O documento descreve os principais conceitos relacionados aos efeitos tóxicos de agentes químicos no organismo humano. Aborda as fases da intoxicação, fatores que influenciam a absorção e eliminação de toxinas, além dos tipos de efeitos tóxicos de acordo com seu tempo de aparecimento, gravidade e abrangência.
2. É um conjunto de efeitos nocivos representado pelos
sinais e sintomas que revelam o desequilíbrio orgânico
produzido pela interação do agente químico com
o sistema biológico. Corresponde ao estado
patológico provocado pelo agente tóxico, em
decorrência de sua interação com o organismo.
Efeito tóxicoEfeito tóxico
==
Dose da substânciaDose da substância
++
Tempo contatoTempo contato
Suficientes para quebrar a homeostasia do organismoSuficientes para quebrar a homeostasia do organismo
3. Fase de Exposição: Contato do agente tóxico com o
organismo.
Fase Toxicocinética: Interação do AT com o
organismo.
◦ absorção,
◦ distribuição,
◦ armazenamento
◦ eliminação (biotransformação e excreção).
Fase Toxicodinâmica: Ação do AT no organismo.
Atingindo o alvo, o AT interage biologicamente
causando alterações morfológicas e funcionais,
produzindo danos.
Fase Clínica: Manifestação clínica dos efeitos
resultantes da ação tóxica. Sinais e sintomas que
caracterizam o efeito tóxico e evidenciam a intoxicação.
4. Exposição é a medida do contato entre o AT e a superfície
corpórea do organismo.
Sua intensidade e a velocidade de aparecimento dos efeitos
dependem de fatores, tais como:
i) Via ou local de exposição: As principais vias de
exposição, através das quais os AT são introduzidos no
organismo são:
◦ via gastrintestinal (ingestão)
◦ via pulmonar (inalação)*
◦ via cutânea (contato)*
◦ Parenteral (menos importante)
endovenosa > pulmonar > intraperitoneal > sub-
cutânea > intra muscular > intra-dérmica > oral >
cutânea
5. ii) Duração e frequência da exposição: são importantes
na determinação do efeito tóxico, assim como na sua
intensidade.
Classificação quanto à duração da exposição:
◦ Aguda: exposição única ou múltipla que ocorra em um
período máximo de 24 horas
◦ Sub-aguda: aquela que ocorre durante algumas semanas
(até 1 mês)
◦ Sub-crônica: aquela que ocorre durante alguns meses
(geralmente entre 1 e 3 meses)
◦ Crônica: ocorre por um tempo maior do que 3 meses.
Frequência - Doses fracionadas reduzem o efeito tóxico, caso
a duração da exposição não seja aumentada.
◦ velocidade de eliminação// efeito tóxico revertido
6. Ação do organismo sobre o agente tóxico, procurando
diminuir ou impedir a ação nociva da substância
sobre ele.
É de grande importância, porque dela resulta a
quantidade de AT disponível para reagir com o receptor
biológico e exercer a ação tóxica.
É constituída dos seguintes processos:
◦ Absorção
◦ Distribuição
◦ Eliminação: biotransformação e excreção
7. 2.1- Absorção: É a passagem do AT do meio externo
para o meio interno, atravessando membranas
biológicas.
◦ O meio externo na absorção pode ser o estômago, os
alvéolos, o intestino, ou seja, dentro do organismo,
mas fora da célula.
Existem três tipos de absorção mais importantes para a
Toxicologia.
◦ Pelo trato gastrintestinal (TGI) ou Oral
◦ Cutânea
◦ Respiratória
8. Absorção pelo trato gastrintestinal (TGI) ou
Oral
◦ Absorção desde a boca até o reto - difusão passiva
◦ Boca absorção
tempo de contato
para lipossolúveis (cocaína, estricnina, atropina)
◦ Absorção de substâncias no estado não ionizado
ácidos fracos em meio ácido (absorção na mucosa gástrica)
bases fracas em meio alcalino (absorção no intestino)
◦ Absorção por transporte ativo
Chumbo e Tálio (sistemas transportadores do Cálcio e do
Ferro)
9. Absorção Cutânea
◦ A pele íntegra é uma barreira efetiva contra a
penetração de substâncias químicas exógenas.
◦ Alguns xenobióticos podem sofrer absorção cutânea,
(anatomia, propriedades fisiológicas e propriedades
físico-químicas dos agentes.
11. Absorção pelo trato respiratório
◦ A via respiratória é a via de maior importância para
Toxicologia Ocupacional.
◦ A maioria das intoxicações Ocupacionais é decorrente
da aspiração de substâncias contidas no ar ambiental.
◦ fluxo sanguíneo no local
◦ As substâncias poderão sofrer absorção em dois
locais:
Vias aéreas superiores
Alvéolos
◦ Agentes absorvidos pelo trato respiratório:
Gases, vapores e os aerodispersóides.
12.
13. Gases e Vapores
Vias aéreas superiores
◦ Não recebe muita atenção
◦ É importante por reter algumas substâncias
◦ Influenciada pela HIDROssolubilidade – umidade das
mucosas é favorável
◦ Nem sempre é sinônimo de proteção
- Possibilidade de hidrólise química = compostos
nocivos.
- Ex.: dióxido de enxofre (SO2) + H2O → ácido
sulfúrico.
- Efeitos irritantes e favorecimento da absorção
destes ou de outros agentes pela mucosa lesada.
14. ◦ “Barreira” Placentária: proteger o feto contra a
passagem de substâncias nocivas provenientes do
organismo materno
Troca de nutrientes e gases, como O2, CO2 – processo ativo
Entrada de AT – difusão passiva
A placenta não representa uma barreira protetora efetiva
contra a entrada de substâncias estranhas na circulação
fetal
Mecanismos de biotransformação que podem prevenir a
passagem placentária de alguns xenobióticos.
15. 2.2- Armazenamento: Os agentes tóxicos podem ser
armazenados no organismo, especialmente em dois
tecidos distintos:
◦ Tecido adiposo: lipossolubilidade - transporte por
membranas
Xenobióticos armazenados - dissolução física nas gorduras
neutras do tecido.
◦ Tecido Ósseo: Tecido relativamente inertem mas
serve como local de armazenamento de AT
inorgânicos.
Reação entre o AT e a matriz inorgânica do osso.
Ex.: flúor, chumbo e estrôncio.
Liberação gradativa para a corrente sanguínea
16. 2.4- Eliminação: É composta de dois processos: a
biotransformação e a excreção.
◦ Biotransformação: Conjunto de alterações que um
agente químico sofre no organismo, visando aumentar
sua polaridade e facilitar sua excreção.
Mecanismo de defesa
Maioria das substâncias (endógenas ou exógenas) -
biotransformadas no fígado
A biotransformação pode ocorrer através de dois
mecanismos:
i) Ativação: Produz metabólitos com atividade igual ou
maior do que o precursor - pode aumentar a toxicidade da
substância.
ii) Desativação: Produto resultante é menos ativo
(tóxico) que o precursor - mais comum para os xenobióticos.
17. ◦ Excreção: Pode ser vista como um processo inverso
ao da absorção - fatores que influem na entrada do
xenobiótico podem dificultar a saída.
Muitas vezes, denominado Eliminação, embora pelo
conceito atual a eliminação inclui também o processo de
biotransformação.
Existem três classes de excreção:
i) Secreções: tais como a biliar, sudorípara, lacrimal,
gástrica, salivar, láctea.
ii) Excreções: urina, fezes e catarro.
iii) Ar expirado
18. ◦ Outras secreções:
Secreção sudorípara: Conhecida há muitos anos. Ex.:
iodo, bromo, ácido benzóico, ácido salicílico, chumbo,
arsênio, álcool, etc.
Difusão passiva – pode causar dermatites em indivíduos
suscetíveis
Secreção salivar: É significativa para alguns xenobióticos.
Lipossolúveis - difusão passiva / hidrossolúveis – filtração
Secreção láctea: Ingestão por recém-nascidos. Ex.:
morfina, álcool, etc.
Lipossolúveis - difusão passiva do sangue para o leite
19. Exteriorização dos efeitos do agente tóxico, ou seja, o
aparecimento de sinais e sintomas da intoxicação ou
alterações laboratoriais causadas pela substância
química.
20. 4.1- Classificação dos efeitos tóxicos
Quanto ao tempo de aparecimento dos sintomas
◦ Efeitos Imediatos ou agudos: aparecem
imediatamente após uma exposição única (24 horas) -
graves.
◦ Efeitos crônicos: exposição a pequenas doses -
vários meses ou anos. Podem advir de dois
mecanismos:
i) Somatória ou Acúmulo do AT: velocidade de
eliminação < que a de absorção - AT se acumula - nível
tóxico.
ii) Somatória de Efeitos: dano irreversível, sendo
aumentado a cada exposição - nível detectável; ou dano
reversível, com tempo entre as exposições insuficiente para a
recuperação do organismo.
◦ Efeitos retardados: só ocorrem após um período de
latência, mesmo quando cessa a exposição. Ex.: efeitos
carcinogênicos- latência 20-30 anos.
21. Quanto à gravidade
◦ Efeitos reversíveis: desaparecem quando cessa a
exposição
◦ Efeitos irreversíveis: persistem mesmo após o
término da exposição. Ex.: carcinomas, mutações,
cirrose hepática
Capacidade de recuperação
Lesões hepáticas são geralmente reversíveis
Lesões no SNC são, geralmente, irreversíveis
Quanto à abrangência da lesão
◦ Locais: ocorrem no local do primeiro contato com o
AT.
Pele e mucosas da boca, garganta olhos e trato respiratório.
Ex.: gases irritantes (gás mostarda, NO2, cloro) e
lacrimogêneos
◦ Sistêmicos: exigem absorção e distribuição
◦ Existem substâncias que apresentam os dois tipos de
efeitos. Ex.: benzeno, chumbo tetraetila, etc.
22. Quanto ao tipo de alteração provocada
◦ Efeitos morfológicos: mudanças micro e
macroscópicas na morfologia dos tecidos afetados.
Muitos são irreversíveis. Ex.: necrose, neoplasia
◦ Efeitos funcionais: normalmente mudanças
reversíveis nas funções dos órgãos-alvo. Geralmente
são detectadas antes das alterações morfológicas, ou
em menores doses.
◦ Efeitos bioquímicos: efeitos manifestam-se sem
modificações morfológicas aparentes. Ex.: inibição da
AChE por inseticidas organofosforados ou carbamatos.
Quanto ao tipo de célula alterado
◦ Efeitos somáticos: afetam uma ou mais funções
vegetativas do indivíduo
◦ Efeitos germinativos: perturbações nas funções de
reprodução - integridade dos descendentes e
desenvolvimento de tumores.