O documento discute três concepções de escola e educação escolar - redentora, reprodutora e transformadora - e três tipos de teorias pedagógicas - não críticas, crítico-reprodutivistas e críticas. Também apresenta exemplos de diferentes pedagogias, como a tradicional, escola nova e tecnicista (não críticas), e libertária, libertadora e histórico-crítica (críticas).
4. Professor é quem professa um saber . ( declara, reconhece publicamente, confessa diante de todos )
5. Concepções ( modo de ver ou sentir, ponto de vista, entendimento, noção ) de escola (lugar de descanso, repouso, lazer, tempo livre, estudo... ocupação voluntária de quem, por ser livre, não é obrigado a) e de educação escolar (espaço de transmissão da cultura escolar)
6. “ conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos que selecionados, organizados, normalizados, rotinizados, sob efeito dos imperativos de didatização, constituem habitualmente o objeto de uma transmissão deliberada no contexto das escolas” FORQUIN, Jean-Claude. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar . Porto Alegre : Artes Médicas, 1993, p. 167 O que é cultura escolar ?
7. São três as concepções atuais de escola e educação escolar: * redentora (salvadora da humanidade) * reprodutora (sistema de ensino = sistema social) * transformadora (a escola não muda a sociedade, mas a sociedade não muda sem a escola)
8. Nos últimos 200 anos, observa-se o desenvolvimento de três tipos de teorias pedagogicas: * não críticas (centradas no indivíduo) * crítico reprodutivistas (centradas no sistema) * críticas (centradas no coletivo) SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia . Campinas : Autores Associados. 2008.
9. Teorias não críticas * Pedagogia Tradicional / Conservadora * Pedagogia da Escola Nova * Pedagogia Tecnicista
10. não críticas Tradicional / conservadora * objetivos: preparar intelectual e moralmente os alunos para a vida em sociedade * conteúdos: saberes e valores sociais repassados aos como verdades absolutas * metodologia: exposição e demonstração verbal da matéria * relações humanas: autoridade do professor que exige atitude receptiva do aluno * aprendizagem: receptiva e mecânica
11. Escola Nova * objetivo: adequar o indivíduo ao meio social e formar atitudes * conteúdos: busca dos próprios alunos * metodologia: experiências e pesquisas * relações humanas: o centro é o aluno; o professor é um facilitador * aprendizagem: aprender é modificar as percepções da realidade não críticas
12. Tecnicista * objetivo: modelar o comportamento humano através de técnicas específicas * conteúdos: informações ordenadas numa sequência lógica e psicológica * metodologia: procedimentos e técnicas para a transmissão e recepção de informações * relações humanas: o professor ( instrutor ) transmite informações e o aluno deve fixá-las * aprendizagem: a base é o desempenho não críticas
15. O grande instrumento do Estado é o Direito, isto é, o estabelecimento de leis que regulam as relações sociais em proveito dos dominantes. Através do Direito, o Estado aparece como legal, ou seja, como “Estado de direito”. “ Acreditamos portanto ter boas razões para afirmar que, por trás dos jogos de seu Aparelho Ideológico de Estado político, que ocupava o primeiro plano do palco, a burguesia estabeleceu como seu Aparelho de Estado n° 1 , e portanto dominante, o aparelho escolar, que, na realidade, substitui o antigo aparelho ideológico de Estado dominante, a Igreja, em suas funções. Podemos acrescentar: o par Escola–Família substitui o par Igreja–Família.” “ (...) Contudo, neste concerto, há um Aparelho Ideológico de Estado que desempenha incontestavelmente o papel dominante, embora nem sempre se preste muita atenção à sua música: ela é de tal maneira silenciosa! Trata-se da Escola.
16. Desde a pré-primária, a Escola toma a seu cargo todas as crianças de todas as classes sociais, e a partir da Pré-Primária, inculca-lhes durante anos, os anos em que a criança está mais “vulnerável”, entalada entre o aparelho de Estado familiar e o aparelho de Estado Escola, “saberes práticos” (des savoir faire) envolvidos na ideologia dominante (o francês, o cálculo, a história, as ciências, a literatura), ou simplesmente, a ideologia dominante no estado puro (moral, instrução cívica, filosofia). Algures, por volta dos dezesseis anos, uma enorme massa de crianças cai “na produção”: são os operários ou os pequenos camponeses. A outra parte da juventude escolarizável continua: e seja como for faz um troço do caminho para cair sem chegar ao fim e preencher os postos dos quadros médios e pequenos, empregados, pequenos e médios funcionários, pequeno-burgueses de toda a espécie. Uma última parte consegue aceder aos cumes, quer para cair no semi-desemprego intelectual, quer para fornecer, além dos “intelectuais do trabalhador coletivo”, os agentes da exploração (capitalistas, managers), os agentes da repressão (militares, polícias, políticos, administradores) e os profissionais da ideologia (padres de toda a espécie, a maioria dos quais são “laicos” convencidos).
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18. É claro, grande número destas Virtudes contrastadas (modéstia, resignação, submissão, por um lado, cinismo, desprezo, altivez, segurança, categoria, capacidade para bem-falar e habilidade) aprendem-se também nas Famílias, nas Igrejas, na Tropa, nos Livros, nos filmes e até nos estádios. Mas nenhum Aparelho Ideológico de Estado dispõe durante tanto tempo de audiência obrigatória (e ainda por cima gratuita...), 5 a 6 dias em 7 que tem a semana, à razão de 8 horas por dia, da totalidade das crianças da formação social capitalista.” (...) ALTHUSSER, Louis. Aparelhos Ideológicos de Estado . Rio de Janeiro: Graal, 1998.
19. Há, basicamente, duas formas de violência: • física : a que pode matar: ferimentos, golpes, roubos, crimes, vandalismo, droga, tráfico, violência sexual... • simbólica ou institucional : a que se mostra nas relações de poder, na violência verbal entre professores e alunos, na discriminação indireta de gênero e de raça nas relações de trabalho, na adoção de políticas de Estado legitimadoras da exclusão, na imposição pela mídia de padrões culturais, na imposição da linguagem e do sotaque... Sistema de ensino enquanto violência simbólica crítico reprodutivistas
20. BOURDIEU, Pierre. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Lisboa: Editorial Vega, 1978. A escola: trunfo da Reprodução Social • O processo de reprodução social não acontece apenas sob a forma de coerção; é instaurado, buscado e vivenciado com o consentimento dos agentes nele envolvidos: embora não de forma consciente, dominados e dominantes envolvem-se consentindo a dominação , estabelecendo uma relação permeada pela não consciência que oculta a violência simbólica. • A dominação acontece por meio da violência camuflada , dissimulada e, portanto, simbólica, e sua eficiência será maior quanto menor for a consciência dos agentes nela envolvidos. • A escola é meio mais eficaz de validar esse processo de dominação.
21. • Os agentes (emissores pedagógicos) são incumbidos de transmitir a cultura dominante como algo natural e inconcebível de se acontecer de outra maneira, utilizando-se da autoridade pedagógica e, assim, formam os indivíduos de acordo com o que está estabelecido pela cultura dominante. • As resistências resultantes desse processo são aplacadas com sanções , para que a adaptação aconteça e o indivíduo se “conscientize”, mesmo que sob coerção, de seu papel e da aceitação do arbitrário cultural. • A reprodução é condição de subsistência das sociedades, sejam quais forem. • Na sociedade capitalista, a reprodução deve ocorrer sob as bases da dominação que sustentam essa forma de organização social. • A consolidação e a persistência do modelo social dependerão da eficiência do processo de reprodução e, consequentemente, de seus instrumentos .
22. A Escola, então, • é fundamental na formação do ser social por trabalhar com a educação formal do indivíduo • torna-se eficiente na medida em que dissimula as relações de dominação e concede à ação pedagógica, pelo discurso da neutralidade, uma legitimidade inquestionável • obscurece a realidade e exclui o reconhecimento da sua força simbólica, concedendo uma aparência natural aos seus procedimentos, discursos e práticas na inculcação do arbitrário cultural • tende a produzir o reconhecimento da legitimidade da cultura dominante (inculcação), do mesmo modo que o reconhecimento da ilegitimidade de seu arbitrário cultural (exclusão) • não iguala as condições e diferenças dos indivíduos que nela chegam, mas reforça e reproduz as diferenças ao utilizar como parâmetro de saber transmissível a cultura dominante com todas as implicações sociais nela contidas (pseudoneutralidade)
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24. Primária profissional – (PP) – para as classes dominadas Conteúdo: noções adquiridas no ensino primário, sempre revistas e repetidas; ligada ao concreto. Conteúdos culturais: mesma cultura mas de forma empobrecida e vulgarizada – o que dá à ideologia SS o caráter dominante. Secundária Superior (SS) – para a classe dominante Conteúdo: preparação para o ensino superior; preserva a abstração. Conteúdos Culturais: a própria da classe dominante; prepara os futuros agentes intérpretes dessa ideologia. BAUDELOT, C. y ESTABLET, R. La escuela capitalista . México: Siglo Veintiuno, 1975.
26. críticas Pedagogia Libertária * objetivo: fortalecer o sujeito, visando a construção da Individualidade * conteúdos: apresentados, mas não exigidos * metodologia: sempre em grupo , visando a auto-gestão * relações humanas: o professor é orientador ; os alunos são livres * aprendizagem: informal; aprende-se através da vivência grupal
27. críticas Pedagogia Libertadora * objetivo: busca a transformação social * conteúdos: temas geradores * metodologia: grupos de discussão * relações humanas: relação de horizontalidade * aprendizagem: resolução da situação-problema
28. críticas Pedagogia Histórico Crítica * objetivo: difusão dos conteúdos * conteúdos: cultura universal sem desconsiderar a atual realidade social * metodologia: experiência e saberes do aluno confrontados com os saberes sistematizados * relações humanas: o professor é mediador entre os saberes e o aluno * aprendizagem: a partir das estruturas cognitivas dos alunos.
29. “ apontar a necessidade de transformação das relações sociais nas dimensões econômica, política e cultural, para garantir a todos a efetivação do direito de ser cidadão ” De acordo com os PCN's (LDB 9394/96), o papel da escola e de quem trabalha nela é
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31. algumas referências ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo : Editora Moderna, 1998. COSTA, Marisa Vorraber et al. O Currículo nos Limiares do Contemporâneo. Rio de Janeiro : DP&A editora, 1999. GADOTTI, Moacir. Pensamento Pedagógico Brasileiro. São Paulo : Ática, 1988. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo : Loyola, 1990. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública - A Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. São Paulo: Edições Loyola, 2002 - 18º ed. SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 33.ª ed. revisada. Campinas: Autores Associados, 2000.