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CHOQUE

I – Conceito:

    Choque é uma desordem sistêmica, onde a apresentação clínica se faz variável, conforme
cada órgão é afetado diferentemente, dependendo da gravidade do déficit perfusional, da causa
básica e da disfunção orgânica primária.
   Infelizmente, apesar de décadas de pesquisa, sua mortalidade permanece alta.
     Tal assertiva, nos obriga a iniciarmos imediatamente uma abordagem sobre o paciente,
preferencialmente em um CTI, tamanha a complexidade e o número de variáveis a ser
considerado durante o manuseio diagnóstico e terapêutico.
     A possibilidade de recuperação com sucesso aumenta com a rápida reversão dos fatores
precipitantes, bem como, a adequada manutenção das funções vitais.


II – Definição:

    Síndrome clínica aguda caracterizada por perfusão tissular reduzida ou ineficaz, que resulta
em déficit intra-celular de oxigênio e conseqüente isquemia celular. Esse dano poderá evoluir
para disfunção orgânica grave e morte, se apropriado tratamento não for prontamente instituído.


III – Patogênese:

   A hipoperfusão tissular, que pode ser secundária a hipotensão prolongada ou oferta diminuída
de O2, leva à hipóxia tecidual, metabolismo anaeróbio, e ruptura da integridade celular. Esta
injúria celular é a base para as anormalidades funcionais dos órgãos, que conforme são
acometidos, ajudam a compor o quadro clínico do paciente.
     Embora duas manifestações sistêmicas comuns do choque sejam a hipotensão arterial e a
acidose metabólica, elas não são pré-requisitos para o reconhecimento da síndrome.
   A classificação do choque em 4 tipos, que podem se sobrepor de modo sinérgico, se baseia na
causa e nas características dos padrões hemodinâmicos ( ver Tabelas 1 e 2).

       A. Hipovolêmico – causado por perda de volume intravascular, em geral entre 20% e
          25% do volume sanguíneo circulante. Hemodinamicamente é caracterizado por uma
          acentuada diminuição das pressões e volumes diastólicos cardíacos de enchimento,
          com uma conseqüente diminuição do volume de “stroke”. O débito cardíaco é
          parcialmente mantido por uma taquicardia compensatória.

       B. Obstrutivo – associado a um impedimento mecânico do retorno venoso, da saída de
          fluxo arterial do coração, ou ambos. Mais de um padrão hemodinâmico pode ser
          observado, dependendo da causa, variando de uma franca diminuição das pressões de
          enchimento ( como nas compressões mediastinais de grandes vasos), passando pela
          tendência de equalização das pressões ( tamponamento cardíaco e pericardite



           Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente      pág 1
constrictiva), até um marcante aumento na pressão de enchimento de ventrículo
   direito com baixa pressão capilar pulmonar ( embolia pulmonar maciça).


C. Cardiogênico – causado por uma falência primária do coração em gerar adequado
   débito cardíaco. Os padrões hemodinâmicos característicos são o índice cardíaco
   baixo ( < 2 L/min/m2) e a pressão capilar pulmonar aumentada (> 17 a 20 mm Hg).
   No caso de uma disfunção ventricular direita, variante do choque cardiogênico, os
   achados hemodinâmicos costumam ser uma pressão atrial direita aumentada, em
   comparação com a pressão capilar pulmonar; uma pressão diastólica de ventrículo
   direito aumentada e uma pressão de artéria pulmonar reduzida. O débito cardíaco está
   diminuído, e pode ocorrer uma equalização das pressões diastólicas finais de átrio e
   ventrículo.

D. Distributivo – causas variadas que levam a uma diminuição do tônus vascular,
   resultando em uma vasodilatação arterial, acúmulo de sangue nos leitos venosos, e
   uma conseqüente redistribuição de fluxo sanguíneo. Em sua fase inicial, é
   considerado um estado hiperdinâmico, caracterizado por alto débito cardíaco,
   pressões de enchimento cardíaco variando entre valores baixo e normal, e diminuição
   da resistência vascular sistêmica. Na fase tardia do choque, a função cardíaca se
   deteriora, passando então a ter comportamento hemodinâmico semelhante ao choque
   cardiogênico.


    Hipovolêmico                         Obstrutivo
    Trauma                               Pneumotórax hipertensivo
    Hemorragia Gastrointestinal          Embolia Pulmonar
    Desidratação                         Dissecção Aórtica
    Vômitos                              Hipertensão Arterial Pulmonar Aguda
    Diarréia                             Tamponamento Pericárdico
    Fístula                              Ventilação por Pressão Positiva
    Queimadura                           Tumores Mediastínicos
    Perda para 3º espaço
    Cardiogênico                         Distributivo
    Infarto Agudo do Miocárdio           SRIS
    Contusão Miocárdica                  (Sepse, Pancreatite, Trauma, Queimadura)
    Miocardite                           Anafilático
    Cardiodepressão ( drogas, acidose,   Neurogênico ( Trauma Raquimedular)
    hipóxia)                             Farmacológico
    Estenose ou Regurgitação Valvular      ( vasodilatadores,benzodiazepínicos)
    Arritmias                            Endócrino ( Mixedema, Insuf. Adrenal)

            Tabela 1. Classificação de Choque e Algumas Possíveis Etiologias




   Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente     pág 2
Tipo                          DC       RVS      Pcap     PVC            SvO2
          Hipovolêmico                   ↓        ↑        ↓        ↓               ↓
          Cardiogênico
               IAM de Ventr.             ↓         ↑       ↑       N-↑              ↓
          Esquerdo                       ↓         ↑      N-↓       ↑               ↓
               IAM de Ventr.
          Direito
          Obstrutivo
                  Tamponamento           ↓         ↑       ↑         ↑              ↓
          Pericárdico                    ↓         ↑      N-↓        ↑              ↓
            Embolia Pulmonar
          Maciça
          Distributivo
           Precoce             ↓        - N - ↑-N- N              N-↑      N-↓
           Tardio              ↑              ↓    N              N        ↓ (raramente ↑)
                               ↓              ↑


                      Tabela 2. Padrões Hemodinâmicos Comuns no Choque


DC – débito cardíaco; RVS – resistência vascular sistêmica; Pcap – pressão capilar pulmonar;
PVC – pressão venosa central; SvO2 – saturação venosa mista de oxigênio;
IAM – Infarto Agudo do Miocárdio; N – normal



IV– Quadro clínico:

   As manifestações clínicas do choque ocorrem em órgãos diversos, preferencialmente cérebro,
coração e rins, a partir de uma disfunção destes, originária na hipoperfusão. Tais manifestações
variarão conforme o nível prévio de função orgânica, os mecanismos compensatórios e a causa
do choque.
      Abaixo estão listadas, conforme o sistema orgânico, as principais manifestações para o
reconhecimento clínico do choque.

       Sistema Nervoso Central
             - Alterações do estado mental
             - Pupilas puntiformes

       Sistema Cardiovascular
             - Taquicardia
             - Arritmias
             - Hipotensão arterial
             - Novos sopros cardíacos



            Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente            pág 3
-   Pulsação venosa jugular diminuída ou aumentada

      Sistema Respiratório
            - Taquipnéia
            - Cianose

      Sistema Renal
            - Oligúria

      Pele
               -   Fria e umedecida

      Outros
               -   Acidose lática
               -   Febre


V – Conduta diagnóstica e terapêutica:

      1. Avaliar vias aéreas e ventilação – muitos pacientes irão se beneficiar de entubação
         precoce para proteger vias aéreas de aspiração de conteúdo gástrico e/ou sangue, e
         facilitar a ventilação e oxigenação, que poderão ser concretizadas com menor esforço,
         principalmente se em uso de ventilação mecânica invasiva.

      2. Estabelecer no mínimo 2 acessos venosos periféricos, que permitirão reposição
         volêmica rápida, e considerar o acesso venoso central, útil para a monitorização e
         rápida administração de drogas.

      3. Proceder monitorização padrão com cardioscópio, oxímetro de pulso, pressão arterial
         não invasiva, débito urinário, freqüência respiratória e temperatura corporal.

      4. Qualquer bradi ou taquiarritmia que possa comprometer o estado hemodinâmico,
         deve ser prontamente revertida.

      5. Se pelo exame físico e radiográfico, não há diagnóstico inicial de Insuficiência
         Ventricular Esquerda, iniciar reposição volêmica com 500 a 750 ml de colóide ou,
         1000 a 2000 ml de solução cristalóide durante a primeira hora.

      6. Quando necessária a reposição sanguínea imediata, utilizar O negativo, até que sejam
         realizadas as adequadas provas de tipagem sanguínea e reação cruzada.

      7. Se reposição volêmica inicial não mostra resultado ou, se há piora hemodinâmica,
         iniciar drogas vasopressoras – Dopamina ou Noradrenalina ( ver Tabela 3, com as
         drogas vasoativas e seus respectivos efeitos predominantes, doses e usos clínicos).




          Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente     pág 4
8. Proceder monitorizações invasivas de pressão arterial média (PAM), pressão venosa
              central (PVC) e, uso do cateter de Swan-Ganz para avaliação da performance de
              ventrículos esquerdo e direito, e débito cardíaco.

           9. Solicitar exames complementares: hemograma completo, gasometria arterial, lactato
              sérico, glicose, uréia, creatinina, eletrólitos, coagulograma, ECG, radiografia de tórax,
              EAS e, culturas dos materiais orgânicos relevantes quando da suspeita de Sepse.

           10. Neste último caso, iniciar cobertura antibiótica empírica, enquanto exames mais
               específicos são avaliados.

           11. Se há suspeita de Insuficiência Suprarrenal – refratariedade à reposição volêmica e
               drogas vasopressoras – fazer Dexametasona EV ( não alterará o teste de estimulação
               da Cortrosina [ACTH]).

           12. Se houver evento isquêmico cardiogênico, avaliar uso de trombólise ou cateterização
               cardíaca de emergência.


Droga             Efeito Predominante          Efeito Predominante           Dose                 Uso Clínico
                  Cardíaco                     Periférico
Dobutamina        + Freqüência cardíaca (β1)   + Dilatação arterial (β2)     1 – 10 µg/kg/min     Choq.
                  +++ Contratilidade (β1, α)                                                            Cardiogênico,
                                                                                                  séptico e obstrutivo
Dopamina          ++   Freqüência cardíaca ++ Constric. arterial (α)         1 – 15 µg/kg/min     Todas as formas de
                      (β1)                   +++ Dilatação arterial renal,   ( dose renal 1 – 4   choque
                  ++ Contratilidade (β1, α)  mesentérica,   cerebral    e    µg/kg/min)
                                             coronária (DA1 e DA2)
Adrenalina        +++ Freqüência cardíaca ++ Constric. arterial (α)          1 – 10 µg/kg/min     Anafilaxia e choque
                      (β1)                                                                        refratário
                  +++ Contratilidade (β1, α)
Noradrenalina     ++ Freqüência cardíaca +++ Constric. arterial (α)          2 – 20 µg/kg/min     Choque séptico e
                      (β1)                                                                        refratário
                  ++ Contratilidade (β1, α)
Nitroprussiato    Sem efeito direto          +++ Dilatação arterial          0.5 - 8µg/kg         Choq.
                                             ++ Venodilatação                /min                       Cardiogênico,
                                                                                                  séptico e obstrutivo
Nitroglicerina    Sem efeito direto            +++ Venodilatação             5 – 66 µg/min        Choq.
                                               + Dilatação arterial                                     Cardiogênico,
                                                                                                  séptico e obstrutivo

 Tabela 3. Agentes farmacológicos comumente usados em pacientes com Choque




                 Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente                 pág 5
13. Se suspeita de Embolia Pulmonar maciça, confirmar o diagnóstico o mais precoce
          possível, visando uma possível embolectomia ou trombólise.

      14. Dependendo do caso, considerar outras intervenções como: uso de Sulfato de
          Morfina, diuréticos de alça, nitroglicerina venosa ou sublingual, uso de nitroprussiato
          e balão intra-aórtico.


Observações importantes:

      ●    A ressuscitação deve ser avaliada por metas clínicas como pressão arterial,
           freqüência cardíaca, débito urinário, perfusão da pele, e estado mental, e índices de
           perfusão tissular tais como a concentração sérica de lactato e a SvO2.
      ●   A reposição volêmica inicial com cristalóides isotônicos ou colóides iso-oncóticos,
           tem o mesmo poder efetivo, quando direcionados para a mesma meta
           hemodinâmica.
      ●    A concentração de hemoglobina deve ser mantida acima de 8 a 10 g/dL.
      ●    Dopamina e Noradrenalina são ambas efetivas no aumento da pressão arterial,
           sendo imperativo garantir que os pacientes estejam ressuscitados volemicamente
           de modo adequado.
      ●    A Dopamina aumenta o débito cardíaco mais que a Noradrenalina, mas seu uso
           pode ser limitado pela taquicardia.
      ●    A Adrenalina deve ser considerada para hipotensões ou choques refratários, embora
           seus efeitos adversos sejam comuns.
      ●   A administração rotineira de baixas doses de Dopamina para manter função renal
          não é recomendada, embora essas baixas doses possam aumentar o fluxo sanguíneo
          renal em alguns pacientes, quando adicionadas a Noradrenalina.
      ●   Em pacientes com evidência de hipoperfusão tissular, a adição de Dobutamina pode
          ser útil para aumentar o débito cardíaco e melhorar a perfusão orgânica.




          Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente         pág 6
VI - Bibliografia recomendada:

1. Jimenez EJ. Shock. In: Civetta JM, Taylor RW, Kirby RR, eds. Critical Care. 3 rd Ed.
   Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers: 359 – 387, 1997.

2. Sielenkämper A, Sibbald WJ. The Hypotensive Patient: Therapeutic Strategy. In: Webb AR,
   Shapiro MJ, Singer M, Suter PM, eds. Oxford Textbook of Critical Care. 1 st Ed. Oxford, UK:
   Oxford University Press: 221 – 228, 1999.

3. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care
   Medicine. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients in sepsis.
   Critical Care Medicine 27: 639 – 660, 1999.

4. Chow JL, Baker K, Bigatello LM. Hypotension and Shock. In: Hurford WE, ed. Critical Care
   Handbook of the Massachusetts General Hospital. 3rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott
   Williams & Wilkins: 145 – 158, 2000.




          Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente      pág 7
VI - Bibliografia recomendada:

1. Jimenez EJ. Shock. In: Civetta JM, Taylor RW, Kirby RR, eds. Critical Care. 3 rd Ed.
   Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers: 359 – 387, 1997.

2. Sielenkämper A, Sibbald WJ. The Hypotensive Patient: Therapeutic Strategy. In: Webb AR,
   Shapiro MJ, Singer M, Suter PM, eds. Oxford Textbook of Critical Care. 1 st Ed. Oxford, UK:
   Oxford University Press: 221 – 228, 1999.

3. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care
   Medicine. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients in sepsis.
   Critical Care Medicine 27: 639 – 660, 1999.

4. Chow JL, Baker K, Bigatello LM. Hypotension and Shock. In: Hurford WE, ed. Critical Care
   Handbook of the Massachusetts General Hospital. 3rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott
   Williams & Wilkins: 145 – 158, 2000.




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VI - Bibliografia recomendada:

1. Jimenez EJ. Shock. In: Civetta JM, Taylor RW, Kirby RR, eds. Critical Care. 3 rd Ed.
   Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers: 359 – 387, 1997.

2. Sielenkämper A, Sibbald WJ. The Hypotensive Patient: Therapeutic Strategy. In: Webb AR,
   Shapiro MJ, Singer M, Suter PM, eds. Oxford Textbook of Critical Care. 1 st Ed. Oxford, UK:
   Oxford University Press: 221 – 228, 1999.

3. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care
   Medicine. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients in sepsis.
   Critical Care Medicine 27: 639 – 660, 1999.

4. Chow JL, Baker K, Bigatello LM. Hypotension and Shock. In: Hurford WE, ed. Critical Care
   Handbook of the Massachusetts General Hospital. 3rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott
   Williams & Wilkins: 145 – 158, 2000.




          Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente      pág 7
VI - Bibliografia recomendada:

1. Jimenez EJ. Shock. In: Civetta JM, Taylor RW, Kirby RR, eds. Critical Care. 3 rd Ed.
   Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers: 359 – 387, 1997.

2. Sielenkämper A, Sibbald WJ. The Hypotensive Patient: Therapeutic Strategy. In: Webb AR,
   Shapiro MJ, Singer M, Suter PM, eds. Oxford Textbook of Critical Care. 1 st Ed. Oxford, UK:
   Oxford University Press: 221 – 228, 1999.

3. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care
   Medicine. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients in sepsis.
   Critical Care Medicine 27: 639 – 660, 1999.

4. Chow JL, Baker K, Bigatello LM. Hypotension and Shock. In: Hurford WE, ed. Critical Care
   Handbook of the Massachusetts General Hospital. 3rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott
   Williams & Wilkins: 145 – 158, 2000.




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Choque

  • 1. CHOQUE I – Conceito: Choque é uma desordem sistêmica, onde a apresentação clínica se faz variável, conforme cada órgão é afetado diferentemente, dependendo da gravidade do déficit perfusional, da causa básica e da disfunção orgânica primária. Infelizmente, apesar de décadas de pesquisa, sua mortalidade permanece alta. Tal assertiva, nos obriga a iniciarmos imediatamente uma abordagem sobre o paciente, preferencialmente em um CTI, tamanha a complexidade e o número de variáveis a ser considerado durante o manuseio diagnóstico e terapêutico. A possibilidade de recuperação com sucesso aumenta com a rápida reversão dos fatores precipitantes, bem como, a adequada manutenção das funções vitais. II – Definição: Síndrome clínica aguda caracterizada por perfusão tissular reduzida ou ineficaz, que resulta em déficit intra-celular de oxigênio e conseqüente isquemia celular. Esse dano poderá evoluir para disfunção orgânica grave e morte, se apropriado tratamento não for prontamente instituído. III – Patogênese: A hipoperfusão tissular, que pode ser secundária a hipotensão prolongada ou oferta diminuída de O2, leva à hipóxia tecidual, metabolismo anaeróbio, e ruptura da integridade celular. Esta injúria celular é a base para as anormalidades funcionais dos órgãos, que conforme são acometidos, ajudam a compor o quadro clínico do paciente. Embora duas manifestações sistêmicas comuns do choque sejam a hipotensão arterial e a acidose metabólica, elas não são pré-requisitos para o reconhecimento da síndrome. A classificação do choque em 4 tipos, que podem se sobrepor de modo sinérgico, se baseia na causa e nas características dos padrões hemodinâmicos ( ver Tabelas 1 e 2). A. Hipovolêmico – causado por perda de volume intravascular, em geral entre 20% e 25% do volume sanguíneo circulante. Hemodinamicamente é caracterizado por uma acentuada diminuição das pressões e volumes diastólicos cardíacos de enchimento, com uma conseqüente diminuição do volume de “stroke”. O débito cardíaco é parcialmente mantido por uma taquicardia compensatória. B. Obstrutivo – associado a um impedimento mecânico do retorno venoso, da saída de fluxo arterial do coração, ou ambos. Mais de um padrão hemodinâmico pode ser observado, dependendo da causa, variando de uma franca diminuição das pressões de enchimento ( como nas compressões mediastinais de grandes vasos), passando pela tendência de equalização das pressões ( tamponamento cardíaco e pericardite Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 1
  • 2. constrictiva), até um marcante aumento na pressão de enchimento de ventrículo direito com baixa pressão capilar pulmonar ( embolia pulmonar maciça). C. Cardiogênico – causado por uma falência primária do coração em gerar adequado débito cardíaco. Os padrões hemodinâmicos característicos são o índice cardíaco baixo ( < 2 L/min/m2) e a pressão capilar pulmonar aumentada (> 17 a 20 mm Hg). No caso de uma disfunção ventricular direita, variante do choque cardiogênico, os achados hemodinâmicos costumam ser uma pressão atrial direita aumentada, em comparação com a pressão capilar pulmonar; uma pressão diastólica de ventrículo direito aumentada e uma pressão de artéria pulmonar reduzida. O débito cardíaco está diminuído, e pode ocorrer uma equalização das pressões diastólicas finais de átrio e ventrículo. D. Distributivo – causas variadas que levam a uma diminuição do tônus vascular, resultando em uma vasodilatação arterial, acúmulo de sangue nos leitos venosos, e uma conseqüente redistribuição de fluxo sanguíneo. Em sua fase inicial, é considerado um estado hiperdinâmico, caracterizado por alto débito cardíaco, pressões de enchimento cardíaco variando entre valores baixo e normal, e diminuição da resistência vascular sistêmica. Na fase tardia do choque, a função cardíaca se deteriora, passando então a ter comportamento hemodinâmico semelhante ao choque cardiogênico. Hipovolêmico Obstrutivo Trauma Pneumotórax hipertensivo Hemorragia Gastrointestinal Embolia Pulmonar Desidratação Dissecção Aórtica Vômitos Hipertensão Arterial Pulmonar Aguda Diarréia Tamponamento Pericárdico Fístula Ventilação por Pressão Positiva Queimadura Tumores Mediastínicos Perda para 3º espaço Cardiogênico Distributivo Infarto Agudo do Miocárdio SRIS Contusão Miocárdica (Sepse, Pancreatite, Trauma, Queimadura) Miocardite Anafilático Cardiodepressão ( drogas, acidose, Neurogênico ( Trauma Raquimedular) hipóxia) Farmacológico Estenose ou Regurgitação Valvular ( vasodilatadores,benzodiazepínicos) Arritmias Endócrino ( Mixedema, Insuf. Adrenal) Tabela 1. Classificação de Choque e Algumas Possíveis Etiologias Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 2
  • 3. Tipo DC RVS Pcap PVC SvO2 Hipovolêmico ↓ ↑ ↓ ↓ ↓ Cardiogênico IAM de Ventr. ↓ ↑ ↑ N-↑ ↓ Esquerdo ↓ ↑ N-↓ ↑ ↓ IAM de Ventr. Direito Obstrutivo Tamponamento ↓ ↑ ↑ ↑ ↓ Pericárdico ↓ ↑ N-↓ ↑ ↓ Embolia Pulmonar Maciça Distributivo Precoce ↓ - N - ↑-N- N N-↑ N-↓ Tardio ↑ ↓ N N ↓ (raramente ↑) ↓ ↑ Tabela 2. Padrões Hemodinâmicos Comuns no Choque DC – débito cardíaco; RVS – resistência vascular sistêmica; Pcap – pressão capilar pulmonar; PVC – pressão venosa central; SvO2 – saturação venosa mista de oxigênio; IAM – Infarto Agudo do Miocárdio; N – normal IV– Quadro clínico: As manifestações clínicas do choque ocorrem em órgãos diversos, preferencialmente cérebro, coração e rins, a partir de uma disfunção destes, originária na hipoperfusão. Tais manifestações variarão conforme o nível prévio de função orgânica, os mecanismos compensatórios e a causa do choque. Abaixo estão listadas, conforme o sistema orgânico, as principais manifestações para o reconhecimento clínico do choque. Sistema Nervoso Central - Alterações do estado mental - Pupilas puntiformes Sistema Cardiovascular - Taquicardia - Arritmias - Hipotensão arterial - Novos sopros cardíacos Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 3
  • 4. - Pulsação venosa jugular diminuída ou aumentada Sistema Respiratório - Taquipnéia - Cianose Sistema Renal - Oligúria Pele - Fria e umedecida Outros - Acidose lática - Febre V – Conduta diagnóstica e terapêutica: 1. Avaliar vias aéreas e ventilação – muitos pacientes irão se beneficiar de entubação precoce para proteger vias aéreas de aspiração de conteúdo gástrico e/ou sangue, e facilitar a ventilação e oxigenação, que poderão ser concretizadas com menor esforço, principalmente se em uso de ventilação mecânica invasiva. 2. Estabelecer no mínimo 2 acessos venosos periféricos, que permitirão reposição volêmica rápida, e considerar o acesso venoso central, útil para a monitorização e rápida administração de drogas. 3. Proceder monitorização padrão com cardioscópio, oxímetro de pulso, pressão arterial não invasiva, débito urinário, freqüência respiratória e temperatura corporal. 4. Qualquer bradi ou taquiarritmia que possa comprometer o estado hemodinâmico, deve ser prontamente revertida. 5. Se pelo exame físico e radiográfico, não há diagnóstico inicial de Insuficiência Ventricular Esquerda, iniciar reposição volêmica com 500 a 750 ml de colóide ou, 1000 a 2000 ml de solução cristalóide durante a primeira hora. 6. Quando necessária a reposição sanguínea imediata, utilizar O negativo, até que sejam realizadas as adequadas provas de tipagem sanguínea e reação cruzada. 7. Se reposição volêmica inicial não mostra resultado ou, se há piora hemodinâmica, iniciar drogas vasopressoras – Dopamina ou Noradrenalina ( ver Tabela 3, com as drogas vasoativas e seus respectivos efeitos predominantes, doses e usos clínicos). Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 4
  • 5. 8. Proceder monitorizações invasivas de pressão arterial média (PAM), pressão venosa central (PVC) e, uso do cateter de Swan-Ganz para avaliação da performance de ventrículos esquerdo e direito, e débito cardíaco. 9. Solicitar exames complementares: hemograma completo, gasometria arterial, lactato sérico, glicose, uréia, creatinina, eletrólitos, coagulograma, ECG, radiografia de tórax, EAS e, culturas dos materiais orgânicos relevantes quando da suspeita de Sepse. 10. Neste último caso, iniciar cobertura antibiótica empírica, enquanto exames mais específicos são avaliados. 11. Se há suspeita de Insuficiência Suprarrenal – refratariedade à reposição volêmica e drogas vasopressoras – fazer Dexametasona EV ( não alterará o teste de estimulação da Cortrosina [ACTH]). 12. Se houver evento isquêmico cardiogênico, avaliar uso de trombólise ou cateterização cardíaca de emergência. Droga Efeito Predominante Efeito Predominante Dose Uso Clínico Cardíaco Periférico Dobutamina + Freqüência cardíaca (β1) + Dilatação arterial (β2) 1 – 10 µg/kg/min Choq. +++ Contratilidade (β1, α) Cardiogênico, séptico e obstrutivo Dopamina ++ Freqüência cardíaca ++ Constric. arterial (α) 1 – 15 µg/kg/min Todas as formas de (β1) +++ Dilatação arterial renal, ( dose renal 1 – 4 choque ++ Contratilidade (β1, α) mesentérica, cerebral e µg/kg/min) coronária (DA1 e DA2) Adrenalina +++ Freqüência cardíaca ++ Constric. arterial (α) 1 – 10 µg/kg/min Anafilaxia e choque (β1) refratário +++ Contratilidade (β1, α) Noradrenalina ++ Freqüência cardíaca +++ Constric. arterial (α) 2 – 20 µg/kg/min Choque séptico e (β1) refratário ++ Contratilidade (β1, α) Nitroprussiato Sem efeito direto +++ Dilatação arterial 0.5 - 8µg/kg Choq. ++ Venodilatação /min Cardiogênico, séptico e obstrutivo Nitroglicerina Sem efeito direto +++ Venodilatação 5 – 66 µg/min Choq. + Dilatação arterial Cardiogênico, séptico e obstrutivo Tabela 3. Agentes farmacológicos comumente usados em pacientes com Choque Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 5
  • 6. 13. Se suspeita de Embolia Pulmonar maciça, confirmar o diagnóstico o mais precoce possível, visando uma possível embolectomia ou trombólise. 14. Dependendo do caso, considerar outras intervenções como: uso de Sulfato de Morfina, diuréticos de alça, nitroglicerina venosa ou sublingual, uso de nitroprussiato e balão intra-aórtico. Observações importantes: ● A ressuscitação deve ser avaliada por metas clínicas como pressão arterial, freqüência cardíaca, débito urinário, perfusão da pele, e estado mental, e índices de perfusão tissular tais como a concentração sérica de lactato e a SvO2. ● A reposição volêmica inicial com cristalóides isotônicos ou colóides iso-oncóticos, tem o mesmo poder efetivo, quando direcionados para a mesma meta hemodinâmica. ● A concentração de hemoglobina deve ser mantida acima de 8 a 10 g/dL. ● Dopamina e Noradrenalina são ambas efetivas no aumento da pressão arterial, sendo imperativo garantir que os pacientes estejam ressuscitados volemicamente de modo adequado. ● A Dopamina aumenta o débito cardíaco mais que a Noradrenalina, mas seu uso pode ser limitado pela taquicardia. ● A Adrenalina deve ser considerada para hipotensões ou choques refratários, embora seus efeitos adversos sejam comuns. ● A administração rotineira de baixas doses de Dopamina para manter função renal não é recomendada, embora essas baixas doses possam aumentar o fluxo sanguíneo renal em alguns pacientes, quando adicionadas a Noradrenalina. ● Em pacientes com evidência de hipoperfusão tissular, a adição de Dobutamina pode ser útil para aumentar o débito cardíaco e melhorar a perfusão orgânica. Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 6
  • 7. VI - Bibliografia recomendada: 1. Jimenez EJ. Shock. In: Civetta JM, Taylor RW, Kirby RR, eds. Critical Care. 3 rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers: 359 – 387, 1997. 2. Sielenkämper A, Sibbald WJ. The Hypotensive Patient: Therapeutic Strategy. In: Webb AR, Shapiro MJ, Singer M, Suter PM, eds. Oxford Textbook of Critical Care. 1 st Ed. Oxford, UK: Oxford University Press: 221 – 228, 1999. 3. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care Medicine. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients in sepsis. Critical Care Medicine 27: 639 – 660, 1999. 4. Chow JL, Baker K, Bigatello LM. Hypotension and Shock. In: Hurford WE, ed. Critical Care Handbook of the Massachusetts General Hospital. 3rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins: 145 – 158, 2000. Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 7
  • 8. VI - Bibliografia recomendada: 1. Jimenez EJ. Shock. In: Civetta JM, Taylor RW, Kirby RR, eds. Critical Care. 3 rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers: 359 – 387, 1997. 2. Sielenkämper A, Sibbald WJ. The Hypotensive Patient: Therapeutic Strategy. In: Webb AR, Shapiro MJ, Singer M, Suter PM, eds. Oxford Textbook of Critical Care. 1 st Ed. Oxford, UK: Oxford University Press: 221 – 228, 1999. 3. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care Medicine. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients in sepsis. Critical Care Medicine 27: 639 – 660, 1999. 4. Chow JL, Baker K, Bigatello LM. Hypotension and Shock. In: Hurford WE, ed. Critical Care Handbook of the Massachusetts General Hospital. 3rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins: 145 – 158, 2000. Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 7
  • 9. VI - Bibliografia recomendada: 1. Jimenez EJ. Shock. In: Civetta JM, Taylor RW, Kirby RR, eds. Critical Care. 3 rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers: 359 – 387, 1997. 2. Sielenkämper A, Sibbald WJ. The Hypotensive Patient: Therapeutic Strategy. In: Webb AR, Shapiro MJ, Singer M, Suter PM, eds. Oxford Textbook of Critical Care. 1 st Ed. Oxford, UK: Oxford University Press: 221 – 228, 1999. 3. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care Medicine. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients in sepsis. Critical Care Medicine 27: 639 – 660, 1999. 4. Chow JL, Baker K, Bigatello LM. Hypotension and Shock. In: Hurford WE, ed. Critical Care Handbook of the Massachusetts General Hospital. 3rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins: 145 – 158, 2000. Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 7
  • 10. VI - Bibliografia recomendada: 1. Jimenez EJ. Shock. In: Civetta JM, Taylor RW, Kirby RR, eds. Critical Care. 3 rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott-Raven Publishers: 359 – 387, 1997. 2. Sielenkämper A, Sibbald WJ. The Hypotensive Patient: Therapeutic Strategy. In: Webb AR, Shapiro MJ, Singer M, Suter PM, eds. Oxford Textbook of Critical Care. 1 st Ed. Oxford, UK: Oxford University Press: 221 – 228, 1999. 3. Task Force of the American College of Critical Care Medicine, Society of Critical Care Medicine. Practice parameters for hemodynamic support of sepsis in adult patients in sepsis. Critical Care Medicine 27: 639 – 660, 1999. 4. Chow JL, Baker K, Bigatello LM. Hypotension and Shock. In: Hurford WE, ed. Critical Care Handbook of the Massachusetts General Hospital. 3rd Ed. Philadelphia, PA: Lippincott Williams & Wilkins: 145 – 158, 2000. Educação Continuada em Terapia Intensiva com Simulador Real de Paciente pág 7