possível progressão das
deformidades ou outras possíveis complicações
23. • Exostose Múltipla Hereditária em um menino de 11 anos. Radiografias
frontais mostrando múltiplas exostoses sésseis dos ossos do carpo e rádio
distal (a), e na região do joelho (b).
24. Lesões Benignas
• Exostose Subungueal
– Diferencia-se do osteocondroma somente pela
histologia, e não mostra nenhuma continuidade
com o córtex do canal medular do osso adjacente,
na radiografia
– Pode ser uma sequela de algum processo agressor
prévio, como infecção ou trauma
– Clinicamente apresenta-se como uma massa
dolorosa na região subungueal, com possível
ulceração da pele circundante
25. • Exostose subungueal. (a) radiografia lateral demonstra um ‘’esporão’’ na região do
leito ungueal. (b) RM demonstra um esporão ósseo subungueal proveniente do
córtex, sem continuidade do osso ou medula.
26. Lesões Benignas
• Osteomas Osteóides
– Infrequentes nos ossos das mãos e dos pés
– Discreta ‘’predileção’’ por falanges proximais
– Apresentação clássica: dor óssea noturna que
alivia ao uso de aspirina. Pode ocorrer edema de
partes moles e deformidades ungueais
– Na radiografia, pode apresentar uma região de
esclerose periférica, sendo a TC um exame com
melhor acurácia
27. • Radiografia e RM
demonstrando uma
lesão esclerótica
(setas), típicos de
osteoma osteóide.
Nota-se edema de
partes moles ao redor
da lesão
28. Lesões Benignas
• Cistos Ósseos Aneurismáticos
– São compostos por múltiplas cavidades cheias de
sangue
– Ocorre geralmente em crianças e adultos jovens
– À radiografia, apresenta-se como uma lesão
expansiva com desgaste do osso afetado
– Septações internas e trabeculações podem
produzir um aspecto multiloculado
29. Lesões Benignas
• Tumor de Células Gigantes
– 20% são malignos
– Nas mãos, ocorre mais comumente no metacarpo
– Nas radiografia, caracteristicamente se
manifestam como lesões ósseas metaepifisária
que se estendem para o córtex subarticular do
osso
30. • Tumor ósseo de células gigantes em uma mulher com 54 anos com história de
carcinoma renal e há 1 mês história de edema na região distal do 1º quirodáctilo. A)
radiografia demonstra destruição líticada região distal do 1º quirodáctilo. B) RM
demonstra uma lesão destrutiva hipointensa (T1) e hiperintensa (T2). Tais achados
levantaram a hipótese de metastase de carcinoma de células renais ou infecção, porém
estudos patológicos revelaram um tumor ósseo de células gigantes
31. Tumores Malignos
• São raros
• Condrossarcoma,
hemangioendoteliossarcoma, osteosarcoma,
fibrosarcoma e Sarcoma de Ewing
32. Tumores Malignos
• Condrossarcomas
– São os tumores malignos mais comuns na mão,
afetando mais frequentemente a falange distal
– Pode ser um tumor maligno primário ou surgir de
uma transformação maligna de um encondroma,
por exemplo
– Condrossarcomas falangeais raramente
metastatizam
– A radiografia ou TC mostram lesões líticas e
escleróticas
33. • Condrossarcoma. (a) radiografia frontal demonstra uma grande lesão
lobular do quinto osso metacarpo causando inchaço do córtex. Note-se
também as regiões da matriz cartilaginosa interna (setas). (b) fotografia
clínica mostra uma grande deformidade ao longo da face ulnar da mão.
34. Tumores Malignos
• Pode ocorrer tumores malignos primários no
leito ungueal, como carcinoma de células
escamosas e melanoma maligno, podendo
inflitrar ossos adjacentes
• Metástases nos ossos das mãos são
extremamente raros, porém estão
relacionados a um pior prognóstico
35. Conclusão
• Tumores ou lesões tumor-like de pequenos ossos das
mãos são extremamente raros, e quando ocorre, são
mais comumente benignos do que malignos
• Mudança no padrão da imagem de uma lesão
previamente não agressiva ou surgimento de sintomas
associados a lesão, pode indicar uma possível
transformação maligna
• Muitas vezes é necessário uma correlação com os
diversos métodos de imagem, além de correlação
clínica e histológica para definir a natureza da lesão