Aula de atualização sobre cistite na mulher e na gestante apresentada no Congresso da Sogesp 2019. Destaques: diagnóstico, com análise crítica da necessidade de exames complementares de urina, e tratamento com os antibióticos recomendados atualmente
Sintomas urinários e infecção do trato urinário são comuns na gestação devido às alterações fisiológicas deste período, afetando a qualidade de vida da mulher e aumentando o risco de morbidade materna e fetal nesta fase.A triagem de rotina da infecção do trato urinário é recomendada durante a gravidez, mesmo em mulheres assintomáticas. Todavia, dúvidas sobre a interpretação dos sintomas e exames laboratoriais são frequentes.
Material de 02 de maio de 2018
Disponível em: portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Eixo: Atenção às Mulheres
Aprofunde seus conhecimentos acessando artigos disponíveis na biblioteca do Portal.
Disponível em: http://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/
Fácil acesso. Diferentes recursos. As melhores evidências. Um olhar multidisciplinar.
Sintomas urinários e infecção do trato urinário são comuns na gestação devido às alterações fisiológicas deste período, afetando a qualidade de vida da mulher e aumentando o risco de morbidade materna e fetal nesta fase.A triagem de rotina da infecção do trato urinário é recomendada durante a gravidez, mesmo em mulheres assintomáticas. Todavia, dúvidas sobre a interpretação dos sintomas e exames laboratoriais são frequentes.
Material de 02 de maio de 2018
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Eixo: Atenção às Mulheres
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Como abordar o corrimento de repetição na rede de atenção básica de saúdePatricia de Rossi
Aula em português sobre avaliação de mulheres com queixa de corrimento vaginal e sua abordagem na Atenção Básica de Saúde. Foi apresentada no XXIII Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia em São Paulo, 2018
Aula sobre Incontinência Urinária na Mulher (avaliação clínica, diagnóstico e terapêutica) com ilustrações, fotos e fluxogramas. Inclui os temas Bexiga Hiperativa e Estudo Urodinâmico. Apresentada na Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia do Conjunto Hospitalar do Mandaqui em 2019.
Revisão da anatomia e fisiologia esofago-gástrica. Helicobacter pylori e AINEs como etiologias da patologia gástrica. Análise de caso clínico de úlcera péptica e gastrite crónica por infecção com Helicobacter pylori. Análise de 3 artigos científicos.
Como abordar o corrimento de repetição na rede de atenção básica de saúdePatricia de Rossi
Aula em português sobre avaliação de mulheres com queixa de corrimento vaginal e sua abordagem na Atenção Básica de Saúde. Foi apresentada no XXIII Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia em São Paulo, 2018
Aula sobre Incontinência Urinária na Mulher (avaliação clínica, diagnóstico e terapêutica) com ilustrações, fotos e fluxogramas. Inclui os temas Bexiga Hiperativa e Estudo Urodinâmico. Apresentada na Residência Médica de Ginecologia e Obstetrícia do Conjunto Hospitalar do Mandaqui em 2019.
Revisão da anatomia e fisiologia esofago-gástrica. Helicobacter pylori e AINEs como etiologias da patologia gástrica. Análise de caso clínico de úlcera péptica e gastrite crónica por infecção com Helicobacter pylori. Análise de 3 artigos científicos.
Anticoncepção hormonal (métodos contraceptivos hormonais)Patricia de Rossi
Apresentação sobre métodos contraceptivos hormonais -
(exceto DIU-LNG) preparada inicialmente para médicos residentes de Ginecologia e Obstetrícia, mas adequada para alunos de graduação em Medicina, médicos de outras especialidades e demais profissionais de saúde
Presentation in Portuguese about all hormonal contraceptives available in Brazil
Resumos de saúde da mulher na disciplina de Enfermagem. Atenção à saúde sexual e reprodutiva; planejamento reprodutivo; assistência em enfermagem; Síndrome hipertensiva específica da gestação (SHEG); pré eclâmpsia e eclâmpsia. métodos contraceptivos.
A urgência e incontinência urinária afetam negativamente a qualidade de vida das mulheres. Sua abordagem inicial deve ser feita na Atenção Básica, por equipe multidisciplinar, reservando a necessidade de tratamento hospitalar apenas para os casos de falha no tratamento conservado.
Material de 26 de fevereiro de 2021
Disponível em: portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br
Eixo: Atenção às Mulheres
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Concepção, gravidez, parto e pós-parto: perspectivas feministas e interseccionais
Livro integra a coleção Temas em Saúde Coletiva
A mais recente publicação do Instituto de SP traça a evolução da política de saúde voltada para as mulheres e pessoas que engravidam no Brasil ao longo dos últimos cinquenta anos.
A publicação se inicia com uma análise aprofundada de dois conceitos fundamentais: gênero e interseccionalidade. Ao abordar questões de saúde da mulher, considera-se o contexto social no qual a mulher está inserida, levando em conta sua classe, raça e gênero. Um dos pontos centrais deste livro é a transformação na assistência ao parto, influenciada significativamente pelos movimentos sociais, que desde a década de 1980 denunciam o uso irracional de tecnologia na assistência.
Essas iniciativas se integraram ao movimento emergente de avaliação tecnológica em saúde e medicina baseada em evidências, resultando em estudos substanciais que impulsionaram mudanças significativas, muitas das quais são discutidas nesta edição. Esta edição tem como objetivo fomentar o debate na área da saúde, contribuindo para a formação de profissionais para o SUS e auxiliando na formulação de políticas públicas por meio de uma discussão abrangente de conceitos e tendências do campo da Saúde Coletiva.
Esta edição amplia a compreensão das diversas facetas envolvidas na garantia de assistência durante o período reprodutivo, promovendo uma abordagem livre de preconceitos, discriminação e opressão, pautada principalmente nos direitos humanos.
Dois capítulos se destacam: ‘“A pulseirinha do papai”: heteronormatividade na assistência à saúde materna prestada a casais de mulheres em São Paulo’, e ‘Políticas Públicas de Gestação, Práticas e Experiências Discursivas de Gravidez Trans masculina’.
Parabéns às autoras e organizadoras!
Prof. Marcus Renato de Carvalho
www.agostodourado.com
1. CISTITE AGUDA: COMO CONDUZIR?
Patricia de Rossi
Conjunto Hospitalar do
Mandaqui – São Paulo
Desafiosnomanejodainfecçãourinárianamulher
2. Introdução
• Mais de metade das mulheres terá infecção urinária (ITU)
durante a vida
• A cada ano, 12% das mulheres sexualmente ativas terão pelo menos
uma infecção
• Grande impacto pessoal e social: cada episódio de ITU em
mulheres antes da menopausa está associado a
• Sintomas por 6,1 dias
• Redução da atividade por 2,4 dias
• Ausência ao trabalho por 1,2 dias
Foxman & Brown, 2003; Foxman & Frerichs, 1985
Cistiteaguda:comoconduzir?
3. Cistite: quadro clínico
• Tipicamente, início súbito de
• Disúria
• Polaciúria
• Urgência miccional
• Dor suprapúbica
• Hematúria (não é critério de gravidade)
• Diagnósticos diferenciais
• Disúria ‘externa’: vulvovaginite (por ex., candidíase), lesões vulvares (herpes genital),
vulvite irritativa
• Uretrite: checar exposição de risco (relação sexual não protegida)
Grigoryan et al., 2014; Gupta et al., 2017
Cistiteaguda:comoconduzir?
4. São necessários exames complementares?
• O quadro clínico típico tem alta sensibilidade e especificidade
• Disúria, polaciúria, hematúria, dor no hipogástrio aumentam a
probabilidade de ITU (likelihood ratio - LR>1)
• Sintomas de vulvovaginite (corrimento ou irritação vaginal) diminuem
a probabilidade de ITU (LR<1)
• Presença de pelo menos um sintoma urinário = probabilidade de ITU
~50%
=
Disúria
e
polaciúria
Ausência de corrimento
ou
irritação vaginal
Infecção urinária
> 90%+
Bent et al., 2002; Giesen et al., 2010
Cistiteaguda:comoconduzir?
5. Urina I (urinálise) e tiras reativas (dipsticks)
• Aumentam minimamente a acurácia
diagnóstica nos casos típicos; podem
auxiliar no diagnóstico de casos
atípicos
• Resultados negativos não excluem ITU
• Leucocitúria é achado inespecífico e,
portanto, a urinálise é dispensável nos
casos de cistite não complicada
ACOG, 2008; Febrasgo, 2018; EAU, 2019
Cistiteaguda:comoconduzir?
6. Quando colher urocultura?
• Gestantes
• Casos atípicos
• Infecção urinária recorrente –
maior chance de resistência
• Ausência de melhora 48 horas
após tratamento
• Suspeita de pielonefrite
• Pacientes sintomáticas: valor de corte na cultura de urina de jato médio é
≥ 1.000 UFC/mL na urina de jato médio
ACOG, 2008; IDSA, 2010; Febrasgo, 2018; EAU, 2019
Cistiteaguda:comoconduzir?
7. Tratamento da cistite
• Medidas gerais
• Ingestão adequada de líquidos
• Micções regulares e completas
• Analgésicos
• Fenazopiridina
• Pode ser administrada para disúria intensa
• Posologia: 200 mg 3x/dia
• Usar no máximo 2 dias para não mascarar os sintomas e
devido ao risco de toxicidade
Fihn, 2003; EAU, 2019
Cistiteaguda:comoconduzir?
8. Tratamento antimicrobiano
• O tratamento da cistite é empírico
• A escolha do antibiótico deve levar em consideração as taxas de
resistência local
• Estudo ARESC: suscetibilidade aos antibióticos na cistite aguda
Naber et al., 2008
Cistiteaguda:comoconduzir?
9. 97,0 94,3
89,2
79,8
75,4 74,5
54,5
37,7
94,9
84,1
89
78,7
74,7 75,7
58,4
33,8
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
E. coli Todas as bactérias isoladas
Sensibilidade bacteriana no Brasil (ARESC)
Naber et al., 2008
* Dados coletados entre 2003 e 2006
Cistiteaguda:comoconduzir?
10. Tratamento antimicrobiano da cistite
• Antibióticos recomendados (1ª linha):
• Fosfomicina trometamol 3g VO (dose única)
• Nitrofurantoína 100 mg VO 6/6 h 5-7 dias
• Alternativas (2ª linha):
• Cefuroxima (cefalosporina de 2ª geração) 250 mg VO 12/12 h 5-7 dias
• Amoxicilina-clavulanato 500 mg 8/8h ou 875 mg 12/12h VO 5-7 dias
• Alta concentração urinária
• Mecanismos de ação específicos
• Baixos índices de resistência
• Não inativadas por β-lactamases
• Ação contra ESBL
Febrasgo, 2018; EAU, 2019
Cistiteaguda:comoconduzir?
11. Tratamento antimicrobiano da cistite
• NÃO USAR fluoroquinolonas (norfloxacino, ciprofloxacino,
levofloxacino) como 1ª opção na cistite não complicada
• Redução da sensibilidade dos uropatógenos
• Danos ecológicos – desenvolvimento de resistência
• Possibilidade de efeitos adversos graves e debilitantes, incluindo
tendinite/rotura de tendões, fraqueza muscular, neuropatia
periférica, disfunções autonômicas e cognitivas, convulsão,
demência, alterações psiquiátricas, rotura de aneurisma de aorta,
arritmias – conjunto de sintomas definido pelo FDA em 2016
como Incapacidade Associada à Fluoroquinolona (FQAD)
https://www.fda.gov/news-events/press-announcements/fda-updates-warnings-fluoroquinolone-antibiotics
Cistiteaguda:comoconduzir?
13. Fluoroquinolonas para cistite
• Somente usar quando não houver outra opção
disponível
• Continua como boa opção para tratamento de
pielonefrite em não gestantes – usar com cautela
em idosas (maior risco de eventos adversos)
Febrasgo, 2018; EAU, 2019
Cistiteaguda:comoconduzir?
14. Cistite na gravidez - conduta
• Colher urocultura
• Tratamento antimicrobiano empírico (drogas cat. B FDA)
• Observação: Aminopenicilinas e cefalosporinas de 1ª geração (por ex., cefalexina)
podem ser usadas, mas com maior chance de falha terapêutica
• Fenazopiridina (cat. B) pode ser usada para alívio da disúria
por até 48 h
Cistiteaguda:comoconduzir?
Droga Dose (VO)
Fosfomicina trometamol 3 g dose única
Nitrofurantoína 100 mg 6/6 h - 7 dias
Cefuroxima 250 mg 12/12 h - 7 dias
Amoxicilina-clavulanato 500/125 mg 8/8 h ou 875/125 mg 12/12 - 7 dias
Febrasgo, 2018; EAU, 2019
15. Cistite na gravidez - conduta
• Se não houver melhora após 48 h, checar urocultura e trocar o
antibiótico
• Fazer urocultura de controle 1 semana após o final do tratamento
• Realizar profilaxia antimicrobiana (após coleta da urocultura) até o final
da gravidez nos seguintes casos:
• Após pielonefrite
• Pacientes com antecedente de cistite de repetição antes da gravidez
• Após o 2º episódio de cistite ou bacteriúria assintomática
• Considerar em pacientes de alto risco para infecção (diabéticas, litíase renal,
anemia falciforme)
Droga Dose Esquema posológico
Cefalexina 250 – 500 mg
Uso contínuo ou pós-coitoNitrofurantoína 50 – 100 mg
Amoxicilina 250 mg
Cistiteaguda:comoconduzir?
Febrasgo, 2018; EAU, 2019
16. Conclusões – mensagens finais
• Quadros típicos de cistite não necessitam de exames para confirmar o
diagnóstico e/ou indicar tratamento antimicrobiano
• Deve-se colher urocultura antes do início do tratamento nos casos com
dúvida diagnóstica, gestantes, cistite de repetição ou suspeita de
pielonefrite
• Os antibióticos de primeira escolha são nitrofurantoína e fosfomicina
trometamol, e, alternativamente, cefuroxima ou amoxicilina-clavulanato;
na gestação, também podem ser usadas cefalosporinas ou
aminopenicilinas
• A profilaxia antimicrobiana pode ser feita de forma contínua ou pós-coito
• Só usar quinolonas na cistite não complicada quando não houver outra
opção disponível
Cistiteaguda:comoconduzir?