O currículo há muito deixou de ser uma área meramente técnica, voltada para questões relativas a procedimentos, técnicas e métodos” (Moreira e Silva, 2005)
A pergunta sobre o como organizar o conhecimento escolar ainda é relevante, porém mais importante ainda é saber o seu por quê. (Moreira e Silva, 2005)
O currículo nasce de duas perguntas:
O que deve ser ensinado?
O que os alunos devem se tornar?
A escola como instituição pública nasce das Revoluções Industrial e francesa;
A nova ordem industrial precisava de um novo tipo de homem, equipado com aptidões que nem a família nem a igreja eram capazes de faltar;
Universalização da escola;
Finalidade: transformar o homem feudal num indivíduo liberal;
Para Alvin Toffler, no novo mundo: era preciso que os indivíduos se adaptassem a um “trabalho repetitivo, portas adentro, a um mundo de fumo, barulho, máquinas, vida em ambientes super-povoados e disciplina coletiva, a um mundo em que o tempo, em vez de regulado pelo ciclo sol-lua, fosse regido pelo apito da fábrica e pelo relógio.” (In Choque do Futuro).
6. Ponto de partida
* “O currículo há muito deixou de ser uma
área meramente técnica, voltada para
questões relativas a procedimentos,
técnicas e métodos” (Moreira e Silva,
2005)
* A pergunta sobre o como organizar o
conhecimento escolar ainda é relevante,
porém mais importante ainda é saber o seu
por quê. (Moreira e Silva, 2005)
* O currículo nasce de duas perguntas:
* O que deve ser ensinado?
* O que os alunos devem se tornar?
6
8. O nascimento da escola
* A escola como instituição pública nasce das
Revoluções Industrial e francesa;
* A nova ordem industrial precisava de um novo tipo
de homem, equipado com aptidões que nem a
família nem a igreja eram capazes de faltar;
* Universalização da escola;
* Finalidade: transformar o homem feudal num
indivíduo liberal;
8
9. O nascimento da escola
Para Alvin Toffler, no novo mundo: era
preciso que os indivíduos se adaptassem a
um “trabalho repetitivo, portas adentro, a um
mundo de fumo, barulho, máquinas, vida em
ambientes super-povoados e disciplina
coletiva, a um mundo em que o tempo, em
vez de regulado pelo ciclo sol-lua, fosse
regido pelo apito da fábrica e pelo relógio.” (In
Choque do Futuro).
9
10. Surgimento do currículo tradicional
* É no contexto americano, início do século
XX, que nasce a teoria curricular
tradicional;
* Problema enfrentado: com a
industrialização e a urbanização; a
presença dos imigrantes nas cidades, com
seus diferentes costumes e condutas,
acabou por ameaçar a cultura e os valores
da classe média americana, protestante,
branca e urbana. (Mo10 reira e Sivla, 2005)
11. Ameaça ao status quo
* Assim, fez-se necessário consolidar e promover
um projeto nacional comum, reestruturar a
homogeneidade em desaparecimento e ensinar
às crianças dos imigrantes as crenças e os
comportamentos dignos de serem adotados.
(Moreira e Tadeu, 2011);
* A escola desempenhará papel importante no
cumprimento de tais funções e facilitar a
adaptação das novas gerações às
transformações econômicas, sociais, e culturais
que ocorriam. 11
12. Negação do curricular clássico
* Antes dessa visão, vigorava o currículo
clássico humanístico, herdeiro da
Antiguidade Clássica, estabelecido pelo
trivium (gramática, retórica e lógica) e
quadrivium (astronomia, geometria,
música e aritmética).
12
13. Negação do curricular clássico
* O currículo clássico tinha o objetivo de
introduzir os aprendizes no mundo das
grandes obras literárias, artísticas e levá-los
a dominar a língua grega e latina;
* Esse currículo foi visto como antiquado
pelos pensadores que destacavam a
inutilidade das habilidades e
conhecimentos desenvolvidos por esse
modelo para a vida moderna.
13
14. Currículo inspirado no modelo fabril
* A referência curricular tradicional tem
seu marco no livro The curriculum de
Bobbitt, publicado em 1918;
* As indicações teóricas desse pensador
estavam preocupadas com a economia
e para essa finalidade o sistema
educacional deveria se organizar;
* Bobbitt, concebia “a educação
[como] um processo de moldagem,
tanto quanto a manufatura de carris
14
de aço.”
16. Currículo inspirado no modelo fabril
* Segundo Bobbitt a escola deveria funcionar da
mesma forma que qualquer outra empresa, fosse
ela industrial ou comercial;
* A escola deveria formar trabalhadores aptos para
o serviço. Ele queria transmitir para a escola o
modelo de organização proposto por Frederick
Taylor.
* Sua palavra-chave era eficiência. Acreditava que
a escola devia começar pela especificação dos
resultados à obter, escolher o método adequado
e a forma de mensurá-los.
16
17. Currículo inspirado no modelo fabril
* A extrapolação dos princípios da administração
científica para a área do currículo transformou
a criança no objeto de trabalho da engrenagem
burocrática da escola. Ela passou a ser o
material bruto a partir do qual a escola-fábrica
deveria modelar um produto de acordo com as
especificações da sociedade.
* A ideia de reunir multidões de estudantes
(matéria-prima) destinados a ser processados
por professores (operários) numa escola central
(fábrica) foi a demonstração do espírito
industrial, da racionalidade científica. (Alvin
Toffler).
17
18. Currículo inspirado no modelo fabril
* Cabia ao curriculista a seguinte tarefa:
realizar levantamento das habilidades
requeridas para as diversas ocupações
no campo do trabalho, organizar os
conteúdos e métodos que
possibilitassem a aprendizagem e o
domínio das habilidades pretendidas.
18
19. Por um currículo democrático: Dewey
X Bobbit
* John Dewey, no início de século (XX) lança os
fundamentos da escola progressista, que tem na
criança o centro das preocupações da construção do
currículo, deixando o funcionamento da economia em
um patamar inferior.
* Para Dewey a escola não era somente uma preparação
para a vida ocupacional adulta, mas um local de
vivência e prática de princípios democráticos;
* O planejamento curricular deveria considerar os
interesses e as experiências das crianças e jovens,
utilizando projetos e problemas;
19
20. * Porém, a visão de Bobbitt foi mais aceita do
que a visão progressista de Dewey, pois a
escola tinha que se preocupar com o
mercado, formando bons operários;
20
21. Crise curricular
* O avanço científico e tecnológico demonstrado pelos
soviéticos em 1957, com o Sputnik, viria a produzir
significativas alterações na ideia sobre o que deveria
constituir o currículo adequado para o progresso da
nação;
* Era preciso reformar o currículo, reforçando o ensino
das Ciências e da Matemática, Física, Química etc. nas
escolas básicas e secundárias.
21
24. Teoria crítica do currículo
* A partir da década de 60, as teorias críticas procuram
compreender o que o currículo faz com as
pessoas e as instituições;
* O currículo é entendido como resultado de
determinada seleção feita por quem detém o
poder;
* A questão não seria apenas qual conhecimento
constituidor do currículo é verdadeiro, mas qual é
considerado verdadeiro e quem o considera
verdadeiro. (Apple, 2000)
24
25. Teoria da reprodução social: Althusser
* Aparelhos Repressivos do Estado: seu papel consiste em
garantir pela força (física ou não) as condições políticas das
reproduções das relações de produção, que são em última
instância, relações de explorações;
* O controle da sociedade é exercido por aparelhos repressivos:
tribunais, polícia, prisões, forças armadas etc.
* Aparelhos Ideológicos do Estado: a escola, os partidos
políticos, a igreja, a família, a comunicação social etc.
* O mais importante aparelho ideológico do estado é a escola.
* A classe dominante por meio do currículo transmite seus ideais
através das disciplinas e conteúdos que reproduzem seus
interesses.
25
26. Principais autores
* Em países como França e Inglaterra, a teoria
educacional recebeu influências da sociologia crítica
(Bourdieu e Passeron ) e da filosofia marxista
(Althusser)
* A teoria crítica pode ser dividida em dois momentos
importantes:
* a teoria da reprodução social representada por
Althusser.
* a teoria da reprodução cultural com as obras de
Bourdieu e Passeron (GIROUX, 1983, p.35).
26
27. A Teoria da Reprodução Cultural:
Bourdieu e Passeron
* Os autores partem da cultura para explicar o
processo de reprodução social e estudam o papel
desempenhado pela escola na manutenção do “status
quo”.
27
28. Violência Simbólica: conceito
* O conceito de violência simbólica descreve o processo
pelo qual a classe que domina economicamente impõe
sua cultura aos dominados.
* A violência simbólica se manifesta de múltiplas formas: a
formação da opinião pública através dos meios de
comunicação de massa, jornais, propaganda, moda;
(Saviani, 2000)
* A violência simbólica não é percebida como violência;
* Os autores buscam explicitar a ação pedagógica como
imposição arbitrária da cultura dos grupos dominantes aos
grupos não-dominantes.
28
29. Violência Simbólica: conceito
* Para os filhos das classes trabalhadoras, a escola
representa uma ruptura no que refere aos valores e
saberes de sua prática, que são desprezados,
ignorados na sua inserção cultural em que necessitam
aprender novos padrões ou modelos de cultura.
* Para os alunos filhos das classes dominantes alcançar
o sucesso escolar torna-se bem mais fácil do que para
aqueles que têm que desaprender uma cultura para
aprender um novo jeito de pensar, falar e enxergar o
mundo.
29
30. Habitus
* Para Bourdieu, ideologia não é mecanicamente
imposta ao não-dominante. Para explicar essa
questão, cria o conceito de “habitus”.
* “Habitus” é produto da interiorização dos princípios
de um arbitrário cultural capaz de perpetuar-se após a
cessação da ação pedagógica e por isso de perpetuar
nas práticas sociais.
30
31. Educação
* De acordo com essa teoria, marginalizados são os
grupos ou classes dominados. Marginalizados
socialmente porque não possuem força material
(capital econômico) e marginalizados culturalmente
porque não possuem força simbólica (capital
cultural). E a educação, longe de ser um fator de
superação da marginalidade, constitui um elemento
reforçador da mesma. (Saviani, 2000)
31
32. Crítica à crítica
* Segundo Giroux (1993), de acordo com as concepções
de Bourdieu, não há no indivíduo a possibilidade de
mudança, visto que apenas reproduz-se, não se cria e
nem inova-se.
* De acordo com Andrade e Vares (2010, p. 129), “[...]
parte dessas críticas se direciona à ausência de
contradições, resistências e tensões.
32
33. Contribuição da teoria crítica do
currículo
* Apple passa a preocupar-se com o por quê em torno
do currículo e com essa preocupação faz alguns
questionamentos:
* por que esses conhecimentos e não outros?
* Por que esse conhecimento é considerado importante e não
outros?
* Trata-se do conhecimento de quem?
* Quais interesses guiaram a seleção desse conhecimento
particular?
* Quais são as relações de poder envolvidas no processo de
seleção que resultou nesse currículo particular?
33
34. Contribuição da teoria crítica do
currículo
* Para Silva (2011), as Teorias Tradicionais eram teorias
de aceitação, ajuste e adaptação.
* As Teorias Críticas são teorias de desconfiança,
questionamento e transformação radical.
34
36. PÓS-CRÍTICA
Muro de Berlim
Torres Gêmeas
Movimento do Sem-Terra
Guerra do Iraque
Era da comunicação
37. * A teoria pós-crítica de currículo, desenvolve-se a partir
dos anos 1990, fundamenta-se no pós-estruturalismo
e pós-modernismo. Autores: Deleuze, Foucault,
Derrida, Morin, Maturama.
* Temas enfocados: os estudos de gênero, identidade,
poder-saber, diferença e grupos sociais diferenciados.
* Ver vídeo “Bauman e a pós-modernidade”
37
38. Influências: pós-modernidade e pós-estruturalismo
* Em sua origem, pós-modernismo significava a perda
da historicidade e o fim da "grande narrativa“;
* A perspectiva pós-moderna questiona o pressuposto
de uma consciência unitária, auto-centrada e
portanto, construída sobre utopias, universalismos,
narrativas mestras, que se consubstanciaram a partir
do Iluminismo.
* Nesta mesma linha, questiona tanto as posições
teórico-metodológicas positivistas como as marxistas.
38
39. O currículo multiculturalista
* O currículo multiculturalista é inclusivo, incorpora as
tradições dos diferentes grupos culturais e sociais
(questões de gênero, sexualidade, etnia, identidade
etc);
* Estes estudos têm tencionado o currículo, trazendo
novas configurações e propondo novos olhares,
voltados ao reconhecimento e valorização de
identidades culturais apagadas ou negadas em
estruturas curriculares monoculturais. (Moreira; Silva
1999)
39
40. Pós-estruturalismo
* A concepção pós-estruturalista questiona a formação
do sujeito unitário, racional, autônomo, centrado;
* Neste paradigma o sujeito é uma ficção, ou seja, o
sujeito não passa de uma invenção social e histórica.
40
41. * No pós-estruturalismo a verdade é plural. Temos
verdades. A verdade é a resultante de consensos
intersubjetivos.
* A questão principal não se trata da verdade, mas
“saber porque esse algo se tornou verdade”.
* A verdade é colocada sobre outra lógica: as coisas não
são verdadeiras ou não verdadeiras, mas sim
consideradas como verdadeiras ou como não
verdadeiras.
41
43. A PÓS-MODERNIDADE
O movimento da cultura que rejeita os valores da
modernidade e vê com desconfiança os princípios
racionais supostamente universais, desenvolvidos
na época do iluminismo.
44. A pós-modernidade traz o descentramento do homem, do sujeito, traz
identidades híbridas, locais e globais, efêmeras sobre tudo. É a cultura
do efêmero, da destruição criativa, do “tudo que é sólido se desfaz no
ar”.... Há aqui uma crise do sujeito.
49. Referências
* Bourdieu, Pierre e Passeron, Jean-Claude, "A reprodução. Elementos para uma teoria do
sistema de ensino",Lisboa, 1970.
* GIROUX, Henry. O pós-modernismo e o discurso da crítica educacional. In: SILVA, T. T. da.
(Org.). Teoria educacional crítica em tempos pós-modernos. Porto Alegre: Artes Médicas,
1993.
* Goodson, I. (1997). A construção social do currículo. Lisboa: EDUCA.
* Goodson, I. (1995). Currículo: Teoria e história. Petrópolis: Vozes.
* HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Rio de
* Janeiro: DP&A,
* MORIN, Edgar. (1996). Ciência com consciência. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.
* Moreira, A. F. B. (1998). A crise da teoria curricular crítica. In: Costa, M. V. (Org.) O currículo
nos limiares do contemporâneo. Rio de Janeiro: DP&A.
* SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo.
Belo Horizonte: Autêntica, 2005.
* SAVIANI, D. Escola e democracia. São Paulo: Autores Associados, 2000.
* MOREIRA, Antonio Flávio; SILVA, Tomaz Tadeu da. (orgs.). Currículo, cultura e sociedade. 5.
ed. São Paulo: Cortez, 2011.
49