A aprendizagem ativa envolve os alunos de forma proativa nas atividades pedagógicas, ao questionar, pesquisar e relacionar ideias. Isso promove motivação e envolvimento colaborativo, diferente da aprendizagem passiva que é centrada no professor. A aprendizagem ativa traz benefícios como aprendizagem colaborativa e desenvolvimento do pensamento crítico.
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Aprendizagem ativa
O que é a aprendizagem ativa? Como se diferencia da aprendizagem passiva? Porque razão
estamos, agora, a falar mais sobre a aprendizagem ativa? Quais os principais benefícios?
A aprendizagem ativa ocorre quando os alunos estabelecem uma interação com a temática em estudo,
questionando, pesquisando, relacionando o que encontram, levantando hipóteses e manifestando
opiniões. Nesse processo surge a motivação e o envolvimento responsável que se visa colaborativo.
O conceito de aprendizagem ativa pressupõe, portanto, que os alunos se envolvem nas atividades
pedagógicas de modo proactivo partindo dos conceitos essenciais para o desafio de resolução de
problemas que incluirão a reflexão em modo colaborativo e cooperativo. É, neste sentido, uma
aprendizagem “hands on”.
No modo de trabalho promotor da aprendizagem ativa quebram-se as fronteiras tradicionais da sala de
aula e o conhecimento requer o empenho dos alunos como construtores do saber partilhado, numa
constante mobilização de conhecimentos. Para que esta mobilização ocorra, o professor assume a
função de “coach” promovendo a aprendizagem colaborativa e reflexiva em contextos reais.
Diferencia-se da aprendizagem passiva porque esta fundamenta-se na transmissão de conhecimentos
esperando-se que o aluno seja um sujeito passivo reprodutor de informações. Nesta perspetiva a aula é
centrada no professor, que controla todo o processo de ensino.
O debate pedagógico centra-se agora na aprendizagem ativa, na medida em que o professor adota
uma postura de guia e supervisor na sala de aula dando ao aluno a possibilidade de ser um sujeito ativo,
através de projetos baseados em problemas, questões de investigação, debates, seminários ou outras
estratégias que se revelam mais satisfatórias e eficazes para a aprendizagem. Por outro lado, com a
introdução de metodologias b-learning no ambiente educativo, as quais potenciam a aprendizagem
ativa, a avaliação dos alunos ganha uma dimensão formativa sistemática, contínua e dinâmica, que
envolve professores e alunos numa relação de cooperação contínua e rotineira, menos presente em
contextos de aprendizagem passiva. Por meio deste tipo de avaliação diagnóstica e formativa é possível
mapear as necessidades e dificuldades de cada aluno, abrindo caminho para abordagens
individualizadas.
Os benefícios centram-se no desenho de cenários de aprendizagem colaborativa, envolvendo os
indivíduos numa aprendizagem que é individual, mas também num processo que ocorre em grupo,
requerendo a negociação e partilha de significados, a construção de tarefas partilhadas, e a sua
execução em interatividade (Stahl, Kohschman, & Suthers, 2006, p. 411). Ambientes formativos que
proporcionem contextos de aprendizagem colaborativa constituem redes de apoio na fase construtiva
do saber, lançando o lastro para momentos posteriores, em que os alunos podem continuar a recorrer
ao professor e aos colegas, para o apoio de que careçam, quando a sua atuação no terreno educativo
levanta dúvidas e incertezas.
A Sala de Aula Invertida é um excelente exemplo de como os cenários pedagógicos podem adquirir uma
nova dimensão. Apoia-se na tecnologia para cumprir seu principal papel: transferir a responsabilidade
da aprendizagem do professor para o aluno. Enquanto na Sala de Aula Tradicional a informação é
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apenas transmitida para os alunos, na Sala de Aula Invertida o professor muda a sua atuação tornando-
se o mediador. Por outro lado, a tecnologia e os ambientes virtuais tornam-se mais do que repositórios
de conteúdos e informações, pressupondo-se que os alunos lhes acedem antes da aula, para, durante o
tempo em sala, existir espaço para debates, dúvidas, dinâmicas em grupos de construção partilhada de
conhecimento para o saber-saber e saber-fazer. Com a diversidade de recursos tecnológicos de
utilização livre à disposição dos professores e alunos, a margem para a experimentação e
personalização de conteúdo é mais diversificada e enriquecedora. O princípio deste modelo de inversão
das estratégias de sala de aula radica na circunstância de os alunos começarem a apreciar a liberdade
do estudo colaborativo, motivando-se para assumir o controle e investir na aprendizagem fora da sala
de aula.
Uma vez que aprender ativamente significa ter que pensar, entender e formar a própria opinião, o
pensamento crítico é desenvolvido e potenciado, conduzindo a maior retenção do conhecimento e à
ampliação de estados motivacionais individuais e coletivos. A criatividade tem, igualmente espaço para
florescer, já que as plataformas digitais permitem o recurso a ferramentas de grande atrativo visual e de
conteúdos.
Parece particularmente interessante, portanto, a visão de Chickering & Gamson, que, já em 1987
escreviam: «Learning is not a spectator sport. Students do not learn much just by sitting in class listening
to teachers, memorizing prepackaged assignments, and spitting out answers. They must talk about what
they are learning, write about it, relate it to past experiences, apply it to their daily lives. They must
make what they learn part of themselves».
O vídeo “Steps on How to Teach in an Active Learning Classroom - Steelcase Education” reporta-se, de
modo clarificador, à abordagem para uma aprendizagem ativa:
https://www.youtube.com/watch?v=RtoiCaOW5ho.
Para concluir, Joe Ruhl aponta alguns “Teaching Methods for Inspiring the Students of the Future” na
conferência TEDxLafayette, que podem ser um excelente ponto de partida para o professor curioso mas
ainda resistente: https://www.youtube.com/watch?v=UCFg9bcW7Bk.
Ana Paula Rocha
Universidade Aberta
2 – Referências bibliográficas
Chickering, A., Gamson, Z. F. (1987). Seven Principles for Good Practice. In AAHE Bulletin
(p.39). 3-7, March.
Stahl, G., Kohschman, T., & Suthers, D. (2006). Computer-supported collaborative learning. In
R. K. Sawyer, Cambridge handbook of the learning sciences. (pp. 409-426). Cambridge:
Cambridge University Press.