O documento discute a importância da leitura para o desenvolvimento pessoal e profissional dos estudantes. A leitura permite que os estudantes explorem novos mundos através da imaginação, ampliem seus conhecimentos, e desenvolvam habilidades essenciais como escrita e comunicação. No entanto, as escolas frequentemente não conseguem despertar o interesse dos alunos pela leitura ao oferecerem apenas livros infantis com pouca descrição e imaginação.
Palestra apresentada pelas professoras Dra. Elaine Aparecida Campideli Hoyos e Ms. Vanessa Regina Ferreira da Silva, ambas da área de Letras do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo – Campus Avaré, proferiram a palestra “Leitura: Convite ao Conhecimento” por ocasião da 3ª Semana Avareense do Livro, realizada pela Biblioteca Municipal “Prof. Francisco Rodrigues dos Santos”.
Palestra apresentada pelas professoras Dra. Elaine Aparecida Campideli Hoyos e Ms. Vanessa Regina Ferreira da Silva, ambas da área de Letras do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo – Campus Avaré, proferiram a palestra “Leitura: Convite ao Conhecimento” por ocasião da 3ª Semana Avareense do Livro, realizada pela Biblioteca Municipal “Prof. Francisco Rodrigues dos Santos”.
A leitura literária. A formação do leitor. O leitor infanto-juvenil: uma tipologia. Os textos destinados à criança. O conto maravilhoso e o conto de fadas. A poesia infanto-juvenil. Monteiro Lobato .
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instauradas no séc. XX e XXI e os
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Boletim Informativo de caráter educacional com textos e artigos produzidos por estudantes numa perspectiva de investigação científica na Área de Ciências Humanas.
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Boletim informativo educacional com textos e artigos que expressam o protagonismo estudantil em ações de investigação científica na área de Ciências Humanas
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Folhetim do Estudante - Ano VII - Núm. 59
1. 1
do estudanteNúm. 59 - ANO VII Maio – Junho /2018
Folhetim do estudante é uma
publicação de cunho cultural e
educacional com artigos e textos de
Professores, alunos, membros de
comunidades das Escolas Públicas
do Estado de SP e pensadores
humanistas.
Acesse o BLOG do folhetim
http://folhetimdoestudante.blogspot.com.br
Sugestões e textos para:
prof.valter.gomes@gmail.com
É LENDO QUE SE CRESCE !
Prof. Eduardo Paulo Berardi Jr
“Vocês precisam ler !” – diz o professor
O que será que o aluno entende pelo que
seja ler ?
“Ler não é traduzir o código secreto da
escrita ? Então, se consigo traduzir todas
as formas de palavras, se já aprendi a ler,
porque devo continuar o treinamento de
leitura ?” – pensa o aluno.
Assim, quando seu professor disser que
você precisa ler ele está na realidade
dizendo que você precisa descobrir na
literatura o mundo maravilhoso que
existe à espera de poder ser explorado.
Literatura ? O que é isso ? – perguntaria
o aluno
Literatura é o nome dado ao conjunto da
produção universal de textos dos mais
variados autores. Existe a literatura
científica, técnica e a literatura que
compreende as obras de arte, isto é, dos
livros escritos pelos autores doe
romances, contos, crônicas, poesias.
Todo livro é sempre uma fotografia da
época em que seu autor viveu e expressa
sempre uma parte do próprio autor.
Assim, a literatura é também um meio de
conhecer pessoas, países, épocas.
Ler um livro é de certa forma viajar no
tempo. Encontrar o mundo descrito pelo
autor que nos permite exercitar a
imaginação.
Você se lembra de quando era menor ?
Lembra de quando pegava um
brinquedo, um objeto, e fazia de conta
que era uma arma, ferramenta,
peça...sabe-se lá o que mais...lembra ?
Pois bem...você estava trabalhando sua
imaginação, alimentando seu cérebro
com fantasias, com coisas irreais para o
mundo mas que existiam dentro de sua
cabeça – chegando mesmo a sonhar com
elas. Você crescia por dentro,
silenciosamente, preparando seu cérebro,
exercitando seus neurônios para a carga
de informações que durante o resto da
vida teriam que receber e trabalhar.
Ler um livro de poesias, de contos ou um
romance é além de tudo uma forma de
lazer, isto é, uma oportunidade de
desligar da realidade por um período e
“ficar conversando consigo mesmo”
como se falasse com o escritor, pondo-se
no lugar dele, querendo ter sido você o
autor daquelas idéias ou de ter vivido
aquelas aventuras. Além disso, ao
visitarmos a imaginação dos outros
estamos sempre ampliando nosso arquivo
de coisas conhecidas e com base nelas
podemos criar novas formas de expressar
nossas idéias. É desse modo que
recebemos influências e que também a
transmitirmos.
Além do mais, quanto mais investigamos
o comportamento dos personagens –
como ocorre com as novelas de televisão
– mais questionamos as verdades em que
acreditávamos como fruto das
observações feitas sobre o mundo, com a
maior segurança para emitirmos
opiniões. Afinal, uma idéia que por
acaso tivemos, quando a encontramos
descrita num livro, podemos defendê-la
melhor, ou mesmo nega-la conforme
sejam os argumentos do autor.
Normalmente nas escolas oferecemos
para leitura livros infantis desejando com
isso que nossos alunos aprendam a gostar
de ler sem desanimarem com uma obra
densa. Nesses livros breves a narrativa
quase não envolve a descrição em
detalhes de cenas que estimulem nossa
imaginação. Daí talvez não termos
conseguido oferecer aos alunos o gosto
de “passear” pelo universo mágico da
fantasia.
Quando jovens todos queremos ser
famosos, ou queremos resolver graves
problemas do mundo e com isso
alimentamos grandes esperanças.
Quantos não quererão ser grandes
escritores, ganhar muito dinheiro
escrevendo novelas para a televisão, por
exemplo? Muitos talvez queiram, mas
apenas uns poucos poderão conseguir.
Para escrever bem é preciso bem ler. É
preciso aprender com os outros autores
como eles constroem seus personagens,
como montam as tramas, o enredo. Bons
poetas aprenderam com os que antes
escreveram poemas, captando-lhes o
estilo, tomando para si um tipo de
construção de rima, de versos, a maneira
como formam uma imagem.
Para a maioria das profissões de maior
valorização no mercado de trabalho é
fundamental escrever bem. Quanto
melhor escreverem, maiores serão as
chances de se darem bem na vida.
Quanto mais puderem ler, melhor se
tornará sua bagagem interior, facilitando
sua comunicação com os outros,
inclusive por meio da escrita.
No mundo de hoje em que prevalece a
comunicação da imagem no vídeo, as
pessoas tendem a falar todas as mesmas
coisas, parecendo ser todas iguais, o que
se chama de comportamento de massa.
Sabendo como pensa uma, saberemos o
que pensam as demais. O elemento
diferenciador entre cada um de nós é a
riqueza interior que temos e que
podemos mostrar. Para tanto, primeiro
teremos que construir em nós mesmos
essa riqueza. Depois poderemos mostrá-
la. A leitura é uma das maneiras que
temos de nos fazermos diferentes e sendo
de nossa livre escolha, tenderá a ser no
futuro, o caminho para deixarmos de ser
como todos e essa diferença poderá ser a
fronteira que precisaremos atravessar
para obtermos sucesso. Daí porque será
preciso ler. Leia ...é lendo que se cresce !
________________________________
Folhetim
2. 2
do estudante ano VII Maio-Junho/2018
EDUCAÇÃO
A elite do atraso e a
Base Nacional
Curricular Comum
(BNCC)
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil
O sociólogo brasileiro, Jessé Souza, a
cada dia mais tem se afirmado no lugar
que reivindica para si, equidistante da
sociologia liberal clássica e da
sociologia de matiz marxista. É uma
reivindicação justíssima e oportuna,
porém difícil na medida em que,
epistemologicamente, se afasta pouco
dos mesmos liberais que critica,
inscrevendo-se no âmbito do
estruturalismo de prima hora de Pierre
Bourdieu. Mas, até aí, nenhum
problema; é sua a escolha.
Contudo, a despeito das críticas
possíveis à sua obra já extensa, Souza
tem grandes contribuições que incitam
a novas e mais complexas mediações, a
começar pela sua principal tese: “o
problema central do país deixa de ser a
corrupção supostamente herdada de
Portugal para se localizar no abandono
secular de classes estigmatizadas,
humilhadas e perseguidas” (Souza,
2017, p. 84). São as elites do atraso, de
origem latifundiária, escravista e
agroexportadora, que mantém as
classes trabalhadoras e a “ralé de
novos escravos” condenados ao
desamparo, desemprego, insegurança e
pobreza. Mas, não apenas, isto: a
permanência do Brasil, como país
periférico aos centros hegemônicos do
capital, muito se deve a estas elites, o
que aliás, há muito já foi observado
por Florestan Fernandes. Numa
passagem do livro “Capitalismo
dependente e classes sociais na
América Latina” (Zahar, 1975),
Fernandes, com muita perspicácia,
afirmou que os interesses
particularistas das nossas sabujas
elites, não apenas eram considerados
como os interesses da sociedade
brasileira, mas resultavam em
estruturas internas sujeitas às piores
manipulações de fora. Em seguida,
logo abaixo na mesma página,
arrematou: “trata-se de um componente
dinâmico da tradição colonial de
subserviência, baseada em fins
econômicos, mas também da cegueira
nacional até certo ponto estimulada e
controlada a partir de fora”.
Souza e Fernandes estão certos,
nomeadamente quando são muitas as
comprovações no campo de políticas
públicas de educação, contrárias aos
oprimidos e excluídos, que lhes
interditam seus projetos de ascensão
social. A Base Nacional Curricular
Comum (BNCC), aprovada pelo
Conselho Nacional de Educação e
homologada pelo Ministério da
Educação em dezembro de 2017 talvez
seja o exemplo mais atual de limitação
do potencial das nossas crianças e
jovens. Vejamos isto mais de perto.
A BNCC, conceitualmente, é
a principal norma editada pelo
Ministério da Educação com o
objetivo de definir as áreas do
conhecimento integrantes dos
currículos e propostas pedagógicas de
todas as escolas públicas e particulares
de Educação Infantil e Fundamental,
assim como os conhecimentos,
competências e habilidades em cada
disciplina escolar aplicados a situações
da vida real. Como política
educacional é editada como referência
norteadora da reformulação dos
currículos escolares e dos processos
nacionais de avaliação. Ela estabelece
dez competências gerais que são
consideradas básicas ao tratamento
didático proposto para a Educação
Infantil e Fundamental. Um leitor de
fora do campo educacional talvez
tenha dificuldade com o termo
competência, daí a necessidade de
definir o que são. As competências
traduzem a capacidade de alguém
adquirir conhecimentos que serão
expressos por meio de habilidades,
atitudes e valores diante das
“demandas complexas da vida
cotidiana, do pleno exercício da
cidadania e do mundo do trabalho”
(Brasil, 1917, p.8). Em sentido amplo,
são produtos das mediações, isto é, das
operações mentais que alguém faz em
processos de conhecimento frente à
realidade concreta. O desenvolvimento
delas permite passar da situação de
desconhecimento para a de
conhecimento, domínio. Fazer
mediações, ou simplesmente mediar,
supõe, portanto, movimentos
cognitivos e metacognitivos realizados
pelos indivíduos, e somente por eles,
que os tornam outros, diferentes do
que eram. Se no princípio são seres em
sua efetividade existencial, simples,
imediatos, desconhecedores ou com
conhecimentos superficiais das coisas,
com a reflexão ou mediação mudam de
estágio após produzirem outros níveis
de consciência ou conhecimento para
si. Ninguém pode realizar mediações
senão para si mesmo. O processo
pedagógico desenvolvido pelas escolas
e professores consiste, pois, em situar
os alunos diante de coisas
sistematicamente escolhidas como
objetos de mediações. Quanto mais
mediações alguém é capaz de fazer,
tanto maior será a sua capacidade de
transitar conscientemente na vida
cotidiana, exercer sua cidadania e
realizar o seu trabalho. As habilidades,
isto é o conjunto de qualificações,
desenvolvidas ou adquiridas em
decorrência do desenvolvimento das
competências é que permitirão aos
indivíduos se distinguirem socialmente
como virtuosos ou não na solução dos
desafios que lhes são apresentados.
São elas que se tornam perceptíveis
concretamente nos processos de
aprendizagem e são possíveis de serem
avaliadas. As competências, sempre
circunscritas ao ambiente mental,
como estruturas mentais, expressam-se
por meio das habilidades, quanto mais
superiores, maiores as manifestações
externas em termos de habilidades.
___________________________
folhetim
3. 3
do estudante ano VII Maio-Junho/2018
Procure saber sobre as bases de outros
países para perceber como o BNCC
coloca o aluno e a aluna do Brasil em
desvantagem
As competências adquiridas e
desenvolvidas são, portanto,
determinantes de um perfil de alunos
ao fim da escolaridade de níveis
infantil e fundamental e, ao mesmo
tempo, apontam para o tipo de cidadão
e sociedade que se pretende
coletivamente construir. São elas que
permitirão aos alunos se apropriarem
dos conhecimentos construídos
historicamente, desfrutarem as
manifestações artísticas e culturais,
promoverem o entendimento mútuo,
entenderem as relações sociais de
produção, o exercício da cidadania e os
seus próprios projetos de vida. Por um
lado, constituem-se como expectativas
de aprendizagem; mas que, por outro,
são direitos de aprendizagem que
precisam ser garantidos a todos os
alunos. A ordem em que aparecem não
pressupõe, entretanto, quaisquer
hierarquias entre elas e tampouco
privilegia alguma área curricular
específica. Elas se complementam, se
inter-relacionam e se desdobram no
processo didático, sempre de modo
articulado e com influências
recíprocas. Todas pressupõem o
desenvolvimento de literacias,
numeracias e utilização das novas
tecnologias de informação e
comunicação.
São dez as competências gerais
consideradas básicas ao tratamento
didático proposto para a Educação
Infantil e Fundamental pela BNCC.
Elas também, é preciso enfatizar, são
conformadoras do perfil dos alunos.
Assim, a expectativa de aprendizagem,
ou a atenção aos direitos de
aprendizagem dos alunos, torna
imperativo que o processo de formação
dos futuros cidadãos e trabalhadores e
eles próprios como sujeitos sociais
sejam capazes de: 1)valorizar e utilizar
os conhecimentos construídos para
entender e explicar a realidade,
continuar a aprender, alargar os limites
da democracia e superar as estruturas
produtoras e reprodutoras de injustiça
e exclusão social; 2) ser curiosos,
criativos e apegados às abordagens
próprias das ciências para determinar
as causas dos fenômenos, elaborar e
testar hipóteses, resolver problemas,
criar soluções e inovações; 3) valorizar
e fruir as manifestações artísticas e
culturais como consumidores e
produtores; 4) usar diferentes
linguagens em suas expressões,
informações, experiências, ideias e
sentimentos em diferentes contextos de
modo a promover o entendimento
mútuo; 5) que se tornem protagonistas,
individuais ou coletivos, na utilização,
compreensão e criação de novas
tecnologias de informação e
comunicação; 6)valorizar a diversidade
de saberes e vivências culturais de
modo a melhor entender
responsavelmente, com liberdade,
autonomia e consciência crítica, as
relações sociais de produção, o
exercício da cidadania e os seus
próprios projetos de
vida; 7) desenvolver argumentos bem
fundamentados, novas ideias e pontos
de vista com base na ética e no respeito
aos direitos humanos, meio ambiente, a
si mesmos, aos outros e ao próprio
planeta; 8) conhecer, apreciar-se e
cuidar das suas saúdes físicas e
emocionais, sem desprezo ao
conhecimento do outro e dos
outros; 9) exercitar a empatia, isto é, o
colocar-se no lugar do outro, o diálogo,
a cooperação, o respeito mútuo, os
direitos humanos, a diversidade de
indivíduos e grupos sociais, os
diferentes saberes, as identidades,
culturas e potencialidades humanas,
livre de preconceitos de qualquer
natureza; 10) agir como indivíduos ou
grupos com ética, autonomia,
responsabilidade, flexibilidade e
determinação, pautados por princípios
democráticos, inclusivos, sustentáveis
e solidários (Brasil/MEC, 2017).
Uma leitura desprovida de argúcia
impede ver na BNCC qualquer
problema referente a interdições ou
limitação do potencial dos nossos
estudantes. Somente quando
comparada a edições estrangeiras é que
começam a emergir as limitações que
são impostas. Mas, antes de
demonstrar o que estou afirmando,
devo dizer que a sua tramitação no
Congresso Nacional durante dois anos,
foi tensionada pelos defensores da
educação pública de qualidade
socialmente referenciada (associações,
organizações e sindicatos docentes) e
todos os demais que lutaram pela
adequação do sistema educacional
brasileiro às determinações do sistema
mundial de produção em bases
capitalistas e ao ideário neoliberal
(grandes fundações empresariais e
sociais – Lemann, Maria Cecilia Souto
Vidigal, Roberto Marinho), institutos
(Ayrton Senna, Inspirare, Natura,
Unibanco) e movimentos e
organizações (Todos Pela Educação,
Movimento pela Base Nacional
Comum, União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação,
Movimento Escola Sem Partido e
outros). O consenso que se conseguiu
produzir é ativo em torno de uma
concepção fragmentada de educação e
das normas que a orientam.
folhetim
4. 4
do estudante ano VII Maio-Junho/2018
Assim, comparando-se a BNCC
brasileira com a “Nova Agenda de
Competências Para a Europa” editada
pela Comissão Europeia (2016, p. 2)
as diferenças emergem em desfavor
aos nossos estudantes. A expectativa
europeia é a de que os futuros cidadãos
e trabalhadores, a partir das
competências de base, desenvolvam
com espírito crítico outras
competências mais elevadas voltadas
ao empreendedorismo, mundo digital e
à cultura financeira. Para tanto, espera
que o futuro cidadão e trabalhador –
livre, autônomo, democrático, despido
de preconceitos, criativo, responsável e
consciente de si e do mundo em que se
insere – seja capaz de rejeitar todas as
formas de discriminação e exclusão
social, reconhecer a importância e os
desafios colocados pelas Artes,
Humanidades, Ciência e Tecnologia
“para a sustentabilidade social,
cultural, econômica e ambiental” do
seu país e do mundo, lidar “com a
mudança e a incerteza num mundo em
rápida transformação”, “valorizar o
respeito pela dignidade humana, pelo
exercício da cidadania plena, pela
solidariedade com os outros, pela
diversidade cultural e pelo debate
democrático” (Portugal, 2017).
O perfil de aluno esperado pela BNCC
apenas aparentemente é o mesmo. A
incorporação desigual das expectativas
europeias em nossa BNCC,
considerando-se as influências que a
União Europeia exerce a partir de
acordos firmados em diversas
instâncias supranacionais, cria um
futuro cidadão e trabalhador brasileiro,
incapaz, por exemplo, de reconhecer
os desafios colocados, sobretudo, pelas
Artes e Humanidades, e também pelas
diversidades cultural, de gênero e de
sexo, tantas são as pressões exercidas
pelos integrantes e simpatizantes do
Movimento Escola Sem Partido e de
segmentos religiosos fundamentalistas
às disciplinas de Artes, Filosofia,
História e Sociologia e às questões
ligadas a gênero e diversidade sexual.
Os direitos de aprendizagem dos
alunos brasileiros, ainda que
garantidos de forma democrática,
acabam por constituir um perfil de
aluno ao fim da escolaridade infantil e
fundamental pouco competente e hábil
para conviver num mundo que se torna
digital e financeirizado. As restrições
aos conteúdos por ventura
ideologizados, assim como às questões
filosóficas, sociológicas, de gênero e
sexo impedem que se abram ao mundo
fora dos seus locais de trabalho de
forma livre, ativa, criativa, consciente
de si e do mundo em que se inserem.
Como sempre, a nossa elite do atraso
avança para inglês ver, preservando as
classes populares na incapacidade de
se emanciparem. Quando elas
adquirirão competências que as
possam levar à construção de uma
vontade coletiva autônoma, às cisões
que contestam e liquidam a
subalternidade, à superação da cultura
da velha elite do atraso? Enfim,
quando poderão alcançar igual estatuto
de construtores de uma nova
civilização?
Como eu queria que o sociólogo Jessé
Souza estivesse errado!
Zacarias Gama é Professor Associado
da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Membro do quadro
permanente de docentes do Programa
de Pós-graduação em Políticas
Públicas e Formação Humana.
Artigo extraído da CARTA CAPITAL
EDUCAÇÃO QUE
TRANSFORMA!!!
Encontros estão ocorrendo, como esse
do dia 23/06 na região do Campo
Limpo, e em todo o País para que o
debate seja ampliado sobre essa
questão de importância vital para a
educação nacional.
Prof. Valter Gomes
folhetim