O documento discute a fisiologia renal do controle acidobásico. Os rins regulam o pH do sangue através da secreção e reabsorção de íons hidrogênio e bicarbonato nos túbulos renais, excretando urina ácida ou básica. O documento também descreve os tampões nos líquidos corporais que ajudam a manter o pH estabilizado.
2. Regulação do equilíbrio acidobásico
A regulação precisa da concentração de H+ no organismo é essencial,
pois a atividade da grande maioria dos sistemas enzimáticos do corpo é
influenciada pelo pH. Essa precisão reflete o quanto a regulação da
concentração de H+ dentro de níveis estritos é fundamental para a manutenção
das funções celulares.
A regulação da concentração de H+ é feita através três mecanismos:
Sistema Tampão
Regulação Respiratória
Regulação Renal
3. Ácido: toda substância que um meio aquoso dissocia-se, formando
íons H+
Base: toda substância que num meio aquoso se dissocia formando
íons OH- (receptora de íons H+)
Ácidos e bases fortes e fracos.
Ácidos e bases —definições e significados
4. ACIDOSE : [ H + ] no sangue
Excesso de CO2 de bases / excesso de ácidos orgânicos
ALCALOSE: [ H + ] no sangue
CO2 bases / perdas de ácidos
( alcalose metabólica )
( acidose respiratória) ( acidose metabólica )
5. Defesa contra alterações na concentração de
íons hidrogênio
Sistemas tampões acidobásicos
Remoção do dióxido de carbono dos líquidos corporais é
automaticamente modificada
Excreção de urina
6. A homeostase do pH depende de tampões dos pulmões e
dos rins
Regulação
do pH
Tampões
Ventilação
Regulação
renal de
H+ e HCO-
7. Função dos tampões ácido-básicos
O tampão ácido-básico é a solução de dois ou mais
compostos químicos que impede a ocorrência de
alterações pronunciadas da concentração de íons-
hidrogênio quando se crescenta ácido ou base à solução.
Sistemas tampões dos líquidos
corporais
Os três principais sistemas tampões dos líquidos
corporais são o tampão bicarbonato, o tampão fosfato
e o tampão de proteínas. Cada um deles exerce
funções importantes de tamponamento em diferentes
condições.
8. Tampão bicarbonato
Mistura de ácido carbônico (H2CO3) e de bicarbonato de sódio (NaHCO3)
Não é um tampão muito potente
1. O pH nos líquidos extracelulares é de cerca de 7,4, enquanto o
pK do sistema tampão bicarbonato é de 6,1
2. As concentrações dos dois elementos do sistema bicarbonato,
CO2 e HCO3, não são grandes.
9. Sistema tampão fosfato
Atua de maneira quase idêntica à do bicarbonato
No entanto é composto pelos dois seguintes elementos:
H2PO4 e HPO4
Tampão fosfato possui pK de 6,8
Especialmente importante nos líquidos tubulares dos rins
HC+ Na2HPO4 → NaH2PO4 + NaCl
10. Sistema tampão de proteínas.
O tampão mais abundante do organismo
Pequena difusão dos íons hidrogênio através da membrana celular
Difundi-se em poucos segundos através das membranas celulares
O método pelo qual o sistema tampão de proteínas atua é
exatamente o mesmo do sistema tampão de bicarbonato.
É preciso lembrar que uma proteína ê constituída de aminoácidos
unidos por ligações peptídicas; todavia, alguns dos aminoácidos, em
particular a histidina, possuem radicais ácidos livres que podem
dissociar-se para formar base mais H+.
pK de 7,4
11. Controle renal da concentração de íons hidrogênio
Os rins controlam a concentração de íons hidrogênio do líquido
extracelular ao excretarem urina ácida ou básica. A excreção de urina
ácida reduz a quantidade de ácido nos líquidos extracelulares, enquanto a
excreção de urina alcalina remove a base dos líquidos extracelulares
Urina
Ácida Básica
12. SECREÇÃO TUBULAR DE ÍONS HIDROGÊNIO
As células epiteliais de todo sistema tubular, à exceção do ramo grosso
da alça de Henle, secretam íons hidrogênio para o líquido tubular. Todavia,
em diferentes segmentos tubulares, existem dois mecanismos muito
diferentes, cada qual com características próprias e finalidades distintas.
13. CORREÇÃO RENAL DA ACIDOSE - AUMENTO
DOS ÍONS BICARBONATO NO LIQUIDO
EXTRACELULAR
Acidose: pH do meio encontra-se ácido
Túbulos renais secretam íons hidrogênio e reabsorvem íons
bicarbonato
Na acidose, a proporção entre dióxido de carbono e íons
bicarbonato no líquido extracelular aumenta.
Íons hidrogênio em excesso combinam-se com os tampões
existentes no líquido tubular
O íon sódio e o íon bicarbonato são então transportados
juntos da célula epitelial para o líquido extracelular.
Efeito final da secreção de excesso de íons hidrogênio nos
túbulos consiste em aumentar a quantidade de íons
bicarbonato no líquido extracelular.
14. CORREÇÃO RENAL DA ALCALOSE —
DIMINUIÇÃO DOS ÍONS BICARBONATO NO
LÍQUIDO EXTRACELULAR
A proporção entre os íons bicarbonato e as moléculas de
dióxido de carbono dissolvido aumenta
O efeito consiste em aumentar a proporção entre os íons
bicarbonato filtrados nos túbulos e os íons hidrogênio
secretados.
A perda de bicarbonato de
sódio do líquido extracelular
diminui a porção de íons
bicarbonato do sistema
tampão bicarbonato
15. COMBINAÇÃO DO EXCESSO DOS ÍONS HIDROGÊNIO
COM TAMPÕES TUBULARES E TRANSPORTE NA URINA
Quando o excesso de íons hidrogênio é secretado nos
túbulos, apenas pequena parte desses íons pode ser
transportada na forma livre pelo líquido tubular para a urina.
Esse transporte é efetuado pela combinação inicial dos íons
hidrogênio com tampões intratubulares e, a seguir, pelo seu
transporte sob essa forma.
Os líquidos tubulares possuem dois
sistemas tampões muito importantes
que transportam o excesso de íons
hidrogênio para a urina:
1. O tampão fosfato
2. O tampão amônia
16. TRANSPORTE DO EXCESSO DE ÍON HIDROGÊNIO
NA URINA PELO TAMPÃO FOSFATO
O tampão fosfato é constituído por mistura de HPO4 e
H2PO4
O pK do tampão fosfatoé de 6,8
Os íons hidrogênio são removidos do líquido tubular
pelo sistema tampão fosfato
TRANSPORTE DO EXCESSO DE ÍONS HIDROGÊNIO NA
URINA PELO SISTEMA TAMPÃO AMÔNIA.
As células epiteliais de todos os túbulos, à exceção das
encontradas no segmento delgado da alça de Henle,
sintetizam amônia continuamente, a qual se difunde
para o interior dos túbulos.
17. RAPIDEZ DA REGULAÇÃO ACIDOBÁSICA
PELOS RINS
Incapaz de reajustar o pH dentro de segundos
Difere desses dois outros mecanismos por sua capacidade de
continuar funcionando durante horas ou dias até trazer o pH
quase exatamente a seu valor normal
Final de regular o pH dos líquidos corporais, apesar de ser de
ação lenta, é infinitamente mais potente que a dos outros dois
mecanismos reguladores.
Faixa do pH urinário
1. Quando está havendo excreção de ácido, o pH urinário cai;
quando ocorre excreção de álcali, o pH aumenta.
2. Devido à presença desse excesso de ácido na urina, o pH
urinário normal é, em média, de cerca de 6,0 em lugar de
7,4 que é o pH sanguíneo.
18. REGULAÇÃO RENAL DA CONCENTRAÇÃO PLASMÁTICA
DE CLORETO - RELAÇÃO ENTRE CLORETO E
BICARBONATO
O íon bicarbonato move-se de um lado para outro entre
valores elevados e baixos como um dos principais meios de
ajuste do equilíbrio ácido-básico dos sistemas tampões
extracelulares, ajustando também o ph do líquido
extracelular.
No processo de equilibração da concentração de íon
bicarbonato dos líquidos extracelulares, é essencial remover
algum outro ânion do líquido extracelular toda vez que o
bicarbonato aumentar, ou aumentar algum outro ânion toda
vez que a concentração de bicarbonato diminuir
19. ANORMALIDADES CLÍNICAS DO EQUILÍBRIO
ACIDOBÁSICO
ACIDOSE E ALCALOSE METABÓLICAS
Acidose metabólica é o excesso de acidez sangue caracterizada
por uma concentração anormalmente baixa de carbonatos.
Alcalose metabólica é uma condição metabólica na qual o pH do
sangue está elevado acima da faixa normal.
Causas da acidose metabólica
1. Incapacidade de excreção dos rins
2. Formação de ácidos excessivamente
3. Administração de ácidos intravenosa
4. Acréscimo de ácido metabólicos por absorção do tubo gastrin-
testinal
5. Da perda de base dos líquidos corporais
20. CAUSAS DA ALCALOSE METABÓLICA
A alcalose metabólica não ocorre com a mesma freqüência que a
acidose metabólica. Entretanto, existem várias causas comuns de
alcalose metabólica.
Alcalose causada pela administração de diuréticos là exceção
dos inibidores da anidrase carbônica
Ingestão excessiva de substâncias alcalinas
Alcalose causada pela perda de íons cloreto.
Alcalose causada pelo excesso de aldosterona.
21. EFEITOS DA ACIDOSE E DA ALCALOSE SOBRE
O ORGANISMO
Acidose. O principal efeito clínico da acidose é a depressão do
sistema nervoso centrai. Quando o pH do sangue cai abaixo de 7,0,
o sistema nervoso fica deprimido, a ponto de a pessoa ficar
inicialmente desorientada, entrando posteriormente em estado de
coma.
Alcalose. O principal efeito clínico da alcalose é a
hiperexcitabilidade do sistema nervoso. Isso ocorre tanto no sistema
nervoso central quanto nos nervos periféricos; todavia, em geral, os
nervos periféricos são afetados antes do sistema nervoso central.
22. FISIOLOGIA NO TRATAMENTO DA ACIDOSE OU
ALCALOSE
O melhor tratamento para a acidose ou alcalose consiste
em remover a condição responsável pela anormalidade;
todavia, se isto não for possível, podem-se utilizar
diferentes medicamentos para neutralizar o excesso de
ácido ou de álcali.
Ingestão de biocaarbonato via oral
Para o tratamento da alcalose, administra-se quase
sempre cloreto de amônio por via oral.
23. DETERMINAÇÕES E ANÁLISES CLÍNICAS DAS
ANORMALIDADES DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BÁSICO
Medida do pH. Ao avaliar um paciente com acidose ou alcalose,
é conveniente conhecer o pH dos líquidos corporais. Essa
determinação pode ser facilmente feita pela medida do pH do
plasma com medidor de pH com eletródio de vidro
Diagrama pH-bicarbonato. O denominado diagrama pH-
bicarbonato, pode ser utilizado para determinar o tipo e a
gravidade da acidose ou da alcalose.
Notas do Editor
Os principais mecanismos reguladores do equilíbrio ácido-base do organismo são os sistemas tampão, a regulação respiratória e a regulação renal. A regulação respiratória é de ação rápida, capaz de controlar a eliminação do dióxido de carbono e dessa forma, moderar a quantidade de ácido carbônico e a concentração de hidrogênio livre no plasma sanguíneo.Quando a concentração de íons hidrogênio se afasta do normal, os rins eliminam urina ácida ou alcalina, conforme as necessidades, contribuindo para a regulação da concentração dos íons hidrogênio dos líquidos orgânicos. O mecanismo renal de regulação faz variar a concentração de íons bicarbonato (HCO3-) do sangue, mediante reações que se processam nos túbulos renais. É o mecanismo definitivo de ajuste na maioria dos desequilíbrios ácido-básicos de origem metabólica
Para impedir o desenvolvimento de acidose ou de alcalose, o organismo dispõe de diversos sistemas especiais de controle: (1) Todos os líquidos corporais possuem sistemas tampões ácido-básicos que imediatamente se combinam com qualquer ácido ou base, impedindo assim a ocorrência de mudanças excessivas da concentração de íons-hidrogênio. (2) Se a concentração de íons-hidrogênio sofrer alguma alteração detectável, o centro respiratório é imediatamente estimulado para alterar a freqüência respiratória. Em conseqüência, a velocidade de remoção do dióxido de carbono dos líquidos corporais é automaticamente modificada; por razões que serão explicadas adiante, esse processo permite a normalização da concentração de íons-hidrogênio. (3) Quando a concentração de íons-hidrogênio afasta-se do normal, os rins excretam urina ácida ou alcalina, ajudando, assim, a reajustar e a normalizar a concentração de íons hidrogênio dos líquidos corporais.
Existem três mecanismo 1) tampão, 2) ventilação, 3) regulação renal de H+ e HCO-. OS TAMPÕES são a primeira linha de defesa, sempre presentes e atentos a evitar extensas modificações de ph. a ventilação é a segunda linha de defesa, sendo uma resposta rápida, controlada por reflexos que podem controlar até 75% dos distúrbios de pH. A defesa final é feita pelos rins. Elas são mais lentas que os tampões ou os pulmões, mas são muito mais eficazes na modulação de alguns distúrbios de pH remanescentes em condições normais. Estes três mecanismos ajudam o equilíbrio ácido-base o organismo tão efetivamente que o pH normal varia apenas um pouco.
Um tampão é uma molécula que é moderada porém não evita as mudanças de pH no meio de combinação ou da liberação de H+. Na ausência de substâncias tampão, a adição de um ácido a uma solução poderá causar uma brusca mudança no pH. Na presença de um tampão a mudança no pH poderá ser moderada ou mesmo imperceptível.
Quando um aumento do ácido supera o sistema tampão do pH do corpo, o sangue pode tornar-se realmente ácido. Quando o pH sanguíneo cai, a respiração torna-se mais profunda e rápida à medida que o organismo tenta livrar o sangue do excesso de ácido reduzindo a quantidade de dióxido de carbono.
Finalmente, os rins também tentam compensar excretando mais ácido na urina. No entanto, ambos os mecanismos podem ser superados quando o corpo continua a produzir ácido em demasia, o que acarreta uma acidose grave e, em última instância, o coma.