O documento discute diferentes perspectivas sobre a origem e natureza do conhecimento. Aborda o racionalismo de Descartes, que defende que o conhecimento é a priori e deriva da razão, versus o empirismo de Hume, que sustenta que o conhecimento deriva da experiência. Também examina as visões de Kuhn e Popper sobre a objetividade da ciência, onde Kuhn argumenta que a ciência é influenciada por paradigmas e Popper defende que a ciência progride através da refutação de teorias.
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Resumos filosofia 2
1. O problema da origem do conhecimento
“Qual será, de facto, a origem do conhecimento?”
Conhecimento a priori vs Conhecimento a posteriori
Conhecimento a priori
Independente da experiencia. Crenças verdadeiras que podem
ser justificadas pelo pensamento.
Conhecimento a posteriori
Depende da experiencia. Crenças verdadeiras que não podem
ser justificadas sem dados empíricos.
Ceticismo
• O ceticismo é a perspetiva segundo a qual devemos suspender o
juízo relativamente à verdade ou falsidade de qualquer proposição,
pois no geral as nossas pretensões de conhecimento são
injustificadas.
• Só temos conhecimento se tivermos crenças justificadas e, uma vez
que justificamos as nossas crenças com base noutras crenças,
acabamos sempre por cair numa cadeia de justificações.
• As cadeias de justificações não são capazes de justificar seja o que
for e, por conseguinte, o conhecimento não é possível.
Racionalismo de Descartes
• De acordo com René Descartes, a razão é a principal fonte do
conhecimento.
• René Descartes desvaloriza a experiencia.
• O conhecimento é exclusivamente racional e a priori.
2. • Método inspirado na matemática.
• Sendo um racionalista convicto, o filósofo francês procurou
combater os céticos radicais (que consideravam ser impossível ao
sujeito apreender o objeto).
A dúvida metódica
O seu método era a dúvida metódica, que consistia em duvidar de tudo o
que se possa imaginar e averiguar o que resiste a esse processo.
Para reconhecer algo como verdadeiro toma como necessário estipular
quatro regras:
• Regra da evidência – “nunca aceitar coisa alguma por verdadeira,
sem que a conhecesse evidentemente como tal”;
• Regra da análise – “dividir em cada uma das dificuldades que
examinava em tantas parcelas quantas fosse possível e fosse
necessário, para melhor as resolver”;
• Regra da síntese – “conduzir por ordem os pensamentos,
começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer,
para subir, pouco a pouco, gradualmente, até ao conhecimento dos
mais complexos, não deixando de supor cera ordem entres eles que
não se sucedem uns aos outros”.
• Regra da enumeração/revisão – “fazer sempre enumerações tão
complexas e tão gerais, que tivesse a certeza de nada omitir”
A dúvida cartesiana é:
Metódica- é apenas um método para encontrar um conhecimento seguro;
Provisória: subsiste apenas até que se encontre algo absolutamente certo
e indubitável;
Universal: pode aplicar-se a todas as nossas crenças;
3. Hiperbólica: não se limita a pôr tudo em dúvida, mas rejeita como falso o
meramente duvidoso.
• Descartes apresentou várias razões para duvidar: as ilusões dos
sentidos, a indistinção vigília-sono, os erros de raciocínio, a
Hipótese do Deus Enganador e a Hipótese do Génio Maligno.
O Cogito
• Apesar de admitir que pode ser enganado por um Génio Maligno,
Descartes tem uma certeza: Penso, logo, existo.
• Esta crença não pode ser posta em causa, pois para se poder
duvidar do que quer que seja é preciso existir.
• Primeira certeza clara e distinta de Descartes
• Descartes refuta o ceticismo: se fosse verdade que nada se pode
saber, então nem sequer poderíamos saber se existimos, mas é
impossível duvidar que existimos; logo, é falso que nada se pode
saber.
• O cogito não é suficiente para assegurar Descartes de que tem um
corpo.
• Descartes conclui que é essencialmente uma substância pensante,
isto é, uma mente ou alma imaterial, que existe
independentemente do corpo.
• Esta perspetiva ficou conhecida como “dualismo mente-corpo” (ou
“dualismo cartesiano”).
• O cogito representa o triunfo sobre o ceticismo
• O que torna o cogito uma crença tão evidente é a sua clareza e
distinção.
Distinção e Clareza
• A distinção e clareza são as características dos critérios de verdade.
A existência de Deus
• Segunda certeza clara e distinta de Descartes.
4. • Para provar que Deus existe, Descartes recorre, entre outros, ao
Argumento da Marca.
• Este argumento diz-nos que se o Ser Perfeito não existisse, eu não
poderia ter a ideia de perfeição. Se tenho uma ideia de perfeição
então é porque existe.
• Uma vez que Deus existe e não é enganador, garante a verdade das
nossas ideias claras e distintas atuais e passadas.
• Se Deus não engana então, o mundo físico existe.
• Permite a descartes vencer o ceticismo, fixando-se no dogmatismo.
• Se Deus não existisse tudo seria “o caos” e nunca poderíamos ter a
garantia do funcionamento coerente da nossa razão nem ter noção
de como se tornou possível a nossa existência.
Tipos de Ideias
Adventícias – Têm origem na experiencia sensível. Ex: Ideia de barco,
copo, cão.
Factícias – Fabricadas pela imaginação. Ex: dragão, sereia
Inatas – Constitutivas da própria razão. Ex: Pensamento, Existência,
matemática
Objeções ao racionalismo
• A consciência de que existe pensamento não é o suficiente para
demonstrar a existência de um Eu que reclame esse pensamento
como seu (objeções ao cogito). Quanto muito, Descartes provou
que existe pensamento, mas não pode ter a certeza de que existe
um autor do pensamento atualmente em curso.
• Conhecida como Círculo Cartesiano e consiste em acusar Descartes
de incorrer numa petição de princípio, pois procura estabelecer a
existência de Deus raciocinando a partir de ideias claras e distintas,
mas admite que só podemos estar certos de que as nossas ideias
claras e distintas atuais e passadas são verdadeiras porque Deus
existe.
5. Empirismo de David Hume
• David Hume defende que o conhecimento deriva
fundamentalmente da experiencia.
• David Hume privilegia o conhecimento à posteriori.
• Ele defende que a capacidade cognitiva do entendimento humano é
limitada. Assim defende que é na experiencia que o fundamento
deve ser procurado.
Impressões e Ideias
Para Hume, o conteúdo das nossas mentes – as perceções – deriva da
experiência e pode ser dividido em duas categorias, seguindo um critério
de vivacidade e força:
• as impressões - dados da nossa experiência imediata (sensações
auditivas, visuais(…) emoções) Maior grau de força e vivacidade
Ex: cor da flor que os olhos veem
• as ideias – representações enfraquecidas das impressões.
Ex: lembrança da cor da flor
Nota: Deste modo não existem ideias inatas, já que todas as ideias
humanas são cópias de impressões.
Tipos de conhecimento/Investigação
Tipos de
conhecimento
Verdades desses
conhecimentos
Exemplos
Relação de
Ideias (a priori)
Necessárias São sempre
verdadeiras.
Negá-las
implica
contradição
2+2=4
Uma casa
amarela é
colorida
Questões de
Facto (a
posteriori)
Contingentes Poderiam ter
sido falsas
Negá-las não
implica
contradição
Sócrates foi
um filósofo
grego
O calor dilata
os corpos
6. Relação causa-efeito (causalidade)
• O nosso conhecimento das relações causais baseia-se na
experiencia.
• Hume afirma que os acontecimentos entre os quais se verifica uma
relação causal são completamente distintos. Assim, se não tivermos
o auxilio da experiencia, nunca poderemos descobrir que efeito terá
um certo acontecimento, nem que causa o produziu.
• A causalidade consiste apenas numa conjugação
constante/regularidades observáveis entre acontecimentos.
• A ideia de conexão necessária não resulta dos nossos sentidos
externos, mas sim de um sentimento interno adquirido pelo hábito.
Problema da indução
• Causas semelhantes terão efeitos semelhantes, ou, dito de
outra forma, a natureza irá comportar-se no futuro conforme
se tem comportado até hoje.
• Hume considera que não há maneira de justificar
racionalmente a nossa confiança neste princípio
• Hume considera que a nossa confiança na indução não pode
ser dedutivamente demonstrada nem inferida a partir da
experiência, pois isso conduzir-nos-ia a uma petição de
princípio.
Objeções ao empirismo de David Hume
Objeção à imagem da mente como tábua rasa
• Qualquer processo de aprendizagem de uma língua pressupõe a
existência prévia de algum conhecimento linguístico. Fodor aceita
que é necessária a existência de um conhecimento linguístico inato.
7. A racionalidade cientifica e a questão da
objetividade.
“Será a ciência objetiva?”
Perspetiva de Kuhn
• Para Thomas Kuhn, a ciência não é inteiramente objetiva uma vez
que o cientista não é um sujeito neutro nem isolado, mas
condicionado e contextualizado.
• A produção cientifica depende de um paradigma cientifico.
• Kuhn considera que o desenvolvimento científico consiste numa
sucessão descontinuada e não cumulativa de períodos de relativa
estabilidade e de consenso alargado, interrompidos por processos
revolucionários.
• Kuhn procurará encontrar uma forma de resolver os problemas que
surgem, mantendo as suas teorias.
• Anomalias são problemas/enigmas que os cientistas não
conseguem resolver a partir dos paradigmas vigentes.
Processo de desenvolvimento da ciência
Ciência Normal Fase da atividade cientifica no âmbito de um dado
paradigma aceite pela comunidade. Resolução de
enigmas de acordo com a aplicação dos
princípios/paradigmas vigentes.
Anomalias Enigmas persistentes que o paradigma não é capaz
de responder.
Crise Fase de tomada de consciência da insuficiência do
paradigma vigente para explicar.
Crise Extraordinária Gera-se o debate sobre a manutenção do
paradigma ou escolha de um novo.
Revolução Cientifica Fase de mudança e aceitação de um novo
paradigma
Novo Paradigma Conjunto de crenças, técnicas e valores aceites pela
comunidade cientifica e que orientam a sua
atividade
8. Incomensurabilidade
• Não existe um padrão neutro que permita comparar objetivamente
dois paradigmas entre si no sentido de detetar qual deles é o
melhor.
• Para defender a tese da incomensurabilidade Kuhn recorre aos
seguintes argumentos:
Argumento baseado na insuficiência dos critérios objetivos (
Se os paradigmas fossem comensuráveis, seria possível
justificar a preferência por um paradigma através de critérios
puramente objetivos.)
Argumento baseado na impossibilidade de tradução entre
paradigmas (Não é possível justificar a preferência por um
paradigma através de critérios puramente objetivos.)
Princípios/Critérios objetivos da escolha das teorias
Exatidão – A teoria é capaz de fazer previsões corretas. Quanto mais exta,
mais perto ela está do que é possível observar ou dos resultados da
experimentação.
Consistência – Ausência de contradições internas e compatibilidade da
teoria com outras teorias aceites
Alcance – Abrangência da teoria relativamente à diversidade de
fenómenos que é capaz de explica.
Simplicidade – Simplicidade e elegância na forma como a teoria explica os
fenómenos.
Fecundidade – Capacidade da teoria para impulsionar a investigação
científica em direção a novas descobertas.
9. Objeções à perspetiva de Thomas Kuhn
• Se um paradigma resolve as anomalias de outro, então é falso que
os paradigmas são incomensuráveis. Logo, é falso que os
paradigmas são incomensuráveis.
• A adesão a um novo paradigma ocorre por conversão (como se
tratasse de uma questão de fé) ao novo paradigma.
Perspetiva de Karl Popper
• Popper acreditava que a ciência evolui progressivamente
de modo irregular (por tentativa-erro) através da refutação
de conjeturas.
• Assim, nenhuma teoria é completamente definitiva e
verdadeira.
• Só com uma atitude critica é possível avançar
A ciência avança por meio de tentativa-erro:
➢ Parte de problemas
➢ Propões hipóteses/conjeturas
➢ Vai eliminando os erros, submetendo as teorias à refutação
➢ Conduz à descoberta de novos problemas
❖ (E assim sucessivamente)
• Uma teoria científica/conjetura, é mais verosímil do que outra
quando implica um menor número de falsidades e permite
explicar um maior número de fenómenos do que a sua
concorrente.