O documento discute a inclusão de estudantes com multideficiência nas escolas regulares. Descreve as características comuns de estudantes com multideficiência e defende sua inclusão de acordo com a Declaração de Salamanca. Também descreve o papel das Unidades Especializadas em Multideficiência em apoiar a educação destes estudantes dentro das escolas regulares.
1. A Inclusão e a Multideficiência
O papel das Unidades Especializadas em Multideficiência
Formação: Inclusão e Acesso às Tecnologias
19/04/2014
2. Multideficiência
São as crianças que “apresentam limitações acentuadas no domínio
cognitivo associados a limitações no domínio motor e/ou no domínio
sensorial (visão ou audição) e que podem ainda necessitar de cuidados de
saúde específicos.” (Orelove, Sobsey e silberman (2004 cit. Por Pereira 2008,
p.9)
Caraterísticas comuns entre as crianças:
acentuadas limitações aos níveis das funções mentais;
muitas dificuldade na comunicação e linguagem (normalmente estes alunos
não usam a linguagem oral para comunicar);
dificuldades na mobilidade;
limitações nas funções visuais ou auditiva;
problemas de saúde (epilepsia e problemas respiratórios).
4. Inclusão
“Estes alunos têm os mesmos direitos que todos os outros da sua
comunidade e deverão ser educados no sentidos de desenvolver as suas
potencialidades.” Declaração de Salamanca (Unesco, 1994, p.18)
A palavra “inclusão” apareceu para assinalar outra visão, surgiu com a ideia
que não é só o indivíduo tem de procurar e se integrar na sociedade/
comunidade/escola mas que estas estruturas têm pelo seu lado de se
modificar, de se aproximar do individuo
5. De forma a assegurar uma educação de qualidade a estes
alunos, a escola deve:
1 Proporcionar aos alunos com multideficiência experiencias diversificadas
que lhe ajudem a ser amados e aceites pela família e comunidade; a sentir
segurança e respeitados; a ser autónomos e independentes e a aprender.
2 Possuir uma abordagem educativa individualizada, respondendo às
necessidades individuais dos alunos, da família de forma a dar resposta à
situação presente e ao futuro.
3 Proporcionar ambientes de aprendizagem organizados e estruturados. Estes
ambientes deverão desafiar o aluno a aprender e ser adequados às suas
necessidades e idade cronológica.
6. A inclusão dos indivíduos destes alunos vai muito além da inclusão escolar e
projeta-se em todos os contextos da vida em que se inserem.
A inclusão é um processo de aprendizagem da vida em que a escola representa
um dos vários ambientes onde necessitam de ser incluídos.
A Educação Inclusiva implica desenvolver um conjunto de medidas e práticas
educativas que respondam de forma adequada às necessidades de todos e de
cada um dos alunos, através do reconhecimento e valorização da diferença.
Na perspetiva da Educação Inclusiva o conceito de diferença não está
associado apenas aos alunos com condição de deficiência, mas a todos os
alunos
7. O ambiente e aprendizagem deve ser organizado e estruturado de modo a:
• satisfazer as necessidades individuais da criança/jovem;
• ajudar a criança/jovem a focalizar-se na informação relevante que lhes é
fornecida pelos contextos;
• auxiliar a criança/jovem a dar sentido às experiencias que vivencia e a
perceber que poderá ter aí um papel ativo como pessoa;
• encorajar uma aprendizagem ativa;
• compensar a falta de aprendizagem incidental;
• possibilitar o desenvolvimento de noções espaciais e temporais;
8. Unidades especializadas em
Multideficiência
Segundo o Decreto lei 3/2008 a educação desta população escolar
pode-se processar em unidade de ensino especializado desenvolvidos
na escola.
Segundo (Pereira 2005 p. 14) as unidades especializadas em
multideficiência (UEM) são um recurso pedagógico especializado dos
estabelecimentos de ensino regular do Ensino Básico, constituindo-se
como uma resposta educativa diferenciada que visa apoiar a
educação dos alunos com multideficiência, fornecendo-lhes meios e
recursos diversificados.
9. Constituem objetivos destas UEM, entre outros:
• Promover a participação dos alunos com multideficiência e surdocegueira nas
atividades curriculares, junto dos pares da turma.
• Aplicar metodologias e estratégias de intervenção interdisciplinares visando o
desenvolvimento e a integração social e escolar dos alunos.
• Assegurar a criação de ambientes estruturados, securizantes e significativos.
• Proceder às adequações curriculares necessárias.
10. • Adotar opções educativas flexíveis, de carácter individual e dinâmico,
pressupondo uma avaliação constante do processo de ensino e
aprendizagem dos alunos e o regular envolvimento e participação da
família.
• Assegurar os apoios específicos ao nível das terapias, da psicologia e da
orientação e mobilidade aos alunos que deles possam necessitar.
• Organizar o processo de transição para a vida pós-escolar.
11. Competências das escolas/agrupamentos com UEM:
• Acompanhar o desenvolvimento das metodologias de apoio;
• Adequar os recursos às necessidades dos alunos;
• Promover a sua participação social;
• Criar espaços de reflexão e formação sobre estratégias de diferenciação pedagógica
(perspetiva de trabalho transdisciplinar e cooperativo entre os vários profissionais);
• Organizar e apoiar os processos de transição entre os diversos níveis de educação e
de ensino;
• Promover e apoiar a sua transição à vida pós-escolar;
• Planear e participar, colaborando com as associações da comunidade, em atividades
recreativas e de lazer, com vista à integração social dos seus alunos
13. As UEM
São constituídas por grupos heterogéneos.
Desenvolvem atividades funcionais que promovem a:
- Autonomia
- Comunicação
- Socialização
Desenvolvem atividades académicas adaptadas às necessidades e
idade cronológica dos alunos.
Proporcionam a inclusão destes alunos na sala de aula da sua turma
de referência com as devidas adequações curriculares.
14. As respostas educativas devem ter como finalidades:
• independência e autonomia possíveis;
• participação na vida da comunidade;
• vivência de aprendizagens significativa;
• progresso na compreensão do mundo;
• competências comunicativas e de movimentação.
Em Suma:
É benéfica para a aquisição de comportamentos sociais e novas aprendizagens
aos alunos inseridos num UE.
Assim como, é benéfica aos restantes alunos da turma de referência no
desenvolvimento de competências de cidadania e morais.
15. Documentos/sites de consulta
• Correia, L.M. (2003). Educação Especial e Inclusão. Porto: Porto Editora.
• Correia, L.M. (2005). Inclusão e Necessidades Educativas Especiais. Um
guia para educadores e professores. Porto: Porto Editora.
• Pereira, F. (2005). Unidades Especializadas em Multideficiência- Normas
Orientadoras. Coleção Apoios Edcativos n.º 11. Lisboa: DGIDC- DSEEASE
Editorial do Ministério da Educação.
• Wikipédia;
• http://multideficiencia.wikispaces.com/Inclus%C3%A3o+e+Multidefici%C3
%AAncia
• http://umolharsobreoautismo.blogspot.pt/2009/01/unidades-
especializadas-em.html
Legislação
Declaração de Direitos das Pessoas Deficientes- 1975. Portugal.
Decreto –Lei n.º 3/ 2008 de 7 de –janeiro.