2. "Todas as perceções do espírito humano se
reduzem a duas espécies distintas que
denominarei impressões e ideias. A diferença
entre estas reside nos graus de força e de
vivacidade com que elas afetam a mente e abrem
caminho para o nosso pensamento ou
consciência"
3. As várias perceções humanas são classificadas segundo o critério da
vivacidade e da força com que são suscetíveis de impressionar o espírito.
Impressões Ideias
Conteúdos da mente
(Perceções)
• Sensações: auditivas,visuais, táteis,etc.)
• Emoções e paixões: amor, ódio,desejo, ira,
etc.)
(Derivam imediatamenteda realidade.)
Perceções enfraquecidas
Perceções vivas e Fortes
• Pensamentos
• Representaçõe/Imagens das
impressões
4. • As ideias ou pensamentos são
representaçõesdas
impressões, nunca alcançando
igual vivacidade e força.
• A perceção de algo presente
aos sentidos é sempre mais
viva do que a sua
representação.
• As impressões são sempre
anteriores às ideias; todas as
ideias derivam de impressões.
São as impressões as causas
das ideias e não o contrário.
O mais vivo pensamento
é ainda inferior à mais
baça sensação.
5. Impressões Ideias
Relação entre impressões e ideias
Simples
Perceção de
um cavalo
Complexas Simples Complexas
Percecionar
uma manada
de cavalos
Imaginar
um cavalo
Imaginar
cavalos
alados
6. O que podemos inferir desta relação
entre impressões e ideias?
Todos os conteúdos do nosso conhecimento derivam da experiência:
Todo o nosso conhecimento começa com a experiência e deriva dela.
Uma ideia só é verdadeirase proceder de uma impressão.
O critério de verdade de nosso conhecimento é este: um conhecimento (uma
ideia) só é válido se pudermos indicar a impressão ou impressões de que
deriva; a toda e qualquer ideia tem de corresponder uma impressão sensível.
Se não há correspondência, há falsidade.
As impressõessensíveissão não só o critério de verdade do conhecimento humano
como também o seu limite.
Não tendo outra base que não as impressões ou sensações, o nosso conhecimento
está limitadopor elas: não posso afirmar nenhumacoisa ou realidadeda qual não
tenho qualquer impressão sensível ( por exemplo, Deus).
7. Sobre Deus
Todas as nossas ideias, ou perceções mais fracas, são cópias das nossas
perceções mais intensas (…)
Ao analisarmos os nossos pensamentos ou ideias, por muito compostas e
sublimes que sejam, sempre descobrimos que elas se resolvem em ideias tão
simples como se fossem copiadas de uma sensação ou sentimento
precedente. Mesmo as ideias que, à primeira vista, parecem afastadas desta
origem, descobre-se (…) serem dela derivadas. A ideia de Deus, enquanto
significa um ser significativamente inteligente, sábio e bom, resulta de
reflexão sobre as operações da nossa própria mente, e eleva sem limite essas
qualidades da bondade e sabedoria.
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano
A ideia de Deus é uma ideiacomplexa que tem por base ideias simples que a mente
compõe, elevandosem limite as qualidadesbondade e sabedoria.
Nenhum objeto da experiênciasensível que lhe corresponde
8. Tipos de conhecimento
Relações de ideias Conhecimentos de facto
São conhecimentos a priori.
A verdade das proposições e a coerência dos
argumentos não dependem do confrontocom
os factos ou experiência.
São contingentes.
Negá-lasnão implica contradição.Por
exemplo: não é logicamenteimpossível que o
sol não nasça amanhã..
São necessárias.
Negá-lasimplicacontradição.
É logicamenteimpossível a sua negação.
São conhecimentos a posteriori.
A verdade das proposições que se referem a
factos depende de exame empírico
As proposições que exprimem e
combinam relações de ideias não nos dão
qualquer conhecimento sobre o que se
passa no mundo
As proposições que se referem a factos
visam descobrir coisas sobre o mundo e
dar-nos conhecimentos sobre o que neste
existe e acontece.
10. "Todos os raciocínios relativos à questão de facto
parecem fundar-se na relação de causa e efeito.
Só diante esta relação podemos ir além do
testemunho da nossa memória dos nossos
sentidos."
11. • É na relação de causa e efeito que se baseiam os nossos raciocínios acerca dos
factos.
• O nosso conhecimento dos factos restringe-se às impressões atuais e às recordações
de impressões passadas.
• Só com base nessas impressões e recordações é que podemos criar as nossas
crenças.
• Uma vez que não dispomos de impressões relativas ao que acontecerá no
futuro, também não possuímos o conhecimento dos factos futuros.
• Apesar disso, há muitos factos que esperamos que se verifica no futuro ( esperamos
que o papel se queime se o atirarmos ao fogo).
• Trata-se de verdades contingentes relativas a questões de facto, e que têm por base
uma inferência causal.
• Constata-seassim que a ideia de causa é aquela que preside às nossas inferências
acerca de factos futuros. Essas inferências têm caráter indutivo.
• A indução, enquanto previsão, baseia-se em casos passados e antevê casos ainda
não observados.
• Acontece que não dispomos de qualquer impressãorelativa à ideia de conexão
necessária entre fenómenos. Ninguém vê o perceciona uma conexão necessária
entre fenómenos.
12. • A única coisa que percepionamos é que entre dois fenómenos se verifica uma
conjunção constante: um deles ocorreu sempre a seguir ao outro, o que nos
leva a concluir que entre eles há uma conexão necessária, o que é um erro.
• Por isso, o nosso conhecimentoacerca dos factos futuros não é um rigoroso
conhecimento.Trata-se apenas de suposição ou de probabilidade.
• Esse conhecimentoassentaunicamente numa expectativa.
• A certeza de que um facto se seguirá a outro, tem apenas um fundamento
psicológico: o hábito o costume.
• É o hábito de ver um facto suceder a outro que nos leva à crença de que
sempre assim sucederá.
• Apesar de ser um guia imprescindível na vida prática, o hábito não constituium
princípio racional.