O documento descreve a primeira "sala Google" implantada no Colégio Mater Dei em São Paulo. A sala foi projetada pela Google em parceria com a escola para proporcionar um ambiente descontraído e colaborativo, sem carteiras enfileiradas ou paredes fechadas, equipado com almofadas, pufes, tecnologias como chromecasts e internet sem fio para estimular a interação entre alunos e professores.
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Sala Google no Colégio Mater Dei promove aprendizagem colaborativa
1. GUSTAVO LOURENÇÃO
Colégio Mater Dei: ambiente descontraído e tecnologia de ponta
Sala de aula Google
Primeiro espaço no formato da empresa é implantado em São Paulo e promete
um ambiente colaborativo de ensino
Por Thais Paiva
Esqueça o quadro-negro, as carteiras enfileiradas, as paredes fechadas. No
Colégio Mater Dei, localizado na zona oeste de São Paulo, um novo formato de
sala de aula chama a atenção por dispensar todos esses elementos. Trata-se
do primeiro Google Learning Space do mundo ou a “sala Google”, como os
alunos costumam chamar. Inaugurado há pouco mais de três meses, o espaço
é inspirado nos conceitos e no clima de descontração dos escritórios da
gigante de tecnologia e pretende reinventar a dinâmica das aulas do Ensino
Infantil ao Médio por meio de seu design arrojado.
No chão revestido com grama sintética, estão espalhados almofadas, pufes e
cubos mágicos gigantes que incitam o professor e seus alunos a se sentarem
próximos uns aos outros, formando uma grande roda. As paredes de vidro, por
sua vez, parecem convidar quem passa por ali a espiar o que acontece dentro
da sala. Para completar, claro, muita tecnologia de ponta: chromecasts para
projetar as tarefas e apresentações dos alunos a partir de seus tablets
(distribuídos pela escola), Smart TVs, sistema de som integrado e internet sem
fio de alta velocidade.
O projeto surgiu de uma parceria da escola com o setor de educação do
Google e, mais do que criar um ambiente hiperconectado, tem como objetivo
reinventar as interações entre docentes, alunos e colegas de sala. “Queríamos
criar um ambiente colorido, despojado e informal, onde os alunos tivessem
vontade de ficar e que favorecesse as trocas”, explica Marcelo de Freitas
Lopes, coordenador de Tecnologia Educacional da escola e representante da
Foreducation, empresa responsável pela capacitação dos professores e pela
2. parceria com a multinacional. No Google Learning Space, os alunos são
incentivados a conversar entre si e com o professor, em um ambiente de
colaboração virtual e presencial. “A ideia é tornar a experiência da aula e da
escola mais agradável, acolhedora e estimulante”, diz Lopes.
Em outras palavras, a sala foi projetada em sintonia com as características e
aspirações das novas gerações, visando resgatar o engajamento desse público
com o ambiente escolar. “A ideia é mudar a cultura da escola por meio da
transformação do espaço físico. Equipamento por equipamento não resolve
nada. Capacitação melhora o currículo do professor, mas também não adianta
se ele não puder colocar o novo conhecimento em prática”, aponta Lopes.
Entre as mudanças mais visíveis, está a desconstrução da hierarquia entre
alunos e professores, tradicionalmente reforçada pela distribuição das carteiras
enfileiradas diante do docente. “Nesta sala, todos ficam no mesmo nível e isso
cria um ambiente mais propício à discussão, à aproximação. Isso também torna
o estudante mais protagonista do processo de aprendizagem, da aula”, explica
o educador.
Outro ponto incentivado pelo espaço é a aprendizagem colaborativa. As
ferramentas da sala permitem trabalhar em nuvem, ou seja, de onde quer que
o aluno esteja. Além disso, mecanismos como o Google Drive – serviço de
armazenamento e sincronização de textos – possibilitam que vários alunos e,
até mesmo, a turma inteira edite um trabalho simultaneamente. Por meio de um
histórico que mostra a contribuição de cada usuário para o arquivo, o professor
consegue acompanhar o desenvolvimento não somente do conjunto, mas
também individual. “Essa coisa de juntar todo mundo e compartilhar a
informação é o mais legal. A sala proporciona bem essa experiência de a gente
ser o responsável pela busca de novos conteúdos e compartilhamento com os
nossos colegas”, acredita Thiago Pinheiro, estudante do segundo ano do
Ensino Médio.
Para Aleksej Kozlakowski Junior, professor de Biologia na escola, a grande
diferença de lecionar na “sala Google” é este novo paradigma. “Na sala de aula
tradicional, mesmo que o professor utilize algum recurso tecnológico, ele é o
centro das atenções, o emissor da informação. Nesse modelo não. Todos os
alunos têm acesso à informação, seja pelo iPad ou smartphone que têm em
mãos”. Logo, o professor assume a posição de mediador e orientador do
processo de construção do conhecimento. “Temos de ensiná-los a procurar,
filtrar informações, a fazer uma curadoria na internet”, explica.
Para o professor, os trabalhos colaborativos trazem também maior
comprometimento. “A responsabilidade é com o colega e não com o professor,
e isso traz maior engajamento. Pois se eu vejo o professor como meu opositor,
simplesmente não faço o trabalho que ele pediu. Mas quando a
responsabilidade de não fazer algo afeta meu colega, a história é diferente”,
diz.
Para Gabriel Fernandes, estudante do segundo ano do Ensino Médio, a
experiência com a nova sala tem sido positiva. “Eu gosto porque pela primeira
vez sinto, de fato, que estou interagindo com o trabalho que estou fazendo na
3. escola. Não é aquela coisa que o professor chega, apresenta o conteúdo e
pronto. Ali, parece que a gente consegue discutir mais e em grupo. Entra até
no contexto de outras matérias ou da vida cotidiana mesmo”, relata. Alexandra
Passos, do terceiro ano, concorda. “Geralmente, a gente participa mais da aula
quando é no espaço do Google. Parece que está todo mundo junto, tem menos
pressão. Eu me sinto mais à vontade para tirar dúvidas, perguntar coisas, pois
levanto e vou até o professor. Não é aquela coisa de levantar a mão e a sala
inteira olhar para você.”
Além de um espaço de ensino, o Google Learning Space vem funcionando
como uma área de convivência e lazer dentro da escola. No intervalo, o uso da
sala é livre: o aluno pode estudar para uma prova ou simplesmente relaxar em
um dos pufes, usufruindo da rede Wi-Fi.
“O principal medo dos professores era de que toda essa descontração virasse
dispersão, mas não é isso o que está acontecendo. Há um envolvimento maior
com a aula, com os colegas. Vemos isso pelo nível de entusiasmo dos alunos.
E quando estão mais envolvidos, aprendem melhor”, diz Lopes. Diante da boa
receptividade, espera-se que novos espaços como o Google Learning Space
surjam ao redor do mundo. “Recebemos a visita de um educador dos EUA para
conhecer melhor nosso projeto e espalhar para outras escolas”.
Publicado na edição 88, de julho de 2014