A realidade educacional do brasil quando da implantação da reforma do ensino
A inclusão do aluno à escola
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A INCLUSÃO DO ALUNO À ESCOLA
Um dos objetivos prioritários da escola refere-se à inclusão do aluno
no ambiente escolar. Em muitas localidades, especialmente nas
periferias, é necessário incentivar o aluno a ir à escola, fazê-lo trocar o
cotidiano das ruas pelo da escola. Nessas regiões, a escola compete
com a rua.
As escolas inserem-se em contextos diferentes, localidades e
comunidades diferentes, vivenciando realidades diferentes. Para atingir
as diferenças, a idéia pedagógica é a de eliminar o currículo
homogêneo. Cada escola mantém o seu próprio currículo, a partir da
identidade dos seus alunos, das necessidades identificadas,
procurando fazer com que o aluno se interesse pelas disciplinas
escolhidas. Um outro aspecto é o objetivo de ensinar a pensar, de não
se utilizar da reprodução, mas da construção do conhecimento. Ensinar
o aluno a produzir conhecimento, auxiliando-o no desenvolvimento do
raciocínio, para que possa se ajustar aos desníveis encontrados. O
planejamento das escolas deve nortear-se por seu caráter peculiar,
reforçando sua integração com a comunidade.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, dá
autonomia para as escolas definirem sua organização. Isso significa
liberdade para escolher as disciplinas que oferecem, a carga horária, o
sistema de notas e os livros didáticos.
A liberdade da escola em definir seu currículo é um passo avante
para se despertar políticas educacionais localizadas, para solucionar
problemas locais, reduzindo as distâncias. Sabemos que a localização
do município, as condições de trabalho da população, sua infra-
estrutura, podem aumentar ou diminuir as possibilidades de acesso à
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educação. Daí a importância da adoção de políticas e de ações
adequadas a cada região.
A escola precisa adotar projetos que resgatem a cultura popular da
região. A construção da identidade, com base numa educação que leva
em conta as raízes, ajuda as novas gerações a manter o vínculo com a
terra, sua gente, suas tradições.
O nível socioeconômico é um ponto a se considerar, tem séria
influência, séria repercussão no andamento do projeto pedagógico e a
ele deve ser ajustado. O aluno, encontrando, no estudo, uma ponte que
o ligue ao seu ambiente, vai poder relacionar o que aprendeu na escola
com o mundo ao redor. Esse currículo personalizado vai ajudar nas
desigualdades educacionais das diversas regiões do País.
O IBGE, no Censo de 2000, revelou diferenças marcantes, num
mesmo Estado, como, por exemplo, no índice de analfabetismo. São
Paulo, o Estado mais rico do País, é o terceiro no ranking nacional,
mas, há municípios, como Águas de São Pedro, com a menor taxa,
2,7%, de analfabetismo, e Itapirapoã Paulista, com a maior taxa, onde
quase 19% dos habitantes, com 10 anos ou mais, não sabem ler, nem
escrever. Diferenças que são conseqüências das desigualdades
econômicas e que devem ser consideradas pela escola na
contextualização do currículo.
Os dados do Censo 2000 constatam, entre os alunos de menor
idade, uma desigualdade social, tristemente perversa, no País. Essa
desigualdade fica mais evidente quando se analisam alguns
indicadores de alfabetização entre as crianças dos bairros ricos e
pobres do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em bairros de classe média e
alta das duas capitais, a maioria das crianças, de 6 e 7 anos, já está
alfabetizada, ocorrendo o oposto nos bairros pobres.
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Os altos índices de analfabetismo são verificados em quase todos
os bairros com baixa renda. Em 36 dos 96 distritos de São Paulo,
localizados em regiões periféricas da cidade, onde se concentram as
menores rendas, o índice de analfabetismo, entre crianças de 7 anos,
supera a taxa do município. Há comprovadamente uma barreira social
impedindo o avanço educacional de crianças e de jovens!
O objetivo maior da educação é o aluno. Ajustar-se a ele, conquistá-
lo, ajudá-lo no desenvolvimento de sua personalidade, significam
ganhar esse aluno para a escola, tirá-lo da rua. Tudo em educação gira
em torno do aluno, em torno de sua boa formação. A escola
caminhando nessa direção, não se descuidando da qualidade,
exercerá, com eficiência, sua função social, atuará na transformação da
sociedade. Primeiramente, a escola conquista o aluno e sua família,
atraem-nos à escola, depois, ministrando um ensino de qualidade, ela
atingirá a desigualdade social, permitindo à classe menos favorecida
emergir socialmente.
A escola não pula etapas, não tem como “fazer de conta”; a
realidade é seu espelho, seu suporte, sua consistência. Ela parte do
nível encontrado, seja do mais elementar, e busca atingir um nível mais
elevado, numa progressão continuada. Vale-se da conceituação de que
a sala de aula é uma comunidade de investigação, um espaço de
relações humanas; em lugar de interação social, zona de
desenvolvimento proximal (Vigotsky). O grupo é sempre heterogêneo.
O professor deve ficar atento às diferenças individuais, às diversidades
e valorizá-las. Deve programar trabalhos em grupo. Um aluno, ao
ajudar o outro, vai deixando o egoísmo, a introspecção. O
conhecimento implica em relação com o outro: um sabe matemática; o
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outro, português; eles trocam, desenvolvem o diálogo e se tornam
alunos ativos.
A escola vale-se da alternativa de que a escolaridade é a variável
capaz de eliminar as diferenças sociais. Educação é um ato de amor,
de conexão, um ato de responsabilidade, de compromisso, de
consciência social. Educação é um fator vital de melhoria das
condições de vida. Qualquer política pública de inclusão social precisa
começar pela ampliação de condições de acesso à escolaridade.
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