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Dr. Aureo do Carmo Filho
COORDENADOR MÉDICO – UTI Hosp Univ Gaffrée e Guinle
MÉDICO ROTINA – Emergência Hospital São Lucas
MEMBRO TITULADO – Assoc Med Intensiva Bras (AMIB)
MEMBRO TITULADO – Soc Bras Cardiologia (SBC)
MESTRE EM NEUROLOGIA – UNIRIO
Paciente de 78 anos de idade, hipertenso em uso de enalapril 5mg pela manhã, é
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MMII: edema frio com cacifo + / 4+ até 1/3 distal de ambas as pernas
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Força muscular preservada universalmente Reflexos tendinosos presentes e simétricos
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DELIRIUM – Definição / História
 Uma das primeiras doenças mentais descritas (Hipócrates --- 460-366 a.C.)
 Século I d.C. => “Frenites” – transtorno mental agudo rel. geralmente à febre...
 Deriva do latim “delirare” = “estar fora do lugar”...confuso / insano / fora de si
 Entrou na nosografia psiquiátrica em 1980 => DSM III
 Definição atual: síndrome neurocomportamental causada pelo comprometimento
transitório da atividade cerebral, invariavelmente secundária a distúrbios sistêmicos.
Wacker, P.; Nunes, P.V.; Forlenza, O.V.
Rev. Psiq. Clín. 32 (3); 97-103, 2005
 50-80% dos pacientes em ventilação mecânica
 20-50% dos pacientes menos complexos
 10% permanecem em delirium após a alta
PREVALÊNCIA
DELIRIUM É “INVISÍVEL”...
A menos que se procure !
 A grande maioria dos deliriums em UTIs são “silenciosos”
 64% são mistos, 35% são hipoativos e apenas 1% são hiperativos
 Idade avançada é um forte preditor de delirium hipoativo
 Aparecimento: dia 2 de CTI (± 1,7)
 Duração: 4,2 (± 1,7) dias
FISIOPATOLOGIA
FISIOPATOLOGIA
• Alterações do fluxo sanguíneo, inflamação
• Manifestação não-específica da redução global do metabolismo
cerebral e desarranjo no equilíbrio de neurotransmissores:
o Acetil-colina
o Ácido gama-amino-butírico
o Dopamina
o Noradrenalina
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DELIRIUM NA UTI - FATORES DE RISCO
• RELACIONADOS AO PACIENTE
• Idade avançada
• Comorbidades (HAS, DM, Parkinson, Depressão, Defic visual/auditiva)
• Coprometimento cognitivo prévio
• DOENÇA AGUDA
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• Hipoxemia
• Gravidade do escore de avaliação da doença (ex: APACHE II)
• IATROGÊNICOS / AMBIENTAIS
• Distúrbios metabólicos (ex: insuficiência renal / hepática / cardíaca, hipoglicemia, hiponatremia)
• Medicamentos anticolinesterásicos (ex: atropina, metoclopramida, prometazina, bupropiona)
• Sedativos / analgésicos (ex: benzodiazepínicos, propofol)
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DELIRIUM E PROGNÓSTICO
 Aumento do tempo de permanência na UTI (8 vs. 5 dias)
 Aumento do tempo de internação hospitalar (21 vs. 11 dias)
 Aumento do tempo de ventilação mecânica (9 vs. 4 dias)
 Custos maiores (R$ 44.000,00 vs. 26.000,00 em custos na UTI)
 Aumento de 3x na Mortalidade
 Possivelmente aumento de comprometimento cognitivo em longo prazo
(demência acelerada pela UTI)
DELIRIUM EM PACIENTES CIRÚRGICOS
 Prevalência de Delirium =
 Tempo de permanência em UTI = 4 dias maior em média (p=0.03)
 Menor tempo fora de prótese ventilatória (p=0.001)
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Medidas para minimizar a ocorrência de Delirium
 Tratar condições patológicas subjacentes (infecções, ICC etc.)
 Corrigir distúrbios metabólicos e hipoxemia
 Reorientar frequentemente o paciente (enfermagem, familiares)
 Critérios rígidos em sedação/analgesia; despertar diário
 Mobilização precoce, fisioterapia
 Atenção na otimização dos padrões de sono
Tratamento
 Identificar as causas – comumente multifatorial
 Modificar fatores de risco (ex: reduzir benzodiazepínicos)
 Haloperidol 2-5mg IV a cada 6h
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  • 1. www.doutoraureo.com.br Dr. Aureo do Carmo Filho COORDENADOR MÉDICO – UTI Hosp Univ Gaffrée e Guinle MÉDICO ROTINA – Emergência Hospital São Lucas MEMBRO TITULADO – Assoc Med Intensiva Bras (AMIB) MEMBRO TITULADO – Soc Bras Cardiologia (SBC) MESTRE EM NEUROLOGIA – UNIRIO
  • 2. Paciente de 78 anos de idade, hipertenso em uso de enalapril 5mg pela manhã, é admitido na emergência com desorientação e sonolência... PA = 100 x 50mmHg FC=62bpm FR=18irpm ACV: RCR 2T AR: MVUA com estertores crepitantes em ambas as bases Abdome: flácido, globoso, peristáltico, indolor, sem visceromegalias palpáveis MMII: edema frio com cacifo + / 4+ até 1/3 distal de ambas as pernas Exame Neurológico: MEEM = 17 Pares cranianos sem alterações Tônus muscular normal universalmente Força muscular preservada universalmente Reflexos tendinosos presentes e simétricos Sensibilidade inalterada universalmente...
  • 3. DELIRIUM – Definição / História  Uma das primeiras doenças mentais descritas (Hipócrates --- 460-366 a.C.)  Século I d.C. => “Frenites” – transtorno mental agudo rel. geralmente à febre...  Deriva do latim “delirare” = “estar fora do lugar”...confuso / insano / fora de si  Entrou na nosografia psiquiátrica em 1980 => DSM III  Definição atual: síndrome neurocomportamental causada pelo comprometimento transitório da atividade cerebral, invariavelmente secundária a distúrbios sistêmicos. Wacker, P.; Nunes, P.V.; Forlenza, O.V. Rev. Psiq. Clín. 32 (3); 97-103, 2005
  • 4.  50-80% dos pacientes em ventilação mecânica  20-50% dos pacientes menos complexos  10% permanecem em delirium após a alta PREVALÊNCIA
  • 5. DELIRIUM É “INVISÍVEL”... A menos que se procure !  A grande maioria dos deliriums em UTIs são “silenciosos”  64% são mistos, 35% são hipoativos e apenas 1% são hiperativos  Idade avançada é um forte preditor de delirium hipoativo  Aparecimento: dia 2 de CTI (± 1,7)  Duração: 4,2 (± 1,7) dias
  • 7. FISIOPATOLOGIA • Alterações do fluxo sanguíneo, inflamação • Manifestação não-específica da redução global do metabolismo cerebral e desarranjo no equilíbrio de neurotransmissores: o Acetil-colina o Ácido gama-amino-butírico o Dopamina o Noradrenalina o Receptores específicos (ex: esteróides)
  • 8. DELIRIUM NA UTI - FATORES DE RISCO • RELACIONADOS AO PACIENTE • Idade avançada • Comorbidades (HAS, DM, Parkinson, Depressão, Defic visual/auditiva) • Coprometimento cognitivo prévio • DOENÇA AGUDA • Sepse • Hipoxemia • Gravidade do escore de avaliação da doença (ex: APACHE II) • IATROGÊNICOS / AMBIENTAIS • Distúrbios metabólicos (ex: insuficiência renal / hepática / cardíaca, hipoglicemia, hiponatremia) • Medicamentos anticolinesterásicos (ex: atropina, metoclopramida, prometazina, bupropiona) • Sedativos / analgésicos (ex: benzodiazepínicos, propofol)
  • 9. FATORES DE RISCO NÃO-MODIFICÁVEIS Pandharipande et al, 2006 SCCM
  • 10. USO DE SEDATIVOS Crit Care Med 2010 Vol. 38, No. 6 (Suppl.)
  • 11. DELIRIUM E PROGNÓSTICO  Aumento do tempo de permanência na UTI (8 vs. 5 dias)  Aumento do tempo de internação hospitalar (21 vs. 11 dias)  Aumento do tempo de ventilação mecânica (9 vs. 4 dias)  Custos maiores (R$ 44.000,00 vs. 26.000,00 em custos na UTI)  Aumento de 3x na Mortalidade  Possivelmente aumento de comprometimento cognitivo em longo prazo (demência acelerada pela UTI)
  • 12. DELIRIUM EM PACIENTES CIRÚRGICOS  Prevalência de Delirium =  Tempo de permanência em UTI = 4 dias maior em média (p=0.03)  Menor tempo fora de prótese ventilatória (p=0.001)  Menor tempo de sobrevida (p=0.001)  O uso de MIDAZOLAM foi o maior preditor modificável... 69% Pandharipande et al, 2006 SCCM
  • 14. AVALIAÇÃO DE CONSCIÊNCIA NA UTI – CAM-ICU
  • 15. CAM-ICU Demonstração OBTIDO GRATUITAMENTE NO ENDEREÇO ELETRÔNICO: www.icudelirium.org
  • 16. Medidas para minimizar a ocorrência de Delirium  Tratar condições patológicas subjacentes (infecções, ICC etc.)  Corrigir distúrbios metabólicos e hipoxemia  Reorientar frequentemente o paciente (enfermagem, familiares)  Critérios rígidos em sedação/analgesia; despertar diário  Mobilização precoce, fisioterapia  Atenção na otimização dos padrões de sono
  • 17. Tratamento  Identificar as causas – comumente multifatorial  Modificar fatores de risco (ex: reduzir benzodiazepínicos)  Haloperidol 2-5mg IV a cada 6h  Antipsicóticos atípicos (ex: Risperidona, Olanzapina, Quetiapina)  Monitorizar efeitos colaterais: QTc longo, torsades des pointes, sintomas extrapiramidais  Atualizar-se !