Este documento discute a pedagogia dos multiletramentos no contexto brasileiro, abordando conceitos-chave, desafios e possibilidades. A pandemia revelou desigualdades educacionais e no uso de tecnologias, mas estas também podem agregar valor quando bem integradas. Embora os estudos sobre multiletramentos tenham crescido no Brasil, sua aplicação nas escolas ainda é lenta, apesar de ecoar na Base Nacional Comum Curricular.
Multiletramentos: conceitos e concepções, enfoques social, histórico e cultural
1. Disciplina:
Multiletramentos e
Formação Docente
Docente: Obdália Ferraz
Discentes:
Aurinete Mulato
Claudiane Lima
Denise Oliveira
Isabela Cavalcanti
Jaqueline Silva
Jodielson Pereira
Maria de Fátima Andrade
Priscila Alves
Thelma Ramos
Multiletramentos:
conceitos e concepções,
enfoques socio-histórico e
cultural
2. Manifesto A pedagogy of multiliteracies: designing
social futures
Novo Grupo de Londres, 1996.
Descreve os contextos sociais e tecnológicos de comunicação e
aprendizagem em mudança;
Fala sobre a representação e a comunicação em contextos
educacionais;
Aborda o que constitui uma pedagogia de letramento.
Courtney Cazden, Charles William Eliot, Bill Cope Norman Fairclough, Jim Gee,
Mary Kalantzis, Gunther Kress, Allan Luke, Carmen Luke, Sarah Michaels, Martin
Nakata.
3. Manifesto A pedagogy of multiliteracies:
designing social futures
Motivação do manifesto: o mundo e as formas de comunicação estavam
mudando e o ensino do letramento teria que mudar para acompanhar estas
mudanças.
Pontos que continuam relevantes:
a centralidade da diversidade;
a noção de design como criação ativa de significado;
a importância da multimodalidade e a necessidade de uma
abordagem mais holística da pedagogia.
4. O “porquê” dos multiletramentos
• O letramento escolar grafocêntrico: os textos já não são mais essencialmente
escritos, mas constituídos de uma pluralidade de linguagens – multimodalidade.
• Mudanças na construção e na representação de significado nos mundos do
trabalho, da cidadania e da vida pessoal.
• O multilinguismo – “linguagens sociais”
• A experiência cotidiana de construção de significado é cada vez mais uma
negociação de diferenças de discurso.
5. Pedagogia de
multiletramentos
=
processos dinâmicos, de
transformação.
Fabricantes e
refazedores de
significados
Pedagogia do design e da multimodalidade
Transformadores
de significados
Criadores
de
significados
6. Design de significados
Design/construção = algo que você faz no
processo de representar significados
• para si mesmo em processos de criação de
sentido, como ler, ouvir ou ver,
• para o mundo em processos comunicativos,
como escrever, falar ou fazer imagens.
7. Questões abertas sobre os
significados
• Representacionais: a que se referem os significados?
• Sociais: como os significados conectam as pessoas que eles
envolvem?
• Estruturais: como os significados são organizados?
• Intertextuais: como os significados se encaixam no mundo
maior de significados?
• Ideológicos: a quais interesses os significados são distorcidos
para servir?
9. Pedagogia dos multiletramentos
• Tecer: o conhecido e o desconhecido
• Entrelaçar: o experiencial e o conceitual
• Estender os repertórios pedagógicos dos professores e os repertórios de
conhecimento dos alunos
• Levar em conta as subjetividades do aluno.
Uma pedagogia de multiletramentos permite pontos de partida alternativos para a
aprendizagem (o que o aluno percebe como valendo a pena aprender, o que envolve as
particularidades de sua identidade).
10. É transformadora,
pois se baseia em
noções de design e
significado-como-
transformação.
Aprender é um
processo de
autocriação.
Dinamismo
cultural e
diversidade são os
resultados.
Ensinar como processo
de transmissão
Estabilidade cultural e
uniformidade são os resultados
Pedagogia dos multiletramentos
11. A multiplicidade de culturas abrange três dimensões:
profissional;
pessoal;
participação cívica.
Cultural
Institucional emergente
Argumentos sobre Multiletramentos
12. O “o quê” dos multiletramentos
Para contemplar as dimensões profissional, pessoal e participação cívica da vida social,
o grupo (NLG) propôs um conceito-chave da pedagogia dos multiletramentos
considerando-os em relação aos designs.
O design se dá pela inter-relação de três componentes básicos:
• Available designs;
• Designing;
• Redesigned.
13. O “como” dos multiletramentos
Componentes da pedagogia dos multiletramentos
Prática situada: envolve experiências de mundo e significados
situados em contextos do mundo real;
Instrução explícita: trabalha-se a metalinguagem para explicitar
diferentes modos de significação;
Enquadramento crítico: análise e interpretação do contexto social e
cultural, de políticas, ideologias e valores explícitos ou implícitos,
tendo como referência os designs desenvolvidos;
Prática transformada: resultado da transferência e a recriação de
sentidos consolidados por meio da transposição/intervenção
inovadora em diferentes contextos.
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14. Problematizações sobre a pedagogia dos
multiletramentos
• Os letramentos são cada vez mais influenciados por dois efeitos globais:
• A expansão da comunicação de massa;
• A massificação das novas tecnologias de informação e Comunicação
(TIC).
• A competitividade, produtividade e utilitarismo – podem, em última
instância, transformar a educação em commodities
• A relação local-global com a perspectiva do design
• A relação texto-prática na perspectiva do design
• Design contingencial
16. Março de 2020 COVID-19 Pandemia
Isolamento social Fechamento das escolas
Funções da escola e do ensino presencial na sociedade
brasileira:
• espaço de ensino-aprendizagem;
• local onde se constrói relações sociais;
• instituição inerente à rotina de pais/mães/responsáveis.
17. A pedagogia dos
multiletramentos
no Brasil
Aspectos denunciados pela pandemia no
Brasil:
Crenças, valores e preconceitos em
relação ao ensino-aprendizagem e às
tecnologias e ensino à distância;
Transposição abrupta de aulas e
conteúdos presenciais para ambientes
digitais;
Diferentes níveis de habilidade docente
para lidar com as tecnologias no contexto
educacional;
Ampliação da desigualdade de acesso aos
diferentes tipos tecnologia, quando
comparamos estudantes da rede pública e
privada.
19. Pedagogia dos
multiletramentos
e BNCC
Após 30 anos de divulgação do manifesto proposto
pelo NLG, percebe-se uma vasta produção de
estudos acerca dessa temática no Brasil, entretanto
é evidente a lenta disseminação dessa abordagem
nas práticas escolares.
Há uma aproximação da pedagogia dos
multiletramentos com a Base Nacional Comum
Curricular, especialmente traduzida nas 10
competências gerais para a educação básica.
20.
21. A pedagogia dos
multiletramentos
no Brasil
Algumas considerações:
As tecnologias digitais chegaram e se instalaram, em
todos os aspectos da vida social e laboral, mesmo nas
camadas mais pobres da população brasileira.
A pedagogia dos multiletramentos foi absorvida, ao
menos como ideia e proposta, pelo pensamento
brasileiro em educação e linguagens, sendo hoje
fundamentação da Base Nacional Comum Curricular,
mas não apenas dela.
Do fim do século XX, já seria possível que tecnologias
digitais integrassem a educação, sem dispensar aulas
presenciais ou substituir professores, mas agregando
possibilidades ao que já se fazia de bom.
22. RIBEIRO, Ana Elisa. Que futuros redesenhamos? Uma releitura do manifesto da
Pedagogia dos Multiletramentos e seus ecos no Brasil para o século XXI. Disponível
em: http://natal.uern.br/periodicos/index.php/DDL/article/view/2196. Acesso em: 28
set. 2021.
Referências:
COPE Bill; KALANTZIS Mary. Multiliteracies: New Literacies, New Learning. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/242352947_Multiliteracies_New_Literacies_Ne
w_Learning. Acesso em: 28 set. 2021.
PINHEIRO, Petrilson Alan. Sobre o Manifesto “a Pedagogy of multiliteracies:
designing social futures” – 20 anos depois. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/tla/a/tm6xS6zPSgXsgzxHfm4F6Xp/?lang=pt. Acesso
em: 28 set. 2021.
Edição: Ms. Denise Oliveira