2. 1. NOÇÕES DE TOXICOLOGIA
Toxicologia é a ciência que se ocupa dos tóxicos, das suas propriedades, do
seu modo de acção, da sua pesquisa e dos processos que permitem
combater a sua acção nociva. O termo tóxico vem do grego toxicon que quer
dizer flecha envenenada.
O que é um Tóxico?
É toda a substância que tem a capacidade de provocar alterações
estruturais e /ou funcionais ao ser introduzida no organismo, quer
seja prejudicando o seu normal funcionamento quer destruindo
reversível ou irreversivelmente as suas funções vitais.
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7. Via respiratória
Via mais comum da penetração dos tóxicos presentes nos locais de trabalho.
Efeitos nocivos fazem-se, sentir ao nível das vias respiratórias frequentemente.
Podem surtir efeitos noutras regiões do organismo.
Diferentes tipos de tóxicos:
SÓLIDO
• POEIRAS
(ex.: sílica pura
cristalina)
• FIBRAS
(ex.: amianto)
• FUMOS
(ex.: chumbo)
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LÍQUIDO
GASOSO
• AEROSSÓIS
(ex.: insecticidas)
• NEBLINAS
(ex.: açúcares)
• GASES
(ex.: cloro)
• VAPORES
(ex.: mercúrio)
8. Via respiratória
O aparelho respiratório tem defesas,
DIMENSÃO (mm)
LOCAL
>10
Nariz
4-10
Brônquios
2-4
Alvéolos Pulmonares
Proposta de Trabalho
Identifica dois diferentes sólidos, líquidos e gases
tóxicos para as vias respiratórias.
Exemplo:
Carvão, Benzeno, Óxidos metálicos
8
9. Via percutânea
Pele - proteção contra os diferentes agentes agressivos.
Mucosas (olhos, faríngeas) - glândulas sebáceas e sudoríparas funcionam
como portas de entrada naturais.
A sudação facilita a penetração dos tóxicos na pele.
As alterações da pele (descamações, ferimentos, etc.) facilitam a entrada de tóxicos.
Agentes tóxicos (lipossolúveis) – ultrapassam facilmente a barreira da pele.
Exemplos:
• nicotina,
• derivados nitrados e aminados aromáticos,
• solventes clorados,
• tetraetilchumbo,
• ou mesmo de derivados puramente minerais, e.g. sais de tálio.
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10. Via digestiva
Não é uma via habitual nas intoxicações relacionadas com o trabalho.
Pode acontecer em:
manipulação incorrecta de produtos tóxicos (contaminação das
mãos, boca, olhos);
ingestão de alimentos erradamente guardados em locais de
trabalho contaminados;
deficiente higiene corporal, nomeadamente das mãos, após
trabalhos relacionados com produtos tóxicos;
fumar ou guardar tabaco nos locais contaminados.
10
OUTRAS VIAS: vias hipodérmicas e intravenosas são raras nas intoxicações laborais.
11. 3. CONCENTRAÇÃO E DOSES LETAIS
Concentração de um Tóxico
Toxicidade depende de vários factores:
características da substância ou produto;
trabalho executado;
características do trabalhador exposto.
Relativamente à substância ou produto tóxico temos de ter em conta:
• composição química;
• concentração
Pode ser controlada, de forma segura e objectiva.
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12. Valores limite de concentração para os tóxicos nos locais de trabalho.
TLV's (Threshold Limit Value)
Concentração média ponderada para um dia de 8 horas e para uma semana de 40
horas, durante a qual a maioria dos trabalhadores podem ser repetidamente
expostos, dia após dia, sem ficar sujeita a efeitos prejudiciais para a sua saúde.
Autores portugueses denominam estes valores-limite de VLE-MP (valor-limite
de exposição média ponderada).
STEL's (Short Term Exposure Limit)
limites de exposição para um curto intervalo de tempo, isto é, a
concentração máxima a que os trabalhadores podem estar sujeitos
continuadamente por um período até 15 minutos. Não sendo permitidas
mais de 4 exposições diárias, com pelo menos 60 minutos de intervalo e não
excedendo os TLV's respectivos.
TLV's-Ceiling ou VLE-CM (valor-limite expresso para uma concentração máxima)
Para substancias tóxicas de acção rápida sobre o organismo, limites de
concentração nunca deverão ser excedidos, mesmo instantaneamente.
12
13. Em relação aos valores limites de exposição é importante salientar:
Tipo de trabalho:
Duração da exposição.
-leve
-moderado
-pesado
Características do trabalhador exposto ao tóxico a ter em consideração:
- Idade
- Sexo
- Peso
- Susceptibilidade Individual
13
Estado fisiológico:
- Digestão
- Fadiga
- Gravidez
Estado Patológico:
As doenças podem provocar lesões nos órgãos principais do organismo e
essas alterações podem favorecer a acção de tóxicos, por estarem
comprometidos os processos normais de desintoxicação.
14. Doses Letais
A determinação de uma dose letal de um tóxico, para o ser humano, não pode
ser objecto de experimentação.
Os valores indicados para o homem como doses tóxicas ou mortais são números
aproximados.
Os valores existentes de doses mortais para o Homem foram obtidos pela
observação das intoxicações humanas, mas só serão exactos se não tiver havido
vómitos, o que raramente acontece.
As respostas à exposição da mesma dose de um tóxico não são a mesma para
todos os casos, variando de pessoa para pessoa e das condições em que a pessoa
se encontra.
Dose letal de um tóxico DL100 (ou dose seguramente mortal) - dose que
produz 100% de casos mortais nos indivíduos a ele expostos.
14
Dose letal 50 DL50 - dose que produz 50% de casos mortais nos indivíduos a
ele expostos.
15. 4. TOXICIDADE AGUDA E CRÓNICA
Os maiores factores que influenciam na toxicidade de uma substancia são:
frequência da exposição, duração da exposição e via de administração.
Existe uma relação directa entre a frequência e a duração da exposição na
toxicidade dos agentes tóxicos.
Uma substância administrada por via oral numa dosagem de 100 mg
pode apresentar apenas sintomas leves, ao passo que 10 mg da
mesma substância por via intravenosa podem levar a sintomas
graves.
15
16. Para se avaliar a toxicidade de uma substância química,
é necessário conhecer:
• que tipo de efeito ela produz,
• a dose para produzir o efeito,
• informações sobre as características ou propriedades da substância,
ficha de seguranças,
• informações sobre a exposição e o individuo.
16
17. Factores que determinam o efeito tóxico
Factores biológicos
Factores Ambientais
• Absorção, distribuição, biotransformação,
• Temperatura,
• Idade, sexo, peso, diferença genética, estado de saúde,
• Humidade,
• Condições metabólicas (repouso, trabalho),
• Hora do dia,
• Exposição a outras substâncias químicas.
• Stress.
Factores Físicos
• Quantidade ou concentração do agente tóxico.
• Estado de dispersão – (Importante a forma e o tamanho das partículas).
• Solubilidade nos fluidos orgânicos.
• Afinidade pelo tecido ou organismo humano.
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18. 4. TOXICIDADE AGUDA E CRÓNICA
Toxicidade aguda
Para além das características intrínsecas do indivíduo, a toxicidade de uma
substância pode variar, consoante:
Via de penetração
Velocidade de administração
Natureza do veículo
Condições exteriores
Concentração
Substâncias associadas
Administração anterior
Diz-se que há:
Intoxicação aguda quando se verificam efeitos tóxicos no
organismo resultantes da absorção de doses relativamente
grandes, em curto espaço de tempo.
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19. Toxicidade crónica
Intoxicação crónica, (a longo prazo), é resultado de uma exposição repetida ao
longo de bastante tempo, a baixos níveis de tóxicos, e que embora sem
sintomatologia clínica imediata, pode conduzir a alterações irreversíveis do
estado de saúde.
Consequências ao nível de:
- crescimento;
- comportamento geral;
- composição química dos líquidos orgânicos (sangue, linfa, etc);
- estrutura das células e tecidos dos organismos;
- funções dos órgãos (rins, fígado, etc);
- aptidão para a reprodução;
- duração da vida
Salientamos as cancerígenas – neste caso, não podemos fixar doses
limites, uma vez que os efeitos persistem após eliminação do tóxico,
por tal, qualquer dose, mínima que seja, será perigosa se for repetida.
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21. A dose absorvida pelo organismo provoca uma resposta biológica.
Dose
Resposta
Dose admissível, no local de trabalho, tem de provocar no organismo
uma resposta nula.
Dose
Admissível
21
Resposta
Nula
22. 6. EFEITOS FISIOLÓGICOS DOS TÓXICOS
Acção principal no:
Plasma
• Alterações
coagulação
Glóbulos
Vermelho
s
• Aumento
• Destruição
• Anomalias
morfológicas
SANGUE
Glóbulo
s
Brancos
Plaquetas
22
• Diminuição
• Aumento
• Diminuição
23. MEDULA ÓSSEA
Acções dos tóxicos na medula óssea provocam uma destruição do tecido medular.
Ex: Raios-X
Benzeno
APARELHO DIGESTIVO
Acções dos tóxicos no aparelho digestivo provocam vómitos, diarreias,
lesões do tubo digestivo.
Ex: Chumbo
Mercúrio
FÍGADO
Acções dos tóxicos na medula óssea provocam lesões hepáticas.
23
Ex: Intoxicação pelo fósforo
Anestésicos gasosos
Solventes clorados
24. CORAÇÃO
Acções dos tóxicos no coração provocam uma diminuição do ritmo cardíaco
levando a uma paragem cardíaca em muitos casos.
Ex: Intoxicação crónica com chumbo
RINS
Acções dos tóxicos nos rins provocam lesões renais graves
Ex: Metais pesados (chumbo, urânio, cádmio)
Clorados
SISTEMA NERVOSO
Ex:
• Álcool: descoordenação dos movimentos e perturbação do equilíbrio;
• Dióxido de carbono: lesões dos músculos respiratórios;
24
• Anestésicos: paragem respiratória.
25. PELE
Ex:
• Ácidos e bases fortes: provocam queimaduras;
• Produtos da destilação da hulha: verificam-se alterações dos tegumentos;
• Óleos médios: manifestam-se toxidermias, acne, foliculite;
• Óleos pesados: têm uma acção mais lenta, traduzindo-se por proliferações
epiteliais benignas, podendo evoluir para malignas;
• Solventes clorados e derivados aminados aromáticos: a sua acção irritante pode
transformar-se em dermatites;
• Iodetos e brometos: aparecimento de dermatoses;
• Vapores de chumbo: lesões das unhas.
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26. EFEITOS SOBRE O APARELHO RESPIRATÓRIO
É a principal via de acesso dos tóxicos gasosos ou voláteis.
ACÇÃO LOCAL:
• Espirros, tosse, corrimento nasal, exagerada produção de saliva;
• Irritação do epitélio pulmonar: edema; queimaduras.
ACÇÃO AO NÍVEL DO MECANISMO DA RESPIRAÇÃO:
• Sufocação
• Asfixia
• Paragem respiratória
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