A Semana de Arte Moderna de 1922 ocorreu em três dias intercalados em fevereiro de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo. Vários artistas apresentaram trabalhos visando uma reação da imprensa ao novo movimento. No entanto, os jornais criticaram fortemente os eventos, refletindo a incompreensão e escândalo do público presente.

1. Os sapos,
de Manuel Bandeira
Manoel Neves

2. A SEMANA DE ARTE MODERNA DE 1922
história da literatura
como foi?
Vários ar)stas realizaram conferências, recitais, discursos, leituras, concertos.
quando ocorreu?
A Semana, na verdade, foi realizada nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922.
por que ocorreu em dias intercalados?
Os idealizadores da “semana” queriam ver qual seria a reação/repercussão que a imprensa
daria ao "movimento".
como foi “recebida” pelo público?
Os jornais dos dias 14, 16 e 18 de fevereiro refle)ram nos textos dedicados aos eventos da
"semana" a incompreensão e o escândalo sen)do pelo público que compareceu ao Teatro
Municipal de São Paulo.

3. Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi
- “Meu pai foi à guerra!”
- “Não foi!” - “Foi!” - “Não foi!”
O sapo tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado:
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.
Clama a saparia
Em crí)cas cé)cas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poé)cas..."
Urra o sapo-boi:
- “Meu pai foi rei!” – “Foi!”
- “Não foi!” – “Foi!”
- “Não foi!”
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo”.
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe)
Falam pelas tripas:
- “Sei!” - “Não sabe!” - “Sabe!”
Longe dessa gritaria
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa.
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário é
Que soluças tu,
Transido de frio
Sapo-cururu
Da beira do rio.
OS SAPOS
Manuel Bandeira

4. OS SAPOS
Manuel Bandeira
uma análise de “Os sapos”
01) quadras em redondilha menor: forma popular;
02) sapos em geral: metáfora dos poetas parnasianos [deslumbrados por luz/fama/publicidade];
03) metalinguagem: estrofes 2-3-4 [entre outras]: apropriação paródica de técnicas parnasianas;
04) intertextualidade [paródia]: “Profissão de fé”, de Olavo Bilac [estrofes 3, 4, 6, 7];
05) sapo cururu: poeta moderno [simples, autên)co e natural; cores do sapo lembram o Brasil].

5. Sapo cururu: hqp://oglobo.globo.com/blogs/fotoglobo/posts/2008/09/20/fotos-de-leitores-127394.asp